31 agosto 2014
Crónicas da viagem grande (VI)
30 agosto 2014
29 agosto 2014
Crónicas da viagem grande (V)
Descendo a serra do Topo a partir do exacto ponto em que olhamos para a esquerda e damos com o mar no norte da ilha e olhamos para a direita e admiramos o mar que banha o lado sul, passados cinco quilómetros, chegamos à Fajã da caldeira do Santo Cristo. Boiando na água tremendamente salgada, virado para a montanha, transformo-me, sem me dar conta, numa pessoa melhor. Penso naqueles a quem devo explicações, decido ligar aos que não vejo há muito, afigura-se-me que só fazendo o bem poderei ser feliz.
Mais tarde, já depois de ter nadado na Fajã dos Cubres, quinze quilómetros calcorreados, ofegando com a subida de seiscentos metros de declive em menos de duas horas de caminho, concluindo da pior forma que talvez fosse avisado não ter decidido por tamanha empreitada duas semanas após a fisioterapia, o efeito Santo Cristo esvai-se e reconheço-me de volta à boa vida real.
Crónicas da viagem grande (IV)
(A quem possa interessar: o senhor Nunes não emprega mulheres. Nem homens. E também não escreve em blogs.)
28 agosto 2014
Crónicas da viagem grande (III)
Ainda antes, muito antes, de me mostrar como fazem o melhor atum do mundo, o homem da fábrica de Santa Catarina explica-me que a função maior, o que mais o orgulha, é dar trabalho a mais de cem mulheres da ilha. Cem mulheres que levam dinheiro certo para casa, cem famílias onde o dinheiro que entra todos os meses é o delas, o deles entrará ou não, cem famílias onde são elas que decidem as prioridades. O atum é excelente, a nova imagem é cuidada, as exportações lá vão no bom caminho. Mas aquele homem, antes de tudo, orgulha-se de dar trabalho a cem mulheres e isto vale infinitamente mais e é infinitamente mais eficaz que cem feministas a reclamar dos piropos e a proclamar que não sei quê.
27 agosto 2014
Crónicas da viagem grande (II)
Enquanto conduzo pela estrada da hortênsias que me traz do mergulho no Atlântico que há em Topo, onde acaba a ilha, rádio sintonizado em Mahler, a velocidade de um velho Nissan a não ultrapassar sessenta, braço de fora, cabeça limpa de coisas que poderiam aborrecer-me, penso que a felicidade é bem capaz de ser isto.
(sei o suficiente sobre mim para me lembrar que lá para Dezembro, esquis nos pés, estarei a pensar a mesma coisa)
25 agosto 2014
24 agosto 2014
23 agosto 2014
Crónicas da viagem grande (I)
Jonas, o gato da fábrica de óleo de baleia, sabe que domina. Recebe os visitantes na bilheteira e não há quem não queira afagar o pelo preto e lustroso de Jonas, o gato, que se esquiva, elegante, sem ser desagradável para os visitantes. Talvez eu tenha sido o primeiro dos visitantes da velha fábrica de óleo de baleia a ignorar Jonas, o gato preto. Talvez Jonas tenha intuído a minha preferência por cães grandes, talvez Jonas tenha pressentido que eu estava ali pelas velhas autoclaves e pelas caldeiras. Jonas, o gato da fábrica de óleo de baleia não gostou que eu não o tivesse notado e seguiu-me até ao café, enroscou-se nas minhas pernas, decidiu-se por subir para o meu colo, implorando o afago queaté então não me tinha apetecido dar-lhe.
Jonas, o gato da fábrica de óleo de baleia, tal e qual algumas mulheres com quem me fui cruzando.
22 agosto 2014
21 agosto 2014
20 agosto 2014
19 agosto 2014
Crónicas do interior (IV)
Fascina-me a quantidade de tonterias que quatro homens conseguem dizer, sempre em crescendo, numa relação perfeita com a quantidade de minis que estão em cima da mesa, mulheres e carros, esses eternos temas de conversa de homens, fascina-me que nenhum ouse desmentir o parceiro, se um conta as aventuras com cinco mulheres na última semana, logo há quem conte que nos velhos tempos nunca se contentava com menos de sete, e conta com pormenores, pedindo confirmação a um terceiro, "lembras-te Acácio? Na praia da Tocha?", e o Acácio confirma que sim, aquilo é que eram tempos, mais à frente há-de o Acácio precisar de validação para os duzentos e cinquenta à hora que o AX Sport deu na descida da serra de Aire, e o Fernando, o das sete mulheres, confirmará que sim,
duzentos e cinquenta e era porque o mostrador não apontava mais, fascina-me este "temos que ser uns para os outros", e ninguém fica mal na fotografia, não se deixa ninguém para trás, fascina-me que sejam estas pequenas coisas que de facto nos distingam das mulheres e das suas alianças tácitas e tão bem medidas.
18 agosto 2014
Crónicas do interior (III)
E fascinam-me ainda os que chegam de Lisboa, todo o ano sem dispensar a camisa branca e os botões de punho, todo o ano escanhoados e perfumados com Bulgari de aeroporto, todo o ano com a fiel secretária a segredar-lhes o essencial da reunião que vai ter a seguir, fascina-me vê-los agora com barba de três dias mal cuidada, o fato Boss trocado pelo pólo Timberland de um cor de rosa que os desconforta, fascina-me vê-los levar tareias dos da terra a jogar matrecos, com o ar imbecil de quem acha justo os da terra jogarem melhor matrecos por contraponto de eles jogarem melhor na Bolsa, fascina-me a dificuldade com que se equilibram numas sandálias Havaianas, os pés a clamar por sapatos pretos que os protejam das pedras do caminho, fascinam-me os livros tontos que lhes aconselharam para leitura de férias que substituem os relatórios e contas e que eles deixam na toalha com a capa para baixo, não vá um igual estar por aquelas paragens e vislumbrar tão fraco livro, fascina-me o Record lido de trás para a frente, tal e qual o Diário Económico. Hei-de cruzar-me com eles algures em Setembro, em frente ao meu espelho.
17 agosto 2014
Crónicas do interior (II)
Fascinam-me os emigrantes e as suas mulheres louras com sobrancelhas pretas, os seus filhos que se chamam Patrick e os seus carros com o símbolo da Federação da bola cravado no capot, fascinam-me as cervejas pagas com sobranceria aos da terra e as camisas com padrão exuberante, fascinam-me os fios de ouro e a necessidade de falar alto, fascina-me que consigam andar na faixa central da autoestrada durante tanto tempo e a forma como se riem de um café só custar um euro nas estações de serviço.
16 agosto 2014
15 agosto 2014
Definitivamente vou inscrever-me na formação do meu caro Arrumadinho
É uma das minhas decisões para o ano novo, sentar-me mais vezes debaixo do sobreiro grande, deixar que Ulisses, o cão, me lamba os pés descalços e deixar-me estar aqui, a ser um tipo que só está à sombra de um sobreiro, manhã cedo, com um cão ao lado.
14 agosto 2014
13 agosto 2014
Há quinze sobrinhos no meu sótão e está tudo bem
Demorei algum tempo a acreditar que aquilo fosse mesmo a sério. Estou siderado, ainda agora.
(Gustavo Santos vota e o seu voto vale tanto como o meu. E isso aflige-me.)
12 agosto 2014
E está tudo muito bem
Carpe diem, seize the day boys, make your lives extraordinary.
Os grandes actores fazem-nos bem e perder os melhores demasiado cedo não é boa coisa.
11 agosto 2014
Das viagens e outras histórias
Há quem marque o seu novo ano a partir de um de Janeiro, há quem o faça com a passagem do aniversário. Para mim o novo ano começa com a viagem grande.
10 agosto 2014
09 agosto 2014
08 agosto 2014
E agora?
Quem te chamará "baby", quem te levará a passear na Fonte da Telha ao fim da tarde, quem te dará amorosas palmadas nas nádegas quando o Sporpting marcar um golo, quem te fará "like" no Facebook quando postas fotografias de cães bebés, quem te levará ao Starbucks em dias especiais, quem te levará ao concerto dos Azeitonas, quem te dará o ombro para chorares quando o Di Caprio morrer no Titanic, quem te explicará a diferença entre o Top Gun e o Cocktail, quem te aconselhará se te fica melhor a tatuagem do golfinho ou a do caractere chinês?
E agora?
07 agosto 2014
Madrid é a melhor cidade do mundo para trabalhar...
05 agosto 2014
Ruben Patrick, isto é tudo o que tens que saber sobre bancos
Se deveres dez milhões de euros ao banco, o banco tem um problema.
De onde se nota que Pipoco se preocupa com estas coisas
Nos outros onze meses a conversa de elevador é sobre o tempo, a chuva que não se aguenta, o frio que parece que nunca mais acaba, o calor que é o maior desde há setenta e quatro anos.
Ninguém está preparado para conversar sobre o tempo em Agosto.
04 agosto 2014
Nós, os Salgados
As coisas são como são
Um destes dias estivemos no mesmo evento, lado a lado durante mais de uma hora, eu com a vantagem de saber quem ela é, ela com a desvantagem de não fazer a mais pequena ideia de quem eu sou.
Nem um olhar se dignou dirigir-me...
03 agosto 2014
Franchising
(não sei se estão a captar a ideia...)