Fascinam-me os emigrantes e as suas mulheres louras com sobrancelhas pretas, os seus filhos que se chamam Patrick e os seus carros com o símbolo da Federação da bola cravado no capot, fascinam-me as cervejas pagas com sobranceria aos da terra e as camisas com padrão exuberante, fascinam-me os fios de ouro e a necessidade de falar alto, fascina-me que consigam andar na faixa central da autoestrada durante tanto tempo e a forma como se riem de um café só custar um euro nas estações de serviço.
Fascina-te? Só de ler o parágrafo fiquei nauseada.
ResponderEliminarConfunde-me o fascínio pela ignorância ou por sinais confrangedores de um desejo de igualdade promovido por imagens criadas pela televisão ou revistas de gosto muito duvidoso.
ResponderEliminarGosto sempre dos seus comentários, posto isto, creio que o Pipoco optou por não ser cruel, ao usar neste caso, a palavra fascínio.
EliminarPensava que já não era tanto assim, pensava mesmo, tenho tido a sorte de me deparar com uma outra estirpe de emigrantes, ao ponto desta me ter parecido uma descrição de há 20 anos atrás.
Ficámos também a saber mais alguma coisa sobre o Ruben, é filho de emigrantes...
O meu amigo está enganado. Aqui, bem junto do literal, a roçar na capital, também desses badanos. Os trolhas de outrora disfarçados de avecs.
ResponderEliminarAbomino esse comportamento! Fugo dessa gente a sete pés! Acho tão ridículo!!
ResponderEliminarAh! D. Pipoco! Eu a julgá-lo curado, ou pelo menos arrependido. Essa sua tão renitente peçonha contra os avecs! Velha de quase dois anos, recorda? Essa sobranceria elitista! Olhe que há maneiras mais eficientes para atrair o aplauso e a admiração das meninas da Linha, do que descer a censurar o pasmo dos simples pelo preço da bica.
ResponderEliminarDesta vez não aceito duelos. Para meu mal e sua salvação, o reumático impede-mo.
Meu caro J. Rentes de Carvalho, também eu me julgava curado. Mas bastou uma paragem de minutos na área de serviço de Pombal, a caminho de Coimbra para ir ver o Sporting, mais uma tarde de domingo no rio Alva para me regressar a maleita. Nestas alturas, fico primeiro moderadamente possuído, uma espécie de tremor, depois tento ser civilizado e peço ao Patrick para não gritar tão alto, que nós sabemos que ele existe, que gostamos muito dele, mas depois chega o pai do Patrick com aquelas camisas com palmeiras desabotoada até ao fundo, garrafa de Sagres mini na mão e pronto, desfaleço.
Eliminar(se me lembro do duelo do ano passado? Caramba, não tenho feito outra coisa senão esbracejar para chamar a atenção do meu caro e trazê-lo de novo à lide! Tive que usar este expediente rasteiro dos emigrantes, era a minha última cartada...)
(os nossos emigrantes na Holanda? Uma categoria, nada a ver com estes que estão "na França"...)
ahahaahahahahah
Eliminarxi e eu a pensar que isso era tão anos 90 e afinal ainda à disso, os poucos que conheço só se queixam, tem mais sorte que eu.
ResponderEliminarNão te preocupes que mais uns anos essa raça está extinta e é substituída pela malta do Iscte e da Nova. Mas com esses não tem piada gozar né? Sobre que temas poderá o Toni escrever para as suas canções? Eu acho que será um mundo mais triste quando não os tivermos a vir pela "autorute" de "frenetre" aberta com o seu galo de barcelos pendurado no retrovisor do carro alugado para impressionar. Eu sou imigrante e sou bem mais normal,zero peculiar ou especial, não vou poder continuar esse legado.
ResponderEliminarHa, ha
ResponderEliminarO Tio agora fez-me lembrar as férias de verão do ano passado que o meu marido nos obrigou a ouvir C4pedro o tempo todo.
I <3 emigrantes
(até porque a maior parte das minhas pessoas o são)
Pipoco, filha de ex-emigrantes, revejo-me em algumas das suas palavras.
ResponderEliminarOs meus pais pertencem à vaga de emigração de 70, época áurea que muito dinheiro trouxe aos cofres do Estado, permitindo a proliferação de Pipocos por aí.
Se gostavam de ostentar? Diria, antes, que gostavam de viver, aqui e lá.
Falar francês por cá era uma raridade, contudo ainda me lembro do momento em que o meu pai entrou num café conhecido da cidade e me presenteou com uma interpelação em francês. Se não morri de vergonha, na hora, foi milagre da santa padroeira da terra.
Recordo-me de ter ficado lívida e hirta e de ter renegado o estatuto dos pais durante algum tempo, cabisbaixa, sempre que me falavam do assunto.
35 anos depois, olho para esse dia com saudades, por perceber que muitos dos emigrantes de outrora, que me faziam rir às lágrimas pela genuinidade de quem não sabe para mais, já não estão entre nós.
(Meu caro José Rentes de Carvalho, sou sua fã. Bem haja por me ajudar a proporcionar momentos ímpares, através da sua escrita- gosto de contrariar o PNL.)
(queria dizer 25 anos depois...na realidade, 28)
ResponderEliminarJá fiquei mais incomodada, (ou se preferir, fascinada) com o tipo de comportamento estereótipo que descreve. Com o avançar da idade fui trocando grande parte do sentimento de incomódo e vergonha alheia por compaixão e paciência. Bastou-me perceber as dificuldades que rodeiam estas pessoas nos restantes 11 meses do ano, em especial desta geração que emigrou na década de 70, que fez vida a trabalhar arduamente dedicando-se a tarefas pouco procuradas e desejadas pelos nativos lá do "estrangeiro".
ResponderEliminarAssim sendo, que interessa que cheguem às terrinhas ao volante de modelos alugados que copiam do patrão, que se comportem de forma meio azeiteira, que se queiram exibir, dar-se a ares de bem sucedidos numa forma sui generis. Se os anima, força. Sejam felizes. Tolerá-los é acarinhá-los, pelo menos na minha óptica.
Para além que existem paralelismos com todas as outras tribos que por aqui habitam o ano inteiro. Alguém que sente a necessidade de sublinhar que uma alpercata é uma Paez, e muitos dos que frequentam os gin bares da moda não serão assim tão diferentes, pois não?
Qual é a diferença entre estes que refere e as gentes cosmopolitas que ostentam os seus Louboutin e Vuittton, enchem blogues e páginas de Facebook e Instagram com fotos de migalhas de comida em restaurantes caros e fazem questão de estar em todos os sunsets da moda? Quase que se justifica mais a necessidade que os primeiros têm de mostrar aos seus que partiram, mas valeu a pena, pois a vida sorriu-lhes. E os segundos? Qual é a necessidade que os move?
ResponderEliminarMas o Pipoco há-de ter uma rubrica dedicada a cada "grupo", ou não?
EliminarPergunto se tem familia emigrada?
ResponderEliminarAh! que saudades do velho Tio Pipoco Vs Emigrantes (com o maravilho Rentes a apimentar). Agora sim, senhores e senhoras, começou o mês de Agosto, cuidado com os azeiteiros!
ResponderEliminarE já agora, Parabéns sinceros à Mãe Preocupada! Belo texto!
EliminarA Mãe Preocupada bem poderia ser um JRC de saias! Sublime, a sua escrita.
EliminarAcabei de ler e gostei muito! Acutilante, mas não menos verdadeiro.
EliminarCaro JRC acuda-me aqui, estou tão furiosa, mas tão furiosa com alguns comentários que nem sei o que lhes dizer... não, não sou emigrante, sou filha de quem nos anos 60 fugiu das aldeias e vilas, e se abeirou das grandes cidades onde havia fábricas, liceu ...
ResponderEliminarExatamente, gente que, para ter direitos básicos como um emprego modesto com descontos para uma reforma digna, escolaridade garantida aos filho e dependentes, etc. teve que se afastar, e muito, de Portugal. Posto isto, é inegável: o loiro extravagante, os padrões exóticos e o pasmo perante os preços de cafetaria portugueses, e acrescento: o mini chien pela trela.
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