01 outubro 2013

Pequenas pinceladas do quotidiano de Pipoco

Estava a chover e o tipo de barba abriu a porta do carro que estava à minha frente no semáforo da Praça de Espanha. Quase ao mesmo tempo, a mulher que estava no carro do tipo com barba também abriu a porta e saiu do carro. Esperava-se que trocassem de lugares, coisas lá da organização deles. Mas não, antes da mulher ocupar o lugar do condutor cruzaram-se na traseira do carro, o tipo de barba tirou uma mala e beijaram-se. O sinal passou a verde e o tipo da barba continuou a beijar a mulher. Eu estava com pressa e não buzinei. Ninguém buzinou. A mulher correu para o lugar do condutor e arrancou. O tipo de barba levantou a gola da gabardina, olhou para mim, estendeu o polegar e fomos todos às nossas vidas.

31 comentários:

  1. Respostas
    1. Isa, é post para um determinado público.

      (está fofinho, não está?...)

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    2. adorei. Não buzinaste, não interrompeste, ng o fez, descreveste a cena aqui. há uma réstia de esperança nesse teu coraçãozinho racional. :p

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  2. Era um fiat uno de 92 com um gajo careca com ar de drogado e uma gorda desdentada com idade para ser mãe dele?
    (o pipoco oculta propositadamente a informação mais interessante... tsss tsss, isso não se faz)

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  3. The love car, exciting and new
    Come aboard. We're expecting yoooou...

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  4. Não se apressa o amor!

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  5. Anónimo1.10.13

    O amor é assim!

    Beijinhos

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  6. Anónimo1.10.13

    Adolescentes sem carro, iamos para a praia de boleia com amigos. Sentados no banco de trás, uma tarde, beijavamo-nos devagar, protegidos do angulo do retrovisor.

    Olho pelo vidro descontraidamente, aninhada no braço dele. Colados ao carro dois capacetes negros espelhados. Não lhes vi a cara, gostei de não lhes ver a cara, sorri. Fomos todos às nossas vidas.

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  7. Um post para as meninas, que lindinho sr. Pipoco

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    1. E para as velhas também, porque eu gostei . Ahhh, l'amour....

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  8. Hesito sempre antes de fazer um "fixe" com as mãos ao condutor do carro de trás, considero-o um sempre um gesto bem mais cool que eu.

    Talvez tivesse sido a ausência de buzinas, estranhei tamanho silêncio pelo meio da chuva que caía, não é normal. Normal seria ouvir o tipo do carro de trás a buzinar e eu esticar-lhe o dedo do meio, esperando uma reacção para inverter o gesto a um convite estilo Neo no Matrix.
    Vinde meu caro, vamos debater filosofia enquanto dentes e sangue se juntam à chuva que cai no asfalto.

    Talvez tivesse sido uma estupidez, no meio de um tempo que toda a gente insiste em chamar de estúpido, mas que me faz pleno sentido.
    Mas não foi isso que aconteceu e ninguém me estragou aquele momento, aqueles segundos mágicos em que, apesar desta barba e desta idade, me despeço da minha mãe com um sentido beijinho quando ela me vai levar ao trabalho.

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    1. Anónimo1.10.13

      Mak... primeiro ri-me desalmadamente, depois fiquei de coração mole, mas... voltei à descrição do Sir, e ainda que não tenha sido dito em momento algum que as bocas se colaram, parece-me que os sinais da praça de espanha levam ainda alguns minutos a mudar do encarnado para a cor mais linda do mundo. ora assim sendo... não terá sido esse beijo à mãe demasiado edipiano?...

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    2. Anónimo1.10.13

      O filho muito amado sabia que nada é garantido na vida, nem na morte. E por isso, beijou a Mãe como se fosse a última (dose?) e não percebendo que há diferença entre o vermelho e o verde, acreditou que o condutor do carro que estava atrás era mais uns dos voyeur que a cidade tem e a solidão alimenta. Cool, levantou o dedo tipo like, adivinhando que a escrita criativa ajudaria a escrever a cena e que o fulano com ar de facínora que estava ao volante, no carro atrás, iria fazer um post fofinho.

      Maria Helena

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    3. Anónimo2.10.13

      ar de facínora?!? Sir Pipoco?!? Maria Helena, não me «desconjunture» a imagem do Sir! :)

      Imagino a mãe, divertida, a entrar na brincadeira, a deixar-se mimar pelo seu pequeno (afinal para as mães eles nunca crescem) e a rir-se por dentro que nem uma perdida. sabia que mais tarde, pelo anoitecer, o pequeno havia de escrever sobre o momento e rir-se-iam ambos as dezenas de comentários na caixa de tão nobre voyeur...


      :)

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    4. Anónimo2.10.13

      like like like !!!

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    5. Anónimo2.10.13

      Só se deseja o que se vê, conta o Hannibal naquele filme dos lambs e, sim, todos os elegantes têm o seu quê de facínoras quando estão na Praça de Espanha, junto a sinais. Raramente as mães são divertidas quando pressentem voyeurs em bons carros e com hipótese de fazerem tipo post fofinhos. Os comentários são faits divers tipo fofinhos, acredite,

      Maraia Helena

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    6. Anónimo2.10.13

      Maria Helena, nem sei que lhe diga... de um Sean Connery enxuto e com menos cinco ou dez anos que o original, transferi a imagem do Sir para um Hannibal papa-miolos... olhando de novo a cena, agora guiada pelas suas palavras, estou em crer que a mãe, astuta, protegia o seu pequeno nas garras do facínora (veja como já o retrato de facínora e nao com ares de) e quiçá da perversa maldade deste, ao passar mesmo ao centro da poça de lama, simplesmente para soltar uma gargalhada sonora... enquanto o rapaz se julgava traquinas, beijando a mãe à exaustão; a mãe, galinha de garras afiadas pela sua cria, salvava-lhe a roupa limpa e o bom humor do dia inteiro.

      :)

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    7. Anónimo2.10.13

      Nada como mães e mulheres inteligentes para se deliciarem com o fígado de facínoras em carros tipo alta cilindrada na praça de Espanha. Não se esqueça que os post tipo fofinhos têm a patine dos Rick deste piano...

      Maria Helena

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    8. Anónimo2.10.13

      :) foi um gosto, um prazer, Maria Helena, realizar este «filme» consigo. para finalizar, imagino, mães e mulheres inteligentes, todas de roda do facínora, de colher na mão, batendo com ela na mesa em ostinato, esperando a vez para provar a basta mioleira...


      forte abraço.

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    9. Isto da intensidade dos afectos é algo bastante vasto. Veja-se o exemplo de Commodus em relação a Marcus Aurelius, seu pai, versão Gladiador:

      http://movieimage4.tripod.com/gladiator/gladiator14.jpg

      Abraça seu pai sentidamente, mas usa esse abraço para o cilindrar.

      Felizmente, não tenho encontrado muitos imperadores romanos no trânsito.

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    10. E como seria sacrilégio afirmar que Nosso Senhor é um intragável facínora.... Tomai e comei todos. "Bowels in or bowels out?"

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  9. Anónimo1.10.13

    Instantâneo muio plástico, muito cénico, vívido, belo.
    Estamos na cena,num dos vários semáforos da Praça de Espanha.Curioso tanto silêncio, é verdade.
    Mas como era a mala ? não calcula a falta que me faz mais detalhes...

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  10. Aposto que era a amante (ou o amante)...
    Ninguém deixa ninguém assim no meio da Praça de Espanha! Ficando na PE, onde é que uma pessoa vai? À embaixada de Espanha?! Vender pensos nos semáforos?! Apanhar a TST?!
    Naaaa... Chama-me descrente (sim, agora que nos conhecemos, acho que te posso tratar por tu... sou uma nacional-porreirista, como saberás) mas, para mim, essa história não bate certo!

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  11. Parece-me bem que ninguém tenha buzinado... na realidade, somos todos uns corações moles! :p

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  12. É um post fofinho, é. Diz que ninguém buzinou?! Estamos a melhorar como povo, estamos estamos.

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  13. Anónimo1.10.13

    Parece-me bem. Acho bonito que uma pessoa que é mesmo pessoa não contenha os instintos amorosos. Pior seria se tivesse ficado parado no semáforo por causa de 2 tipos que resolveram andar à pera.

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  14. Anónimo1.10.13

    Como é que era o tipo? E a mulher? Qual a marca do carro? Ó tio tem de pormenorizar :)

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  15. Ahahahahahahahah! Fantástico!
    O amigo Mak descreve a perspectiva da personagem masculina. A amiga Anónima expõe uma visão de personagem feminina em circunstâncias análogas. O meu amigo Salgado sempre como romântico narrador onírico.
    Fica em falta a narrativa do sr. do carro de trás, simpático não ter atacado selvaticamente a sua buzina ou cabelo ou a amante a seu lado, verberando grosserias, cabeça à chuva fora do carro, desconhecendo o terno momento lírico logo ali à frente (ou seria um autocarro, motorista igualmente deleitado ou entorpecido com a cena, ou uma camioneta de operários da construção civil rejubilando em piropos inaudíveis no tropel de chuva, em olvido do martírio que os aguarda para o resto do dia?), para termos aqui o quarteto da praça de espanha digno do próprio Durrell.
    Fantástico meu caro amigo! Fantástico! Sem drama mas com muita paixão.

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  16. Anónimo1.10.13

    Então mas o automóvel de trás não era o do PMS ?
    (não devo pertencer "ao determinado público" se não percebi ....)

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  17. Anónimo1.10.13

    O pipoco foi à sua vida e o desgraçado ficou lá à chuva!
    Tio, ele levantou o polegar para si a pedir boleia :))))

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  18. Ainda há romance!
    Gostei aqui do sítio. Vou adicionar à minha lista no meu Amendoins e coca-cola.

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