30 junho 2020

Zafón

Por razões cá minhas, metade má informação, metade julgamento sumário, nunca me tinha ocorrido tirar o único Carlos Ruiz Zafón que tenho na estante, entalado entre um Camilo José Cela e um Garcia Lorca, a verdade é que resolvi dar-lhe uma oportunidade, bem sei, a coisa podia ter acontecido antes, o livro não é bom nem mau, antes pelo contrário, bonito, bonito, foi encontrar uma dedicatória a dizer, Obrigada por tudo, um beijinho, e eu, muitos anos depois, a tentar lembrar-me do porquê do agradecimento, as imagens de um tempo que ficou lá atrás a regressarem, primeiro nebulosas, depois mais claras, e si, bem mereço aquele agradecimento, foi das poucas vezes em que não estive mal de todo.

29 junho 2020

Se...

...não podemos rir alto até perdermos o fôlego, não podemos abraçar-nos à chegada, não podemos usufruir dos vapores de de um whiskey irlandês madrugada dentro, não podemos encostar-nos mais para dar lugar à mesa a algum tresmalhado que afinal apareceu, não podemos apertar as mãos para sentir se o cumprimento é firme, não podemos estar sem contar quantos somos, sem nos inquietarmos com as tosses, sem nos tocarmos, sem nos excedermos, valerão ainda a pena os jantares de amigos? 

25 junho 2020

Em verdade te digo, Ruben Patrick

Talvez as  nossas discussões com as mulheres, Ruben Patrick, devessem ser como um episódio de Columbo, o detective da gabardina, da mesma forma que sabíamos no primeiro minuto quem era o criminoso e nos outros minutos todos nos entretínhamos a ver o génio de Columbo ligar todas as pontas soltas para chegar à conclusão que já era do nosso conhecimento, com as mulheres havíamos de saber no princípio da conversa o que elas realmente nos querem dizer, sempre seria mais fácil ajeitar o argumentário e poupar aborrecimentos. 

24 junho 2020

Evoluindo

Houve um tempo em que os bons posts deste blog, que os há, eram os aqueles em que as as palavras se alinhavam numa espécie de alquimia do desejo, coisa bem diferente dos de agora, onde o grande artifício é transformar o supérfluo no que realmente conta, onde o essencial é o que parece desnecessário.

08 junho 2020

Coisas boas

Ler ao mesmo tempo o "1984" de Orwell e "A Peste", de Camus, não é má coisa.

Afinal viver sem jogos do Sporting não é má coisa.

"The Valhalla Murders", para quem gosta de Jo Nesbo e Stieg Larsson, não é má coisa.

07 junho 2020

Em verdade te digo, Ruben Patrick

A única forma de conhecer uma cidade, Ruben Patrick, não é visitar-lhe os museus nem caminhar na avenida principal, nem sequer jantar nos restaurantes mais capazes, a melhor forma de conhecer uma cidade, Ruben  Patrick, é amar uma das suas mulheres.