30 setembro 2013

Bruno Nogueira e aquilo do pimba

Em tendo quinze euros e não mais que quinze euros, não o gastes numa garrafa de Pintas 2011 (a dividir com mais três amigos...), numa entrada no Belcanto, no livro novo do Ismail Kadaré, num gin tónico no Café de la Paix. A escolha certa é ver aquilo do Bruno Nogueira sobre deixar o pimba em paz. Eu, estando no vosso lugar, punha já o dinheiro de parte e reservava.

29 setembro 2013

Pipoco comentou as eleições

Obrigado a todos pela diversão.

Pipoco comenta as eleições (C)

Em Braga grita-se "Vitória!". Nunca pensei isto possível.

Pipoco comenta as eleições (XXVIII)

O post "Pipoco comenta as eleições (XXVII)" é como o Bloco de Esquerda. Ninguém o comenta.

Pipoco comenta as eleições (XXXII)

António Costa espeta a faca devagarinho. Para doer mais.

Pipoco comenta as eleições (DXX)

O Portas tem uma nódoa no casaco. Uma nódoa no casaco! O Portas! Botões de punho, mas nódoa no casaco. Se isto não é uma mensagem subliminar, não percebo nada de mensagens subliminares...

Pipoco comenta as eleições (LVI)

E está a ficar ingerível aprovar os comentários...

Pipoco comenta as eleições (XXVII)

Este exercício começa a aborrecer-me...

Pipoco comenta as eleições (XII)

Seguro está para o PS como Jesus está para o Benfica. Ninguém acredita que cheguem a lado nenhum.

Pipoco comenta as eleições (XI)

E aquele tipo do netinho, terá sido eleito vereador em Gaia? E o Paulo Queimado, ganhou na Chamusca? E aquela rapaziada que aparecia toda junta no cartaz, sempre ganhou? E Bicos, que terá acontecido em Bicos?

Pipoco comenta as eleições (X)

Bom povo de Oeiras, que se passa convosco? Caramba, vivi mais de dez anos em Oeiras e sempre me pareceu gente sã... (está bem que o homem está de gravata verde, mas aquilo é demasiado mau para ser verdade)

Pipoco comenta as eleições (IX)

Rodrigues dos Santos também me parece intranquilo. Está ainda a ressacar da crónica da Clara Ferreira Alves, que cortou às postas o livro do Calouste.

Pipoco comenta as eleições (VIII)

Na minha terra ganhou o candidato em quem votei e o candidato que ganhou não é do meu partido. Tenho tanta coisa em comum com Rui Rio...

Pipoco comenta as eleições (VII)

Manuel Pizarro faz o discurso da noite. Fale quem falar a seguir.

Pipoco comenta as eleições (VI)

Manuel Alegre desce as escadas, assoa-se, faz aquela cara de surpresa de quem não esperava nada que os jornalistas estivessem ali e faz de conta que o PS não perdeu largueiro no Porto. Um histórico pode tudo.

Pipoco comenta as eleições (V)

Primeiro grande derrotado da noite: Pinto da Costa.

Pipoco mais salgado (IV)

Luís Filipe Meneses, malandreco, aproveitou o tempo de publicidade das televisões para fazer o discurso de derrota. Mas não chorou, o fortalhaço...

Pipoco comenta as eleições (III)

Há muitas semanas que a Judite de Sousa não me sorria tanto.

Pipoco comenta as eleições (II)

O Fernando Seara está de gravata e camisa com botões no colarinho. São pormenores assim que rebentam com a credibilidade de um homem.

Pipoco comenta as eleições (I)

Continuando uma milenar tradição, Pipoco comentará em tempo real isto das eleições.

(Não) vai dar quase ao mesmo









(Título e ideia original adaptados de  "A Pipoca Mais Doce", uma fonte de inspiração sempre presente na vasta obra do Autor)

27 setembro 2013

Ora vamos lá então a ver se isto dos blogues sempre serve para alguma coisa de valor

Leio os livros da Guerra dos Tronos antes de ver a série, vejo primeiro a série e depois leio os livros, leio os livros enquanto vejo a série ou leio o último do Valter Hugo Mãe?

Acabou de acontecer, vi com os meus olhos

Entre o tipo com pinta de ser um bocadinho mau e o rapaz que me pareceu um bom rapaz, a rapariga que pediu um café duplo escolheu o que tinha pinta de ser um bocadinho mau. Conforme as escrituras...

26 setembro 2013

Sobra-me o quê para escrever, afinal?

Não escrevo sobre filhos nem sobre gatos nem sobre roupa nem sobre comida feita na Bimby nem sobre abraços no sofá com mantinhas por cima dos pés. Não vejo séries nem telenovelas nem programas de televisão que me atazanem os nervos. Não vou a jantares de bloggers nem tenho facebook nem tenho instagram. Não escrevo sobre a viagem que quero fazer nem sobre a casa de sonho onde acho que gostaria de viver. Não detesto os colegas de trabalho nem o trabalho que me pagam para fazer nem o chefe. Não me incomodam os anónimos. Não sou designer nem jornalista nem psicólogo nem bailarino. Não faço concursos nem leio blogs que não gosto nem interajo por aí além.

25 setembro 2013

Ruben Patrick recomenda

Sábado, na Sagrada Família. Em princípio, pelas onze da noite.

Em verdade te digo, Ruben Patrick

Nisso de deixares de ser digno dos favores de uma mulher, meu caro Ruben Patrick, existe uma ínfima janela temporal, um momento crítico a partir do qual não há retorno, tivesses tu atenção aos pormenores e notarias um quase imperceptível pestanejar, um esgar, um meio sorriso, era o sinal de que a partir dessse momento deixaste de contar, ela até pode ser elegante e suportar-te até final do jantar, pode demorar um para de minutos antes de alegar uma inesperada indisposição de uma tia-avó que nem sabias que exista, e não existe, mas a verdade é que deixaste de contar, acabaste de te eclipsar, foste eliminado do universo dela. Nunca saberás exactamente qual foi o facto determinante, talvez fosse por tetes invocado ao de leve o quanto uma outra mulher fez por ti, talvez fosse por teres pedido o vinho errado, talvez por teres desviado o olhar por um nanosegundo quando aquela jovem vistosa entrou na sala, talvez por teres encomendado febras de porco. Mais do que teres sido apagado da vida dela, Ruben Patrick, o que te vai moer o espírito é dúvida, o facto de não te ter sido fornecida informação de gestão, o terror de poderes repetir o mesmo erro no futuro porque não sabes que erro foi aquele afinal.

24 setembro 2013

Sonhando com Lamborghinis roxos

Das coisas que me divertem, para além de ver aquilo do Jorge Jesus a esbracejar com não sei quê, é a situação dos tipos que já não podem ser presidentes de junta de freguesia mais tempo, explicaram-lhes direitinho que as coisas são como são e três mandatos até já é demais, mas os tipos ficam lá a remoer a situação na cabeça deles e ocorre-lhes que é capaz de não ser má ideia ficarem em segundo na lista e depois o cabeça de lista desiste e, lá está, eles ficam presidentes da junta outra vez, com a cereja no topo do bolo que é terem fintado o sistema e enganado os maganos lá de Lisboa.

Bem sei que estas são as pessoas que habitam o único país do mundo onde se lambem as tampas de iogurte mas, caramba, tanto esforço por ser presidente de ... uma junta de freguesia?

Um homem podia inventar um sistema paralelo se as leis não lhe permitissem comprar três vezes seguidas uma garrafa de Adega Velha, "desculpe, amigo, mas já levou três garrafas de Adega Velha, agora tem que levar uma mil nove e vinte para entremear, desculpe, mas são as leis que temos...", aqui sim, um homem podia levar o cunhado que trabalhasse nas finanças ou fosse contínuo de uma escola e dava-lhe o dinheiro e ele comprava como se fosse para ele, podia justificar-se se houvesse leis que não permitissem ir a Alvalade mais que três vezes seguidas, "o sócio desculpe, mas já viu três jogos, tem que dar oportunidade a outros para se deleitarem com a beleza que é ver os miúdos a jogar à bola, este fim de semana tem que ir ver o Belenenses, desculpe o sócio mas as leis deste país são uma desgraça", aqui um homem comprava uma peruca e uns óculos de sol dos grossos, deixava crescer a barba e a coisa havia de se dar.

Agora uma trabalheira tão grande para ser presidente de junta de freguesia? Sentido nenhum...

22 setembro 2013

Isto não tem que ver com este blog

Talvez o Torn Curtain não seja o melhor filme de Hitchcock, que não é, mas impressiona a actualidade do bluff perfeito, o desfocagem a seguir ao despique intelectual, o despeito que alguém sente quando os saus saberes são menorizados e a forma como baixa tanto os níveis de segurança que acaba por revelar mais do que o devido, é brilhante a forma como Paul Newman faz com que o inimigo Professor Lindt baixe a guarda e perceba, demasiado tarde, que a soberba nos tolda o espírito, que a sobranceria só é eficaz quando ela própria é um bluff.

21 setembro 2013

Coisas que me divertem

Os óculos do Cristiano Ronaldo, o treinador do Benfica a dizer que os golos do Cardozo estão mesmo a chegar e que o Cardozo é extraordinário, imaginar a cara do patriarca de Lisboa a cada vez que o Papa Francisco abre a boca, o conceito de estética dos tipos que foram pagos para imaginar os cartazes das autárquicas, a cara de sofrimento dos candidatos a fazer as arruadas, o Putin a posicionar-se para ser o próximo Nobel da Paz, a carreira fulgurante do Izmailov e do Liedson lá em cima, a moda do gin com coisas dentro do copo que não sejam água tónica, realizar que ele há cada coisa...

20 setembro 2013

Pipoco, sempre a circular em sentido contrário na auto-estrada

É nestes dias em que há gins de marcas várias, uns acompanham com pepino, outros com sal, outros ainda com bróculos ou tarte de rúcula, nestes dias em que há bares de gin, em que há doutores na arte de beber gin, é nestes dias, dizia eu, que estou numa daquelas temporadas de abstinência de gin.

19 setembro 2013

Sim, é consigo

Não é que não aprecie que as meninas que escrevem nos blogs que aprecio ascendam à condição de mães de família, nada disso, até porque serão os filhos delas a sustentar a minha reforma em grande estilo, agradecerei a sua existência em cada copo de Protus bebido, em cada fotografia tirada às pirâmides de Egipto, em cada cruzeiro pelo mediterrâneo, em cada tacada de golf.

O problema é que, em sendo mães, parece que nada mais se passa no mundo, o sorriso precoce, a forma inteligente como as criancinhas de dois meses expressam as suas emoções, as noites em branco mas não importa nada porque isso é que é a felicidade absoluta, a atrevimento de as incluirem nas rotinas do campismo, todos esses pequenos nadas, tomam conta da escrita das mães recentes, mulheres inteligentes e com mundo passam a crer que toda essa informação é relevante para os demais e, pior que tudo, privam-me da escrita acintosa, do humor fino, do que interessa.

Uma maçada. Uma real e verdadeira maçada.

Na mesma noite...

... em que realizo que me marcaram dormida no pior hotel do Porto e que o restaurante Camelo em Viana do Castelo abichanou de vez, descubro também que serei o único português que, não só nunca tinha degustado Monte de Peceguina, como desconhecia que este vinho é apenas a porta de entrada na mítica casa Herdade da Malhadinha. Uma estocada fatal no meu imaculado e sobranceiro estatuto de conhecedor de vinhos, portanto.
Como se isto fosse pouca coisa, o meu objectivo de curto prazo passou a ser decidir se as francesinhas do Santiago pai são melhores que as do Santiago filho.
Problemas, a minha vida são problemas...

17 setembro 2013

Isso do poder e dos blogs

O que não se deve confundir é a "sede de poder" com o exercício do poder. A "sede de poder" é para os wannabe da coisa, aos que ainda não estão lá e que se esforçam para lá chegar, quase sempre desajeitados, toda a gente sabe isto, a coisa não é para todos. Ter poder porque se tem dinheiro ou porque se está numa posição que dá mesmo aquela ilusão que se manda em pessoas não tem muita piada. É divertido nas primeiras semanas mas esgota-se em si mesmo. É um poder tácito, fácil, previsível, aborrecido, incontestado até um dia. O verdadeiro poder, aquele que leva aos píncaros da adrenalina, é poder mudar o rumo de uma discussão, é poder introduzir um ponto de vista diferente, é saber de antemão que reacções despertamos, adivinhar que posts comentarão as massas e que posts as massas passarão à frente, é estimular o respeitável público e no momento seguinte saber como aborrecê-lo de morte, é saber como inquietar quem lê e ter artes para provocar riso do lado de lá, é saber como se alinham as letras para que ninguém esmoreça antes do fim do post. Mal explicado, é este o poder que move alguns dos que escrevem nos blogs.

16 setembro 2013

Tão tarde para estas coisas do que nos move nos blogs

Era para reflectir longa maduramente sobre a probemática de ser o amor ou o interesse as únicas forças a mover-nos nisto de ter um blog mas meteu-se nos meus planos uma inopinada necessidade de me deslocar durante o dia de hoje a uma capital europeia e a coisa só se pôde dar a estas desoras, uma maçada e um prejuízo para as visualizações do dia.

A verdade é que o que me move nisto dos blogs e em outras coisas menores da vida é o gozo, o puro gozo, o gozo na sua forma mais básica sem aditivos que o descaracterizem, só gozo e nada mais que gozo. E, em um homem tendo gozo no que faz, acontece então um alinhamento de situações, astros e assim, que alavanca o universo de forma a que os leitores se multipliquem, que a boa-nova passe de boca em boca, "Já espreitaste hoje aquilo do Pipoco? Genial, não é?...", que, enfim, surja o comentário inteligente, a percepção pelo receptor do que está dito sem estar escrito, o contraditório, a crítica, a desmontagem do argumentário, a delícia de nos batermos como iguais.

O dinheiro e o interesse, para além de não terem tanta piada, maçam muito mais que o gozo. O dinheiro é só para alguns, os tipos que mandam nessa situação de dar dinheiro a quem escreve em blogs, parecendo que não, não são tontos. Mesmo eu, que sou eu, não desperto interesse, não revelo potencial para o campeonato de escrever coisas em parceria com o novo detergente para louça que não desidrata as mãos, o dinheiro como força motriz de um blog bafeja um em cada dez mil.

Era isto. Amanhã, em me apetecendo, estou capaz de falar das vantagens de nos olharmos nos olhos enquanto conversamos, de conduzir o discurso do outro com o olhar, de os olhos poderem tudo. Ou então não, sabe-se lá...

(e reparem que não quis incomodar as pessoas, se quissesse falava sobre o poder enquanto motivação mas ninguém is perceber a mecânica da coisa)

15 setembro 2013

Pipoco interage com bloggers que escrevem coisas

A São João, da Febre dos Fenos, a segunda blogger que mais aprecio na categoria "Bloggers que parecem inteligentes e disponibilizam ligação para Pipoco Mais Salgado" escreveu dois posts tremendamente contrários às minhas crenças, um a dizer que as melhores conversas não são as de olhos nos olhos e outro a informar que nada mais nos move senão dinheiro e interesse e a consequente adaptação desta premissa a esta coisa dos blogues.

Estou com uma tremenda dificuldade em decidir qual dos dois escolho para escalpelizar a situação.

Duas coisas de valor que gostava de aqui partilhar

14 setembro 2013

De todas as boas decisões que tomei na vida...

... uma das melhores terá sido comprar uns bons pares de peúgas pretas, todas iguais, e ter deitado fora todas as outras.

13 setembro 2013

Em verdade te digo, Ruben Patrick

O que é surpreendente, meu caro Ruben Patrick, é que o custo do sublime é residual. Fazer bem, com elegância, com um toque pessoal, custa tão pouco que não se percebe porque não o fazes sempre.

Podes servir um vinho apenas razoável aos teus convidados, mas que custo tem abrir o vinho antes meia hora antes de o servir, usar um decantador em vez de o verter da garrafa, servi-lo em copos de vinho em vez de o servir em copos de água?

Podes sempre apresentar salada de atum para um jantar de amigos mas, caramba, podes sempre trabalhar o prato, preparar uma maionese com ervas aromáticas, pensar que aquele é um prato de salada de atum, isso é certo, mas é uma salada de atum que servirás aos teus amigos, terás que ser sublime, fazer daquela salada de atum a mais vistosa salada de atum que eles jamais degustaram.

É a mesma coisa com a forma como tratas uma mulher, é certo que ela está ali porque não deseja outra coisa senão estar contigo, mas, Ruben Patrick, escolhe a tua melhor roupa, deixa as pulseiras étnicas em casa, desfaz a barba, desliga o telemóvel, olha-a nos olhos, senta-te em condições, a mulher que está diante de ti merece o sublime e, em verdade te digo, Ruben Patrick, o custo do sublime é residual.

10 setembro 2013

A incrível e entusiasmante história da mulher que devia experimentar ganhar, mas ganhar a valer

Ela apresentou-se como lhe devem ter explicado que se devia apresentar, sapatos de salto alto e casaco de corte irrepreensível, aquele meio termo que lhe deve ter parecido intimidatório e vagamente sensual, só lhe faltava o cabelo apanhado e os óculos de massa, modelo retro. Disparava o que tinha a dizer para acompanhar o Prezi bem preparado com o foco onde tinha que estar, tom de voz firme, sem hesitações. Tudo aquilo, as unhas bem cuidadas, o tom de voz "cama-assertivo", o equipamento I-qualquer coisa, os gestos estudados, as inflexões de voz a tirar-nos do vale da morte nos momentos certos, as deixas certas, a certeza de que no fim se ganharia sempre.

Ganhou, mas fiquei a pensar se esta mulher alguma vez terá ganho, ganho a valer.

09 setembro 2013

No meu paraíso, por Ruben Patrick

Ah, Tio Pipoco, no meu paraíso "A Bola" nunca fala do defesa-direito que o Benfica foi buscar para reserva da equipa B, haverá Super-Bock à temperatura certa em todos os snack-bar, o Sporting será sempre campeão e ganhará ao Porto por cinco a quatro os jogos que estará a perder por quatro a zero aos oitenta e nove minutos, haverá uma migração em massa para Portugal de trigémeas suecas que tenderão a vestir-se de enfermeiras, será sempre Agosto no Algarve, todos os blogues darão uma amostra de desodorizante roll-on cheiro a alfazema-aloé vera-lima-limão desde que se faça um "gosto" na página do blog e na página da marca dos desodorizantes, todos daremos os parabéns aos amigos pelo facebook e comentaremos os blogues alternando com o "ahahahahahah, o que eu já me ri com isto" e o "sou leitora habitual e nunca comentei mas quero dizer-te que força, és uma vencedora, tu vais conseguir", todas as mulheres terão uma caixa torácica modelo "Fanny antes daquilo que lhe aconteceu", nunca se acabará o Morangão nem a sangria fresquinha, Paulo Coelho continuará a falar-nos ao coração com aquela mestria que só ele tem, Tony Carreira continuará a mostrar-nos que há um caminho que é ela trocar-nos pelo nosso melhor amigo e, mesmo assim, nós querermos que lhe corra tudo bem e mandar dizer que, em precisando, nós cá estamos para o que der e vier.

No meu paraíso...

... há um livro novo de Eça a cada três meses, Saramago, Garcia Marquez, Roth e Hemingway escrevem um livro por ano, há pistas vermelhas infinitas com neve acabada de cair e com Mozart, Cohen ou Aznavour nos ouvidos. No meu paraíso escolhe-se primeiro o vinho e depois a comida que combinará com aquele vinho, ninguém tem Facebook nem Nespresso nem Bimby e ninguém começa as frases com "então é assim..." nem diz "tipo" nem "bocadinho". No meu paraíso, as mulheres não pintam as unhas de cores diferentes nem têm pulseiras nos tornozelos nem têm maus dentes e os homens  não usam pulseiras nem camisas de manga curta com gravata, nem têm sapatos mal engraxados. No meu paraíso as pessoas chegam a horas e sabem que o café não precisa de açucar.

08 setembro 2013

Quantos erros, Ruben Patrick?

E então, Tio Pipoco, esperei por ela no carro e beijei-lhe a mão, nem deixei que ela se incomodasse a tirar a luva. Acho que ela ficou contente por eu a ter deixado escolher o restaurante, sempre ficou mais à vontade. Estacionei o Rolls Royce emprestado e passei pela frente do carro para lhe abrir a porta do outro lado.

Subi respeitosamente as escadas atrás dela e segurei-lhe a porta para ela entrar primeiro no restaurante. Nem calculas, Tio Pipoco, o criado arranjou-nos os melhores lugares, mesmo ao pé da orquestra. Pedi um Barca Velha de 84, acompanhou na perfeição tanto os secretos de porco preto com que iniciámos como o carpaccio de salmão, um requinte para fechar qualquer refeição. No fim, fiz sinal ao criado e disse para ele trazer a dolorosa.

06 setembro 2013

Saudade da blogosfera antiga

Quem, como eu, anda nisto dos blogs há setenta e três anos, vai para setenta e quatro, olha para o tempo passado e sente saudade daquele tempo ternurento, ele eram os cupcakes que se comiam em pecado, ele era a discussão sobre se o Mister Big era um tipo às direitas ou não, ele eram os selinhos de amizade que todos (isto é, quase todos...) recebiam e ostentavam com orgulho, escarrapachando-o nas ventas de quem não recebia e fazendo de nós, os desalinhados dos selinhos, uns excomungados da sociedade dos bloggers fofinhos, ele eram as gritarias das miúdas da blogosfera a invocar o coeficiente de malfodibilidade de quem ousava dizer-lhes que o look do dia não lhes assentava bem, ele eram as caixas de comentários abertas onde se conversava sobre tudo menos o tema do post, ele eram os hate-blogs que nos divertiam até à quinta casa decimal e que acabavam sempre da mesma maneira, com as moçoilas a escangalharem em directo amizades que se via mesmo que eram para a vida e nós a sentir isso da vergonha alheia, ele eram os desafios tão elaborados que implicavam que disséssemos o que estava escrito na página trinta e seis do livro que estávamos a ler (naquele tempo não se liam livros grossos e convinha ser um desafio fazível), ele eram as fotografias de cascatas de água e pôr-do-sol com o título a dizer "Bom Dia", ele eram os retratos de mulheres em poses várias e o título a informar que elas hoje tinham acordado assim.

 Adenda: E os jantarinhos de bloggers? Ah, a delícia do frete, de pensar "mas afinal ele/ela é só isto?...", o ter que sair a correr porque a avó se sentiu muito mal de repente, o "sim, claro que depois telefono...".

Pedro Mexia

Pedro Mexia voltou a ter um blog. Como os blogs não são para ser ouvidos, está ali ao lado para quem quiser por lá passar. Eu recomendo, porque os blogs de um homem só tendem a ser uma raridade e porque gostar de ler Pedro Mexia não é má coisa.

05 setembro 2013

Pipoco também fala sobre Piropo

Gosto de ver mulheres bonitas, perguntem a quem quiserem e todos vos dirão que sim, que é verdade, que gosto de ver mulheres bonitas. Acontece que as mulheres bonitas nunca são elegíveis para piropos, estando um homem na presença de uma mulher bonita não se preocupa com mais do que ficar ali a pensar de si para consigo que sim senhores, ali está uma mulher bonita e a tentar perceber o pormenor que faz daquela mulher uma mulher bonita, sendo o piropo uma perda de foco, uma interrupção desnecessária no deleite. As mulheres elegíveis para piropos não são bonitas ao ponto de nos forçarem a um estado de atenção indisputada.

Num conceito lato de piropo, lembro-me de ter dito por duas vezes a mulheres desconhecidas que elas eram bonitas, aliás, excepcionalmente bonitas. Em ambas as ocasiões, uma vez num contexto social, outra numa loja onde fiz uma compra, disse-o à despedida e fui à minha vida, foi uma informação que me apeteceu que tivessem. As mulheres da minha vida e as mulheres que me são próximas não contam, a essas sai-me naturalmente dizer-lhes que estão excepcionalmente bonitas quando efectivamente o estão e estão quase sempre.

Os homens nunca piropeiam quando estão sozinhos, o piropo serve essencialmente para que os outros homens ouçam e quase nunca tem como objectivo ser ouvido pela mulher. Parece-me uma coisa razoavelmente pouco eficaz, além de transmitir uma mensagem subliminar, que é um homem precisar de outros homens para falar com uma mulher, que não é capaz de transmitir uma mensagem relevante como é dizer que lhe fazia e acontecia não sei o quê sem que a informação chegue transparente, sem ruído, sem ter passado pelos ouvidos de outros homens antes de ela o saber em primeira mão. Além disso, o mais perigoso é que, fazendo uma redução ao absurdo e admitindo que a mulher responderia que sim, que vamos lá então a isso, o tipo ficaria numa situação indelicada, teria que assumir em tempo real que afinal não era bem assim, que já tinha coisas combinadas, os amigos ali a tomar nota, uma maçada para todos. O piropo serve para pouco mais que aborrecer uma mulher.

E nenhum homem no seu perfeito juízo quer ver uma mulher aborrecida.

04 setembro 2013

Um homem percebe que está mais maduro...

...quando finalmente se dá conta de já ser capaz de ler o "Mandarim" de Eça e quase gostar, quase perceber que há ali alguma coisa para além da óbvia constatação que seremos sempre tratados de acordo com o que mostramos ter e que possuir a qualquer custo nunca é coisa boa.

Não há muita diferença...

...entre aquela bizarria de andar com camisolas sem costas que nos impõem a visualização de soutiens amarelos ou roxos e aquilo dos homens entalarem a camisa por dentro da roupa interior, impondo a visualização, por cima da parte superior das calças modelo "Chinos", dos boxers com padrão de emblema do glorioso.

03 setembro 2013

Houve um tempo...

...em que ainda se vendiam bolos nas pastelarias, em que era provável que os sorrisos das fotografias de férias acabassem emoldurados numa parede, em que me parecia que as músicas do Brothers in Arms eram como os jantares da Elite Models, em que a minha profissão de sonho era ser arrumador de carrinhos de choque.

Já não é esse tempo.

02 setembro 2013

Porque lês tu blogs, Pipoco?

Porque, em lendo, fico a saber que há quem se divirta com as carantonhas dos desgraçados que se candidatam à Junta de Freguesia lá de Carrazeda da Serra, que está mal as mulheres não poderem continuar a usufruir da poesia que há em levar com tipos que lhes gritam do outro lado da rua o que lhe faziam e aconteciam, que é uma maçada ser arrancada às férias por causa disso de se ter onde trabalhar, que os pais das criancinhas que nasceram ajudam muito lá em casa, que a Miley Cyrus não sei quê, que o Sporting é que é.

01 setembro 2013

Este Agosto...

...Rentes de Carvalho esteve aqui à conversa comigo e isto, por uns dias, deixou de ser só um blog, nadei à noite no rio em Avô e de dia em Oslo, conheci finalmente Harry Hole, comi peixe escolhido por mim no mercado do peixe de Bergen, subi à montanha mais alta da Escandinávia, o Sporting acabou em primeiro, atravessei um glaciar, vi o original de "O Grito" no museu Munch, ouvi Grieg na casa de Grieg, estive à conversa com um sherpa que já escalou oito vezes o Everest e me disse que conseguimos fazer tudo aquilo que queremos mesmo fazer, corri à volta do aeroporto de Oslo, ouvi os meus vinis de jazz.

Agosto foi bastante razoável.

Que estás a fazer neste momento Pipoco?

A minha montanha sou eu

O cume de Galdhøpiggen, a montanha mais alta da Escandinávia.