Estou aqui a indeciso sobre se "O meu irmão" de Afonso Reis Cabral é ou não é um bom livro.
espera-se que Pipoco não alegue, a favor do autor, o facto perfeitamente irrelevante de este ser trineto de Eça
A ideia é boa, pegar numa história vagamente autobiográfica (de facto o autor tem um irmão com trissomia 21) e contar uma história bem contada, com um narrador que não é fofinho e que quase nos faz não gostar dele por ser tão cínico e tão desprovido de piedade.
e não será tudo o que escrevemos auto-biográfico?
O começo é um bom começo ("Isto vai passar-se no Tojal. Ora o Tojal é perto de Arouca e longe de tudo o resto.") mas faz-me lembrar outro bom começo ("A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete"), nota-se aqui a herança de Eça, de quem o autor é trineto.
afinal Pipoco não resistiu...
Talvez o livro trate de abandonos. Talvez.
É bom, sim. Cru q.b., sem ser agressivo. E para que queremos mesmo um dourador de pílulas? Sempre? Como em tudo na vida, nem sempre nem nunca.
ResponderEliminarOlha, estou muito curiosa para ler o livro, mais pela peça de literatura do que pelo tema, que me é pesado demais.E gostei imenso do miúdo todas as vezes que o ouvi. Vale a pena ou não? :)
ResponderEliminarEu gostei da "escrita".
EliminarSe o tema te é pesado (penso que por conhecereres de perto) não me parece que o livro te fira. Pelo menos eu, que conheço muito bem pelo menos dois casos de T2, li coisas que já ouvi da mãe de um e da irmã de outro. É muito agradável ler sobre a inteligência, o carácter bondosoo, a alegria de viver dos portadores de T21, mas sabemos que não é sempre assim. Há dias em que se quer muito que eles não fossem assim, em que o fardo (sabes que há momentos, e não são poucos em que se sente que são um fardo, um empecilho, em que se perde a paciência) parece insuportável. Livros douradores de pílula não faltam por aí. Este não a doura, mas também não me parece que a faça mais "amarga" do que ela é.
Eu gostei do livro, francamente. Não sei se é um livro para ganhar um prémio Leya, mas trata com dignidade um tema que não é fácil.
EliminarLê-se num par de dias, o que é um bom sinal.
...e há uma história de amores impossíveis.
EliminarMuito obrigada, Mirone. Não conheço casos de perto, é-me pesado por outros motivos. E a sensação que tenho é a que descreves, daí que o livro deve ser muito humano e isso agrada-me muito.
EliminarExatamente, Pipoco tratar com dignidade (e amor) um tema que não é fácil. Obrigada aos 2
... por muito que o autor se tenha tentado desprender do laço queirosiano aquando da recepção dos 100.000 euros do prémio Leya.
ResponderEliminarPode ser!
ResponderEliminar