Ler Ulysses e As 50 sombras de Grey ao mesmo tempo.
(e contar como foi)
31 julho 2012
30 julho 2012
Das coisas mais curiosas que observo na minha vida...
...é o meu coeficiente de atractividade ao género feminino ter um hiato, um longuíssimo hiato, que acontece quando elas entram na idade dos seis anos e só termina quando elas chegam aos setenta anos, as coisas são como são e elas acham-me piada até aos seis anos, quando ainda não são auto-suficientes na leitura e precisam de alguém que lhes leia as legendas do Rei Leão, uma leitura com entoação certa e uma voz que ora se adapta ao Rei Leão ou ao Simba, ora é uma voz de falsete para interpretar a amiga do Simba, que agora não me recordo do nome, num exercício de rapidez de leitura e de troca de vozes que me deixa extenuado e morto de riso, é também nessa altura que elas precisam de alguém que dê protecção quando elas querem afagar a cabeça de cães grandes ou quando precisam de quem as ampare quando aprendem a andar de bicicleta, isto sem esquecer a necessidade de ter alguém que lhes conte histórias inventadas, que as adormeça, sempre sem repetir as histórias nem os imaginários.
Depois, mais de sessenta anos depois, elas voltam a interessar-se por mim, quase sempre na forma de velhinhas perdidas em aeroportos ou em senhoras que precisam de quem as ajude a descer escadas.
Depois, mais de sessenta anos depois, elas voltam a interessar-se por mim, quase sempre na forma de velhinhas perdidas em aeroportos ou em senhoras que precisam de quem as ajude a descer escadas.
Em verdade vos digo
Se me apresentarem um blog, basta apenas um, comprovadamente escrito por um representante do género masculino que não seja um blog bem escrito, ditem-me uma penitência e garanto que a cumprirei.
(ok, esse, aquele cujo nome nós sabemos, não vale...)
Adenda: Naturalmente, as indicações de maus blogs masculinos deverão vir acompanhadas de um perfil robusto, daqueles que dão para blogs verdadeiros, isso é que é o sal da vida...
(ok, esse, aquele cujo nome nós sabemos, não vale...)
Adenda: Naturalmente, as indicações de maus blogs masculinos deverão vir acompanhadas de um perfil robusto, daqueles que dão para blogs verdadeiros, isso é que é o sal da vida...
29 julho 2012
Pipoco Mais Salgado foi a um casamento Rubenpatrickiano e sobreviveu
A coisa percebia-se logo ao início, ele eram elas com piercings no nariz, ele eram eles com o nó da gravata em cima do terceiro botão da camisa desapertada, ele eram as criancinhas com fatos brancos e pulseiras de ouro por cima das mangas, ele eram os homens de patilha larga e fio dourado com crucifixo. A música de entrada da noiva foi uma coisa da Celine Dion, pelo menos eu creio que era Celine Dion, e a noiva entrou enquanto eu pensava no Titanic, que não é coisa boa para se pensar num dia como este, a coisa acabou com o Alegria e eu achei que estava tudo muito bem, música de circo não estava mal pensado, depois serviram-me coisas para beber e a melhor oferta era Martini em copo de plástico, recusei, enquanto pensava nos bons tempos em que o meu cantil com Old Bushmills nunca me deixava ficar mal, depois os homens, todos de igual, com gravatas cor de rosa demasiado curtas, cumprimentavam-se e diziam todos a mesma coisa, "Então - inserir nome do abraçado, que variava entre Adérito, Sertório e Antenor - comequeé?", e o Adérito, Sertório ou Antenor responde sempre que "Tá-se", enquanto as mulheres tentavam equilibrar-se em saltos altos, com aquela linguagem corporal que os homens terão lá para as dez da noite, a avaliar pelos brindes com Long John que vão fazendo, caramba, nem sabia que ainda há Long John no mercado, e ainda nem sequer almoçámos, há homens que jogam às cartas na mesa, enquanto aguardam que se monte a mesa dos presuntos e do camarão, sei que a mesa dos queijos estará vazia e dou graças por isso, a rapariga de voz esganiçada que toca órgão electrónico canta que "o melhor dia para casar é 31 de Julho porque a seguir entra a gosto", é um hit nisto dos casamentos marca Rubenpatrickiana, fico até às três da manhã, não sei bem porquê, talvez seja porque gosto da pinta dos noivos, gente de bem, se será por querer ficar para ver até que ponto a coisa pode ser uma experiência kitsch, reparo que estou sempre atrasado no que respeita a despir peças de roupa, já me tinham avisado ao almoço que eu era o único que mantinha o casaco vestido, avisam-me agora que sou o único a manter a gravata, tento resistir a que a irmã do noivo me tire a gravata, "com este calor, senhores...", ela acaba por ganhar e eu, sem saber como nem porquê, dou por mim sem gravata a dançar o Apita o Comboio enquanto penso que estou aqui, aposto que a seguir estarei a cantar a plenos pulmões "de quem será o pai da criança" quando podia estar em Alvalade na apresentação da equipa a gritar a plenos pulmões que "o Sporting é o nosso grande amor".
27 julho 2012
Está vazio o meu sótão
Ao longo do dia, eles foram saindo, devagarinho, primeiro os mais velhos rumo a Sines, ao festival não sei quê, depois os restantes, a separação ficava selada com abraços fortes, sem palavras, eles porque a emoção lhes toldava a voz, eu porque fico sempre sem palavras quando percebo que doze mamíferos conseguem despejar por dia um frigorífico dos grandes cheio de provisões, isto para além de ainda não lhes ter perdoado terem descoberto o compartimento secreto onde guardo os Haagen Dazs no congelador, "para o ano havemos de voltar", dizem eles com as suas vozes angelicais, "nem que vocês se fodam", penso eu enquanto lhes sorrio e aceno com a cabeça que sim.
Pipoco partilha as suas pequenas idiossincrasias
E de repente, quase sem eu dar por isso, no ranking das coisas que me fascinam em mulheres, surge em primeiro lugar a pronúncia do Norte, o fascínio por "nieste momientu estou a bier que gostas de istar à minhabeira" ultrapassa o fascínio pelas mulheres que me ganham a jogar xadrez, ultrapassa o fascínio por copas D (caramba, tinha escrito copas B, que gaffe tremenda) que desafiam a lei da gravidade, sendo que o impressionante da coisa é que chega mesmo a ultrapassar o fascínio por mulheres que sabem que o Collares branco acompanha divinalmente ostras.
26 julho 2012
Aconteceu mesmo, hoje
E lá estava ela, atenta aos números, primeiro reparei nos olhos, reparo sempre primeiro nos olhos, bem sei que não é de homem reparar primeiro nos olhos, depois reparei que apostava demasiado alto e acho que foi isso que em fez reparar no resto, no vestido bem cortado, nas medidas quase perfeitas e nos sapatos de sola vermelha, não é normal ver mulheres de sapatos com solas vermelhas tão atentas aos números, depois percebi que fazia as perguntas certas, as mulheres que sabem fazer as perguntas certas colocam-me sempre em sentido, depois o telefone dela tocou e ela atendeu sem sair da sala e eu imaginei como seria um Aston Martin com um naperon em cima do tablier a servir de base a uma Senhora de Fátima daquelas que brilham no escuro.
Pólo Norte, a enorme Pólo Norte
É meu grato privilégio ter o gosto de, pelo menos uma vez por ano e apenas nos anos que as nossas atarefadas agendas o permitem, tomar um café na companhia da Pólo Norte, proprietária do baby-blog mais divertido do espectro blogosferístico. Por coisas cá minhas, a minha desmotivação em fazer amizades a partir disto dos blogs levou-me a adiar por décadas o primeiro café, mas a insistência da Pólo Norte, motivada pela ânsia em privar de perto com o meu lendário sentido de humor e com o meu encanto pessoal, a meio caminho entre a aura de mistério e a inteligência desarmante, acabou por me fazer ceder e abrir uma excepção, não sem antes me ter certificado que a Pólo Norte lia no que escrevo para além das futilidades e, naturalmente, estando eu absolutamente certo que a Pólo Norte era mais, bastante mais, que aquilo que nos mostrava e que poderíamos sintetizar numa foto de cerveja fresca que segurava abaixo da linha do pescoço.
Acontece que ontem a Pólo Norte quase, e aqui chamo a atenção para a palavra quase, me emocionou com a sua acção de generosidade pura e com a capacidade de fazer acontecer e de não fazer de conta que não estava no sítio certo à hora certa. A onda de generosidade que a Pólo Norte foi capaz de fazer acontecer não é para qualquer um, só está ao alcance dos raros que sabem ter a percepção de que aquele é o momento e que, mais do que isso, sabem usar os meios que têm à sua disposição. Isto da Pólo Norte mostar que ter um blog pode ser algo mais que um instrumento de diversão ou uma forma de mostar ao mundo como saímos hoje vestidos à rua é um estudo de caso e inspira-nos, deve inspirar-nos a todos, a ser melhores pessoas e a acreditar que sim, que podemos mudar o mundo.
Parabéns Pólo, és enorme.
(todo o texto"linka" o tal baby-blog de que vos falei, pode sempre acontecer que haja alguém na blogosfera que ainda não conheça o blog da Pólo)
Acontece que ontem a Pólo Norte quase, e aqui chamo a atenção para a palavra quase, me emocionou com a sua acção de generosidade pura e com a capacidade de fazer acontecer e de não fazer de conta que não estava no sítio certo à hora certa. A onda de generosidade que a Pólo Norte foi capaz de fazer acontecer não é para qualquer um, só está ao alcance dos raros que sabem ter a percepção de que aquele é o momento e que, mais do que isso, sabem usar os meios que têm à sua disposição. Isto da Pólo Norte mostar que ter um blog pode ser algo mais que um instrumento de diversão ou uma forma de mostar ao mundo como saímos hoje vestidos à rua é um estudo de caso e inspira-nos, deve inspirar-nos a todos, a ser melhores pessoas e a acreditar que sim, que podemos mudar o mundo.
Parabéns Pólo, és enorme.
(todo o texto"linka" o tal baby-blog de que vos falei, pode sempre acontecer que haja alguém na blogosfera que ainda não conheça o blog da Pólo)
25 julho 2012
Ainda da série "posts fofinhos"
De todas as coisas que aprendi, e isto aprendi cedo, talvez demasiado cedo, é que nada é certo, o trabalho fantástico que tenho hoje pode acabar ainda hoje e ser substituído por um trabalho como porteiro do Estádio da Luz, o Bordéus colheita 1952 pode ser trocado a qualquer momento por cerveja Mahou morna, o quarto com vista para os sobreiros pode ser substituido por outro com vista para o skyline de Massamá Sul, o Nokia pode vir a ser trocado por um Blackberry, e até mesmo as primeiras edições de Eça podem de um momento para o outro ser trocadas pela Dica da Semana.
Talvez por saber disto há muito tempo, afinal aprendi demasiado cedo, em vez de me amedrontar com a perda que chegará um dia destes, aproveito o prazer que as coisas da vida me dão, aproveito as viagens até ao tutano e ainda hoje recordo o detalhe da preparação das viagens que fiz há mais de vinte anos, recordo com gosto o sabor do meu primeiro Old Bushmills bebido, aspiro com prazer o ar que me entra pela janela do quarto, deliciando-me sempre com o nascer do sol que quase sempre me apanha a correr, dou graças por cada dia de trabalho que vou começar e não me esqueço de me deleitar com o prazer que é voltar para casa ao fim do dia.
Talvez por saber disto há muito tempo, afinal aprendi demasiado cedo, em vez de me amedrontar com a perda que chegará um dia destes, aproveito o prazer que as coisas da vida me dão, aproveito as viagens até ao tutano e ainda hoje recordo o detalhe da preparação das viagens que fiz há mais de vinte anos, recordo com gosto o sabor do meu primeiro Old Bushmills bebido, aspiro com prazer o ar que me entra pela janela do quarto, deliciando-me sempre com o nascer do sol que quase sempre me apanha a correr, dou graças por cada dia de trabalho que vou começar e não me esqueço de me deleitar com o prazer que é voltar para casa ao fim do dia.
24 julho 2012
Em verdade te digo, Ruben Patrick
Cuida dela como se não houvesse outra no mundo, Ruben Patrick, na verdade não há outra igual, jamais a compares a outras que tiveste, ela é única, cuida dela ainda que se dê o caso de ela não estar ao pé de ti, aliás, cuida dela principalmente se ela não estiver ao pé de ti, se algum dia te esqueceres de a tratar como ela merece pode muito bem acontecer que alguém o faça por ti.
Pipoco abre as portas da sua intimidade e por uma vez não fala de mulheres de longas pernas a sair de carros desportivos
Sei quase nada sobre isso de envelhecer bem, por mim vou envelhecendo como posso, na verdade contento-me com pouco, basta-me uma semana por ano para esquiar, outra para mergulhar no mar e outra para subir e descer os Alpes, de resto fico bem se tiver meia dúzia de livros novos para ler em cada semestre, se puder ouvir ópera uma vez a cada dois meses e, se não for pedir muito, não me tirem um ou dois filmes por semana e meia dúzia de concertos escolhidos por mim a cada três meses. Fora isto, uma dúzia de fins de semana por esse mundo fora, de preferência que me avisem com uma dúzia de horas de antecedência e que não me falte ânimo para fazer os quilómetros que sejam precisos para ir aos sítios onde me dizem que está o tal restaurante que não posso perder, o resto do tempo que seja passado com os amigos e com quem é importante acima de tudo, o que sobra que seja passado em silêncio, a verificar se a Ursa Maior está no sítio do costume ou a pensar nisto da vida e de como não sei nada sobre a temática de envelhecer bem.
23 julho 2012
Há doze sobrinhos no meu sótão e nem tudo vai bem
Os que deixei a jogar futebol às duas da manhã, depois de dançarmos nas festas cá da terra ao som de uma banda de música de fusão, afinal fundiam Tony Carreira com Quim Barreiros, são os mesmos que encontro a pé a comer cereais e crepes com gelado de natas às sete da manhã, quando regresso da corrida matinal, os que ficaram a jogar Monopólio até cair de sono são os que me ligam a meio da manhã a dizer que houve um pequeno problema com o sobreiro, os que deixei a jogar às escondidas noite dentro na casa assombrada são os que me mandam imagens por telemóvel, lá estão eles com a canoa no rio, a televisão continua desligada, havemos de ver hoje episódios dos "Pequenos Vagabudos" e eles já não se atrevem a trazer para casa do Tio Pipoco os computadores portáteis nem as consolas de jogos, olho para eles a tomar banho de mangueira no momento exactamente anterior a fazerem menção de me atingir e encharcar o fato Ermenegildo Zegna e a gravata Prada, sei que desviarão o jacto de água no último milésimo de segundo, e pergunto-me onde irão eles buscar tanta energia (mas depois vou ao frigorífico e percebo).
Da série "Posts fofinhos"
Nisto dos aeroportos, enquanto estou ali à espera que as pessoas cheguem, vou observando quem espera, os amores que se reencontram e que se abraçam como se fossem as únicas pessoas no terminal, os que, como eu, nem sequer olham para saber se há quem os espere, que não há, a miudagem que regressa dos Erasmus e tem os amigos à espera, os casais que regressam de lua-de-mel, ainda sorridentes e com o ouro das alianças a faiscar. Ontem havia uma menina com um urso de peluche, que assim viu chegar ao anúncio do Martini Man um tipo de má cara, saltou dos braços da mulher que a segurava e saiu disparada para o tal tipo, o urso de peluche a voar com ela, e tentou saltar para os braços do tipo, que a recebeu com uma tal frieza que me incomodou, felizmente que as coisas são como são e a mulher que segurava a mão da menina do ursinho de peluche cumprimentou o tal tipo de má cara com uma frieza ainda mais gélida.
22 julho 2012
A propósito daquilo dos sobrinhos do Tio Pipoco
Acabo de observar o Tio Pipoco em hiperventilação, um dos sobrinhos mais novos apareceu com o livro autografado pelo Saramago e perguntou se era mesmo uma assinatura do Saramago, enquanto se ouve Steve Miller Band pela casa e só há Steve Miller Band em vinil e nem eu tenho autorização para tocar os discos de vinil do Tio Pipoco...
Há doze sobrinhos no meu sótão e tudo vai bem
Todos os anos, por esta altura, a meio caminho das férias do sul e das férias de subir montanhas, acontece-me ter doze sobrinhos no sótão. Todos os anos, como os salmões ou os golfinhos ou os elefantes ou lá o que é a caminho do que quer que seja, chegados de automóvel ou de avião ou de autocarro, doze sobrinhos desaguam no meu sótão e ficam por uma semana, sei-os a ler os meus livros velhos e sei-lhes as conversa longas que duram até tarde, pasmo com o que eles aprenderam este ano e começamos sempre a primeira conversa do primeiro jantar com o que correu mal a cada um de nós este ano, eu fico quase sempre sem assunto, mas este ano não, este ano perdi para sempre uma das amigas de uma vida inteira, agora estão na cozinha, a equipa responsável pelo jantar diz-me que há risotto de cogumelos e pedem-me conselho para o vinho, este ano os mais velhos já me acompanham no vinho, admiro estes miúdos, afinal trocam uma semana de coisas deles por uma semana no meu sótão, acho que a felicidade é bem capaz de ser isto.
20 julho 2012
Ruben Patrick fala às corderosinhas
Vamos a isto, corderosinhas, é substituir Manoel de Oliveira por José Hermano Saraiva e podem aproveitar quase tudo o que tinham escrito no sábado passado e felizmente não chegaram a publicar, é dizer ao mundo o quanto aprenderam com ele, o quanto apreciavam a grandeza da obra, o quanto sorveram o seu saber, o quanto demoraram a entender na plenitude os seus ensinamentos.
Verdadeiramente cool é pedir desculpa a uma mulher porque te enganaste.
Isso de ser conhecido do porteiro do Lux ou ser fotografado para uma dessas revistas de vagamente famosos a sorrir com a publicidade da Moda Lisboa por detrás não é cool, Ruben Patrick, o que é verdadeiramente cool é chegar cedo à praia e só estares tu, o teu cão e o livro que levaste, verdadeiramente cool é ter um royal flush na mão e não ir a jogo porque sabes que quem está do outro lado não está em condição de perder, cool é receber os teus amigos de sempre, abraçá-los porque estás verdadeiramente feliz pot tê-los por perto e ficar noite fora a saborear os vinhos que cada um deles te quer dar a provar.
Às vezes...
... anunciam na rádio que já a seguir temos Fernando Alvim e eu fico afrontado, com suores frios, tento mudar de estação, com o atabalhoamento acabo por me demorar no processo e entra-me mesmo pelo ouvidos o Fernando Alvim, afinal é só um senhor que toca guitarra portuguesa, acalmo o espírito, afinal não foi nada, suspiro de alívio, já passou, pronto, já passou.
19 julho 2012
Em verdade vos digo
De vez em quando há temas da moda aqui por isto dos blogs, esta é a semana em que se fala do livro que acompanhará os banhos de mar, o não sei quê de Gray, ou lá como se chama aquilo e é tiro certo, haverá quem escreva sobre o tema e haverá quem vá dizendo que o livro é fácil, e tal, que é leve e que aquilo é só sexo, como se isso fosse coisa ruim, afinal o livro ser só sexo foi o que fez com que a desiludida leitora o comprasse (o género masculino prefere outra literatura de férias, uma coisa em bom, a ser sobre temática sexual que seja um Miller, vá lá, um Nabokov) e será o que levará quem lê o post a comprá-lo também.
Para mim, tenho que ler um mau livro é sempre melhor que não ler livro nenhum, como escrever um mau blog é sempre melhor que não escrever blog nenhum, acredito que quem começa por maus livros, ainda que seja já em idade de estar a ler os russos mais complicados, acabará por ler mais uns maus livros, cansar-se, exigir mais e, nos casos mais felizes, acabar a ler livros de média dificuldade, um Saramago, um Pamuk, talvez um Sepulveda.
Para mim, tenho que ler um mau livro é sempre melhor que não ler livro nenhum, como escrever um mau blog é sempre melhor que não escrever blog nenhum, acredito que quem começa por maus livros, ainda que seja já em idade de estar a ler os russos mais complicados, acabará por ler mais uns maus livros, cansar-se, exigir mais e, nos casos mais felizes, acabar a ler livros de média dificuldade, um Saramago, um Pamuk, talvez um Sepulveda.
A Ruben Patrick apeteceu-lhe voltar
E então corderosinhas? Esses posts a reclamar que não se aguenta tanto calor, demoram muito?
(para depois poderem voltar a ter tema e reclamar que um Verão assim tão frio não se aguenta, está claro...)
(para depois poderem voltar a ter tema e reclamar que um Verão assim tão frio não se aguenta, está claro...)
18 julho 2012
Coisas que merecem o meu momento de atenção indisputada
Mulher com saia curta a sair do lugar do condutor de um automóvel mais potente que o meu.
17 julho 2012
Só facilidades, isto...
Na primeira temporada do Pipoco, para se ser alguém nisto dos blogs era preciso saber o significado de mimimi, apreciar cupcakes, comprar perfumes do Boticário, gostar do Michael Bublé e saber distinguir entre roupas da Zara e da H&M.
Agora basta ser da tribo dos que já leu "As Cinquentas Sombras de Grey".
Agora basta ser da tribo dos que já leu "As Cinquentas Sombras de Grey".
Só problemas, a minha vida é isto...
De todas as coisas que escapam à minha compreensão nisto dos blogs, mais que mostrar o que se tem hoje vestido, é haver quem queira conhecer pessoas que escrevem em blogs. Antes de mais, escapa-me o processo, como será que duas pessoas que não se conhecem se encontram? Combinam uma hora num determinado local e uma delas leva "A insustentavel leveza do ser" debaixo do braço e outra leva a "Morgadinha dos Canaviais"? E se uma das pessoas se enganar e levar o livro que o outro deverá levar, a que não se enganou no livro pensará que vai tomar café consigo própria? E se a segunda pessoa a chegar, vendo a primeira no local acordado e achando-a com mau ar, voltar atrás? A que chegou a horas com a "Morgadinha dos Canaviais" ficará muito triste por ter sido abandonada só por ter um índice de massa corporal superior ao que apregoava no blog? E se, acabando por tomar o tal café, acharem uma da outra que são uns completos estafermos e que não conseguem dizer a palavra "batata" duas vezes seguidas, terão algum amigo que lhes ligue a dizer que lhes morreu o gato (as pessoas dos blogs têm sempre gatos...) e que têm que se apressar? E depois de se conhecerem, continuarão a encontrar magia no que o outro escreve, agora que o outro tem um nome? E se afinal o outro for mais interessante do que aquilo que escreve?
16 julho 2012
Sabes, Ruben Patrick?
Nunca menosprezes o toque, jamais olvides que o poder está na ponta dos teus dedos, experimenta tocá-la sem a olhar, concentrando-te apenas em que as pontas dos teus dedos a toquem ao de leve, um quase-toque, primeiro nos ombros, resiste a beijá-la, o poder está nos teus dedos, sente como o cheiro se altera, descodificar a subtileza dos cheiros é importante Ruben Patrick, olha-a agora nos olhos e deixa os teus dedos continuem a tocá-la, eles conhecem o caminho e sabem o que é a coisa certa, talvez ela te procure com os lábios, resiste Ruben Patrick, se os lábios se tocarem acaba o jogo, foi bom, não foi Ruben Patrick? Pois foi.
Efeitos colaterais
Com o tempo fui aprendendo a estar de férias estando apenas de férias. Aprendi a não contaminar o momento em que me ensinam um vinho novo com um olhar rápido pelos forwards do euro, aprendi a não misturar mergulhos no mar com a leitura dos diários económicos e, sobretudo, aprendi a manter-me afastado de televisões e de acessos a todas as fontes de notícias do mundo.
Infelizmente, por ter feito esta aprendizagem de uma coisa ser uma coisa e outra coisa ser outra coisa, só hoje soube do que se está a passar com o grande, com o enorme Gabriel García Marquéz, que tanto me deliciou com o que me contava e que me deixou uma tremenda vontade de não me ir deste mundo sem antes beber uma cerveja em Barranquilla.
Infelizmente, por ter feito esta aprendizagem de uma coisa ser uma coisa e outra coisa ser outra coisa, só hoje soube do que se está a passar com o grande, com o enorme Gabriel García Marquéz, que tanto me deliciou com o que me contava e que me deixou uma tremenda vontade de não me ir deste mundo sem antes beber uma cerveja em Barranquilla.
13 julho 2012
(Ou então foi a Rita que lhe andou a mexer no telefone, sei lá eu...)
E lá estávamos nós, tensos, ambos em modo poker face, concentrados, um deslize pode ser fatal nesta altura, estamos com um empate técnico, apontamos com as nossas canetas Montblanc para os gráficos de forwards projectados na parede, o gesto deixa-nos os botões de punho visíveis, aqui ganho uma ligeira vantagem, os dele são Dunhill, o telefone dele toca em modo silêncio, não posso deixar de olhar para o écran que se ilumina na minha linha de visão periférica, é só um momento antes de desviar o olhar mas ainda consigo ler que quem chama é a "Rita, grande amor, mulher da minha vida".
Instintivamente sinto-me baixar as defesas, é deixá-lo ganhar e ir para casa.
Instintivamente sinto-me baixar as defesas, é deixá-lo ganhar e ir para casa.
12 julho 2012
Do centro
Nestes dias em modo "moules marinière et Hoegaarden", vou-me divertindo a conhecer o país da forma que eu gosto, ao sabor do que me permite a chuva e dos humores com que me levanto, ainda ontem adormeci a pensar que no dia seguinte me apeteceria ir a Bruges, mas durante a noite sonhei com o Capitão Haddock, talvez fosse do rum do jantar, talvez seja a isto que chamam maturidade, antes acontecia-me sonhar com a Heidi Klum, e afinal acordei com vontade de ir ao Museu Hergé e acontece que aprendi que Hergé afinal se chamava Georges Remi e que as iniciais do seu nome, invertidas, isto é primeiro o R e depois o G é que lhe deram o nome artístico e eu fiquei a cismar se Ésseémepê não seria um nome melhor do que Pipoco Mais Salgado.
11 julho 2012
06 julho 2012
Para acabar com a temática Primobaziliana
Enquanto existirem Luizas não faltarão os Primos Bazilios.
05 julho 2012
Pipoco também diz coisas sobre Carlos da Maia e Primo Bazilio
Bem podemos apreciar a dicotomia do canalha contra rapazinho educado pelos preceitos de seu avô, bem podemos discutir se elas preferem os maus rapazes ou os de fina estirpe para se entreterem, mas a minha embirração com o tal Primo Bazilio tem a ver com o facto de, lá no Grémio, enquanto jogava bilhar, o sacana ter uma boca grande no que respeita a vangloriar-se sobre os mulherengos feitos. Nós, os do género masculino, temos um código cá nosso que nos faz desprezar aqueles que não nos olham nos olhos enquanto nos cumprimentam com um aperto de mão firme e que nos faz ter vontade de exterminar os que se gabam dos feitos com mulheres,a coisa perdoa-se até à idade dos quinze anos e tolera-se se se falar em abstracto, quando toca à gabarolice explícita em relação a determinada mulher, como o fazia o Primo Bazílio nas conversas com o Conde enquanto dava umas tacadas de bilhar e antes de deglutir o tal bife no Grémio, apodera-se do ouvinte um misto de repugnância e pena, de maneiras que é por isto e por mais nada em especial que o Primo Bazilio não me fascina.
Pipoco mostra o que aprendeu nestes trinta anos de blogosfera
A fazer tracinhos por cima das rasurar palavras.
04 julho 2012
Carlos da Maia vs Primo Bazilio
Se tanto Carlos da Maia como o Primo Bazilio desinquietam mulheres casadas, se tanto Carlos da Maia como o Primo Bazilio são dois incorrigíveis ociosos, se tanto Carlos da Maia como o Primo Bazilio não se preocupam em degustar placidamente parentes próximas, porque razão tendemos a apreciar Carlos da Maia e a detestar o Primo Bazilio?
Ich bin ein Leidenense
Estamos no quarto dia do mês de Julho, há nuvens cinzentas no céu, ameaça chover e isto está para o frescote.
03 julho 2012
Isto na verdade são dois posts
Quem anda nisto dos blogs há mais de trinta anos, como eu, percebe que há um padrão no que as pessoas escrevem, as dos baby-blogs (olá Pólo Norte...) descreverão sempre a mais básica habilidade dos seus rebentos como um feito heróico só ao alcance dos mais iluminados, as das roupas baratas descreverão sempre as suas saias feitas na Malásia como peças de alta costura, os da política não falharão com a interessante problemática de ter sido com o Sócrates que a coisa se desmoronou ou, pelo contrário, agora é que isto está como nunca esteve, os da bola verão penaltys a favor dos seus na zona do meio-campo e de mim, único representante dos snob-chic, poderão contar sempre com um apuradíssimo sentido de humor e inteligência superior.
A tribo que mais me intriga é a dos poemas da Florbela Espanca e das gravuras com espadas a dilacerar corações, a tribo das que acham que só com sofrimento se chega ao conhecimento, as que sorriem complacentes com isto de um homem andar contente com o que a vida lhe vai dando, as que acreditam realmente que se um homem anda com um sorriso rasgado é porque finge uma felicidade que não tem, as que se convencem que as pessoas realmente felizes são as que já foram atropeladas por uma retroescavadora das obras porque a seguir se levantaram e ainda deram uma sova no condutor daquilo.
Eu, que sou eu, aprendi cedo que quando as garrafas de litro de cerveja voavam pelo Gingão, ali ao Bairro Alto, talvez não fosse má ideia ir apanhar ar fresco, aprendi cedo que no futuro todas as mulheres tendem a parecer-se com as mães e que essa informação era relevante antes de assumir uma relação de longo prazo, aprendi cedo que se aprendesse matemática as probabilidades de beber Barca Velha uma vez por outra aumentariam substancialmente, aprendi cedo que isso do sofrimento não é uma fatalidade e que o caminho para a felicidade, seja lá isso o que seja, às vezes sou eu que escolho.
A tribo que mais me intriga é a dos poemas da Florbela Espanca e das gravuras com espadas a dilacerar corações, a tribo das que acham que só com sofrimento se chega ao conhecimento, as que sorriem complacentes com isto de um homem andar contente com o que a vida lhe vai dando, as que acreditam realmente que se um homem anda com um sorriso rasgado é porque finge uma felicidade que não tem, as que se convencem que as pessoas realmente felizes são as que já foram atropeladas por uma retroescavadora das obras porque a seguir se levantaram e ainda deram uma sova no condutor daquilo.
Eu, que sou eu, aprendi cedo que quando as garrafas de litro de cerveja voavam pelo Gingão, ali ao Bairro Alto, talvez não fosse má ideia ir apanhar ar fresco, aprendi cedo que no futuro todas as mulheres tendem a parecer-se com as mães e que essa informação era relevante antes de assumir uma relação de longo prazo, aprendi cedo que se aprendesse matemática as probabilidades de beber Barca Velha uma vez por outra aumentariam substancialmente, aprendi cedo que isso do sofrimento não é uma fatalidade e que o caminho para a felicidade, seja lá isso o que seja, às vezes sou eu que escolho.
02 julho 2012
Mais um desgosto que levo em vinte anos de blogosfera (fim da trilogia)
O último desgosto é não ter amiguinhos da blogosfera, não tenho ninguém que me mande um selinho a dizer que "este blog é do melhor" ou "sim senhor, é um bom blog", não há quem me atire ao menos um selinho de "blog fofinho" que eu pudesse pespegar ali ao lado, uma coisa com os selinhos todos a passar em slow-motion e eu a olhar para aquilo e a pensar que sim senhores, tenho quem goste de mim.
(ah e os inquéritos a perguntar coisas, se gosto mais de chocolate ou de gelado de baunilha, se prefiro cinema ou concertos de música sacra, nunca ninguém se preocupou em saber a minha opinião sobre os assuntos, logo eu que sei coisas, que tenho estudos).
Outro desgosto em vinte anos que levo a escrever blogs...
...é que nunca tive oportunidade de escrever um post a mostrar ao mundo os ínvios caminhos que trazem pessoas a este blog, todos os dias monitorizo com redobrada atenção as palavras que as pessoas escrevem nos motores de busca e ninguém aqui chega depois de digitar "bom amigo e confidente atento" ou "rapaz novo e extremamente viril", nem sequer um "profundo conhecedor dos melhores vinhos tintos para acompanhar enguias com açorda". Nada, o google envia-me para cá quem digita "Pipoco Mais Salgado", ocasionalmente algum excêntrico vem cá dar pela via de "O Pipoco Mais Salgado", nada mais que isto, ou seja, quem cá vem não vem ao engano, desejou vir cá ter porque era exactamente isto que procurava, as coisas são como são e eu perco uma boa oportunidade para fazer um belo post da categoria enchedora de chouriços.
Em vinte anos de vida de blogs...
...o meu maior desgosto é não saber fazer aquilo do traço por cima das palavras, a coisa fica tão bonita, fica uma espécie de mensagem subliminar, escreve-se uma coisa e quem lê fica a saber que não, que afinal queríamos dizer outra coisa, quase sempre menos civilizada e mais vernácula, é como se um diabinho e um anjo imaginários nos segredassem os posts, primeiro o diabinho e escrevemos palavrões e muitas coisas que não são de gente de bem, a seguir vem o anjinho e risca as más palavras e troca-as por outras, mais aceitáveis e fica toda a gente contente, o fiel leitor porque percebe que quem escreve é uma alma amargurada, um vagabundo de cabelos ao vento que escreve o que o sangue quante lhe manda, mas, apesar disso é pessoa de bem, respeitadora da eventual sensibilidade de quem lê, o autor do texto também fica feliz, afinal o mundo fica a saber que os seus saberes de escrita são bidimensionais, foda-se, aliás, com a breca, gostava mesmo de saber como é que se faz isso do tracinho em cima da palavra foda-se.
Estive a isto de prantar aqui um retrato meu
Se eu realmente quisesse um ror de visitas aqui nisto do Pipoco prantava por cá um retrato que resume o que são uns dias a sul, lá estou eu, barba grande e guedelhas desgrenhadas, estava vento, mais o Tavares de Telles e o Menezes de Athayde, nós os três a fazer uma saúde aos dias vindouros, confiantes, copos de vinho branco ao alto, sorrisos largos, o sol na pele a fazer conjunto com as t-shirts brancas, mar por detrás, não fosse o Tavares de Telles ter uma pulseira étnica que comprou no Botswana e que lhe dá um ar abichanado e era certo que prantava aqui o retrato a preto e branco, prantava sim.
01 julho 2012
E então meninas?...
No fim do jogo emocionaram-se mais com o "El Niño" Torres com os filhos às cavalitas ou com o Chiellini em lágrimas?...
Chegou então ao fim isto do Sul
E ainda bem, isto do sol e do sal e do mar e dos livros desconcentra-me, reduzo voluntariamente as defesas, os níveis de cinismo e de cepticismo descem para mínimos históricos e todo eu sou sorrisos e compreensão e poesia e bons propósitos.
Felizmente, quando se vai a semana de sul, tenho de volta a adrenalina de jogar com o binómio do dólar e dos futuros, a ter por que combater, regressam as reuniões na sala de crise onde se pode morrer de colapso ou sair vitorioso, botões de punho desapertados e o nó da gravata ligeiramente torcido e o melhor é que amanhã isto torna a ser um blog snob-chic.
Coisas que parecem que são e afinal não
Durante muitos anos, mais de vinte, não conheci o final de "Birds", de Hitchcock. Gravei-o em fita (naquele tempo os filmes gravavam-se em fita) e deu-se o caso de o final do filme quase coincidir com o fim da fita. Sempre acreditei que havia mais filme, que infelizmente a fita não tinha sido suficiente para gravar todo o filme e isto sempre me angustiou, aliás, foi isto do Birds e foi nunca ter lido a primeira parte do Vinte Mil Léguas Submarinas, alguém me ofereceu a segunda parte do livro, uma coisa das Edições Europa-América, e até hoje carreguei comigo esta espécie de trauma por nunca ter lido a primeira parte do livro e nunca ter visto a última parte do filme.
Hoje vi Birds, de novo. Afinal tinha visto o filme todo.
Hoje vi Birds, de novo. Afinal tinha visto o filme todo.
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