06 novembro 2012
De que me serve isto do ioga...
...se acabo à pressa as coisas importantes cá da minha vida, os gráficos que ficam a meio porque a aula está a começar, a segunda circular feita em ziguezagues com New Order em volume demasiado alto, caramba, a esta hora já estão nos aquecimentos com aquilo do kaoshikii, os níveis de tensão no pico máximo, uma última chamada de telemóvel e estou a estacionar, no caminho dispo o casaco e subo as escadas com a gravata na mão, já estão nos ásanas e eu ainda a despir a camisa no vestiário, o cheiro a incenso dá-me vontade de responder a uma última mensagem de correio electrónico, esqueci-me do tapete, a professora olha-me com um ar angustiado quando lhe peço um tapete de reserva, espanto-me sempre quando toda a gente menos eu consegue encostar os joelhos às orelhas, agora vocalizam aquilo do Ooooommmmm, vocalizo também, soa estranho uma voz grave no meio de catorze vozes de mulher, faço o meu melhor, faço sempre o meu melhor, agora entramos nas automassagens e relaxamento, e eu a pensar que tenho duas reuniões amanhã à mesma hora, uma em Madrid e outra no Porto, vou ter que cancelar uma delas, entretanto entra a meditação dinâmica ao som daquela musiquinha do Buddha Bar, versão modificada e com menos batida, lembro-me que não me enviaram o cartão de embarque, será que não conseguiram reservar-me o lugar 6A?, entretanto já se apagaram as luzes, agora meditamos, tento não rir quando ela nos recomenda, em voz arrastada, que relaxemos as sobrancelhas, mais mantras, quase adormeço, toda a gente tem uma manta por cima por causa do arrefecimento, eu não tenho manta, ninguém tem uma manta a mais, acho que me castigam por ter chegado tarde, despeço-me até à próxima, cá fora está frio e eu de calções e ténis de corrida e t-shirt e um casaco de fato às riscas, as calças e uma gravata e uma camisa branca pendurada nos braços, onde terei estacionado o carro?, caramba, terei deixado o telemóvel no vestiário?, mas afinal de que me serve isto do ioga?
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A minha única aula de ioga consistiu em: 'não penses em nada, não pensas em nada, não penses em nada, MERDA, estás a pensar'.
ResponderEliminarAté fiquei exausta. O mesmo me acontecia quando ia ao ginásio ou fazer massagens. Nunca conseguia relaxar pois por muito que me esforçasse só pensava no que tinha que fazer em casa. Desisti e assim faço as coisas sem stress e poupo dinheiro.
ResponderEliminarEu sei que isto são só blogs, mas só tenho a dizer que não acredito.
ResponderEliminar(experimente rpm é bastante mais relaxante e asseguro que os efeitos se notarão mais)
Quando fechava os olhos imaginava sempre o mesmo: um túnel escuro com um foco de luz bem lá ao fundo.
ResponderEliminarSim, imaginava-me a morrer.
Como seria morrer.
Se seria aquela a luz que iria ver.
E depois tentava caminhar até à luz, sabendo que nunca lá chegaria.
Tornou-se num exercício tão interessante que, ainda hoje, o ponho em prática em reuniões ou conversas difíceis.
Dá-me uma capacidade de abstracção e, posteriormente, de equilíbrio, incríveis.
Também pode imaginar uma pista de ski interminável (ao que parece é algo de que gosta).
Imagine-se a deslizar a grande velocidade, e mais, e mais e mais... sabendo que ela nunca vai acabar.
No fundo, acho que funciona focarmo-nos em algo infinito que nos envolva a mente em mistério, seja lá o que for.
O ioga assim não resulta, de facto! Eu cá prefiro rpm, body combat e karaté.
ResponderEliminarCoisas minhas.
depois de ler este texto escrito a passo tão apressado, quem precisa de ioga sou eu!!!! :)
ResponderEliminarAgora, de repente, até estou assustada com essa coisa de colchõezinhos e mantinhas... é que as coisas são como são, e toda a gente sabe o que acontece mais tarde ou mais cedo...
ResponderEliminarServe, pelo menos, para pensar «para que me serve isto do ioga»?
ResponderEliminarIoga rocks! Mas é para persistentes (e teimosos...)!
Ah, eu não... eu cá prefiro kuduro ou escalada até ao metro. Também curto uma cena que é tipo, fechas os olhos e imaginas que estás em cima duma linha, mas sem os pés, viras a cabeça para baixo e depois constatas que não tens olhos. Ou então uma curva, uma grande curva onde o teu corpo vai girando girando girando, até que te apercebes que não tens corpo mas sim uma grande espinha na zona do vazio. No fundo, acho que se batermos todos com a cabeça contra uma parede branca, vai dar ao mesmo. E a sensação de relaxe que advém daí é enorme. Ficam aquelas estrelinhas no ar, a pairar, misteriosamente. Coisas minhas. Mariquices.
ResponderEliminarO seu texto arrancou-me uns bons sorrisos mas depois li o comentário da Bruta e dei umas valentes gargalhadas. Talvez a dupla mais cómica da blogoesfera.
ResponderEliminarAi Senhor, Senhor... que relaxado...
ResponderEliminarEu sabia que tinha fãs por aí...
ResponderEliminarObrigada pelo carinho "Bruta"!
O que interessa é que começou o dia a ouvir New Order... Esqueça lá isso do ioga!
ResponderEliminarSIRA