Dizem-me que eu tenho as boas graças dos deuses certos, que me caí no caldeirão da poção mágica da sorte eterna, mas eu, que sei como as coisas se passam, sei que só aproveito o que a vida me estende numa bandeja, perguntando-me se quero ou não quero, e eu, que sei como as coisas se passam, acho que já tinha dito isto, digo que sim, que quero, mesmo que às vezes não tenha todas as certezas, mas sei que é pegar ou largar, se pensar muito a coisa deixa de lá estar, e quero, e pego, e sei que a seguir a oportunidades aparecem oportunidades, sei que não há boas graças dos deuses certos nem caldeirão da poção mágica das sorte eterna, mas que me dá muito jeito que exista quem pense que a vida se faz de boas graças dos deuses certos e de caldeirões da poção mágica da sorte eterna, isso dá.