30 novembro 2012

Look of the day

Acessórios: Açorda de Gambas
Interior: Um Syrah como manda a lei
Fundo: Parede do Tia Alice, Fátima
Preço: Não faço ideia

29 novembro 2012

Em verdade te digo, Ruben Patrick

De nada te servirá ter nomes importantes na tua lista telefónica se, do outro lado, não te atenderem quando ligares.

28 novembro 2012

Pipoco, o avisador

Das poucas certezas que tenho na vida é que nunca é uma boa ideia opinar sobre desamores dos outros, dissecar o que correu mal, perorar palavras sábias sobre o que o outro deveria ter feito e não fez. Nunca sabemos tudo, nunca vivemos os pormenores. Fazer alguma coisa para além de ouvir, calar e, no limite, abraçar, é coisa ruim.

26 novembro 2012

Pipoco, o acreditador

Se há quem acredite que alguma vez se disse em Casablanca "Play it again Sam", se há quem acredite que Pessoa escreveu "Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo", se há quem acredite que o Beijo de Doisneau é uma fotografia de um casal de apaixonados que passava casualmente por ali, porque razão não poderei eu acreditar que hoje o Sporting ganha ao Moreirense?

25 novembro 2012

Big Fish

Um homem chega a esta idade em que já sabe apreciar em condições a Sonata para piano em dó menor, sim a Patética, e percebe que toda a sua vida tomou opções erradas, não fora isso e teria visualizado mais cedo, muito mais cedo, o "Big Fish" do Burton, uma coisa sempre adiada, preferi ajudar senhoras velhinhas em aeroportos a encontrar a porta de embarque do voo da falecida Spanair para Málaga, preferi estar em Alvalade quando perdemos a final da também falecida taça UEFA, preferi ir ao concerto do Kusturica no Campo Pequeno, preferi fins de semana no Rio de Janeiro viajando em jumpseat, preferi escrever que as coisas são como são e mostrar o que vejo das minhas janelas, mas hoje aproveitei para assar castanhas, umas longal que me ofereceram, assadas na lareira em madeira do sobreiro que me morreu este verão, e escolhi ver o "Big Fish" porque lá fora estava a chover e eu já tinha corrido de manhã com chuva, por três vezes levantei a voz aos céus e verbalizei "tão bom!" enquanto corria, as folhas a cair à minha frente, o meu cão a correr ao meu lado, a chuva a cair grossa e eu a não me preocupar que o Sports Tracker quinasse de vez, era só eu a correr às oito da manhã de domingo com chuva grossa e a terra com cheiro de terra e os patos no lago que nem se mexeram quando eu passei, foi por isso de já ter corrido de manhã que optei por ver o "Big Fish" ao fim da tarde e, finalmente, fiz uma opção certeira e agora vou só ali convidar o meu pai para jantar, é aproveitar enquanto o tenho, afinal ele pegava-me ao colo e atirava-me ao ar e eu sabia que ele me agarrava sempre e, em verdade vos digo, continua a agarrar-me, eu é que não dou por isso e ele faz de conta que não, que já lá vai o tempo.

22 novembro 2012

21 novembro 2012

There is no place like our home

Talvez a Catherine Tramell não devesse ter dito "Whoever you are, I have always depended on the kindness of strangers" enquanto voava pendurada no seu guarda-chuva, certamente não foi boa ideia que Blanche DuBois tivesse recomendado a Rick “Run Forest, Run”, Jack Sparrow deveria ter evitado dizer aos homens de  Don Corleone “Carpe diem. Seize the day, boys. Make your lives extraordinary”.

Por outro lado, Darth Vader tinha um delicioso ar indolente quando dizia a Batman  “I´m gonna make him an offer he can´t refuse” e certamente Bond foi longe demais quendo admitiu “I love the smell of napalm in the morning”, embora não tivesse sido tão desagradável quanto o Tony Montana gritando "Shaken, not stirred" enquanto o pobre e desamparado Simba tombava do penhasco.

Mas, em verdade vos digo, nada se assemelha ao drama de “Houston, we have a problem" sussurrado por Rocky Balboa quando estava na proa do barco inafundável ou ao enigmático “I`ll be back” de Laura Palmer enquanto enquanto descruzava as pernas e observava Fred Flinstone lançar um "May the force be with you” de alento a um Sam que iniciava uma pianada.

20 novembro 2012

Se Ruben Patrick mandasse no Mundo

A professora de ioga do Tio Pipoco teria mamas maiores.

Se eu mandasse no (meu) mundo

Noventa por cento das audiências de televisão haviam de ser repartidas entre o Mezzo, a RTP 2, a SIC Notícias e a Sport TV, seria sempre outono com chuva de manhã e sol depois de almoço, o sushi e os restaurantes de fusão seriam taxados com IVA de quatrocentos por cento, o Baremboim havia de dirigir a Orquestra da Gulbenkian todas as semanas, o El Pais e o Le Monde venderiam mais que o (falecido) Correio da Manhã, as unhas de gel e os leggings teriam o mesmo tratamento que os veículos anteriores a 1990, isto é, só podiam circular nas zonas suburbanas, o facebook dos meus amigos teria uma tecla de "delete forever" a que só eu teria acesso, os recursos usados para operações militares seriam canalizados para inventar pistas de esqui infinitas, garrafas de Barca Velha que nunca criassem depósito e discos do Leonard Cohen em que não se notasse que ele não vai durar para sempre, o Sporting jogaria como o Barcelona, todos circulariam pela faixa da autoestrada mais à direita e os arquitectos, os músicos e os escritores ganhariam o triplo do que ganham os políticos e que os comentadores de coisas na televisão.

19 novembro 2012

Isto é apenas um post que não quer dizer nada. Ou então quer.



Ilsa: But what about us?

Rick: We'll always have Paris.

Em verdade te digo, Ruben Patrick

Se pensares, não digas. Se disseres, não escrevas. Se escreveres, não assines

15 novembro 2012

Um homem percebe que controla as emoções...

...quando, depois de sair de uma sala de audiências, já atrasado para voar para o Porto, sabendo que ainda vai ter que passar pelo escritório, debaixo de chuva inclemente, chega ao carro e ele está (muito justamente) bloqueado e um homem, neste contexo adverso, consegue respirar como lhe ensinou a professora de ioga, consegue pensar como lhe ensinaram no xadrez, consegue não mandar tudo para a puta que pariu.

Não há nada melhor para acrescentar palavras novas ao nosso vocabulário...

...que a leitura de um texto jurídico de contra-alegações.

14 novembro 2012

Que vês da tua janela, Pipoco?

( A Rua Augusta vista da sala de provas de vinho da Casa Macário, essa instituição)

Repare o respeitável público que Pipoco não ousa dizer que Genoveva era uma cabra

Enquanto me dou conta que não é assim tão estranho que sempre me tenha parecido que La Traviata acompanha muito bem a leitura de "Os Maias", enquanto demoro a perceber (resta-me a consolação de ter percebido sozinho) que a "Tragédia da Rua Flores" não é mais que um esboço de "Os Maias", enquanto se me afigura que, se fosse mulher, apesar de tudo, acharia o Victor da "Tragédia" mil vezes mais imbecil que Carlos da Maia, penso que, se tivesse que escolher entre a Genoveva da "Tragédia" e a Eduarda Maia para levar para uma ilha deserta, escolheria a Genoveva sem hesitar, sempre me fascinaram mais as mulheres com "mano izquierda" que as insossas, sempre me impressionaram mais as de alma impenetrável que as que são como são, sempre me pareceu mais divertido partilhar os meus dias com as que se entretiveram a esfolar os Dâmasos desta vida e sobreviveram para contar do que com as que sentiram remorsos de cada vez que ousaram sair da zona de conforto, sempre me pareceu que as cínicas são melhor conversa que as boazinhas, que, benza-as deus, acabam sempre por ir para o céu quando podiam muito bem ter optado por ir para outro lado qualquer.

13 novembro 2012

Pipoco aposta...

...que livros mais oferecidos como presente de Natal, a festa da família, o nascimento do Menino, serão "A Mão do Diabo" e "As Cinquentas Sombras Mais Negras".

Pipoco pergunta

Além da canja para a gorda, dos gritos "A Merkel não manda aqui", do filme de bradar aos céus, do cabaz com bons produtos cá da terra e também com uma garrafa de Licor Beirão, dos casacos de três botões, alguém sabe afinal o que é que a Merkel disse?

(entretanto já revi o texto ali de baixo, tinham razão os que mandaram mails a dizer que as palavras tinham as letras trocadas e que não se percebia o sentido, coisas de ter escrito a correr e sem rever, os erros já estão emendados, embora aquilo continue a não fazer sentido)

12 novembro 2012

Ruben Patrick descodifica o vídeo que o Professor Marcelo queria mostrar aos alemães

A coisa começa com uma informação relevante, a alusão à Revolução dos Cravos com o Padrão dos Descobrimentos em fundo, para uma mais fácil compreensão de quem vê o filme, que associa imediatamente a mensagem com o informação visual, depois há aquilo da miúda que fica tão, mas tão contente quando consegue meter o cravo na ponta da metralhadora em andamento (caramba, eu não consigo dizer "batata" e mascar pastilha elástica ao mesmo tempo) que nos enternece ao mesmo tempo que passa a mensagem subliminar que somos mesmo bons na motricidade fina,  depois notem bem que a miúda não dá a mínima confiança ao velhote mal encarado que parece que engoliu uma colher da de pau daquelas grandes, de mexer a feijoada na ponte Vasco da Gama, mas que digo eu? já temos a grávida rechonchuda que tem uma unhas que custaram para cima de um dinheirão mas tem um buraco na camisola, mais uma mensagem subliminar de como chegámos até aqui, a seguir os dois miúdos, o de azul também também nos passa uma bela mensagem subliminar, começa a cena a fazer de conta que vai ler o seu livro e afinal acaba a espreitar para o livro do colega do lado, que se vê logo que é de uma classe económica superior porque tem uma camisola das caras e mais um cachecol e ainda um casaco à pintas enquanto o de azul vê-se logo que é pobre, pelo ar mais sofrido e porque se topa a léguas que a camisola azul foi tricotada pelas mãos abnegadas de sua avó, e lá, está, os pobres fazem de conta que, e tal, até estão a preparar-se para ler o seu próprio livro mas afinal não, espreitam por cima do ombro para o livro do rico e são estas coisas que justificam que eles nunca tratam da sua vida e acabam todos no Rendimento Mínimo, mas eis que entra o tipo da picareta, mais uma mensagem subliminar, o tipo da picareta só aparece uns nanosegundos porque logo a seguir vem o tipo velhote, o reformado, e assim mostramos que a vida de trabalho passa num instante, olha que ainda agora estávamos de picareta na mão a cavar valas para a fibra óptica e afinal já estamos a viver da reforma, ar instalado, andar à jogador de snooker, uma perna à frente da outra, aquele ar de quem domina o cenário, óculo escuro, confiança no olhar, mas afinal aparecem os tipos com os cartazes do Plano Marshall que para esta história não interessa nada e isso é mais uma mensagem subliminar, dizer "tudo isto sem Plano Marshall" é o mesmo que dizer "tudo isto sem comer cabrito à padeiro com batata assada", o Plano Marshall serviu de pouco à Alemanha e serviu muito aos Estados Unidos, mas, lá está, é mais uma mensagem subliminar, trata-se de confundir os alemães que, a pensar onde queremos chegar com a tirada do Plano Marshall já estão a levar com a velhota bem aprumada com o cartão do Deutsch Bank, parece que comprou uma carro igual ao do Tio Pipoco, mas em mais pequeno, com aquele cartão de crédito, ainda estão os alemães a pensar que raio de povo somos nós que estacionamos os carros em cima da ciclovia e já aparecem uns tipos a reclamar que a rede de carros eléctricos é um flop daqueles mesmo à antiga mas nós não queremos devolver a coisa, queremos é os carros eléctricos, o Tio Pipoco costuma dizer que sair à rua com um carro eléctrico é andar sempre com o depósito na reserva, e, mais uma vez, a mensagem subliminar é clara, nós quando é para nos entalarmos é uma coisa à séria, o Jorge Jesus era igual, ah o Melgarejo não funciona a defesa esquerdo?, então metemos o Melgarejo a defesa esquerdo à mesma e ainda estamos à espera que nos devolvam o Coentrão para o pormos a jogar a central, e estão os alemães a pensar que sim senhores, é bem visto, queremos que nos vendam carros eléctricos que ninguém quer e já lá está a montagem do submarino no tejo, o momento mais emblemático do filme, chamemos-lhe o momento Lili Caneças, um homem olha para ali e vê que nada daquilo é verdade, não pode ser verdade, vê-se a léguas que está tudo repuxado, e lá aparecem uns tipos com a taça na mão, caramba, mais uma mensagem subliminar, tudo para despistar os alemães, ainda eles, do alto da sua racionalidade estão a pensar como raio temos nós uma taça na mão, logo nós que temos uma selecção que nunca ganhou nada de nada, caramba, parece que os tipos nos toparam, calma, é melhor não levantar ondas e lá aparecem os rapazolas com a taça mas em modo menos efusivo, disfarçando, que raio de taça será aquela?, mas logo aparece o tipo da balança, mais uma mensagem subliminar, se aquela balança não significa chamar gorda à Merkel que eu não me chame Ruben Patrick, mas lá estão os tipos da Troika, são três, e desatam a roubar toda a gente menos o Pai Natal, o que significa que somos um povo respeitador, eh lá, não vale tudo, mas a malta não se importa, continua a andar como se nada fosse, afinal não precisamos daquilo, pfff, não há quem corra atrás dos facínoras, mais uma mensagem subliminar, passamos bem sem o chapéu de sol na praia, afinal é Novembro e não nos fará assim taaaanta falta, afinal a Troika é o Robin Wood, deram a enxada ao velhote e é vê-lo a marchar com os outros, caramba, parece que temmenos vinte anos, sacana do velho, quem diria?, deus me valha, então o lobo mau olha assim com aquela naturalidade para o decote da rapariga que está a fazer o papel de moça dada às festas com tanto jeitinho que ninguém diria que não está a caminho do velório da sua avó preferida?, olha para decote e diz que sim, o lambão, aprova, somos um povo latino e aos latinos tudo se perdoa, mas afinal se trabalhamos mais horas e durante mais tempo que os alemães, o que é que estará a escapar?, olha, aparece agora um tipo a fazer de Dom Duarte, mas em mais alto, com uma mala de viagem, nem a tirar férias somos mais que os alemães, isto é mesmo para nos denegrir, o quê?, até nos feriados eles nos ganham, caramba, se isto era para pôr o país de rastos não era preciso um filme, mas afinal também aqui há mensagem subliminar, os tipos que ilustram o feriado vêm de roupão e camisa de dormir, se é para ficar o feriado na cama, de facto mais vale tirarem-nos os feriados, afinal a malta não os aproveita, olha mais uma mensagem subliminar, os alemães ganham mais que nós, aquilo é só notas de cem euros mas nós é que ficamos coma loura boazuda e eles que se amanhem com a minhota, deus me valha se não é o próprio Rodrigo Moita de Deus a fazer de minhota, percebi pela barba da moça, pára tudo, então agora nem a miúda que abraçou o polícia se aproveita? eu apostava que a miúda original tinha mamas melhores e uma queixada menos Cassius Clay style, também não me parece que os nossos valorosos rapazes das forças de intervenção se apresentem com aquele ar escanzelado, aquilo é um convite à invasão, olha, aproveitamento de recursos, o buraco na camisola da outra passou para o mapa da Alemanha, afinal o filme acaba com uma mensagem melhor, o português sacou uma alemã ainda melhor e o alemão livrou-se da minhota barbuda e arranjou uma finalista de arte e design para a paródia, e acabou tudo, mas que mensagem é esta? então acaba tudo como nos filmes do Almodovar, ninguém percebe a mensagem?, olha, acabo também eu o post sem fazer sentido nenhum e em verdade vos digo que ainda há homens com valores, estão é todos na Securitas.

Pipoco deseja dar uma palavra aos alemães que não permitiram aquilo do vídeo em Berlim

Obrigado.

Minha cara Jonet

Não se preocupe, isto dos blogs é mesmo assim, a rapaziada um dia dá umas traulitadas no António José Saraiva que partilha connosco os seus pensamentos quando encontra tipos num elevador e no dia a seguir já nos esquecemos porque nos aparece a Margarida Rebelo Pinto prontinha para ser cortada às postas porque se meteu com as de elevada massa coroporal, mas também a chutamos para canto num instante porque entretanto aconteceu aborrecermo-nos com o Fernando Nobre porque o malandro não quis ser deputado, depois unimo-nos no abraço da miúda ao polícia e exultamos com o amor do tipo que andava a colar cartazes mas afinal o que a rapaziada dos blogs queria mesmo era boicotar os perfumes da Cacharel, entretanto unimo-nos por causa da Tunísia e do Egipto e da Líbia mas logo nos surge um tema mais acutilante, afinal a Playboy não tem mulheres despidas mesmo a sério e afinal dispersamos porque entretanto estamos unidos no merecido do linchamento do filho da puta que arrastou o cão, uma coisa ao nível de os alemães não deixarem projectar o nosso filme a dizer que somos os maiores, mas isso afinal já não interessa nada porque o Obama abraçou a mulher e é um homem que chora mesmo a sério, não se preocupe a minha cara Jonet que amanhã já não lhe ligamos nenhuma, afinal isto são só blogs e, valha-nos deus, temos cá os nossos sacos de pancada residentes, esses sim, que nunca nos falhem.

11 novembro 2012

09 novembro 2012

Os problemas das mulheres (ou como Pipoco cumpre as suas promessas)

Acreditar que "sim querida" significa concordância com o que acabaram de nos transmitir.

O post seguinte será sobre os temas do costume, não percais a fé

O problema é que a Isabel Jonet disse o que nós sabemos mas não queremos ouvir, é como falar mal da nossa equipa, nós podemos dizer que aquilo não tem ponta por onde pegar, mas tem que ser numa mesa onde só estejam dos nossos, cachecóis verdes ao pescoço e Super Bock fresca a acompanhar a mágoa, que não venham os vermelhos e os azuis dizer que é uma pena não darmos luta, que logo nos engasgamos com a bifana e lhes atiramos à cara o nosso ecletismo e que somos diferentes, é como falar mal do nosso país, nós podemos dizer que isto está como há-de ir, mas que venha o primeiro francês ou alemão a dizer que isto se calhar não tem emenda e logo caímos em cima do sacana, que não conhece a luz de Lisboa nem as sardinhas assadas nem as nossas praias e por isso não sabe do que fala.

Haverá sempre quem ache que o outro se queixa sem razão, o que se queixa por já não poder comprar o iate dos grandes, isto agora está mau e tem que se contentar com um de vinte metros (e, notem, antes podia, é claramente uma descida no nível de qualidade de vida) verá o de baixo insurgir-se, que isso não é nada, que não há direito que alguém se queixe porque não pode comprar um iate dos grandes, olhem para mim, eu sim, posso queixar-me, que ainda no ano passado podia ir para Mégeve e agora não me resta senão marcar para Andorra (e, notem, tem toda a razão, Mégeve é coisa em bom e Andorra, sendo melhor que Sierra Nevada, é fraquito) e vem o de baixo e diz, olha-me esta fascista, a queixar-se por ter que ir para Andorra, que insulto, eu sim, posso queixar-me porque agora só consigo ir jantar ao Olivier aos fins de semana, e tem muita razão, está a empobrecer, e depois vem os outros a perguntar-se como é possível queixar-se, afinal quem se pode queixar a sério são os que têm que decidir se compram carne ou pagam as propinas dos filhos e depois haverá os infelizes que já não sabem o que é comer carne há muitas semanas e os filhos estão desempregados e os medicamentos não aparecem e as crianças comem o que houver na escola e o Rendimento de Inserção quase não dá para nada, mas, mesmo para esses, ainda hoje a Fernanda Câncio o dizia no Diário de Notícias, ainda há Bancos Alimentares e almoço na escola e Rendimento de Inserção e o que há a fazer é acudir aos que já não podem mais, os que não trabalham porque trabalharam uma vida inteira, os que tiveram o azar de ficar doentes, os que já não podem, é nesses que eu, que sou dos que ainda posso, fixo o meu pensamento quando me doem os descontos sobre o meu trabalho, sem queixas, é nesses que estão as minhas forças, para que sirva de alguma coisa eu comer menos bifes, é para esses que eu continuarei a ajudar o Banco Alimentar, e este ano, se me calhar ajudar a recolher alimentos, hei-de levar um pau dos grossos, uma coisa de madeira de castanheiro, para dar umas pauladas se alguém me vier dizer que este ano não contribui por causa da Isabel Jonet ter dito que não sei quê, estou certo que estarão comigo aqueles a quem não será distribuído o arroz nem o leite porque alguns acham que os que menos têm merecem ficar sem arroz e leite por causa de uma entrevista.

Nós não vamos empobrecer, já estamos mais pobres e eu, que sou eu, aprendi que quanto mais cedo percebermos que as coisas são como são, mais cedo arregaçamos as mangas e cuidamos de fazer com que as coisas passem a ser como têm que ser.

Há um tipo de pessoas que não assinarão a petição para a demissão de Isabel Jonet

Os que tiveram a infelicidade de ser ajudados pela ideia que Isabel Jonet ajudou a desenvolver.

08 novembro 2012

Ele há altura que se me afigura...

...que venho ver os jogos só para poder dizer que tenho na minha vida um tema que me aborrece.

(uma coisa parecida com comprar sapatos dois números abaixo do meu, só para me poder queixar todo o santo dia que os sapatos me apertam)

(ou então é pelo regresso a casa com os vidros do carro abertos para apanhar o frio da noite, o Requiem de Mozart a sair pelas colunas e combinar jantar um pica-pau no Pinóquio)

Onde estarás hoje às oito da noite, Pipoco?

Eleições que realmente interessam

Entretanto, lá na China, Wen Jiabao, um primeiro ministro muito mais popular que o presidente, deve ser substituído por Xi Jinping, o tipo que é casado com Peng Lyuan, a famosa cantora.

Mas, comparado com o abraço do Obaba à Michelle, que interessa isso?

07 novembro 2012

O melhor ainda está para vir, promete Obama

E eu sei que sim, que o Sporting ainda vai ser campeão este ano, que as revoluções não terão nenhuma relação com a indústria de armamento americana, que os posts que terminam com um pedido descarado de comentários vão ser abolidos, que Guantanamo será transformado num parque da Disney, que Zermatt terá neve com fartura entre 16 e 24 de Dezembro, que o shale gas fará com que os americanos deixem de ser incomodar com o que se passa no Médio Oriente, que os taxistas do aeroporto descobrirão um caminho para o centro de Lisboa que não passe por Faro, que o Irão afinal também não tem armas nucleares, que os restaurantes de sushi terão o mesmo destino que as lojas de cupcakes, que os americanos que visitam a Europa aproveitarão para comer fora do Mc Donalds e dormir fora do Hilton.

E vocês, o que acham do melhor que está ainda para vir?

Ganhou Obama

O mundo vai ser tão melhor, não vai?

06 novembro 2012

De que me serve isto do ioga...

...se acabo à pressa as coisas importantes cá da minha vida, os gráficos que ficam a meio porque a aula está a começar, a segunda circular feita em ziguezagues com New Order em volume demasiado alto, caramba, a esta hora já estão nos aquecimentos com aquilo do kaoshikii, os níveis de tensão no pico máximo, uma última chamada de telemóvel e estou a estacionar, no caminho dispo o casaco e subo as escadas com a gravata na mão, já estão nos ásanas e eu ainda a despir a camisa no vestiário, o cheiro a incenso dá-me vontade de responder a uma última mensagem de correio electrónico, esqueci-me do tapete, a professora olha-me com um ar angustiado quando lhe peço um tapete de reserva, espanto-me sempre quando toda a gente menos eu consegue encostar os joelhos às orelhas, agora vocalizam aquilo do Ooooommmmm, vocalizo também, soa estranho uma voz grave no meio de catorze vozes de mulher, faço o meu melhor, faço sempre o meu melhor, agora entramos nas automassagens e relaxamento, e eu a pensar que tenho duas reuniões amanhã à mesma hora, uma em Madrid e outra no Porto, vou ter que cancelar uma delas, entretanto entra a meditação dinâmica ao som daquela musiquinha  do Buddha Bar, versão modificada e com menos batida, lembro-me que não me enviaram o cartão de embarque, será que não conseguiram reservar-me o lugar 6A?, entretanto já se apagaram as luzes, agora meditamos, tento não rir quando ela nos recomenda, em voz arrastada, que relaxemos as sobrancelhas, mais mantras, quase adormeço, toda a gente tem uma manta por cima por causa do arrefecimento, eu não tenho manta, ninguém tem uma manta a mais, acho que me castigam por ter chegado tarde, despeço-me até à próxima, cá fora está frio e eu de calções e ténis de corrida e t-shirt e um casaco de fato às riscas, as calças e uma gravata e uma camisa branca pendurada nos braços, onde terei estacionado o carro?, caramba, terei deixado o telemóvel no vestiário?, mas afinal de que me serve isto do ioga?

05 novembro 2012

Porque leio bogs?

Porque, em lendo, fico a saber que há quem ande de barco a motor engravatado, que todos achamos que o Sporting faz cá muita falta, que para entrar num concurso onde talvez se ganhe uma embalagem de vitaminas é necessário ser seguidor do blogue, fazer "like" na página do blogue no Facebook, fazer "like" na página da empresa das vitaminas no Facebook, partilhar o post do passatempo no seu perfil do Facebook com configuração de privacidade pública, preencher um formulário onde temos que introduzir o nome, o nome de seguidor, o e-mail, uma frase e o link de partilha no facebook, que o sacana do cão, com tanta mantinha e brinquedinho e festinhas vai abichanar mais tarde ou mais cedo, que as crianças são capazes de dizer coisas espirituosas sobre a crise do alto das suas botinhas Hunter e vestidinhos Gap, sentadinhos no banco de trás dos Audi A6 das suas orgulhosas mãezinhas.

Ser snob-chic é...

...saber que é a Orquestra Nacional da República Checa quem faz o acompanhamento musical do novo anúncio da Calzedonia.

04 novembro 2012

Caro novo treinador do Sporting

Aquilo dos auto-golos nossos e dos golos em fora de jogo deles, das nossas bolas nos postes e da lei de Murphy? Eu avisei...

Barbosa de Benevides

O Barbosa de Benevides nunca foi um dos nossos. Não sabia que o Figo já não jogava no Sporting e ele já estava no Real Madrid, era o único que não discutia se a caixa torácica da Mary, a sueca do Erasmus, tinha algum tipo de aditivação e era o único que se apresentava com Beckett debaixo do braço nos intervalos de Análise Matemática (e pensar que me julgavam um intelectual porque lia o Jornal de Letras e o Blitz...).

O Barbosa de Benevides era, de longe, o que de nós melhor se apresentava à porta dos sítios da moda desses tempos, fossem o Frágil, o Kremlin, a Seagull ou o Green Hill e era o confidente das nossas namoradas, que lhe confiavam as dúvidas e as mágoas (e, sendo nossas namoradas, se elas tinham mágoas e dúvidas...), explicava-nos o mundo para além de Gordon's, Bombay Sapphire e Beefeater (e a minha relação com um gin tónico nunca mais foi a mesma) e, quando lhe falávamos de Londres e Paris, aconselhava-nos o que de melhor havia para ver, sempre tranquilo e sem ostentar o que todos nós sabíamos, que o Barbosa de Benevides, não sendo um dos nossos, era melhor que nós.

Ao longo destes anos, fui encontrando o Barbosa de Benevides nos eventos costumeiros, os congressos, os casamentos ou a morte de algum dos nossos, sempre com a palavra certa, impecável nos seus fatos de bom corte, dando-nos conta dos seus últimos interesses, sempre com uma palavra humorada a mudar de tema quando lhe confessávamos a nossa pouca sabedoria quando confrontada com o que nos contava.

O Barbosa de Benevides quis que eu fosse o primeiro dos nossos a saber que os seus destinos se tinham juntado com o Athayde de Vasconcellos e eu, que sempre o soube sem saber, fiquei com uma felicidade maior, um tipo de felicidade que nunca tive quando um dos nossos me vinha comunicar que tinha encontrado a mulher do resto das suas vidas.

03 novembro 2012

São estas coisas que fazem um país grande

Em Espanha não é raro comprar-se uma garrafa de vinho jeitoso por menos de cinco euros.

Política Pipoquana de Comentários (isto não é um post, é uma organização de pensamento para minha consulta)

Quase nunca comento outros blogs. Leio, gosto ou não gosto e é tudo. Se autor do post escreveu o que escreveu é porque acha que as coisas se passaram exactamente assim. A mim é-me reservado o direito de gostar ou não do que li. Depois decido se concordo e se me apetece voltar a ler aquele blog. Não preciso de dizer se gostei, basta-me voltar se tiver gostado. Comentar é acrescentar valor ao que o blogger escrever. Quase nunca acrescento valor, se o blog é de moda não tenho nada a acrescentar, visto-me sempre da mesma forma e tenho uma ideia precisa do que fica bem ou não numa mulher. Se o fashion blog acha que botas de borracha de duzentos euros com leggings e camisas com apliques metálicos é uma trend line, está certo. Nada a acrescentar. Se a blogger nos conta como passou o dia, que a criança chorou na escola e que o chefe a desconsiderou, não tenho nada a acrescentar. Além disso, o tempo é o meu bem mais escasso, os meus comentários são sempre feitos em quartos de hotel em fim de noite ou em tempos mortos do meu dia, quando estou no trânsito ou entre reuniões, sem nada mais divertido e estimulante para fazer.

Se gosto que comentem o que escrevo? Sim, gosto, continuo a espantar-me que algumas pessoas sejam suficientemente generosas ao ponto de partilharem comigo o que pensam sobre o que escrevi. Já me perguntaram porque aceito comentários anónimos e eu fico a pensar que será porque há quem precise de desabafar. Aceitar comentários anónimos é a minha forma de ajudar as pessoas, fico sempre a pensar que depois de desabafarem as pessoas sentem-se melhor e isso quer dizer que espalhei o bem. Não aceito todos os comentários. Rejeito liminarmente os que tratam mal outros comentadores os bloggers. Não quer dizer que eu trate bem todos os comentadores ou bloggers, mas eu sou eu e os comentadores são os comentadores. Este blog não é uma democracia. Antes de comentar ou de escrever um post, devíamos fazer um rascunho e pensar se a nossa mãe ou os nossos filhos gostariam de ler o que escrevemos. Em caso de dúvida, não deveríamos publicar. Já publiquei posts que não gostaria que a minha mãe ou os meus filhos lessem, mas, mais uma vez, eu sou eu. Não me lembro de nenhum comentário que tenha publicado que a minha mãe ou os meus filhos não pudessem ler.

Aprendi que não vale a pena debater ideias, não nos blogs. A experiência ensinou-me que as pessoas não estão preparadas para que não concordem com elas e eu tendo a não concordar demasiadas vezes. Gostava de ter mais pessoas que aguentassem uma boa discussão nas caixas de comentários, mas talvez seja porque eu acabo por não responder, afinal os posts escrevem-se e raramente surgem bons comentários na janela temporal em que estou disponível para responder.

Gosto de pessoas, sempre gostei. Às vezes não tenho razão e há alturas em que mudo de ideias porque alguém me mostrou uma perspectiva melhor que a minha. É raro, não gosto de mudar, muito menos as minhas ideias e sei que há alturas em que não tenho razão e continuo a discussão só pelo gozo de defender um ponto de vista diferente, ainda que já não seja meu.

Divirto-me a escrever estes posts compridos, sei que quase ninguém chega ao fim, as pessoas não são diferentes de mim e não têm tempo para ler posts grandes, ainda para mais quando são escritos à meia noite e meia de um sábado, quando todos se estão a divertir e eu não consigo decidir-me entre Bach e Mozart para me acompanhar na leitura que vem a seguir.

02 novembro 2012

Ainda Skyfall

O que diferencia este Bond, o que deixa o género feminino em hiperventilação é que este Bond tem sentimentos, duvida das suas capacidades, enfim, é falível. E parece que isso é arrebatador, um homem  assumir das suas fragilidades e o convívio fácil com a sua falibilidade é coisa boa, torna-o um de nós, humano e sensível.

Ora dá-se o caso dea  mim me parecer que este convívio fácil com a normalidade, a consciência que afinal falhamos, todos falham, é uma belíssima desculpa para não nos superarmos, é o assumir que não podemos ser mais que os outros, que é normal não fazermos o que fazíamos, se antes falhávamos por falta de experiência, agora falhamos porque afinal não caminhamos para novos.

Um Bond tem que ser mais que os outros, tem que sobreviver à explosão de dez petroleiros, megulhar no fundo do mar e, regressado à tona, deve preocupar-se apenas em ajeitar o nó da gravata, não tem que pensar que desta vez quase lá ficava, que pode acontecer a qualquer um. A um Bond assim, sensível e pouco crente nas suas capacidades, acaba por lhe tremer a mão na hora de carregar no gatilho e a um homem a quem tremem as mãos na hora de decidir não deve merecer os nossos favores.

Que mundo é este onde os Bond tremem e se interrogam sobre se estão ou não a fazer a coisa certa, que mensagem podemos deixar às gerações seguintes quando Bond precisa de partilhar as suas origens e a fragilidade da sua condição de órfão (caramba, quando Bond se assemelha a Harry Potter alguma coisa não está certa) para justificar os seus medos?

01 novembro 2012

Skyfall

Não é um filme de Bond, é um filme de M..