De todas as coisas bizarras que acontecem por estes tempos, a que mais me diverte são os cidadãos que os canais de televisão convocam para comentar situações variadas, vamos designá-los por cidadãos da categoria "Eu não sou especialista, mas...", acontece que o cidadão, pouco habituado a isto de ter uma câmara apontada, até começa com um bom discurso, coerente, perceptível e assertivo, bastante fundamentado, quando anuncia "Eu não sou especialista", o problema é que, à beira do abismo decide dar um passo em frente e avança, o cidadão sente a pressão de ter que ter alguma coisa para opinar, sai-lhe então o fatídico "mas...", é aqui que perdemos o cidadão, na voragem do momento, sabendo que amigos e familiares o estão a ver na televisão, o cidadão diz coisas e, dizendo coisas, aventura-se por caminhos que não domina, acontece a catástrofe, o cidadão entusiasma-se consigo próprio, imagina factos, e, inevitavelmente, apesar da carinha sorridente, apesar de nos imaginar imbecis, esbardalha-se até ao plano final de poker face da entrevistadora a tomar nota mental para jamais convocar de novo aquele cidadão, sentimos vergonha alheia do pouco saber do cidadão, mas pouco importa, tão certo como nascer o sol, amanhã teremos um novo carregamento de cidadãos a dizer coisas e a não resistir ao "mas...".
30 abril 2020
29 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 45
Fascina-me que objectos outrora absolutamente essenciais para o bom andamento da minha vida estejam agora reduzidos a inutilidades absolutas, o contacto do Porto de Santa Maria para uma mesa pedida à última hora, o cartão das milhas que permite tomar um café decente quando o voo não saiu a horas, a gravata italiana que assenta bem em fatos cinzentos ou o veloz carro alemão têm agora tanta utilidade como um pager, um walkman ou um bom lugar de estacionamento na Avenida da Liberdade.
28 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 44
Eu, que já entrei no Ganges e no glaciar de Galdhopiggen, que já tive um pé no sul e outro no norte do mundo, que já estive no Monte Branco e nos Himalaias, que já dormi nos relvados do Champ de Mars e no Bauer de Veneza, que já fui a Nova Iorque num dia e regressei no outro, que já estive em Praga e ainda era a Checoslováquia e em Zagreb e ainda era a Jugoslávia, nunca conheci uma mulher que não gostasse de maus rapazes.
27 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 43
Há uma imagem, dessas que marcam os filmes, como a da rapariga de cabelos ao vento na proa do navio prestes a afundar-se ou a da cabeça do cavalo na cama do realizador, há uma imagem, dizia eu, de um filme baseado num livro desses escritores que as leitoras devoram entre suspiros, em que o rapazola convence a donzela a deitar-se no asfalto de um cruzamento da rua principal lá do sítio, a adrenalina, o risco de morte, na altura parecia coisa ousada, fosse hoje e era coisa para meninos.
(o que tinha previsto para hoje era Lisboa-Paris-Joanesburgo-Maun-Kasane, em vez disso vou ali ao supermercado comprar ração para o meu cão grande)
(o que tinha previsto para hoje era Lisboa-Paris-Joanesburgo-Maun-Kasane, em vez disso vou ali ao supermercado comprar ração para o meu cão grande)
26 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 42
Faz-me falta beber café na esplanada com cheiro a mar num dia cinzento, ir a Alfama aos fados, jantar com a vista do último andar do Sheraton, sair sem destino e ir dormir a Marvão, abraçar os meus amigos, ouvir Tchaikovsky na Gulbenkian com chuva atrás da orquestra, ir a um cinema que não tenha pipocas ver o ultimo Bond, nadar no Guincho.
E a ti?
E a ti?
25 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 41
Os que hoje me enviaram as odes mais inflamadas de quanto vale a liberdade foram aqueles a quem pedi que deixassem de me enviar cópias da imprensa do dia acabada de sair.
24 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 40
Se algum conselho de valor te posso fornecer, Ruben Patrick, é que evites as mulheres que te sabem ler, as que, certeiras, te traçam o perfil e sabem de ti aquilo que tu não queres que se saiba, evita-as e serás poupado à má fortuna de seres apanhado sem rede, de te explicares com o que, sabes bem, não tem explicação, de te expores como o imbecil que na realidade és.
(é claro que essas são as que te podem salvar se algum dia precisares ser salvo, mas isso agora não interessa nada para esta conversa)
(é claro que essas são as que te podem salvar se algum dia precisares ser salvo, mas isso agora não interessa nada para esta conversa)
23 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 39
De todos os meus amores, o mais antigo e o mais fiel é o livro, um amor que me acompanha desde que me lembro, nunca me faltando nas horas de pouco sono, nunca se negando a fazer-me companhia, sempre pronto para me contar uma história de embasbacar, para me ajudar a pensar melhor ou simplesmente para me fazer rir quando ninguém está a ver.
Hoje é o dia não sei quê do livro, esse amigo de sempre que nunca nos fez tanta falta como agora.
Hoje é o dia não sei quê do livro, esse amigo de sempre que nunca nos fez tanta falta como agora.
22 abril 2020
Um post por dia até ao fim de Abril - Dia 38
O que aprendemos com estes tempos, Ruben Patrick, é que se passarmos a viver só com o que realmente precisamos, não vai ser bom para ninguém.
21 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 37
Espantemo-nos, porque estes são os tempos em há quem pague para se livrar de petróleo, são os tempos em que nos perguntamos se fomos mesmo nós quem, ainda não há dois meses, usávamos fatos italianos e gravatas de seda, são os tempos em que descobrimos que afinal não precisamos de quem nos traga café ou nos marque viagens de avião para ir e vir no mesmo dia, são os tempos em que estamos em casa à hora de almoço e é terça-feira, são os tempos em que afinal não precisamos de assinar ou de ir, são os tempos em que as reuniões à volta de mesas de boa madeira se transformaram em mosaicos de imagens de homens de cabelo curto e barba de três dias, são os tempos em que ninguém sabe se o nosso aperto de mão é firme.
Espantemo-nos, pois.
Espantemo-nos, pois.
20 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 36
Tenho uma mala com bagagem sempre pronta, lá dentro está uma camisa branca, uma gravata azul, uma caixa de paracetamol, uma bolsa transparente com artigos de higiene, uns boxers brancos, um par de meias pretas, um carregador de telemóvel, o passaporte e um par de tampões para os ouvidos, sei que, na maior parte das vezes que viajo me basta pegar na mala e partir, confio que está lá dentro tudo aquilo de que terei necessidade.
Mas hoje, lendo D. Impontual, fico a pensar qual será realmente a minha bagagem, o que verdadeiramente transporto na alma, sejam ruas de cidades, mulheres que fui desencontrando, livros ou montanhas.
Tenho urgentemente que resumir o meu mundo.
Mas hoje, lendo D. Impontual, fico a pensar qual será realmente a minha bagagem, o que verdadeiramente transporto na alma, sejam ruas de cidades, mulheres que fui desencontrando, livros ou montanhas.
Tenho urgentemente que resumir o meu mundo.
19 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 35
Um quinto de análise estatística, um quinto de relativa sensatez, um quinto de bons livros, um quinto de vinhos do Dão, um quinto de pessimismo.
Assim têm sido estes dias.
Assim têm sido estes dias.
18 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 34
Habituei-me aos altos saberes do Spotify quando decide o encadeamento das minhas músicas, hoje seleccionou La habanera, uma coisa da Carmen de Bizet imediatamente a seguir a Marilú, esse hino sagrados da obra dos Ena Pá 2000, fiquei a cismar que mais saberia o Spotify das subliminares intenções de Don José, um sujeito amigo do seu amigo, homem de bem, um condutor de homens, é certo que incapaz de resistir a seduções mas, enfim, sempre dentro dos limites do razoável, cismava eu em que linha de código se teria baseado o Spotify para propor Carmen a seguir a Marilú quando me lembrei de Escamillo, o toreador, e, enfim, talvez, talvez...
17 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 33
Os artistas são sempre seres mágicos, que têm o dom magnífico de nos levar a conhecer outros mundos, fazem parte das nossas vidas nos momentos importantes e é sempre um abalo percebermos que, quando um artista se vai, não mais virá dali um livro novo, uma música que nos inspire.
O meu momento mais duro destes tempos foi a partida de Sepúlveda, um dos escritores de quem li tudo o que se publicou, que tinha o dom de nos levar pela mão por histórias belíssimas, um dos que me lembro exactamente onde li os seus livros
O meu momento mais duro destes tempos foi a partida de Sepúlveda, um dos escritores de quem li tudo o que se publicou, que tinha o dom de nos levar pela mão por histórias belíssimas, um dos que me lembro exactamente onde li os seus livros
16 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 32
Sei precisamente que dia é hoje, não estou a aumentar de peso, não me falta o que fazer, não me parece que vamos todos ficar bem, agora leio os relatórios até ao fim, não acho que os que estão na rua sejam uns heróis, não tenho uma estante de livros como plano de fundo, não tenho uma varanda onde possa tocar saxofone para a vizinhança.
Sou um tipo razoavelmente feliz por estes tempos.
Sou um tipo razoavelmente feliz por estes tempos.
15 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 31
Era no tempo em que havia bolos nas pastelarias, lembro-me como se tivesse sido no mês passado, a mulher demasiado bem vestida dizia coisas ao telefone e dizia-as alto, é por isso que digo que era demasiado bem vestida, normalmente as mulheres realmente bem vestidas falam pouco ao telefone e, quando falam, é como se sussurrassem, simpatizo logo com elas, por estarem bem vestidas e por sussurrarem, mas o que eu queria dizer é que desde esse dia que fiquei a pensar numa coisa que lhe ouvi, que lhe ouvimos, a mulher disse que tudo se resolve com chocolate, e eu fiquei a pensar no assunto,até porque sei bem que não é com chocolate que tudo se resolve, é com Bach.
14 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 30
No dia seguinte ninguém se abraçou. O facto, por absolutamente
contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação
enorme, efeito em todos os aspectos justificado, basta que nos
lembremos de que não havia notícia nos quarenta volumes da
história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter
alguma vez ocorrido fenómeno semelhante, passar-se um dia
completo, com todas as suas pródigas vinte e quatro horas, contadas entre
diurnas e nocturnas, matutinas e vespertinas, sem que tivesse
sucedido que se abraçassem os amantes, essa antecâmara para intimidades menores; os pais e os filhos, esses abraços que só os pais sabem dar, envolventes, como se desejassem que o coração ficasse pirogravado no peito dos filhos; os amigos, talvez com uma garrafa de cerveja na mão, celebrando gloriosas vitórias de terceiros; os abraços de circunstância, senhor doutor, há tanto tempo, o senhor doutor está exactamente na mesma, os anos não passam pelo senhor doutor; enfim, os abraços apertados, desses abraços que passam paz ao abraçado, desses que fazem as dores de alma dividir-se por dois.
(obviamente inspirado n' "As Intermitências da Morte" de Saramago)
(obviamente inspirado n' "As Intermitências da Morte" de Saramago)
13 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 29
Ainda não há cem dias, discutíamos se tinha valido a pena investir aquela fortuna no Ruben Amorim, até quando aguentaríamos a má cara da Greta Thunberg, o esbardalhamento de pontos do Benfica, os turistas a empatarem o trânsito e a ficar com as melhores mesas nos nossos restaurantes de sempre, se as férias seriam na Jamaica ou na Islândia.
Éramos felizes e não sabíamos.
Éramos felizes e não sabíamos.
12 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 28
Caramba, não é que hoje quase me esquecia do desafio?...
11 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 27
Regressou finalmente ao terceiro dia o cão grande, exausto, encharcado e sem vestígio de ramo de oliveira na bocarra, e contou a Noé de que a tormenta estava a ponto de terminar, mas afinal não, que os velhinhos eram o problema mas os assintomáticos é que eram agora o grande perigo, que a vacina estava para breve mas afinal talvez nunca se chegasse a fabricar, que as máscaras agigantavam a malina mas afinal parecia que até bem pelo contrário, que os números eram bons mas nunca fiando, que em Maio ou em Outubro ou talvez em Agosto a coisa estabilizasse, que os sintomas eram coisa pouca mas afinal parecia que a bicheza danava o cérebro que nunca mais seria igual mas também não se sabe como será se alguma coisa fosse diferente, todo isto escutou Noé e, puxando o cão grande para dentro da arca, fechou a escotilha, recolheu-se e continuou à espera.
10 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 26
Bartoli combina maravilhosamente com a leitura dos jornais do dia, lidos à sombra da figueira, Bach assenta perfeitamente nas imagens da Via Sacra a partir do Vaticano e com o som desligado, Cohen não vai mal com os preparativos de salmão selvagem com batata doce, mas, meus senhores e minhas senhoras, não há maravilha maior que correr uma hora às sete da manhã com os sons do mundo a acordar.
09 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 25
Possuo uma tonelada de lenha de azinho, uma ilha com uma mesa grande que tem um copo de gin só com gelo e um computador portátil de onde vos escrevo estas linhas, possuo ainda um Alcorão escrito em caracteres que desconheço e um casaco North Pole azul com capuz.
Troco tudo isto por jantar com a minha mãe hoje.
Troco tudo isto por jantar com a minha mãe hoje.
08 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 24
Mandou deus que Noé construísse uma arca impenetrável, coisa bem calafetada e de boa madeira, porque havia bichezas ruins a pairar nos ares, e Noé mandou instalar Neflix, encomendou uma barbaridade de cápsulas de café fácil de se gostar, metade Roma, metade Volutto, decidiu ainda Noé levar para a arca uma boa quantidade de livros grossos, escolhidos de entre o monte dos que estavam para ser lidos há muito tempo mas as possibilidades não tinham sido favoráveis, resolveu ainda Noé acartar para a arca muitos rolos de papel higiénico e pacotes de bolachas, levou ainda Noé para a arca duas garrafas de Old Bushmills, três de Mirabilis tinto e um cão grande, assim permaneceu Noé durante catorze dias, sabendo do martírio dos que estavam fora da arca, flutuando sobre as águas bravas, dedicou esse tempo a achatar curvas e a interpretar os sinais dos números, tentando discernir sobre as insondáveis vontades do pico, que uns asseguravam já ter passado e outros ameaçavam ainda estar para vir.
Passados catorze dias, mais dois para ser mais seguro, resolveu Noé abrir a escotilha da arca, enviando o cão grande para se inteirar da situação.
07 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 23
No dia em que o mundo reabrir, se todas as escolhas me forem permitidas, abraçarei os meus pais, jantarei no Alma, tomarei um gin tónico no bairro Alto e no dia seguinte viajarei bem cedo para Florença.
06 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 22
Numa ocasião, apeteceu-me, fiz o denominado retiro de silêncio, coisa breve, só para saber como era, nada que me apeteça fazer outra vez, não é que não se aguente perfeitamente, o pior são os últimos treze dias, mas adiante, lembro-me que o que mais me impressionou foi saborear realmente os alimentos, não se conversando à mesa, nem sequer para pedir o sal, que na ocasião havia de ser um sucedâneo mais saudável, não se falando à mesa, dizia eu, aproveitei para me concentrar em cada um dos alimentos, mastigando-os devagar, absorvendo cada um dos aromas, a textura, a forma como a saliva os envolvia, a explosão de sabores quando dois alimentos antagónicos me mesclavam, enfim, toda uma magia que desconhecia, todo um rol de experiências a que nunca tinha prestado atenção.
Tal e qual como agora, quando saio à rua.
Tal e qual como agora, quando saio à rua.
05 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 21
Estivesse eu prestes a ser pai, que não estou, e havia de prantar Abigail se fosse menina ou Aarão se fosse um rapaz, eram capazes de sofrer um bocadinho de bullying na escola mas pelo menos haviam de ser os primeiros a ser vacinados quando aparecer a vacina para o Covid19.
04 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 20
Eu, que sempre gostei de conversas caóticas com aqueles com quem reparto os lendários almoços de sábado, com risos, vozes altas, sempre a interromper-se umas às outras, pergunto-me como será depois deste tempo de video conferências, habituados que estamos a ouvir o outro até ao fim, sem conversas cruzadas, onde só se fala ao mesmo tempo naqueles cinco segundos finais de despedidas.
03 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 19
Tenho pensado bastante na viúva voluptuosa que tanto assanha o Senhor Pereira, nestes tempos de confinamento de que lhe valerão os atributos?, talvez deambule pela casa de roupão, não havendo ninguém a suspirar de que lhe servirão as curvas?, tenho pensado bastante em Andrazamuhr, o pirata cozinheiro, que será deles nestes tempos em que os navios não aportam em lado nenhum, mas, principalmente, tenho pensado em Dona Yara e na sua fala que atravessou o equador, sobreviverá esse café bem afamado a estes tempos de café em casa?
02 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 18
De todas as problemáticas destes tempos aziagos, a que me custa mais suportar é que homens de bem, pessoas com estudos, cavalheiros com fatos de bom corte, me enviem mensagens com teorias de conspiração, questionando a razão de não haver infectados em Beijing ou informando-me da suspeita presença de militares americanos nas montanhas italianas.
01 abril 2020
Um post por dia até ao fim do Corona - Dia 17
Ainda há um par de semanas eu discutia com meu pai os finais de boca de vinhos guardados para bebermos juntos, se tendia mais para frutos secos ou madeira, apreciávamos as diferenças antes e depois do vinho respirar e havíamos de nos despedir com um abraço e um beijo, dizendo um ao outro o quanto nos gostamos.
Hoje deixei-lhe os jornais no limite de propriedade e telefonei-lhe a dizer que já os podia ir buscar.
Hoje deixei-lhe os jornais no limite de propriedade e telefonei-lhe a dizer que já os podia ir buscar.
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