31 janeiro 2015
Nunca estive em Auschwitz, mas já estive em Dachau
Houvesse uma escala para medir a tristeza e eu diria que o momento em que me senti mais triste foi em Dachau, talvez o grau zero da tristeza aconteça quando sabemos não haver um amigo, um Deus ou uma lei que nos possa valer.
30 janeiro 2015
Em Fevereiro retomaremos os números habituais
Estes mês foi o mês com mais visitas de sempre nisto do Pipoco, primeira temporada incluída, média de onze mil duzentas e três visitas diárias, se me apetecer acreditar no senhor Sitemeter.
Este mês foi o mês em que, em consciência, mais merda escrevi.
Este mês foi o mês em que, em consciência, mais merda escrevi.
29 janeiro 2015
Talvez Fermina e Florentino não soubessem isto
Os amores eternos são os que nunca chegaram a acontecer.
De onde se explica que a Pipoca Mais Doce é o Pingo Doce dos blogues e a Cocó na Fralda é o Continente
As pessoas aborreceram-se com o Pingo Doce por ocasião dos descontos no Primeiro de Maio, detestaram a musiquinha do "Venha Cá", rebelaram-se por causa da situação dos vinte euros, gargalharam com isto da comida para levar para casa, as pessoas só se aborrecem com o Continente por alturas da Popota.
Vou ali confirmar quem é que está a capitalizar mais em Bolsa.
Vou ali confirmar quem é que está a capitalizar mais em Bolsa.
Em verdade te digo, Ruben Patrick
Uma mulher pode perdoar que não repares nos sapatos caros, pode perdoar que sugiras dividir a conta do almoço, pode perdoar quando gabas o decote da melhor amiga, pode perdoar que não aprecies Bublé.
Agora perdoar que eclipses o link para o seu blogue? Não esperes tanto.
Agora perdoar que eclipses o link para o seu blogue? Não esperes tanto.
28 janeiro 2015
O que aprendo em lendo blogues?
Que elas são mesmo velhacas umas para as outras.
(deixem lá a miúda entrar para o grupo, pá...)
(nem que seja uma substituição, até vos posso aconselhar nesse ponto)
(e não estará na hora de mudar quem marca a agenda? É que o Tio Pipoco sabe bem que é que bomba para aqui visitas que só visto...)
(deixem lá a miúda entrar para o grupo, pá...)
(nem que seja uma substituição, até vos posso aconselhar nesse ponto)
(e não estará na hora de mudar quem marca a agenda? É que o Tio Pipoco sabe bem que é que bomba para aqui visitas que só visto...)
Era um desses dias em que jogava o Sporting
Da mesma forma que nós, Ruben Patrick, por maior que seja a tentação, acabamos por não escolher sempre a que tem as maiores mamas, também elas quase nunca escolhem o mais bonito, elas ponderam , atentam nos pormenores, testam os limites e acabam por eleger o que sabe de livros e corre maratonas, o que gosta de cães, o que que exala sensibilidade mas dirige com braço de ferro, o que sabe de vinhos e é abstémio, o macho alfa que gosta de poesia, o que as faz rir.
(nós? ora, escolhemos as que dão luta...)
(nós? ora, escolhemos as que dão luta...)
27 janeiro 2015
Então qual é o problema da publicidade nos blogues?
Eu estou preparado para a publicidade. Toda ela. Estou preparado para a publicidade a canetas Montblanc nas revistas, estou preparado para a publicidade que parece mesmo uma notícia de jornal e afinal não, lá está o "PUB" no cantinho superior, estou preparado para o Bond, James Bond me mostrar as horas num Omega e conduzir um Ford ou um BMW, depende de quem paga mais, estou preparado para a conferência de imprensa do treinador de futebol com um boné com publicidade a empresas de construção, cinco garrafas de bebidas à sua frente e logótipos de marcas no painel atrás dele, estou preparado para as cenas em cafés e supermercados das telenovelas com prateleiras cheias do mesmo produto, estou preparado para a publicidade antes do filme que paguei para ver, estou preparado para o Cristiano Ronaldo vestir sempre a mesma marca
Então qual é o problema da publicidade nos blogues?
O problema é que quem lê estabelece relações com quem escreve nos blogues. Por entre as palavras há sempre um pedaço de quem escreve e esse vislumbre cria relações de confiança, de repugnância, de afecto. No meu caso, que me esforço por não deixar passar muito de mim, haverá sempre quem estabeleça empatia pelos livros de que falo, pela forma como escrevo. Sei que consigo arrancar um sorriso num dia mau, sei que consigo irritar quando insisto numa visão extrema, sei que consigo fazer suspirar pelo boneco. E, ao fim de alguns anos, habituamo-nos uns aos outros, há quem adivinhe a que comentários responderei, que post virá a seguir, há quem estranhe quando saio fora do registo habitual. E eu noto os que não comentam como habitualmente, respondo aos comentários dos mais antigos ou dos que me mostram outro ponto de vista, aprendo.
E é essa quebra de confiança que nos dói, não reclamamos com os blogues que nos dizem logo ao que vêm, aos que anunciam perfumes e cremes desde sempre e para sempre. Reclamamos com os blogues com pessoas lá dentro, que nos permitiram que fizéssemos parte dos seus confidentes, aqueles com quem rimos, que nos emocionaram, que nos responderam, com quem empatizámos, aqueles que são uma espécie de amigos nossos. A esses não lhes perdoamos que nos digam um dia que o Dacia é que é e no dia seguinte nos assegurem que o Seat afinal é que é bom, não admitimos que nos digam que não há nada que se compare ao Club Med e que no dia seguinte afiancem que o turismo rural no Alentejo, não toleramos que nos confundam com as bolachas que não engordam, ficamos sentidos quando percebemos que afinal não se esqueceram do Toblerone no meio dos livros, afastamo-nos quando nos querem fazer crer que não há nada que se compare aos detergentes de máquina da louça dissolvidos em leite sem gluten, e que as margarinas com sabor a manteiga combinam bem com tudo.
E, em se perdendo a confiança...
Então qual é o problema da publicidade nos blogues?
O problema é que quem lê estabelece relações com quem escreve nos blogues. Por entre as palavras há sempre um pedaço de quem escreve e esse vislumbre cria relações de confiança, de repugnância, de afecto. No meu caso, que me esforço por não deixar passar muito de mim, haverá sempre quem estabeleça empatia pelos livros de que falo, pela forma como escrevo. Sei que consigo arrancar um sorriso num dia mau, sei que consigo irritar quando insisto numa visão extrema, sei que consigo fazer suspirar pelo boneco. E, ao fim de alguns anos, habituamo-nos uns aos outros, há quem adivinhe a que comentários responderei, que post virá a seguir, há quem estranhe quando saio fora do registo habitual. E eu noto os que não comentam como habitualmente, respondo aos comentários dos mais antigos ou dos que me mostram outro ponto de vista, aprendo.
E é essa quebra de confiança que nos dói, não reclamamos com os blogues que nos dizem logo ao que vêm, aos que anunciam perfumes e cremes desde sempre e para sempre. Reclamamos com os blogues com pessoas lá dentro, que nos permitiram que fizéssemos parte dos seus confidentes, aqueles com quem rimos, que nos emocionaram, que nos responderam, com quem empatizámos, aqueles que são uma espécie de amigos nossos. A esses não lhes perdoamos que nos digam um dia que o Dacia é que é e no dia seguinte nos assegurem que o Seat afinal é que é bom, não admitimos que nos digam que não há nada que se compare ao Club Med e que no dia seguinte afiancem que o turismo rural no Alentejo, não toleramos que nos confundam com as bolachas que não engordam, ficamos sentidos quando percebemos que afinal não se esqueceram do Toblerone no meio dos livros, afastamo-nos quando nos querem fazer crer que não há nada que se compare aos detergentes de máquina da louça dissolvidos em leite sem gluten, e que as margarinas com sabor a manteiga combinam bem com tudo.
E, em se perdendo a confiança...
26 janeiro 2015
Será dos meus olhos ou..
...as pessoas estão hesitantes entre "Je suis Syriza" e "Je ne suis pas Pingo Doce"?
Demis Roussos já não está no meio de nós
Diverte-me sempre a extrema esquerda, por isso vai ser divertido ver como Tsipras vai cumprir os prometidos amanhãs que cantam e, já agora, perceber se a rapaziada grega entende que a devolver a dignidade a um povo não quer dizer que se possam voltar a reformar aos quarenta e cinco anos nem que as más contas estão de volta.
Para já, um tipo que faz o discurso de vitória com Cohen a anunciar que "First we take Manhattan, then we take Berlin" (lá está, eu faria ao contrário...), um tipo que chama Ernesto a um filho, merece que tudo lhe corra bem, assim como eu mereço que não prejudique o valor da minha carteira de acções.
Para já, um tipo que faz o discurso de vitória com Cohen a anunciar que "First we take Manhattan, then we take Berlin" (lá está, eu faria ao contrário...), um tipo que chama Ernesto a um filho, merece que tudo lhe corra bem, assim como eu mereço que não prejudique o valor da minha carteira de acções.
Em verdade te digo, Ruben Patrick
Ainda que ela te tranquilize e repita que sim, que foi bom, nunca dês como certo que tenha sido realmente bom, não te deslumbres, talvez seja vagamente verdade, considera sempre a possibilidade de ela se referir a ter acabado depressa ou ao jantar que pagaste antes.
25 janeiro 2015
Há quanto tempo não tínhamos um "eu já"?
Já vi Tony Carreira em concerto na Pampilhosa da Serra e Barenboim a dirigir em Milão, já dormi ao relento no Champ de Mars e no Intercontinental da Ópera de Paris, já li Nicholas Sparks e James Joyce, já voei em executiva para o Porto e no banco de cockpit para Nova Iorque, já comi bifanas nas roulottes de Alvalade e carpaccio de não sei quê naquele restaurante de que se fala em Copenhaga, já vi o Sporting ganhar ao Manchester United e perder com o Gençlerbirliği, já bebi do melhor Champanhe e "vinho cá do nosso", já conduzi um carro que tinha um tapete grosso para tapar os buracos no chão e já conduzi um carro sem preço, já vi um homem morrer-me nas mãos e já vi outro nascer diante dos meus olhos, já morei numa residência de estudantes e nesta casa onde vivo agora, já fiz mulheres felizes e outras nem por isso.
As coisas? Ora, são como são...
Fui então verificar o que era isso da Violetta e percebi que era um espectáculo desses de as mães fazerem um esforço muito grande para cumprir o sonho das suas meninas, "mas ela queria tanto", e lá foram, menina que não possa dizer na segunda feira que esteve naquilo da Violetta é menina muito infeliz, sem amiguinhas, vale bem a pena o esforço, de caminho diz-se que foi um bilhete muito caro, "mas ela queria tanto", e mostra-se o bilhete, aproveita-se para marcar território, que isto, mesmo tendo estado lá, há maneiras de se mostrar que se esteve lá em bom, e as meninas ficaram muito felizes, ("e os bilhetes? Caríssimos. Mas ela queria tanto..."), e afinal isso é que importa, crianças felizes e mães que foram com as suas meninas, porque elas queriam mesmo muito e vieram muito felizes, mas o que me traz cá é que não vi nenhum pai a fazer cumprir o sonho das meninas, os pais são pessoas de trabalho e de estar com os amigos e não estão cá para cumprir sonhos de meninas que queriam tanto.
24 janeiro 2015
Eu...
...que sei que o Nik Kershaw já foi vocalista dos Kajagoogoo, que sei que o Jean Michel Jarre deu um concerto na China, que sei que o outro tipo dos Wham se chamava Andy, que sei que o indivíduo que era baterista dos Genesis tocou nos dois Live Aid, que sei quem foram os Human League, que sei em que ano tocaram os Duran Duran em Lisboa, não faço a mais pequena ideia de onde saiu esta Violetta.
23 janeiro 2015
O leitor decide
Escrevo sobre aquela bizarria de ontem ou sobre posts que parecem ser boa ideia mas afinal não?
Obrigado, Lamborghini
O que eu queria mesmo era escrever um post assim, com o título ali de cima, a Lamborghini acabadinha de me enviar um 400 GT, em roxo, pois claro, eu havia de mostrar os comandos da chauffage, a maneta das mudanças em cabedal, o rádio a sintonizar onda média, havia de me exceder nos encómios, adjectivando o conforto, afirmando que, sim senhores, ali estava uma suspensão em bom, e a Lamborghini havia de concluir que tinha valido a pena ofertarem-me o automóvel, que o investimento tinha sido ligeiramente fora do budget, que tinham tido muitas dificuldades para me convencer, mas afinal, estando tudo bem quando acaba bem, tinha valido a pena, haviam de emoldurar este post "Obrigado Lamborghini" em moldura de cedro colombiano e cristal do baixo Reno e colocá-lo em todas as oficinas, substituindo os calendários de ninfas meio desnudadas e todos haviam de concordar que estava tudo muito bem assim.
22 janeiro 2015
20 janeiro 2015
19 janeiro 2015
Estar sozinho numa cidade muito longe de casa...
...dá-me aquela paz igual à de quem vê lenha a arder na lareira, de quem escuta Grieg sem pensar em mais nada, de quem contempla a mulher que dorme ao lado, sem a acordar.
18 janeiro 2015
Bem sei que não são horas para pensar nestas coisas
Estava aqui a pensar se as músicas não terão cheiro, cheira-me sempre a Cohiba quando Compay Segundo ataca "Chan Chan", sente-se o perfume acre do grogue quando Cesária canta "Sodade", não me digam que não cheira a Gitanes quando Aznavour canta "La Bohême", que não cheira a Old Bushmills em todas as músicas dos Pogues, que não cheira a Chanel nº 5 quando canta Mayra Andrade, que não cheira a madeira de cedro quando Cohen nos sussurra "Take this Waltz", que não cheira a mofo em...
Sete mil milhões de outros
Neste tempo em que parece que afinal somos todos tolerantes, em que há quem saiba a fórmula mágica que define absolutamente os limites da liberdade de expressão, vale bem a pena ir ao Museu da Electricidade, abrir o coração e ouvir com atenção os medos, as esperanças, os projectos de pessoas tão diferentes daquilo que somos mas que afinal, no fim de tudo, são iguais a nós, que também temos medos e esperanças.
Acaba dia 8 de Fevereiro e sou bem capaz de lá voltar.
Acaba dia 8 de Fevereiro e sou bem capaz de lá voltar.
17 janeiro 2015
A esta hora ninguém nos ouve
Talvez seja do gin, voltei a gostar de gin, mas afigura-se-me que podia viver só com vinho alentejano e queijo de Azeitão e pão de Mafra, isto se não me faltassem livros e música dessa que se ouve baixinho, e pessoas, claro, e sítios e coisas usadas, até podem ter sido usadas por outros, talvez seja do gin, por causa do gin, que tenho que esperar antes de ir para casa.
Tenho...
...um sobretudo com um buraco muito grande no bolso esquerdo, tenho um livro de Saramago com o meu nome escrito por Saramago, tenho uma caixa de areia que me trouxeram do deserto, tenho um livro que foi escrito por uma amiga que já morreu, tendo um disco de vinil dos Scritti Politti, tenho um postal de Verona escrito por mim, tenho uma chave de um carro que já não existe, tenho um marcador de livros que é o meu primeiro bilhete de avião, tenho uma cadeira do antigo estádio de Alvalade, tenho um bilhete de um concerto dos Time Bandits a que não fui, tenho um bilhete para uma ópera no alla Scala que ainda não aconteceu.
(tão bom, este post ser publicado a uma hora a que ninguém frequenta blogues...)
(tão bom, este post ser publicado a uma hora a que ninguém frequenta blogues...)
16 janeiro 2015
Que faria eu, Lourenço, se fosse comigo?
Meu caro Loureço, faz bem em perguntar, embora a minha especialidade seja "senhora velhinha, com ar desorientado, dirige-se a mim em terminal de aeroporto", não é menos verdade que o quadro "mulher bem parecida, na casa dos trinta anos, aborda-me nos corredores de uma grande empresa, dois minutos antes de uma reunião" me é familiar, isto, é claro, sem a componente "a falar ao telefone", as mulheres desta tipologia, em me avistando, focam-se imediatamente, concedendo-me atenção indisputada, imagino eu que desligam abruptamente a chamada, simulando falta de rede (é comum as mulheres terem falta de rede), eventualmente justificando "Vou desligar, não vais acreditar mas o Engenheiro Pipoco está no meu campo de visão", deixando a interlocutora num misto de inveja e incredulidade.
Nestas ocasiões, meu caro Lourenço, é seguir o procedimento. Sendo mulher bem apessoada e na casa dos trinta (será sempre preferível que este "na casa dos trinta" signifique "no limite superior do conceito "casa dos trinta"") - espero que ninguém repare no conceito "dupla aspa final seguido de parêntesis) - conhecemos, de certeza absoluta. Se, pelo contrário, estivermos a falar de género masculino, mulher mal apessoada ou fora do limite vinte e nove a quarenta e um anos, o procedimento é claro e implica responder "desculpe, creio estar confundida, estou certo de não nos conhecermos", isto dito com sorriso amável mas firme, estugando o passo, prestando atenção à secretária de óculos de massa preta, rabo de cavalo e saia preta Versace, nos dá as últimas indicações sobre o personagem com quem vamos reunir.
A segunda parte do procedimento, havendo motivo de conversa (ou seja, cumprindo-se "mulher bem apessoada e na casa dos trinta"), é manifestar entusiasmo contido pelo encontro, escolhendo perguntas abertas que nos possam ajudar a reconhecer a pessoa (nos caso de a conhecermos efectivamente) ou de estabelecermos pontes (no caso de não a conhecermos de todo). Por exemplo "Como estão as coisas por lá?" pode dar-nos uma pista imediata e precisa ao que quer que seja "lá", estatisticamente ela responderá "lá no ginásio ou lá na "nome de empresa"?". "Como está o Zé?" (há sempre um Zé na história) pode indicar-nos que o Zé se revelou má gente e que o caminho está desimpedido, e assim sucessivamente.
Seja como for, não recomendo o procedimento de introduzir conversa, confiando no pressuposto de uma mulher se confundir e passar para ela o ónus de identificar de onde nos conhece a nós e, no entretanto, fascinar-se e acabar por nos conhecer mesmo. Não resulta. A sério. Não me pergunte como posso ser tão categórico, mas não resulta.
(diz-me o Ruben Patrick que uma célebre artista dizia "Nunca esqueço uma cara, principalmente se já me sentei em cima dela")
Nestas ocasiões, meu caro Lourenço, é seguir o procedimento. Sendo mulher bem apessoada e na casa dos trinta (será sempre preferível que este "na casa dos trinta" signifique "no limite superior do conceito "casa dos trinta"") - espero que ninguém repare no conceito "dupla aspa final seguido de parêntesis) - conhecemos, de certeza absoluta. Se, pelo contrário, estivermos a falar de género masculino, mulher mal apessoada ou fora do limite vinte e nove a quarenta e um anos, o procedimento é claro e implica responder "desculpe, creio estar confundida, estou certo de não nos conhecermos", isto dito com sorriso amável mas firme, estugando o passo, prestando atenção à secretária de óculos de massa preta, rabo de cavalo e saia preta Versace, nos dá as últimas indicações sobre o personagem com quem vamos reunir.
A segunda parte do procedimento, havendo motivo de conversa (ou seja, cumprindo-se "mulher bem apessoada e na casa dos trinta"), é manifestar entusiasmo contido pelo encontro, escolhendo perguntas abertas que nos possam ajudar a reconhecer a pessoa (nos caso de a conhecermos efectivamente) ou de estabelecermos pontes (no caso de não a conhecermos de todo). Por exemplo "Como estão as coisas por lá?" pode dar-nos uma pista imediata e precisa ao que quer que seja "lá", estatisticamente ela responderá "lá no ginásio ou lá na "nome de empresa"?". "Como está o Zé?" (há sempre um Zé na história) pode indicar-nos que o Zé se revelou má gente e que o caminho está desimpedido, e assim sucessivamente.
Seja como for, não recomendo o procedimento de introduzir conversa, confiando no pressuposto de uma mulher se confundir e passar para ela o ónus de identificar de onde nos conhece a nós e, no entretanto, fascinar-se e acabar por nos conhecer mesmo. Não resulta. A sério. Não me pergunte como posso ser tão categórico, mas não resulta.
(diz-me o Ruben Patrick que uma célebre artista dizia "Nunca esqueço uma cara, principalmente se já me sentei em cima dela")
14 janeiro 2015
Igualzinho aos blogues
Às vezes, quase nunca, fico a cismar nas coisas realmente importantes da vida e em qual será a razão que leva algumas músicas a ficar para sempre e outras, igualmente boas, melhores até, ficarem esquecidas, é ver o "Emmenez Moi", de Aznavour, muito melhor que a celebrada "La Bohème", ou a "Près des remparts de Seville", muito superior a L'amour est un oiseau rebelle", embora tenha sido a Habanera quem foi escolhida para anúncio de detergente.
Congratulemo-nos, ela voltou!
Alexandra, a Grande, autora do tremendo cabeçalho deste blogue, está de volta.
Diz que para contar histórias. E o que careço de boas histórias, senhores...
Diz que para contar histórias. E o que careço de boas histórias, senhores...
13 janeiro 2015
Je suis Palmy
Talvez resultasse citar o Principezinho, aprendi que ninguém fica indiferente quando digo, com voz grave, os olhos fixos no horizonte, taciturno, que ficamos responsáveis por aquilo que cativamos.
Mas, entre amigos, não se deve jogar tão baixo que se cite o Principezinho, essa bóia que não serve senão para mostrar que se sabe citar livros médios e que não tem outro efeito que não seja aborrecer de morte, quase tanto como aqueles tios velhos que dizem demasiado sobre nós, demasiado alto.
E, na verdade, o que eu queria dizer é que não devemos odiar todas as rosas só porque uma delas nos picou.
Mas, entre amigos, não se deve jogar tão baixo que se cite o Principezinho, essa bóia que não serve senão para mostrar que se sabe citar livros médios e que não tem outro efeito que não seja aborrecer de morte, quase tanto como aqueles tios velhos que dizem demasiado sobre nós, demasiado alto.
E, na verdade, o que eu queria dizer é que não devemos odiar todas as rosas só porque uma delas nos picou.
O leitor decide
Post com o título "Je suis Palmy" ou post com o título "Está tudo muito bem, mas qual de vós casaria com o Cristiano Ronaldo?"
Estando lá, é diferente.
Podemos teorizar sobre Nova Iorque, afinal vimos todos os Woody Allen, podemos teorizar sobre os blogues serem só blogues, afinal isto não é a nossa vida, podemos teorizar sobre o que faríamos se nos mandassem piropos, se nos ultrapassassem na fila do trânsito, se víssemos que a senhora pobrezinha não tinha dinheiro para pagar na caixa.
Em teoria, podemos tudo. Mas, e estando lá?
Estando lá, é diferente.
Em teoria, podemos tudo. Mas, e estando lá?
Estando lá, é diferente.
12 janeiro 2015
Quantos erros, Ruben Patrick?
Cheguei atrasado, Tio Pipoco, não foi culpa minha, era ela que não conseguia encontrar o chapéu certo para aquele jantar, as pessoas já estavam a meio da refeição, uma vergonha, lá demos um abraço a cada um e atacámos o raviolli, uma delícia, aquilo a faca deslizava que era uma maravilha, o Zé Tó, aquilo era em casa do Zé Tó, serviu o vinho tinto no copo de vinho branco, felizmente eu lembrei-me da regra e avisei-o a tempo, o sacana do ravioli estava era quente, tive que soprar para arrefecer, felizmente havia vinho com fartura, aquilo era encher até acima.
Nunca...
...beberei Barca Velha do meu ano, me convencerão que Lobo Antunes é um injustiçado, acreditarei que é impossível não sermos campeões quando estamos a seis pontos do primeiro e só falta um jogo para acabar o campeonato, verei Barenboim dirigir sem quase me emocionar, comerei pipocas no cinema, interromperei uma refeição para atender uma chamada.
11 janeiro 2015
10 janeiro 2015
E se o Profeta...
..., cofiando a sua barba negra, estiver aborrecido com a situação em que o colocaram? E se o Profeta afinal não estiver a apreciar a santa obra e estiver reunido com o seu alto comissariado, a analisar os danos de imagem e a avaliar a trabalheira que vai dar reparar as coisas? E se o Profeta, em vez de quarenta virgens (ninguém no seu perfeito juízo prefere as virgens, isso sei eu), vos receber de semblante carregado, franzindo o sobrolho, cimitarra à cintura e vos castigar por vos terdes excedido na interpretação da sua vontade?
E se não houver Profeta?
E se não houver Profeta?
09 janeiro 2015
Porque as coisas são como são
A edição de hoje do "Tubo de Ensaio", de Bruno Nogueira, deve ser escutada em contínuo, de tão boa que é.
Corolário disto dos blogues
Se comeres muitas bolachas Gullon, a seguir vais ter que contratar um personal trainer.
Fechando então o tema da liberdade de expressão, agora adaptando-o a isto dos blogues (ou mais um post "isto é para mim, ele escreveu isto a pensar em mim...")
Agora o que é surreal, é que as que não têm filtro, as que usam na plenitude a sua liberdade de expressão, clamando que ninguém lhe pode condicionar a sua liberdade de dizer (o que se lhes afigura) ir mal no mundo dos blogues, se martirizem quando outro alguém lhes corta a palavra, usufruindo da sua própria liberdade de apagar comentários, uma gentileza concedida pelo senhor Blogger.
(um pouco como a história, a que recorro amiúde, do tipo que tinha matado o pai e a mãe e depois pedia clemência em tribunal, por ser órfão)
(um pouco como a história, a que recorro amiúde, do tipo que tinha matado o pai e a mãe e depois pedia clemência em tribunal, por ser órfão)
Voltemos então ao normal, já que começa a esmorecer sermos Charlie
O problema das mulheres bonitas é que intimidam os homens, a maioria dos homens, queria eu dizer, acontece que elas resolvem ser assim bonitas e os tipos bloqueiam, convencem-se que elas são inatingíveis e acabam por escolher as menos bonitas, uma espécie de Estrelas da Amadora, assim fraquinhas mas com qualquer coisa de regional, as mulheres bonitas que conheço queixam-se de não ter com quem sair, acaba por ser um paradoxo mas é mesmo assim, é perguntar.
(na verdade as mulheres bonitas preferem os homens bonitos, eu sou uma excepção, eu sempre tive a sorte de as mulheres bonitas acharem que eu fico bem ao pé delas, principalmente a jogar Trivial Pursuit, às vezes olho para trás e espanto-me que mulheres três campeonatos acima do meu me tenham dispensado os seus favores, que me lembre só conheço outro tipo assim, o Shrek, mas o do Shrek Um, nos outros Shreks o Shrek já estava com uma moça do campeonato dele, pelos piores motivos)
(na verdade as mulheres bonitas preferem os homens bonitos, eu sou uma excepção, eu sempre tive a sorte de as mulheres bonitas acharem que eu fico bem ao pé delas, principalmente a jogar Trivial Pursuit, às vezes olho para trás e espanto-me que mulheres três campeonatos acima do meu me tenham dispensado os seus favores, que me lembre só conheço outro tipo assim, o Shrek, mas o do Shrek Um, nos outros Shreks o Shrek já estava com uma moça do campeonato dele, pelos piores motivos)
08 janeiro 2015
Bruno Nogueira, ou o mercado da liberdade de expressão a funcionar
Há um Bruno Nogueira mau e um Bruno Nogueira bom.
O Bruno Nogueira mau passa na TSF e faz-me mudar para a Antena Dois assim que começa o Tubo de Ensaio. Comecei por ouvir até ao fim, na vã esperança que descolasse daquele síndroma de Nilton, crente de que no fim a crónica teria piada. Depois passei a mudar para a Antena Dois quando percebia, ao fim de três segundos, que a coisa não seria do meu agrado. Finalmente, cheguei ao refinamento final de mudar assim que a crónica é anunciada. Não sei quem é o patrocinador e, se eu não sei quem é o patrocinador, a TSF um dia destes dispensa o Bruno Nogueira. No médio prazo consigo calar o Bruno Nogueira e limito-lhe a liberdade de expressão. Uma delícia, no caso.
O Bruno Nogueira bom é o do "Não deixem passar o pimba" e do "Último a sair". Fui ver o espectáculo, comprei os dêvêdês, vi os anúncios ao intervalo. Quero prolongar ao limite a liberdade de expressão de Bruno Nogueira, faça ele um espectáculo com novas versões de música pimba e eu lá estarei, a acenar-lhe da primeira fila.
O mesmo Bruno Nogueira, esse, o da Beatriz Batarda.
O Bruno Nogueira mau passa na TSF e faz-me mudar para a Antena Dois assim que começa o Tubo de Ensaio. Comecei por ouvir até ao fim, na vã esperança que descolasse daquele síndroma de Nilton, crente de que no fim a crónica teria piada. Depois passei a mudar para a Antena Dois quando percebia, ao fim de três segundos, que a coisa não seria do meu agrado. Finalmente, cheguei ao refinamento final de mudar assim que a crónica é anunciada. Não sei quem é o patrocinador e, se eu não sei quem é o patrocinador, a TSF um dia destes dispensa o Bruno Nogueira. No médio prazo consigo calar o Bruno Nogueira e limito-lhe a liberdade de expressão. Uma delícia, no caso.
O Bruno Nogueira bom é o do "Não deixem passar o pimba" e do "Último a sair". Fui ver o espectáculo, comprei os dêvêdês, vi os anúncios ao intervalo. Quero prolongar ao limite a liberdade de expressão de Bruno Nogueira, faça ele um espectáculo com novas versões de música pimba e eu lá estarei, a acenar-lhe da primeira fila.
O mesmo Bruno Nogueira, esse, o da Beatriz Batarda.
Gustavo Santos (um cumprimento especial às pessoas que aqui virão indicadas pelo Google...)
Não conhecia a obra de Gustavo Santos até perceber que podia usar os vídeos em que pretende fazer de orador inspiracional para me divertir a sério e tornar-me melhor pessoa, porque as pessoas que riem são melhores pessoas, toda a gente sabe isto.
Até ontem, Gustavo Santos era só um tipo vagamente tonto, que fazia pela vida, que partilhava connosco os seus conselhos sábios com a intenção de nos iluminar e nós, pobres de nós, usávamos a coisa com propósito diferente, para nos perguntarmos como era possível aquela pose e aquele desfilar de bizarrias.
Até ontem, porque ontem foi o dia em que Gustavo Santos deixou de me divertir e, de tonto inconsequente, passou a imbecil, dessa estirpe de imbecis que, além de acreditar que a liberdade de expressão se deve limitar só porque é uma coisa perigosa, tropeça nos seus pés quando tenta explicar-se melhor.
A liberdade de expressão é limitada pelo mercado, é capaz de me apetecer explicar melhor depois do almoço, que agora estão ali umas iscas de bacalhau e um tinto do Dão a clamar por mim no Jóquei.
Até ontem, Gustavo Santos era só um tipo vagamente tonto, que fazia pela vida, que partilhava connosco os seus conselhos sábios com a intenção de nos iluminar e nós, pobres de nós, usávamos a coisa com propósito diferente, para nos perguntarmos como era possível aquela pose e aquele desfilar de bizarrias.
Até ontem, porque ontem foi o dia em que Gustavo Santos deixou de me divertir e, de tonto inconsequente, passou a imbecil, dessa estirpe de imbecis que, além de acreditar que a liberdade de expressão se deve limitar só porque é uma coisa perigosa, tropeça nos seus pés quando tenta explicar-se melhor.
A liberdade de expressão é limitada pelo mercado, é capaz de me apetecer explicar melhor depois do almoço, que agora estão ali umas iscas de bacalhau e um tinto do Dão a clamar por mim no Jóquei.
07 janeiro 2015
Marine Le Pen ganhou hoje as eleições em França
Vamos por partes, noventa por cento dos que hoje nos informam que são Hebdo nunca, antes de hoje, ouviram falar do Hebdo e serão Hebdo durante o exacto tempo em que não lhes aparecer outra coisa para qualquer para dizer que são, isto de ser Hebdo não é para todos, eles sabiam que podiam morrer (desde Rushdie que todos sabemos que podemos morrer) e, mesmo assim, não deixaram de ser Hebdo, normalmente as pessoas gostam mais de estar vivas do que ser Hebdo.
O Hebdo não era grande coisa, em verdade vos digo, mas a tolerância é isto, conviver com os Hebdo's dos jornais, dos programas de televisão, dos blogues, das pessoas, pensando que não havia necessidade daquilo mas aceitando-os, passando à frente e deixando que definhem por haver outros que, tal como nós, não apreciamos aquele mau gosto. Às vezes acontece que afinal as pessoas apreciam aquilo e nada mais nos resta senão encolher os ombros e aceitar que as coisas são como são.
O importante, nesta altura, é não perder de vista que nem todos os caucasianos, nem todos os benfiquistas, nem todos os católicos, nem todos os muçulmanos são má gente e que talvez Deus, qualquer Deus, não nos faça muita falta.
O Hebdo não era grande coisa, em verdade vos digo, mas a tolerância é isto, conviver com os Hebdo's dos jornais, dos programas de televisão, dos blogues, das pessoas, pensando que não havia necessidade daquilo mas aceitando-os, passando à frente e deixando que definhem por haver outros que, tal como nós, não apreciamos aquele mau gosto. Às vezes acontece que afinal as pessoas apreciam aquilo e nada mais nos resta senão encolher os ombros e aceitar que as coisas são como são.
O importante, nesta altura, é não perder de vista que nem todos os caucasianos, nem todos os benfiquistas, nem todos os católicos, nem todos os muçulmanos são má gente e que talvez Deus, qualquer Deus, não nos faça muita falta.
06 janeiro 2015
Herman José está no limbo
Depois de Anthímio de Azevedo, Sousa Veloso, Vasco Granja, Raul Solnado, Fialho Gouveia, Raul Durão, Margarida Marante e Filipa Vacondeus, desse tempo dos grandes comunicadores sobra Maria Elisa, Júlio Isidro, Carlos Cruz e Eládio Clímaco.
05 janeiro 2015
"O meu Irmão" de Afonso Reis Cabral
Estou aqui a indeciso sobre se "O meu irmão" de Afonso Reis Cabral é ou não é um bom livro.
espera-se que Pipoco não alegue, a favor do autor, o facto perfeitamente irrelevante de este ser trineto de Eça
A ideia é boa, pegar numa história vagamente autobiográfica (de facto o autor tem um irmão com trissomia 21) e contar uma história bem contada, com um narrador que não é fofinho e que quase nos faz não gostar dele por ser tão cínico e tão desprovido de piedade.
e não será tudo o que escrevemos auto-biográfico?
O começo é um bom começo ("Isto vai passar-se no Tojal. Ora o Tojal é perto de Arouca e longe de tudo o resto.") mas faz-me lembrar outro bom começo ("A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete"), nota-se aqui a herança de Eça, de quem o autor é trineto.
afinal Pipoco não resistiu...
Talvez o livro trate de abandonos. Talvez.
espera-se que Pipoco não alegue, a favor do autor, o facto perfeitamente irrelevante de este ser trineto de Eça
A ideia é boa, pegar numa história vagamente autobiográfica (de facto o autor tem um irmão com trissomia 21) e contar uma história bem contada, com um narrador que não é fofinho e que quase nos faz não gostar dele por ser tão cínico e tão desprovido de piedade.
e não será tudo o que escrevemos auto-biográfico?
O começo é um bom começo ("Isto vai passar-se no Tojal. Ora o Tojal é perto de Arouca e longe de tudo o resto.") mas faz-me lembrar outro bom começo ("A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete"), nota-se aqui a herança de Eça, de quem o autor é trineto.
afinal Pipoco não resistiu...
Talvez o livro trate de abandonos. Talvez.
Minhas senhoras, então?...
O Tio Pipoco a congratular-se por ter encontrado o seu velho porta-chaves e todas vós fixadas no acessório...
04 janeiro 2015
Nunca vi...
…um blogue de mulher que não falasse de sapatos, um treinador a mandar mais que um presidente, um filme de Tarantino que não fosse do meu gosto, um bom vinho que fosse barato, uma concoerrente desses concursos de televisão com quem me apetecesse casar, um mau livro de Eça de Querós, uma torrada que caísse com a manteiga para cima, um serviço da Meo que corresse bem à primeira, uma ressaca de gin que não me fizesse jurar nunca mais tocar em gin, o Sporting a perder este ano, uma mãe postar fotografias das cuecas da filha.
03 janeiro 2015
Disto dos blogues
Lembro-me bem da primeira vez que percebi o conceito dos blogues e de quanto me maravilhou a ideia de poder escrever e de me deliciar com a ideia de desconhecidos me poderem ler. Lembro-me de usar a tecla de "next blog", que tanto me podia levar a um blog lituano já desactualizado ou a um blog brasileiro de amigos que partilhavam fotografias da última viagem, era incrível a sensação de estar ali a espreitar-lhes as aventuras, fascinava-me que alguém pudesse chegar ao meu blogue desse tempo, há quatro blogues atrás, e interessar-se pelos livros que lia, pelo que escrevia, em que as caixas de comentários eram uma espécie de salas de chat, com discussão em tempo real.
Lembro-me bem do primeiro comentário, de pensar como teria aquela pessoa chegado ali, que generosidade era aquela de perder tempo, o seu tempo, só para me dizer que sim que tinha lido e que desejava comentar o que eu (caramba, eu!...) tinha escrito.
Os tempos são outros, os blogues perdem terreno para outras plataformas, este é o tempo em que o objectivo de muitos que começam um blogue é ganhar dinheiro, é o tempo em que se perdeu a inocência dos primeiros tempos, é o tempo em que pensamos antes de publicar as nossas fotografias, em que protegemos os nossos sítios, em que publicamos em diferido, com filtros, em que temos estratégias para coisa nenhuma, em que as pessoas se zangam sem ser por debater ideias, em que se moderam comentários e se inibe a magia de argumentar, porque tem que ser assim, porque nunca se sabe quem vem, porque as coisas são como são.
(inspirado neste belíssimo post do Alfaiate Lisboeta)
Lembro-me bem do primeiro comentário, de pensar como teria aquela pessoa chegado ali, que generosidade era aquela de perder tempo, o seu tempo, só para me dizer que sim que tinha lido e que desejava comentar o que eu (caramba, eu!...) tinha escrito.
Os tempos são outros, os blogues perdem terreno para outras plataformas, este é o tempo em que o objectivo de muitos que começam um blogue é ganhar dinheiro, é o tempo em que se perdeu a inocência dos primeiros tempos, é o tempo em que pensamos antes de publicar as nossas fotografias, em que protegemos os nossos sítios, em que publicamos em diferido, com filtros, em que temos estratégias para coisa nenhuma, em que as pessoas se zangam sem ser por debater ideias, em que se moderam comentários e se inibe a magia de argumentar, porque tem que ser assim, porque nunca se sabe quem vem, porque as coisas são como são.
(inspirado neste belíssimo post do Alfaiate Lisboeta)
02 janeiro 2015
Prognósticos para 2015 nisto dos blogues
Os blogues que só existem porque existem outros blogues definharão. As pessoas, todas as pessoas, gostam que gostem delas.
Talvez apareça um blogue desses de chafurdar mas será um blogue colectivo e os blogues de chafurdar colectivos não duram muito, as escribas acabam sempre por se desentender ao fim de um par de semanas.
Continuaremos a sorrir, benevolentes, quando os blogues nos disserem que os hotéis fraquinhos são muito jeitosos e que se está lá muito bem. Afinal todos precisamos de viver e isto não está fácil para ninguém.
As dos blogues continuarão a atazanar o juízo umas às outras de cada vez que lhes apetecer arrebitar no blogómetro.
Histórias de criancinhas continuarão a gerar tráfego e simpatia. Pouco interessa se às criancinhas lhes apetece exposição, afinal serão compensadas com o tal fim de semana nos hotéis fraquinhos e dirão que se está lá muito bem. E nós a ver que não.
Cães serão sempre garantia de animação quando os blogues ameaçarem entrar na curva da morte.
Eu? Eu fico bem.
Talvez apareça um blogue desses de chafurdar mas será um blogue colectivo e os blogues de chafurdar colectivos não duram muito, as escribas acabam sempre por se desentender ao fim de um par de semanas.
Continuaremos a sorrir, benevolentes, quando os blogues nos disserem que os hotéis fraquinhos são muito jeitosos e que se está lá muito bem. Afinal todos precisamos de viver e isto não está fácil para ninguém.
As dos blogues continuarão a atazanar o juízo umas às outras de cada vez que lhes apetecer arrebitar no blogómetro.
Histórias de criancinhas continuarão a gerar tráfego e simpatia. Pouco interessa se às criancinhas lhes apetece exposição, afinal serão compensadas com o tal fim de semana nos hotéis fraquinhos e dirão que se está lá muito bem. E nós a ver que não.
Cães serão sempre garantia de animação quando os blogues ameaçarem entrar na curva da morte.
Eu? Eu fico bem.
01 janeiro 2015
O primeiro post do ano não pode ser um post qualquer
Talvez seja este o tempo em que aceitarei que me convidem.
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