31 maio 2010
Post extremamente longo, aborrecidíssimo. Não ler.
Este post é um bocadinho comprido, aviso já, eu sei que as pessoas não apreciam posts compridos, a informação tem que ser condensada, o essencial, ninguém se quer maçar com pormenores, as coisas são como são, temos o cérebro atulhado de não-coisas, sabemos como estava o cabelo da apresentadora dos Globos, sabemos o que vestia a Lili Caneças, não há paciência para posts longos, as pessoas perdem-se, eu sei que quando falo em público tenho que me movimentar e colocar a voz e meter umas piadas a propósito e gerir os tempos de clímax e inventar dois ou três sound bites para que as ideias fiquem na cabeça das pessoas, e aqui refiro-me às ideias que eu quero que fiquem na cabeça das pessoas, era o que faltava as pessoas terem que me ouvir e, maçada das maçadas, terem que escolher aquilo que é realmente importante, eu ajudo, embrulho muito bem, fui treinado para o teste do elevador, e perguntam vocês, o que é o teste do elevador?, pois é uma boa pergunta, o teste do elevador consiste em imaginar que o presidente entra no mesmo elevador que eu e pergunta, Pipoco como estão as coisas?, eu tenho que condensar tudo em quinze segundos, exactamente o tempo que demora o elevador a chegar ao piso do presidente, todos os projectos em curso, todas as idiossincrasias da macro-economia, toda a envolvente estratégica, tudo em quinze segundos, as pessoas não têm tempo para ler posts longos, eu avisei logo ao início, alguns desistiram logo no disclaimer, outros não acreditaram e começaram a ler, estão habituados a que nada do que aqui escrevo seja exacto, acabaram por desistir na quinta linha, acabamos por chegar ao final deste post só eu e você, que quer ver como acabam as coisas, você não se importa que seja um post longo, por isso merece que eu lhe deseje, por ter aguentado até aqui, sem ler na diagonal, sem se intimidar com o facto de ser um post longo, merece, dizia eu, que eu lhe deseje uma excelente semana.
Tradução do post ali de baixo do Mais Salgado (by Pipoco Tabasco)
As mulheres são uma cabras do caralho umas para as outras...
Elas...
...sorriem, ninguém lhes perguntou mas dizem que as calças novas assentam muito bem, almoçam juntas, trocam números de telemóvel por impulso, vão juntas à casa de banho e aos saldos, trocam entre elas relógios e pulseiras, apresentam os amigos, contam segredos, partilham as fragilidades, são almas gémeas e só se conheceram ontem, são elas contra o mundo, nada as vai separar.
28 maio 2010
Conselhos para um amigo do Mais Salgado, by Pipoco Tabasco
Entra à frente dela, cumprimenta alto a rapaziada, apresenta-a como sendo "uma amiga", pisca o olho ao pessoal e aguarda os risos cúmplices, diz-lhe que é sexta-feira, dia de bacalhau com grão, pede duas doses, convida o Cajó para a vossa mesa, afinal o Cajó esteve no estágio da selecção e tem muito que contar, deixa o telemóvel em cima da mesa, atende se alguém ligar, pede um jarro do "da casa", pede palitos, assobia ao empregado para pedir a conta, deixa-a pagar metade, quando fores a sair dá-lhe uma palmada ligeira no rabo, de maneira que a rapaziada veja, aguarda os risos cúmplices, grita "SLB, SLB, glorioso SLB".
Conselhos para um amigo meu
Não te esqueças de lhe segurar a porta para ela passar, diz-lhe que ela te parece mais magra, não olhes para o decote, olha-a nos olhos, deixa-a falar, interrompe cirurgicamente só para aclarar um ponto específico, escolhe tu o vinho, sorri, deixa-a escolher a comida e pede o mesmo, não ponhas os cotovelos em cima da mesa, diz-lhe que ela te parece mais magra, lembra-te de dar o teu cartão de crédito ao empregado antes de sentares, pagarás mais tarde, para não teres de pedir a conta, diz-lhe que ela te parece mais magra, se ela te pedir para falares de ti diz-lhe como estás ansioso pelo inverno, por causa do esqui e das lareiras acesas a chambrear vinhos velhos, não fales de carros nem de futebol nem de trabalho, ajuda-a a vestir o casaco, segura-lhe a porta, não lhe digas "temos que voltar a ver-nos", agradece-lhe a excelente companhia, diz-lhe que ela te parece mais magra, beija-a docemente na face.
Da minha anónima #2
A amiga da minha anónima, meio a rir, contava-me que ela, a minha anónima, levanta-se cedinho só para ir ao tio Google perguntar se há alguém que, por curiosidade, manifeste algum interesse em saber a verdadeira identidade do Pipoco. Depois, e esta é a parte benfazeja da minha anónima, é aqui que eu quase me comovo, ainda há quem faça serviço público e esteja atento ao próximo, a minha anónima informa que eu sou um tipo na crise da meia-idade, com um emprego chato, feio, gordo e baixinho. Confere tudo, noto apenas que a minha anónima, certamente por falta de tempo, não informa sobre a minha condição de indivíduo com caspa, careca e com um órgão sexual extremamente diminuto. Eu acho uma ternura, em calhando estou capaz de premiar a minha anónima favorita com um link ali na coluna do lado que isto, não parecendo, eu também sei ser generoso e temos que ser uns para os outros.
27 maio 2010
Pipoco em modo "reflexão"
Estava aqui a pensar que a minha vida é como aquela bola de ténis parada em cima da rede, no início do Match Point (mensagem subliminar: Pipoco aprecia Woody Allen). A bola ali parada em cima da rede, sem se decidir para que lado marcar ponto, ligeiro impasse, e eis que a bola acaba por marcar ponto para o lado certo. O meu lado.
Boletim do Pipoco #14
Adeus, voo das sete e dez para Madrid, foi um prazer, três anos são sempre três anos.
(Olá voo para Londres das quartas, tenho a certeza que nos vamos dar bem).
(Olá voo para Londres das quartas, tenho a certeza que nos vamos dar bem).
26 maio 2010
Pipoco apresenta a nova lista de blogs que merecem estar ali ao lado
Miúda do Deserto - Aposto o que quiserem que é gira até à quinta casa decimal. Diria mais, é provavelmente a mais bonita das bloggers portuguesas. E também aposto que é inteligente. Há dias, não todos, em que escreve como eu gostaria de escrever.
Rachel - Gosto do estilo, aquela versatilidade com vários personagens ao longo do dia é-me familiar. Além disso é visita antiga de outro estabelecimento meu. Deve ser gira como tudo...
Pipoca dos Saltos Altos - À partida seria um blog improvável para estar aqui na minha lista. Mas tem ali um "je ne sais quoi" ...
Filipa - Outro blog improvável. Mas fez-me rir, que querem? E mulheres que me fazem rir pelos motivos certos é meio caminho andado para eu dispensar uns minutos do meu dia ao que escrevem.
Sofia - Depois explico...
Rachel - Gosto do estilo, aquela versatilidade com vários personagens ao longo do dia é-me familiar. Além disso é visita antiga de outro estabelecimento meu. Deve ser gira como tudo...
Pipoca dos Saltos Altos - À partida seria um blog improvável para estar aqui na minha lista. Mas tem ali um "je ne sais quoi" ...
Filipa - Outro blog improvável. Mas fez-me rir, que querem? E mulheres que me fazem rir pelos motivos certos é meio caminho andado para eu dispensar uns minutos do meu dia ao que escrevem.
Sofia - Depois explico...
Das mulheres bonitas
O problema das mulheres bonitas é que intimidam os homens, a maioria dos homens, queria eu dizer, acontece que elas resolvem ser assim bonitas e os tipos bloqueiam, convencem-se que elas são inatingíveis e acabam por escolher as menos bonitas, uma espécie de Estrelas da Amadora, assim fraquinhas mas com qualquer coisa de regional, as mulheres bonitas que conheço queixam-se de não ter com quem sair, acaba por ser um paradoxo mas é mesmo assim, é perguntar.
(na verdade as mulheres bonitas preferem os homens bonitos, eu sou uma excepção, eu sempre tive a sorte de as mulheres bonitas acharem que eu fico bem ao pé delas, principalmente a jogar Trivial Pursuit, às vezes olho para trás e espanto-me que mulheres três campeonatos acima do meu me tenham dispensado os seus favores, que me lembre só conheço outro tipo assim, o Shrek, mas o do Shrek Um, nos outros Shreks o Shrek já estava com uma moça do campeonato dele, pelos piores motivos)
(na verdade as mulheres bonitas preferem os homens bonitos, eu sou uma excepção, eu sempre tive a sorte de as mulheres bonitas acharem que eu fico bem ao pé delas, principalmente a jogar Trivial Pursuit, às vezes olho para trás e espanto-me que mulheres três campeonatos acima do meu me tenham dispensado os seus favores, que me lembre só conheço outro tipo assim, o Shrek, mas o do Shrek Um, nos outros Shreks o Shrek já estava com uma moça do campeonato dele, pelos piores motivos)
25 maio 2010
Também leio livros, olha o caralho...
" - OK - disse Gulliver. E desligou.
Levantou-se e dirigiu-se à casa de banho. Olhou para o espelho. Pegou no frasco de álcool, desarrolhou-o e molhou as mãos. Passou depois as mãos pelos cabelos. Voltou a olhar para o espelho e inspeccionou os dentes. Começou a sentir as náuseas do costume. Levantou a tampa da sanita, vomitou alguma bílis e sentiu-se melhor. Voltou para o quarto e falou para o retrato do pai morto, durante dez minutos, como fazia há trinta anos. Acendeu um cigarro e sentou-se na borda da cama. Ligou para Armador.
- Armador?
- Sim.
- Daqui Gulliver.
- Sim.
- Legos disse para o matarmos hoje.
- Vem a minha casa - disse Armador. - Jogamos uma partida de xadrez e depois vamos.
-Estou aí dentro de uma hora.
Gulliver desligou e voltou à casa de banho. Atirou a beata ainda acesa para a sanita e puxou o autoclismo. Voltou a inspeccionar os dentes ao espelho. Lavou-os vagarosamente. Olhou para as mãos. Lavou-as. Voltou para o quarto e olhou para o retrato do pai. Começou outra vez a sentir náuseas e dirigiu-se rapidamente à casa de banho. Vomitou. Sentiu-se melhor."
Dennis McShade, primeiro capítulo de Blackpot
(sempre admirei Dinis Machado, aliás, Dennis McShade quando precisava de um dinheiro extra)
Levantou-se e dirigiu-se à casa de banho. Olhou para o espelho. Pegou no frasco de álcool, desarrolhou-o e molhou as mãos. Passou depois as mãos pelos cabelos. Voltou a olhar para o espelho e inspeccionou os dentes. Começou a sentir as náuseas do costume. Levantou a tampa da sanita, vomitou alguma bílis e sentiu-se melhor. Voltou para o quarto e falou para o retrato do pai morto, durante dez minutos, como fazia há trinta anos. Acendeu um cigarro e sentou-se na borda da cama. Ligou para Armador.
- Armador?
- Sim.
- Daqui Gulliver.
- Sim.
- Legos disse para o matarmos hoje.
- Vem a minha casa - disse Armador. - Jogamos uma partida de xadrez e depois vamos.
-Estou aí dentro de uma hora.
Gulliver desligou e voltou à casa de banho. Atirou a beata ainda acesa para a sanita e puxou o autoclismo. Voltou a inspeccionar os dentes ao espelho. Lavou-os vagarosamente. Olhou para as mãos. Lavou-as. Voltou para o quarto e olhou para o retrato do pai. Começou outra vez a sentir náuseas e dirigiu-se rapidamente à casa de banho. Vomitou. Sentiu-se melhor."
Dennis McShade, primeiro capítulo de Blackpot
(sempre admirei Dinis Machado, aliás, Dennis McShade quando precisava de um dinheiro extra)
Das minhas anónimas
E depois há as anónimas, ao contrário de toda a gente, gosto das minhas anónimas, imagino-as umas senhoras que perderam o melhor da idade a cuidar das crianças, sem tempo para terminar o ensino obrigatório, uma maçada de vida, imagino-as a fumar maços de cigarros junto ao computador lá de casa, as anónimas não têm portátil, não precisam, a casa é o seu mundo, imagino-as a ocupar o muito tempo livre que têm a enviar comentários anónimos desenfreadamente em vez de se dedicarem a estudar e, quem sabe?, a trabalhar, a ter uma utilidade para a sociedade, mesmo sabendo que aqui no Pipoco há moderação de comentários (sim, as minhas anónimas têm essa pequena vitória) enviam os seus comentários azedos, pelo menos eu leio, isso é que interessa, eu fico sempre espantado com o tempo que as minhas anónimas me dispensam, a vida é mesmo assim, nada a fazer, gosto das minhas anónimas, a sério que gosto, leio, apago e fico sempre a pensar que ter pena de alguém continua a ser-me tão desconfortável.
24 maio 2010
Pipoco junta-se à tribo e também escreve sobre os Globos de Ouro
E pensar que a Bárbara Guimarães já fez parte do meu imaginário libidinoso...
Talvez...
...nunca tenhas ficado sem ar a vinte metros de profundidade, talvez nunca tenhas visto um homem morrer nos teus braços, talvez nunca tenhas visto nascer o teu própro filho, talvez nunca tenhas ido buscar um amigo ao mais fundo que se pode descer, talvez nunca tenhas andado à porrada por causa de uma ideia, talvez nunca tenhas dormido uma noite debaixo da Torre Eiffel, talvez nunca tenhas feito amor no convés de um barco no Egeu, talvez nunca tenhas ganho um rally das tascas, talvez nunca tenhas visto o sol nascer nos Alpes, talvez nunca te tenhas perdido numa tempestade de neve fora de pista, talvez nunca tenhas chorado a ouvir uma música, talvez nunca te tenhas ajoelhado defronte de um quadro, talvez nunca tenhas cozinhado para trezentas pessoas, talvez nunca tenhas ganho na roleta, talvez nunca tenhas apostado tudo o que tens num projecto, talvez nunca tenhas pensado numa língua que não é a tua, talvez nunca tenhas sido expulso de um país, talvez nunca tenhas conduzido um Alfa descapotável, a chover torrencialmente, talvez nunca tenhas cantado uma canção de amor a uma desconhecida em Verona, talvez nunca tenhas ido a Nova Iorque só para jantar, talvez nunca tenhas subido a uma montanha e depois não saberes como descê-la, talvez nunca tenhas sido a pessoa mais importante do mundo para alguém, talvez nunca tenhas arriscado ser despedido só para defenderes a tua equipa, talvez nunca tenhas apanhado lixo do chão sem ninguém estar a ver, talvez nunca tenhas atravessado um glaciar sem crampons nas botas, talvez nunca tenhas beijado a mulher errada.
Eu já.
Eu já.
23 maio 2010
Boletim do Pipoco #13
Vinte quilos depois, eis-me de novo num concerto de Trovante.
(shame on me, shame on me...)
(shame on me, shame on me...)
21 maio 2010
Boletim do Pipoco #12 (3 de 3)
Versão "tipo extremamente porreiro, por exemplo eu"
Vou ali dar um saltinho à África do Sul ver o Portugal-Costa do Marfim. Yes!
(sim, estou contente)
(e vamos ganhar)
(e ser campeões do mundo)
Vou ali dar um saltinho à África do Sul ver o Portugal-Costa do Marfim. Yes!
(sim, estou contente)
(e vamos ganhar)
(e ser campeões do mundo)
Boletim do Pipoco #12 (2 de 3)
Versão "Hummmm.... isto é tipo para ser um infeliz, se as coisas lhe corressem bem não andava para ai a apregoar...".
É uma maçada, com um Portugal-Brasil com uma moldura humana tão bonita e logo havia de me calhar a Costa do Marfim, ainda para mais em Junho, caramba, é Inverno no hemisfério Sul, não podiam ter organizado o campeonato em Dezembro?, que grande maçada, onze horas de viagem sem poder fumar, está bem que eu não fumo, mas é capaz de haver gente que não pode fumar e eu sofrerei por osmose, às tantas o tipo que não pode fumar descontrola-se por não fumar e desata a bater em toda a gente, e eu serei o que estou ao lado do tipo, o tipo vai pensar que eu estou a gozar por ele não fumar e manda-me um soco na tromba, isto só a mim, a tripulação se calhar é costamarfinense, deve ser, pois se o jogo é com a Costa do Marfim, é o mais certo, vão perceber que sou português, somam dois mais dois e percebem logo que vou torcer por Portugal, de certeza que vão chamar o comandante e o tipo dá-me um calduço, isto só a mim, de certeza que o co-piloto vai estar a dormir e não vai perceber que o comandante saiu para me dar uns calduços, aquilo desgoverna-se e ficamos ali todos, isto só a mim...
É uma maçada, com um Portugal-Brasil com uma moldura humana tão bonita e logo havia de me calhar a Costa do Marfim, ainda para mais em Junho, caramba, é Inverno no hemisfério Sul, não podiam ter organizado o campeonato em Dezembro?, que grande maçada, onze horas de viagem sem poder fumar, está bem que eu não fumo, mas é capaz de haver gente que não pode fumar e eu sofrerei por osmose, às tantas o tipo que não pode fumar descontrola-se por não fumar e desata a bater em toda a gente, e eu serei o que estou ao lado do tipo, o tipo vai pensar que eu estou a gozar por ele não fumar e manda-me um soco na tromba, isto só a mim, a tripulação se calhar é costamarfinense, deve ser, pois se o jogo é com a Costa do Marfim, é o mais certo, vão perceber que sou português, somam dois mais dois e percebem logo que vou torcer por Portugal, de certeza que vão chamar o comandante e o tipo dá-me um calduço, isto só a mim, de certeza que o co-piloto vai estar a dormir e não vai perceber que o comandante saiu para me dar uns calduços, aquilo desgoverna-se e ficamos ali todos, isto só a mim...
Boletim do Pipoco #12 (1 de 3)
Um homem lê a blogosfera e fica a pensar que é má coisa ter uma vida porreira, ler os livros que quer, fazer o trabalho que escolheu, ter uns amigos que não falham, gostar de almoços longos ao fim de semana, ouvir música alta, não se preocupar com a próstata e não ter disfunção eréctil. Há sempre quem diga "Hummmm..., isto é tipo para ser um infeliz, se as coisas lhe corressem bem não andava para ai a apregoar...".
A questão é sempre a mesma, trata-se da velha parábola bíblica do copo meio cheio e meio vazio, exemplarmente descrita no Evangelho segundo São Mateus 5-25.
Imaginemos, por redução ao absurdo, que terei que me deslocar à África do Sul, algures no final de Junho. Imaginemos que essa deslocação, cinco dias, com um jogo de futebol a meio, digamos, para facilitar, um Portugal-Costa do Marfim. O exercício do dia é ver como reage a este case study um tipo extremamente porreiro, por exemplo eu, e outro não tão porreiro, por exemplo, o tipo que escreve "Hummmm..., isto é tipo para ser um infeliz, se as coisas lhe corressem bem não andava para ai a apregoar...".
Vamos a isto? Vamos!
Dos dias felizes
Trabalhas quinze horas quase seguidas, é o Brent que desce, é o Dólar que sobe, estás sem rede, estão todos a ver, tens que decidir, eles, os mais velhos acham que és demasiado novo, arriscas nos limites, deixam-te arriscar, deixam sempre, talvez te espalhes agora, respiras fundo, ninguém domina a tensão como tu, dizem-te que é melhor desistir, tu nem ouves, continuas em jogo, ninguém acredita mas tu ainda estás em jogo, acham-te piada, dizem-te que estás a forçar a tua sorte, sabes que não, a sorte a ti encontra-te sempre a fazer os trabalhos de casa, só tens que fazer de conta que te dá igual, são só milhões, dinheiro não traz a felicidade, não tremas agora, não ouças o senhor Bloomberg nem as cotações da Moodys, o teu instinto não te vai falhar agora, logo agora, não sorrias, arriscas mais uma vez, estavas certo, abraçam-te, sim senhor, que trabalho de equipa, sempre souberam que sim, que eras o tal, são duas da manhã, temos que comemorar, dizes que te retiras, eles que comemorem, tens o avião das sete e dez não tarda, sempre o avião das sete e dez, mereces um gin tónico, a noite está fantástica, hoje não ouves Bach, hoje ouves os Muse, bem alto, um dia fodes-te, hoje não é esse dia.
20 maio 2010
O que utilizo na minha higiene, by Pipoco Tabasco
Se toda a gente abre os armários da sua casa de banho, transportando-nos para um imaginário de armários daqueles plásticos com um portinha que faz de espelho e dois focos por cima, tudo isto enquadrado por uns belíssimos azulejos da marca Ceres, com rosas e girassóis, Pipoco não se fica atrás.
Fase 1 - Pipoco levanta-se e toma um retemperador banho, utilizando um produto vendido em exclusividade por uma cadeia de retalho alemã (pá, é marca branca do Lidl, mas um gajo dizer que é uma loja alemã parece logo uma coisa de mercearias finas)
Fase 2 - Pipoco esfrega-se vigorosamente com um produto com provas dadas no mercado, uma homenagem à tradição, já os antepassados de Pipoco utilizavam este produto inultrapassável.
Fase 3 - Nos dias em que faz a barba (note-se a suave piscadela de olho ao público feminino, a mensagem subliminar é que nem sempre Pipoco faz a barba, o que deixa antever uma cútis com barba de três dias, ora é sabido que Pipoco tem voz a La Corleone, logo a junção voz de cama adicionada de cútis com barba de três dias não poderá deixar de fazer accionar os mecanismos certos no imaginário feminino), Pipoco utiliza este produto, o único capaz de proporcionar um escanhoamento perfeito à barba vigorosa de Pipoco (notem, barba rija, lá está a mensagem subliminar a passar perfeitamente...).
Fase 4 - Depois de bem escanhoado, Pipoco aplica uma suave fragância, que se manterá ao longo de todo o dia, causando admiração às pessoas com quem Pipoco se cruza (puro álcool, rapazes, um homem pode escolher meter disto na cara ou vodka misturado com tequilla, o efeito é o mesmo).
Fase 1 - Pipoco levanta-se e toma um retemperador banho, utilizando um produto vendido em exclusividade por uma cadeia de retalho alemã (pá, é marca branca do Lidl, mas um gajo dizer que é uma loja alemã parece logo uma coisa de mercearias finas)
Fase 2 - Pipoco esfrega-se vigorosamente com um produto com provas dadas no mercado, uma homenagem à tradição, já os antepassados de Pipoco utilizavam este produto inultrapassável.
Fase 3 - Nos dias em que faz a barba (note-se a suave piscadela de olho ao público feminino, a mensagem subliminar é que nem sempre Pipoco faz a barba, o que deixa antever uma cútis com barba de três dias, ora é sabido que Pipoco tem voz a La Corleone, logo a junção voz de cama adicionada de cútis com barba de três dias não poderá deixar de fazer accionar os mecanismos certos no imaginário feminino), Pipoco utiliza este produto, o único capaz de proporcionar um escanhoamento perfeito à barba vigorosa de Pipoco (notem, barba rija, lá está a mensagem subliminar a passar perfeitamente...).
Fase 4 - Depois de bem escanhoado, Pipoco aplica uma suave fragância, que se manterá ao longo de todo o dia, causando admiração às pessoas com quem Pipoco se cruza (puro álcool, rapazes, um homem pode escolher meter disto na cara ou vodka misturado com tequilla, o efeito é o mesmo).
Fase 5 - Pipoco lava os dentes, mantendo um hálito fresco, com suave fragância a madressilva, suavemente misturada com aroma de Hospital de Santa Maria, Serviço de Cuidados Intensivos.
19 maio 2010
Franchising Pipoco
Isto dos Pipocos é como as cerejas, há posts que eu decidi que o Pipoco Mais Salgado não deveria escrever, vai daí e contratei o Pipoco Tabasco para escrever posts com palavras feias e mulheres de enormes seios desnudados. No entanto, sinto que há mais nichos de mercado que merecem ser trabalhados, a verdade é que o Pipoco Mais Salgado escreve bastante e há um nicho de mercado que valoriza um tipo que leia livros, vá para a praia e não esteja sempre a escrever posts, enfim, um tipo com vida feliz, amigos reais e assim (mas é tão fácil escrever os posts do Mais Salgado, caramba...), por isso faz-me falta um Pipoco Mais Calado, um tipo que fique um dia ou dois sem postar ou então que escreva posts twitterianos, do género "assim que tiver tempo livre venho cá, agora estou a beber um gin tónico com as minhas crianças".
Por outro lado, há quem ache o Pipoco Mais Salgado um snob, cheio de mania que é "o tal", arrogante até à décima casa decimal. Neste contexto, parece-me bem criar um Pipoco Calimero ou um Pipoco Personagem Das Canções Do Tony Carreira para escrever uns posts sofridos, a mulher fugiu com o melhor amigo, os filhos estão entrevadinhos de todo por causa de um acidente de mota e ele é funcionário público (poupem-me, funcionários públicos, eu sei que vocês trabalham todos para caralho, não me obriguem a ter aqui um Pipoco Chefe De Repartição De Finanças Do Quinto Bairro Fiscal), alguém que não tenha alegrias na vida, um tipo que sabe o que é sofrimento e tem um blog para dizer issso mesmo, que cada dia é pior que o outro.
Também me faz falta um Pipoco Mais Pacheco Pereira, um tipo que faça análise política e que meta uns poemas de vez em quando, isto para além de considerar seriamente um Pipoco Mais Fátima Lopes A Estilista Não A Apresentadora Das Cenas Dos Iogurtes Laxantes Ou Lá O Que É, para as coisas da moda.
Mais ideias?
Por outro lado, há quem ache o Pipoco Mais Salgado um snob, cheio de mania que é "o tal", arrogante até à décima casa decimal. Neste contexto, parece-me bem criar um Pipoco Calimero ou um Pipoco Personagem Das Canções Do Tony Carreira para escrever uns posts sofridos, a mulher fugiu com o melhor amigo, os filhos estão entrevadinhos de todo por causa de um acidente de mota e ele é funcionário público (poupem-me, funcionários públicos, eu sei que vocês trabalham todos para caralho, não me obriguem a ter aqui um Pipoco Chefe De Repartição De Finanças Do Quinto Bairro Fiscal), alguém que não tenha alegrias na vida, um tipo que sabe o que é sofrimento e tem um blog para dizer issso mesmo, que cada dia é pior que o outro.
Também me faz falta um Pipoco Mais Pacheco Pereira, um tipo que faça análise política e que meta uns poemas de vez em quando, isto para além de considerar seriamente um Pipoco Mais Fátima Lopes A Estilista Não A Apresentadora Das Cenas Dos Iogurtes Laxantes Ou Lá O Que É, para as coisas da moda.
Mais ideias?
18 maio 2010
O Sentido da Vida
O Post da tarde está no Cuidado ao Abrir, do Capitão Microondas. Um senhor, é o que vos digo.
(antes que o Pipoco Tabasco me espante os clientes...)
No trabalho: O Senhor Doutor de Mais Salgado.
No café da vila: aquele, o doBMW Citroën Audi Jaguar preto verde, que nunca quer açucar no café, não sabes? o que lê o Diário de Notícias antes do Record, tu sabes quem é, aquele que vem sempre de gravata, o pai da miúda loura e do miúdo das sardas, vem sempre com aquela senhora elegante, não, ele não é elegante, ela é que é, nem sei como é que ela atura um tipo daqueles, claro que sabes, só não estás a ver quem é, o que encomenda no quiosque os jornais estrangeiros a imprensa estrangeira, isso, esse.
Para os vizinhos: o que não joga golf.
Para elas: Huuuuummmmmm, o Pipoco!
Para eles: Pff, o Pipoco...
Adenda: Alterado, numa perspectiva de melhoria contínua, por sugestão de Mak, o Mau e Maya.
No café da vila: aquele, o do
Para os vizinhos: o que não joga golf.
Para elas: Huuuuummmmmm, o Pipoco!
Para eles: Pff, o Pipoco...
Adenda: Alterado, numa perspectiva de melhoria contínua, por sugestão de Mak, o Mau e Maya.
17 maio 2010
O J., amigo do Mais Salgado, casou-se
O cabrão do J. (chama-se João, mais o Mais Salgado disse-me que na blogosfera as pessoas se tratam só pela primeira letra do nome e um ponto à frente) casou-se.
É extraordinário como os maus rapazes acabam sempre por sacar as gajas mais certinhas e com melhores mamas.
(Dou-lhe um ano. Ano e meio, vá...)
É extraordinário como os maus rapazes acabam sempre por sacar as gajas mais certinhas e com melhores mamas.
(Dou-lhe um ano. Ano e meio, vá...)
O meu amigo J. casou-se
O meu amigo J. (chama-se João mas, por razões de confidencialidade e segurança, aprendi que na bloga só se coloca a inicial e um ponto quando se referenciam pessoas), o meu amigo J. casou-e, quem não me conheça, diria que seríamos os amigos mais improváveis, lembro-me sempre da história da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, eu seria aqui o Zorbas, o gato preto e grande e gordo que ensinou a gaivota a voar, o meu amigo J., o que se casou, é a gaivota pequenina que saiu do ovo, quando convido o meu amigo J. para almoçar cuido sempre de tirar a gravata e desapertar dois botões da camisa, escolho sempre tascas de bairro, daqueles onde se come com as mãos e não perdemos tempo com isso de escolher os vinhos, é sempre uma caneca de super-bock, e não falamos do Brent, nem de Wall Street, falamos de bola e rimos alto, o meu amigo J. acaba sempre a dizer ao dono da tasca, que estranha ver ali um tipo de fato às riscas, que eu sou um irmão, que se não fosse eu o mais certo seria ele ter os dentes da frente todos podres e andar pelos parques de estacionamento com um jornal velho debaixo do braço, a indicar lugares vazios e a pedir moedas, eu digo sempre que não, que ele orientava-se sozinho, depois rimos os dois, ele diz que eu sou o culpado pela inflação e pela crise e por tudo estar tão caro, o dono da tasca pergunta o que é que eu faço e rimo-nos todos, o homem da tasca dá-me sempre uma ou duas teorias para eu aplicar na minha vida profissional, eu digo que sim, que é capaz de não ser má ideia, peço uma bica com cheirinho e cada um de nós vai à sua vida, aposto que o tipo da tasca se vai referir a mim como "estes chulos", o meu amigo J. vai à vida dele e eu vou à minha.
O meu amigo J. casou-se e aposto que nunca dois homens deram um abraço tão forte e tão apertado como o que nós demos no preciso momento em que o meu amigo J. acabou de se casar.
O meu amigo J. casou-se e aposto que nunca dois homens deram um abraço tão forte e tão apertado como o que nós demos no preciso momento em que o meu amigo J. acabou de se casar.
16 maio 2010
Pipoco Tabasco
Terá certamente notado o respeitável público que os últimos posts contêm algumas palavras de índole absolutamente inqualificável e impublicável, que eu jamais me atreveria a grafar (refiro-me nomeadamente às palavras "foda-se" e "puta").
Tal nível de linguagem não se coaduna com os altos desígnios deste blog, não se revendo o autor nesta linguagem menos própria.
Neste contexto, e porque entendo que o autor desses posts menores merece uma oportunidade, acrescendo o facto de eu próprio apreciar a companhia de um co-autor aqui no Pipoco, informo o respeitável público que o blogger Pipoco Tabasco passará a partilhar este espaço, em co-autoria com a minha pessoa.
Melhores cumprimentos.
Tal nível de linguagem não se coaduna com os altos desígnios deste blog, não se revendo o autor nesta linguagem menos própria.
Neste contexto, e porque entendo que o autor desses posts menores merece uma oportunidade, acrescendo o facto de eu próprio apreciar a companhia de um co-autor aqui no Pipoco, informo o respeitável público que o blogger Pipoco Tabasco passará a partilhar este espaço, em co-autoria com a minha pessoa.
Melhores cumprimentos.
15 maio 2010
Por outro lado, Pipoco não sabe nada de nada, nem é sexy, mas tem uma puta de uma voz a la Vito Corleone que nem vos passa...
Está certo, minhas senhoras, o Pedro Mexia escreve bem, sim senhores, que escreve, tem aquele ar de católico progressista que faz milagres, depois tem aquilo do cinema, e tal.
Mas aquela vozinha...
Mas aquela vozinha...
14 maio 2010
Boletim do Pipoco #10
Quem me conhece, sabe que sou o feliz possuidor de um sobretudo igualzinho ao do Georges Moustaki, há quem diga que é mais parecido com o sobretudo de Leonard Cohen, mas para mim é, e será sempre, o meu sobretudo praticamente igual ao sobretudo que usava o Moustaki.
Eu não falaria sobre o meu sobretudo igual ao de Moustaki se não se desse o caso, assombroso, de, a meio do mês de Maio, eu ainda não ter dispensado os favores do meu sobretudo igual ao de Moustaki.
Por agora era só isto, obrigado. Ide em paz, na certeza de que aqui nunca se falará sobre condições atmosféricas.
Sobre aquilo da tipa que andava a chatear o tipo dos UHF
Parecendo-me quase inacreditável o facto alguém se preocupar em ter como modo de vida aborrecer o tipo dos UHF, a verdade é que sempre me deixou espantado haver quem dedique a vida a saber coisas sobre alguém, com quem fala, onde janta, com quem se relaciona, a aborrecer os amigos do alvo.
Esta gente convence-se que a coisa lhes dá poder, gente que não tem nada que fazer é assim, convence-se de coisas estranhas, gostam de fazer de conta que são a Glenn Close da Atracção Fatal.
Se bem me lembro do fim do filme, a coisa não correu bem à Glenn Close. Levou um tiro nos cornos, ou assim.
Esta gente convence-se que a coisa lhes dá poder, gente que não tem nada que fazer é assim, convence-se de coisas estranhas, gostam de fazer de conta que são a Glenn Close da Atracção Fatal.
Se bem me lembro do fim do filme, a coisa não correu bem à Glenn Close. Levou um tiro nos cornos, ou assim.
13 maio 2010
From Barajas, with love
Por alguma razão que me escapa, as senhoras velhinhas têm uma especial predilecção por mim, onde há uma senhora velhinha com ar perdido, sem saber o que fazer, é certo que eu estarei no raio visual da senhora velhinha, de tal forma que a senhora velhinha conversa comigo e acaba a mostrar-me fotos dos netos "se calhar estou a incomodá-lo", "por amor de Deus, minha senhora...", no fundo eu gosto que as senhoras velhinhas vejam em mim um tipo de confiança e gosto mesmo de ajudar, "não, minha senhora, isso é o bilhete electrónico, antes teria que passar pelo check-in, eu acompanho-a", "veja lá, se o estou a atrasar", eu a pensar que em Barajas não chamam os passageiros retardatários, é escolher, ajudar senhoras velhinhas e ter aquela pontinha de adrenalina de entrar no avião já com a manga a ser retirada, como nos filmes, ou então recusar ajuda à senhora velhinha, "desculpe, minha senhora, estou atrasadíssimo" e ficar a remoer que a senhora velhinha se calhar ainda está no mesmo sítio, olhar perdido, à espera que alguém a ajude, caramba, se calhar apanhar o próximo não custa nada, é quinta-feira, há sempre lugares, que se foda, são só três horas de espera, sempre posso escrever este post.
De vez em quando esqueço-me dos basics deste blog (vocês lembrem-me, que isto anda a abichanar, a ficar lasso e ainda perco a aposta...)
Dê eu as voltas que der, não há camisas como as do Rosa & Teixeira.
12 maio 2010
Boletim do Pipoco #9
Nós, os da tribo do avião da sete e dez, somos animais de hábitos. Os da companhia das impressoras escolhem os lugares da frente e trabalham arduamante durante toda a viagem, vão sentados lado a lado e parece-me sempre que acabam o trabalho mesmo em cima das reuniões, imagino-os a subir no elevador e a gravar o documento final.
Depois há os da companhia dos consultores, esses seguem sempre nos lugares traseiros, certamente recorda-lhes os tempos em que ali se podia fumar.
Eu escolho sempre o lugar seis A, está sempre vago quando faço o check-in electrónico, imagino que as os da tribo do avião das sete e dez dizem às suas secretárias "Maria Perpétua, o lugar seis A é do Doutor Pipoco de Mais e Salgado, reserve outro lugar, por favor", afinal sou dos da velha guarda, ainda há respeito, normalmente só em casos extremos ocupam os lugares seis B ou seis C, preocupam-se sempre em que eu tenha lugar para pendurar o casaco e não ser incomodado enquanto leio o El Pais ou o Le Monde.
Ontem, a regra tácita foi quebrada, tive companhia no lugar seis C, fardada a rigor, saia-casaco de executiva, óculos de massa preta Prada, Blackberry, provavelmente será de uma multinacional concorrente da minha, o estilo não engana. Parecia-me boa companhia até ao momento em que se recostou e tirou um livro da mala. Paulo Coelho. Fechei os olhos e fingi dormir até ao fim da viagem.
Depois há os da companhia dos consultores, esses seguem sempre nos lugares traseiros, certamente recorda-lhes os tempos em que ali se podia fumar.
Eu escolho sempre o lugar seis A, está sempre vago quando faço o check-in electrónico, imagino que as os da tribo do avião das sete e dez dizem às suas secretárias "Maria Perpétua, o lugar seis A é do Doutor Pipoco de Mais e Salgado, reserve outro lugar, por favor", afinal sou dos da velha guarda, ainda há respeito, normalmente só em casos extremos ocupam os lugares seis B ou seis C, preocupam-se sempre em que eu tenha lugar para pendurar o casaco e não ser incomodado enquanto leio o El Pais ou o Le Monde.
Ontem, a regra tácita foi quebrada, tive companhia no lugar seis C, fardada a rigor, saia-casaco de executiva, óculos de massa preta Prada, Blackberry, provavelmente será de uma multinacional concorrente da minha, o estilo não engana. Parecia-me boa companhia até ao momento em que se recostou e tirou um livro da mala. Paulo Coelho. Fechei os olhos e fingi dormir até ao fim da viagem.
(Oh não! Baby-Blog outra vez, não, por favor!)
Ganharão eles, ganham sempre eles, havemos de negociar e acabaremos nos Muse e nos Snow Patrol, eu farei de conta que me importo e que vou porque sou magnânimo, mas no fundo pensarei que eles, estando na idade de ir no dia dos D'Zrt e da Miley Cirus, preferem os Muse e os Snow Patrol e isso é bom.
(afinal já me anunciaram que este foi a minha última temporada de esqui, em Dezembro terá que ser snowboard, uma gloriosa carreira de mais de vinte anos a esquiar a ir por água abaixo, eu já sei que vou reclamar, farei de conta que sou inflexível, mas vou aprender com eles outra vez a cair e a levantar-me, afinal as botas de snowboard até são mais confortáveis, no fim de contas ganhamos todos).
11 maio 2010
Comentário extremamente inteligente da semana #8
"Esta semana não quero concorrer, obrigado. Ainda estou amuada desde a semana passada"
A Vera domina. A Vera domina absolutamente. A Vera sabe como funciona a psique masculina, sabe que não há nada que nos desperte mais os sentidos do que uma mulher a dizer "passo". Mas passa porquê?, perguntamos nós. Não sou suficientemente bom, é? Olha-me esta, eu que já toureei em melhores praças e agora esta diz-me que está bem assim, que não vai a jogo.
Como eu dizia, a Vera domina a situação. Duplamente. Primeiro diz que não, que não lhe apetece, que não quer. Reparem, a Vera diz que não quer, blasfema. E ainda agradece, educadamente. Proponho-lhe aqui a glória, proponho-lhe a ribalta, proponho-lhe mil visitas extra durante o dia de amanhã, proponho-lhe vinte seguidores extra vindos sabe-se lá de onde e a Vera, que faz? Diz que não. Que agradece, mas afinal não. Isto é demolidor para mim? É. A Vera podia ficar por aqui, mas não, ainda comunica que está amuada, podia ser um amuo ligeiro, mas, a Vera é a Vera, a coisa já vem da semana passada, é de gravidade, portanto. Recusa a glória e ainda informa que está amuada, nenhum homem, nem eu, que sou eu, aguenta esta pressão.
Por isso, meus caros, eu, só mesmo para chatear a Vera, só para a enfurecer de morte, só para ela ver com quem se meteu, who's your daddy?, elejo o comentário da Vera como o comentário extremamente inteligente da semana. Porque é preciso que se saiba quem manda aqui. E sou eu.
(Link? Ah, é verdade, o link...)
A Vera domina. A Vera domina absolutamente. A Vera sabe como funciona a psique masculina, sabe que não há nada que nos desperte mais os sentidos do que uma mulher a dizer "passo". Mas passa porquê?, perguntamos nós. Não sou suficientemente bom, é? Olha-me esta, eu que já toureei em melhores praças e agora esta diz-me que está bem assim, que não vai a jogo.
Como eu dizia, a Vera domina a situação. Duplamente. Primeiro diz que não, que não lhe apetece, que não quer. Reparem, a Vera diz que não quer, blasfema. E ainda agradece, educadamente. Proponho-lhe aqui a glória, proponho-lhe a ribalta, proponho-lhe mil visitas extra durante o dia de amanhã, proponho-lhe vinte seguidores extra vindos sabe-se lá de onde e a Vera, que faz? Diz que não. Que agradece, mas afinal não. Isto é demolidor para mim? É. A Vera podia ficar por aqui, mas não, ainda comunica que está amuada, podia ser um amuo ligeiro, mas, a Vera é a Vera, a coisa já vem da semana passada, é de gravidade, portanto. Recusa a glória e ainda informa que está amuada, nenhum homem, nem eu, que sou eu, aguenta esta pressão.
Por isso, meus caros, eu, só mesmo para chatear a Vera, só para a enfurecer de morte, só para ela ver com quem se meteu, who's your daddy?, elejo o comentário da Vera como o comentário extremamente inteligente da semana. Porque é preciso que se saiba quem manda aqui. E sou eu.
(Link? Ah, é verdade, o link...)
Comentário extremamente inteligente da semana (teaser)
O comentário extremamente inteligente desta semana sairá da caixa de comentários deste post.
Adenda: Espero até às Dezanove horas...
Adenda Dois: Por favor...
Adenda três: Vá,até às oito da noite...
Adenda Quatro: Ou então acabo com o blog!
Adenda: Espero até às Dezanove horas...
Adenda Dois: Por favor...
Adenda três: Vá,até às oito da noite...
Adenda Quatro: Ou então acabo com o blog!
Das aparências
10 maio 2010
Deja vu #2
Houve um tempo da minha vida que vivi perto de um lago que gelava no Inverno, os patos tentavam aterrar no lago gelado e deslizavam até ao fim do lago, só paravam quando chocavam com uma parede de betão, eu às vezes ficava ali a ver os patos a tentar aterrar no lago, a deslizar até ao fim do lago e a chocar com a parede de betão, atrás de uns patos vinham outros e certamente que gerações de patos tinham feito o mesmo em anos anteriores, sempre o mesmo processo, como Sísifo, tentar aterrar, deslizar e bater com a cabeça no betão, questionava-me sempre porque não comunicavam os patos entre si e geravam um sinal de alerta, aquele lago tinha uma parede de betão no fundo, ou então que lhes surgisse uma modificação genética que os alertasse para lagos gelados com paredes de betão no final.
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, conheci uma mulher que me faz lembrar os patos a tentar aterrar naquele lago gelado. E desliza, até bater com a cabeça no muro.
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, conheci uma mulher que me faz lembrar os patos a tentar aterrar naquele lago gelado. E desliza, até bater com a cabeça no muro.
09 maio 2010
Aos meus amigos benfiquistas
Meus caros benfiquistas em geral e amigos benfiquistas em particular, como é de vosso inteiro conhecimento, eu professo a religião mais bonita do mundo, o Sportinguismo, e vibro com a classe única de uma equipa especial, com adeptos requintados, exigentes e com sofisticação acima da média, mantenho orgulhosamente o meu cartão de associado e frequento amiúde um dos camarotes de Alvalade, assim me ensinou o meu sábio pai e as coisas são como têm que ser.
É bem verdade que temos um presidente quase tão imbecil como o vosso, e o treinador não andará longe da boçalidade do vosso, com a diferença significativa de o nosso não ter sobrancelhas, o que, parecendo que não, explica muita coisa.
Não obstante, daqui vos endereço os sinceros parabéns. Fostes ligeiramente melhor que nós este ano e sois merecedores dos meus encómios. Daqui vos endereço um abraço. Dos pequenos, com pouca pujança, mas, ainda assim um abraço.
(já agora, vejam se ganham mesmo o jogo e o campeonato. este post, como todos os outros, foi escrito antecipadamente)
É bem verdade que temos um presidente quase tão imbecil como o vosso, e o treinador não andará longe da boçalidade do vosso, com a diferença significativa de o nosso não ter sobrancelhas, o que, parecendo que não, explica muita coisa.
Não obstante, daqui vos endereço os sinceros parabéns. Fostes ligeiramente melhor que nós este ano e sois merecedores dos meus encómios. Daqui vos endereço um abraço. Dos pequenos, com pouca pujança, mas, ainda assim um abraço.
(já agora, vejam se ganham mesmo o jogo e o campeonato. este post, como todos os outros, foi escrito antecipadamente)
Deja vu
Por razões que não interessam agora, estive na cerimónia de assinatura de adjudicação do troço do TGV Poceirão-Caia.
Durante todo o tempo, não me largou a imagem do João Rendeiro a apresentar o seu livro (a história de quem venceu nos mercados...) no preciso dia em que o Banco Privado Português começava a desabar.
Durante todo o tempo, não me largou a imagem do João Rendeiro a apresentar o seu livro (a história de quem venceu nos mercados...) no preciso dia em que o Banco Privado Português começava a desabar.
08 maio 2010
Got a Project
Novecentas e noventa e nove vezes em mil ganho eu, são elas as primeiras a desviar o olhar, às vezes basta-me o meu olhar interrogativo, outras tenho que ir um nível acima e usar aquele sorriso meio enigmático que eu inventei, outras vezes, quase nunca, tenho que usar o sorriso enigmático, mais o brilhozinho nos olhos, quando chego a este nível de jogo a coisa já me desperta os sentidos.
Ontem fui eu quem primeiro desviou o olhar. E isso, parecendo que não, é capaz de ser um problema. Resta saber para quem.
Ontem fui eu quem primeiro desviou o olhar. E isso, parecendo que não, é capaz de ser um problema. Resta saber para quem.
07 maio 2010
(Retomamos a programação habitual)
Eu até gostava de ir à Madeira, para ajudar à recuperação, e isso.
Mas depois a publicidade diz que a Serenella Andrade e a Bibá Pitta e o Luís Represas também vão, e passa-me logo a vontade.
Mas depois a publicidade diz que a Serenella Andrade e a Bibá Pitta e o Luís Represas também vão, e passa-me logo a vontade.
06 maio 2010
Das coisas que eu sei
Em boa verdade, eu nem sei se a Carmen desejava mesmo o Escamillo, as mulheres bonitas são assim, fazem de conta que preferem os maus rapazes, e o Escamillo, Toreador, era um mau rapaz, só os maus rapazes é que frequentam locais como a taberna do Lillas Pastia, acredito que a Carmen acabaria por se fartar do Escamillo, nenhuma mulher, e aqui falamos de mulheres bonitas, suportaria muito tempo a trilogia torero/mulheres/taberna do Lillas Pastia, acredito que a Carmen gostasse de fazer ver às outras mulheres que era poderosa, tão poderosa que conseguia os favores de Escamillo, marcação de território, nisso as mulheres bonitas são excelentes, mas, no fim, as mulheres bonitas acabam todas por ficar com tipos como Don Jose, um tipo recomendável, casa-trabalho-casa, emprego seguro como cabo do exército, a farda, sempre a farda, era só Don Jose ter aguentado a pressão, a coisa duraria dias, tenho a certeza, e acabaria por ficar com Carmen, não havia necessidade de lhe ter espetado a faca no peito, foi uma maçada, os maus rapazes acabam todos por morrer cedo, de cancro no fígado e restam os Don Jose, fiáveis e honestos, eu nem sei se a Carmen queria mesmo ficar com o Escamillo, não sei se já tinha dito.
Boletim do Pipoco #7
O último livro de Manuel Alegre "O Miúdo que pregava pregos numa tábua" lê-se exactamente no mesmo tempo que demora a Sonata para violino e piano No.2 de Edvard Grieg, incluindo intervalo para tomar café.
05 maio 2010
A fim de cinquenta dias (eu sei, o tempo passa num instante...) Pipoco faz um balanço do que aprendeu no blogosfera
i) Há pessoas que se dão à maçada de gastar tempo, que poderiam usar a escrever poemas de amor ou a ler Sepúlveda, para me escrever coisas que elas acham que eu vou achar desagradável. Fico sempre sensibilizado quando escrevem para mim
ii) A Pipoca mais Doce não publicou os dois comentários extremamente inteligentes com que a brindei. Por outro lado, fez-me uma dedicatória muito bonita no seu magnífico livro, que eu adquiri na Feira.
iii) Tenho dezenas de sapatos e pés como seguidores. Isto é capaz de ser um sinal, como de costume não sei que sinal será.
iv) Ainda não percebi porque é que tanta gente acha piada a isto (quer dizer, percebi, mas acho que me fica bem aparentar um ar blasé, de quem não estava à espera…)
v) A maior parte das pessoas que me conheciam de outros mundos descobriram-me num instante, dizem que foi fácil, que eu escrevo sempre da mesma maneira. Eu acho que, mais do que escrever sempre da mesma maneira, estou sempre a escrever o mesmo post.
vi) Há pessoas que eu não conheço nem nunca vou conhecer, mas que acreditam que eu escrevi “aquele post” só para elas (quase sempre para implicar com a vida delas).
vii) A blogosfera cor de rosa organiza-se por três grupos, cada grupo com uma líder incontestada. Movimentam-se em círculos fechados e compram a sua roupa e sapatos em lojas com a exclusividade de uma Zara e ainda se gabam disso, chegando a fotografar-se com aquilo vestido
viii) A blogosfera cor de rosa escreve "get a life" umas às outras, isto é, abrem o portátil e escrevem "get a life" em vez de ir para a praia ou ouvir o Messiah de Haendel
ix) A blogosfera cor de rosa não vê o "Ídolos", vê o "American Idol". E não vê o "(não sei quê) Sabes Dançar", vê o "So, tou think you can dance".
x) Metade dos e-mail que me mandam é para me dizer que um tipo tão inteligente e culto, e tal, não se devia perder num blog como este, que devia escrever sobre política e livros e isso. Eu concordo, não faz sentido nenhum um tipo como eu ter um blog assim, mas não se esqueçam que este blog é o resultado de uma aposta e eu sou do tempo em que as apostas eram levadas a sério.
ii) A Pipoca mais Doce não publicou os dois comentários extremamente inteligentes com que a brindei. Por outro lado, fez-me uma dedicatória muito bonita no seu magnífico livro, que eu adquiri na Feira.
iii) Tenho dezenas de sapatos e pés como seguidores. Isto é capaz de ser um sinal, como de costume não sei que sinal será.
iv) Ainda não percebi porque é que tanta gente acha piada a isto (quer dizer, percebi, mas acho que me fica bem aparentar um ar blasé, de quem não estava à espera…)
v) A maior parte das pessoas que me conheciam de outros mundos descobriram-me num instante, dizem que foi fácil, que eu escrevo sempre da mesma maneira. Eu acho que, mais do que escrever sempre da mesma maneira, estou sempre a escrever o mesmo post.
vi) Há pessoas que eu não conheço nem nunca vou conhecer, mas que acreditam que eu escrevi “aquele post” só para elas (quase sempre para implicar com a vida delas).
vii) A blogosfera cor de rosa organiza-se por três grupos, cada grupo com uma líder incontestada. Movimentam-se em círculos fechados e compram a sua roupa e sapatos em lojas com a exclusividade de uma Zara e ainda se gabam disso, chegando a fotografar-se com aquilo vestido
viii) A blogosfera cor de rosa escreve "get a life" umas às outras, isto é, abrem o portátil e escrevem "get a life" em vez de ir para a praia ou ouvir o Messiah de Haendel
ix) A blogosfera cor de rosa não vê o "Ídolos", vê o "American Idol". E não vê o "(não sei quê) Sabes Dançar", vê o "So, tou think you can dance".
x) Metade dos e-mail que me mandam é para me dizer que um tipo tão inteligente e culto, e tal, não se devia perder num blog como este, que devia escrever sobre política e livros e isso. Eu concordo, não faz sentido nenhum um tipo como eu ter um blog assim, mas não se esqueçam que este blog é o resultado de uma aposta e eu sou do tempo em que as apostas eram levadas a sério.
04 maio 2010
Comentário extremamente inteligente da semana #6
"kitty fane sabe do que fala. eu é que não a compreendo. estou com a vera, desde que não chateie e ponha a roupa suja no cesto é, praticamente, um príncipe encantado"
Em verdade vos digo, li o comentário da Filipa e decidi logo, eu sou um tipo que decide coisas, não sei se já tinham notado, decidi logo que este era o eleito para comentário extremamente inteligente da semana, há aqui intensidade dramática, há substância, há clarividência e há um realismo capaz de tocar o mais empedernido dos corações. Vejamos, vamos dar por adquirido que Kitty Fane sabe do que fala, que sabe, sim senhores, se há alguém que sabe do que fala é Kitty Fane, houvesse um grupo dos que acham que Kitty Fane sabe do que fala, lá estaria eu, orgulhoso, a lutar por ser o primeiro, vá, o segundo signatário.
Depois, notem bem, a Filipa dá provas de saber como funciona a mente simples dos homens, a Filipa assume que a coisa até pode estar certa, mas, de tão complexa que é, escapa à compreensão da Filipa, isto revela muito estudo da mente masculina, não há argumento definitivo mais forte do que "tens razão, eu é que não sou capaz de chegar lá. boa noite, vou só ali comprar cigarros, estas malas que eu estou a levar? não te preocupes, gosto sempre de andar com malas grandes, sabes bem...".
A Filipa, não estando com a Kitty Fane, que não está, faz de conta que está mas não está, a Filipa está é com Vera, um clássico do género feminino, fazer de conta que se está com uma das tribos, mas, vai-se a ver, está-se com a tribo do lado, neste caso a Filipa (chega de links...) está com a Vera, embora se possa pensar (vide a primeira parte do comentário) que estivesse com a Kitty Fane.
Finalmente, como se este comentário não fosse já suficientemente complexo, cheio de variáveis, a Filipa faz de conta que é pouco exigente, só exige duas coisas, nada de grandes listas, parece coisa espartana, uma mulher como a Filipa só pedir duas coisas. Podíamos passar à frente, ler na diagonal o comentário e acenar com a cabeça apreciativamente "ora cá está uma moça que pede pouco". Mas eu sou o Pipoco, nada aqui é o que parece, eu leio as coisas, e, lá está, a Filipa pede duas coisas, por acaso duas coisas impossíveis, um homem que não chateie e, como se isso existisse, como se isso não fosse um mito urbano, a Filipa carrega ainda mais forte e pede que o tipo também coloque a roupa suja no cesto, reparem, a Filipa deseja cumulativamente duas características inexistentes num homem, e, reparem, se há género que tenha evoluído nos últimos milhões de anos é o masculino, sempre no sentido contrário a colocar a roupa suja no cesto e, além disso, não chatear, isto quer dizer alguma coisa.
É tudo, Pipoco? Não, há ainda algo que revela o grau de exigência da Filipa, um homem que, por hipótese académica, tivesse as duas características impossíveis deveria ser catalogado imediatamente como o supremo líder dos machos alfa, deveria ser arquivado na rara categoria das maravilhas da natureza, incontestado e venerado pelas gerações vindouras. Para a Filipa não, reparem, um tipo assim, arrumadinho e que não chateasse seria praticamente um príncipe encantado, nem vou questionar o que o separaria da categoria "principe encantado", isso levaria horas a dissecar e notem que "príncipe encantado" nem sequer é lá grande coisa, perguntem à Cinderela, que casou virgem.
(obrigado, Filipa)
Em verdade vos digo, li o comentário da Filipa e decidi logo, eu sou um tipo que decide coisas, não sei se já tinham notado, decidi logo que este era o eleito para comentário extremamente inteligente da semana, há aqui intensidade dramática, há substância, há clarividência e há um realismo capaz de tocar o mais empedernido dos corações. Vejamos, vamos dar por adquirido que Kitty Fane sabe do que fala, que sabe, sim senhores, se há alguém que sabe do que fala é Kitty Fane, houvesse um grupo dos que acham que Kitty Fane sabe do que fala, lá estaria eu, orgulhoso, a lutar por ser o primeiro, vá, o segundo signatário.
Depois, notem bem, a Filipa dá provas de saber como funciona a mente simples dos homens, a Filipa assume que a coisa até pode estar certa, mas, de tão complexa que é, escapa à compreensão da Filipa, isto revela muito estudo da mente masculina, não há argumento definitivo mais forte do que "tens razão, eu é que não sou capaz de chegar lá. boa noite, vou só ali comprar cigarros, estas malas que eu estou a levar? não te preocupes, gosto sempre de andar com malas grandes, sabes bem...".
A Filipa, não estando com a Kitty Fane, que não está, faz de conta que está mas não está, a Filipa está é com Vera, um clássico do género feminino, fazer de conta que se está com uma das tribos, mas, vai-se a ver, está-se com a tribo do lado, neste caso a Filipa (chega de links...) está com a Vera, embora se possa pensar (vide a primeira parte do comentário) que estivesse com a Kitty Fane.
Finalmente, como se este comentário não fosse já suficientemente complexo, cheio de variáveis, a Filipa faz de conta que é pouco exigente, só exige duas coisas, nada de grandes listas, parece coisa espartana, uma mulher como a Filipa só pedir duas coisas. Podíamos passar à frente, ler na diagonal o comentário e acenar com a cabeça apreciativamente "ora cá está uma moça que pede pouco". Mas eu sou o Pipoco, nada aqui é o que parece, eu leio as coisas, e, lá está, a Filipa pede duas coisas, por acaso duas coisas impossíveis, um homem que não chateie e, como se isso existisse, como se isso não fosse um mito urbano, a Filipa carrega ainda mais forte e pede que o tipo também coloque a roupa suja no cesto, reparem, a Filipa deseja cumulativamente duas características inexistentes num homem, e, reparem, se há género que tenha evoluído nos últimos milhões de anos é o masculino, sempre no sentido contrário a colocar a roupa suja no cesto e, além disso, não chatear, isto quer dizer alguma coisa.
É tudo, Pipoco? Não, há ainda algo que revela o grau de exigência da Filipa, um homem que, por hipótese académica, tivesse as duas características impossíveis deveria ser catalogado imediatamente como o supremo líder dos machos alfa, deveria ser arquivado na rara categoria das maravilhas da natureza, incontestado e venerado pelas gerações vindouras. Para a Filipa não, reparem, um tipo assim, arrumadinho e que não chateasse seria praticamente um príncipe encantado, nem vou questionar o que o separaria da categoria "principe encantado", isso levaria horas a dissecar e notem que "príncipe encantado" nem sequer é lá grande coisa, perguntem à Cinderela, que casou virgem.
(obrigado, Filipa)
Boletim do Pipoco #6
Cada vez mais prefiro as das carrinhas Volvo V70 às dos Audi A3.
Acho que a isto se chama maturidade...
Acho que a isto se chama maturidade...
03 maio 2010
Toda a verdade sobre os cup-cakes
Na sexta-feira passada eu não fazia ideia do que fossem cup-cakes, graças aos céus que não faltou quem me elucidasse para a problemática, daqui vos agradeço, a vida é mesmo assim, eu não posso estar em todo o lado, sei umas coisas e não sei outras, perguntem a quem quiserem e todos vos dirão "O Pipoco? Ah, o Pipoco sabe umas coisas e não sabe outras", mas acontece que ontem se deu uma conjuntura astral de tal forma alinhada que os desígnios do universo me colocaram frente-a-frente com uma selecção de cup-cakes durante o meu périplo pela Feira do Livro, estava eu com um livro grosso debaixo do braço, e depara-se diante destes que a terra há-de comer, espero que esse dia aziago venha longe, de qualquer forma, quando esse dia chegar estou certo que não lhe falo, depara-se diante de mim, dizia eu, uma montra cheia dos designados cup-cakes e eu sou como o Liedson, deparando-se-me uma boa oportunidade não a enjeito e deu-se o caso de adquirir, pelo dobro do preço que me custa um café Delta no Harrod's do aeroporto, um exemplar desses designados cup-cakes, minhas senhoras e meus senhores, eu sei que a minha palavra é ouvida, aquilo é certamente a pior patranha que se me deparou nos últimos vinte anos, e notem que eu sou do tempo em que se dizia que o Carlos Martins era bom jogador da bola, aquilo, minhas senhoras, é um queque, dos mauzinhos, coberto com uma pasta feita de corantes e conservantes de cores variadas, tudo polvihado com aquelas bolinhas de mais corantes e conservantes que eu pensei que ja não se vendesse, está bem que as miúdas do Sexo e a Cidade comiam daquilo, mas reparem bem o estado a que chegaram aquelas mulheres, ninguém lhes pega, ninguém me tira que foi de comerem daquelas porcarias em vez de uma boa salada de alface e tomate, eu sei que fazia falta a palavra de um opinion maker respeitado para que se acabasse com o mito, pois cá está essa opinião, os cup-cakes são mesmo ruins, quem comer daquilo que não apareça na mesma praia que eu frequentarei este Verão.
Sobre o manifesto da Sumol
Mas qual é o problema em trocar de carro de dois em dois anos?!!!
(e, já agora, de vestir fato e gravata - quase - todos os dias)
(e, já agora, de vestir fato e gravata - quase - todos os dias)
02 maio 2010
Se a minha mãe...
...não me desse a certeza que me segurava quando me mandava ao ar, não me tivesse ensinado a fazer as contas de dividir de uma maneira esquisita, não me tivesse comprado Eça antes do tempo, não me tivesse levado Guronsan nas manhãs seguintes, não me tivesse feito poucas perguntas, não me tivesse dado uma mesada tão curta que eu tive que aprender a cozinhar à força, não me tivesse dito sempre para arriscar, eu não teria esta puta desta vida fantástica.
01 maio 2010
O Pipoco feito pelos seus leitores #3 (sugestão de Mak, o Mau)
Quando Mak, o Mau, me sugeriu que falasse das playlist dos anos oitenta, as minhas memórias selectivas levaram-me imediatamente para as festas da associação de estudantes, onde me era reservado o lugar mais desejado, que era o do tipo que passava os discos, o que resultava numa curiosa dicotomia de sentimentos, que era meter o Lover Why (sim, dos Century...) e não poder dançar agarradinho à morena de serviço e, por outro lado ser o tipo que tinha o poder de fazer com que toda a gente saltasse para a pista (era só meter o Take on Me, dos A-Ha). Na verdade, os meus amigos conheciam-me pelos meus gostos muito à frente para a época, para a tribo dos que ouviam Smiths eu era o tipo que estava mais à frente e ouvia This Mortal Coil, para a tribo das que ouviam Duran Duran, eu era o tipo que só me contentava com os Spandau Ballet. A minha missão de afamado disc-jockey estava directamente relacionada com a minha condição de feliz proprietário de uma mesa de mistura (factor diferenciador número um), comprada com os escudos amealhados numa discoteca do Algarve a fazer malabarismos com garrafas (factor diferenciador número dois, potenciado pelo efeito Tom Cruise / Cocktail), tudo isto mesclado com a aura de possuir uns vinis da Studio 54 (factor diferenciador número três), comprados no estrangeiro (factor diferenciador número quatro), um tipo colocava o vinil, aquilo metia FR David e Gazebo, uma vergonha, mas a verdade é que parecia mesmo que era feito ao momento, isto desde que a linguagem corporal do tipo que passava os discos (este vosso criado) fosse consequente e não assumisse a posição "pessoal isto já vem feito no disco, eu vou mas é aproveitar para beber uma imperial fresquinha enquanto vocês ouvem um skretch que, toda a gente sabe isto, precisa das duas mãos livres".
Meu caro, Mak, o Mau, não poderia terminar este pequeno apontamento de reportagem sem referir esse momento de pura magia que era dançar ao som de Still Loving You, agarradinho à moça eleita, foi o Still Loving You que me fez desenvolver a teoria que a mulheres deveriam sofrer uma mutação genética que lhes transferisse os seios para as costas, faria toda a diferença no momento de dançar slows...
Meu caro, Mak, o Mau, não poderia terminar este pequeno apontamento de reportagem sem referir esse momento de pura magia que era dançar ao som de Still Loving You, agarradinho à moça eleita, foi o Still Loving You que me fez desenvolver a teoria que a mulheres deveriam sofrer uma mutação genética que lhes transferisse os seios para as costas, faria toda a diferença no momento de dançar slows...
Subscrever:
Mensagens (Atom)