E de repente, a meio de Die Zauberflote, um ressalto na estrada desconecta o aparelho que tem quase todas as músicas da minha vida e passa para o rádio, para uma música que me faz recuar no tempo os anos suficientes para eu voltar ter nos pés uns velhos Adidas Nastase, o Blitz à terça e o Independente à sexta debaixo do braço, uma boleia numa Yamaha DT, um pólo preto Benetton, umas calças de ganga Wrangler, uma máquina fotográfica Zenit onde só usava rolos a preto e branco e comprei em Bratislava, ainda Bratislava ficava na Checoslováquia, um blusão de penas Duffy, os A-Ha e os Alphaville, o Jordão e o Damas, um marcador de livros que era um bilhete de entrada para a casa do Kafka.
Quando acabou a música, abrandei para os regulamentares limites de velocidade, dei um jeito ao aparelho que tem quase todas as músicas da minha vida, os génios devolveram a flauta a Pamino e Papageno, sorri e pensei que estes tempos não são piores.
isso é um post de vou ali aos anos 90 e já venho?
ResponderEliminarAnos 90?! Acho que é década de 80...
Eliminaré capaz de ter razão sim, vi com os meus olhos e para mim era 90's por algumas referências, mas há ali exclusividades dos 80's
EliminarNós, os burgueses, somos assim. Complacentes com a austeridade dos tempos actuais...
ResponderEliminarDiria anos 80.
ResponderEliminarDeLorean? :)
ResponderEliminarE nota-se, sabe?
ResponderEliminarQuando, em forma de post, conta-nos os seus regressos ao passado, nota-se o carinho com que recorda "o miúdo", as aventuras "do miúdo", e nota-se, que "o miúdo" tentou viver tudo o que lhe fazia sentido, aproveitando as potencialidades da época, e, ajustando-se, o melhor possível, às condicionantes. Nota-se uma grande ternura por essas memórias, por esse miúdo, mas, também se nota, e isto por muitos posts fora, diria até, que também pelo próprio blogue, que, o homem, não se deixou ficar congelado nesse tempo "do miúdo", não morreu aí, naquela morte que acontece muito antes de tempo e que até tem tradução em frases como, "Naquele tempo é que era", "No meu tempo", "O melhor tempo da minha vida", "Isto agora...".
"O miúdo" foi crescendo e terá continuado a aproveitar as potencialidades de cada época, ajustando-se, o melhor possível, às condicionantes. E eu, nesta arrogância de quem, apenas acompanha um blogue, e, afinal, apenas acabou de ler um post, digo-lhe, que não tenho a menor dúvida, o homem sorrirá e pensará que estes tempos não são piores, até um considerável número de vezes.
(e olhe que este post também é de considerável boniteza)
fantástica, cláudia, esta sua hermenêutica. ainda por cima em texto tão denso, tão cifrado, eu sei lá.
EliminarAnónimo/a, aceita um sorriso? Antecipo-me e deixo-o já aqui :-)
EliminarEra meio betinho...nos anos 80, claro.
ResponderEliminar~CC~
Retrato de um beto, em suma. Tive alguns amigos desses mas eu tinha que ser diferente.
ResponderEliminarEstive quase a comprar uma Zenit TTL, em Moscovo. Mas comprei antes uns binóculos. Na altura arrependi-me mas ainda hoje uso os binóculos.
die Zumba? die Zubauer...flo? d-Ie zau B'erflo-te?! flô-te?!
ResponderEliminarf......
e um malvado ressalto deslocou-lhe o braço, digo, o fio do bluetooth?!
f......
Nastase, Blitz, Independente("!", o CM de uma era)?!
f......
Benetton, Duffy, A-Ha, Alphaville?!
(o do Godard ainda vá...)
mas, A-Ha?!!!
minha nossa senhora!
Pipoco ensandeceu com os malditos problemas das mulheres, recuou à infância, e começou a falar em línguas!
f......! é guardar as crianças, tirar os velhos da frente, e fugir!
Mulher!
Sim, TU aí, mulher!
Criatura de perfídia!
Sente-te culpada por isto!
Pamina
ResponderEliminar