24 janeiro 2017
Tuga Hygge
Caminhar no Guincho contra o vento, de olhos fechados, comer pastéis de Belém ainda quentes sem ter esperado na fila, ir ao Museu Cargaleiro só para ver os quadros das minhas serigrafias, comer um sargo que acabei de pescar, abraçar o pescoço de um cão Serra da Estrela muito grande, beber café Camelo antes das oito da manhã, aquecer as mãos numa fogueira com madeira de azinho, subir às muralhas de Marvão e não dizer nadas, uma imperial Super Bock nas roulottes de Alvalade depois de um jogo em que ganhámos ao Benfica, dizer Herberto Hélder em voz alta na rua num dia de muito nevoeiro, beber vinho tinto do Douro num jantar de amigos que contem histórias de viagens, comprar um cobertor de papa e usá-lo numa noite de muito frio, adormecer na praia da Amália ao fim da tarde, comer manteiga do Açores com pão alentejano acabado de sair do forno. E que mais?
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Escalar as muralhas do Marvão, já fez algo que nem espanhóis nem franceses conseguiram, o café camelo é aquele do dromedário na chávena [pormenor estranho mas quem sou eu], não é mau...
ResponderEliminarNum descampado, à luz das estrelas, crianças, jovens e adultos a aquecer corpo e alma -- à volta da fogueira -- a degustar espetadas de marshmallows previamente semi-derretidos na fogueira, após um raid nocturno.
ResponderEliminar[coisas de escuteiros :)]
O raio de sol no corpo gelado, depois de um mergulho numa lagoa algures no norte. O beijo da nossa mãe na testa para ver se temos febre. O estalar da lenha num acampamento selvagem. O cheiro da carne na grelha. O sonho com o beijo que nunca chegamos a dar. O som do respirar dos nossos filhos a dormir num quarto quente numa noite de tempestade.
ResponderEliminarPois sim, pois sim...
ResponderEliminar(Voto nisso do cobertor de papa - não tenho nenhum. Os 'edredons' são muitíssimo mais confortáveis, mas que quer, gosto daquele peso que quase nos imobiliza, como aquele abraço envolvente que damos aos bebés quando estão muito agitados)
...caminhar ao longo do passeio junto à praia de Leça da Palmeira numa tarde fria e soalheira de inverno, estugando o passo quando o vejo sentado no paredão junto ao seu grande cão e sorrindo ao frio cortante caminhamos os dois (três) para a casa de Chá da Boa Nova...onde um chá quentinho nos espera.
ResponderEliminarEntrar em Lisboa pela ponte sobre o Tejo num dia de sol ao fim da tarde, deitar na cama depois de um dia a andar de barco e sentir as ondas, roer quatro wafers de baunilha de seguida, olhar para os Jacarandás em flor, acordar às onze da manhã com vento sueste, o cheiro do primeiro dia de Primavera, peixe cozido com batatas, ovo e cenoura, tudo esmigalhado em forma de vulcão, acompanhar uma obra, sentir a adrenalina das boas ideias, fazer festinhas nas orelhas de veludo do Canis ou na barriga da Cutxi...
ResponderEliminarVer o por do sol vermelho a anunciar o calor do dia seguinte
ResponderEliminarOuvir as ondas bater
Deixar areia fina escapar por entre os dedos
Cheirar um peixinho acabado de assar no carvão
Saborear uma stout fresquinha ao fim da tarde
Lindo, faz-me lembrar a minha lista das 50 coisas. Adorei os detalhes.
ResponderEliminarAh, sim, e correr (e caminhar) de olhos fechados, a sentir o vento e o sol na cara, é das melhores descobertas de ultimamente :)
EliminarViajar de carro ao lado de um grande amor, olhar para o horizonte, para toda aquela estrada à frente, e pensar que sim, não existe nada melhor do que a sensação de que a vida é bem melhor quando se encontra alguém que que olha na mesma direcção. Apertar as mãos como se se abraçasse uma chávena de cacau quente num dia muito frio. Olhar fotografias de momentos muito felizes e voltar por breves segundos ao mesmo sitio onde se foi feliz. Olhar para o meu pai e pensar que ainda bem, o meu pai anda está vivo. A sensação de um bom banho morno depois de um dia para esquecer. Receber o ordenado no final do mês e pensar que isto de não depender de ninguém é capaz de me dar liberdade de poder ser um pouquinho mais livre. Olhar para o focinho do cão encostado ao meu joelho olhando-me com uns olhos doces como se precisasse de mim, quando eu sei que eu é que preciso dele. Sentir que viver pode muito bem ser a melhor coisa que alguma vez me aconteceu.
ResponderEliminarCorrer pelo jardim a fugir da água da mangueira, ter as páginas do livro que leio inundadas pela luz do Sol, comida alentejana, a alegria dos meus cães ao correrem para mim, uma música que me traz memórias, o céu de Lisboa, o rendilhado dos ramos desnudos das árvores contra o céu a escurecer, beber água quando tenho muita sede, conduzir na Islândia.
ResponderEliminarO sol das 18h duma tarde de Maio, o cheiro de um livro antigo, dançar no meio da rua (no mesmo final de tarde de Maio) ao som de violinos e violoncelos. As jacarandás. O cheiro da terra molhada no final de Setembro. O deitar numa cama acabada de fazer. Os dias de sol de Inverno, em que sentimos o vento a passar na cabeça. Poderia referir o pão quente, mas tio Pipoco já falou, mas acrescento o café de filtro acabado de fazer.
ResponderEliminarMar, água fria, ondas enormes, só para Nós...
ResponderEliminarCaçadeira, comunicação social, confinado no WC, atrapalhação com a caçadeira, porta trancada, sandes de delícias do mar, uma longa espera...
Outra gaja boa...
Estará na altura de lhe mandarmos alguém? Precisa de reforços?
Eliminarah, bela e terrível Capitã, há coisas para as quais quatro já são um a mais...
EliminarUma espécie de sinestesia:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=diSjycDpIhw
A preia-mar em Moledo: o forte ao fundo, o monte altaneiro vigilante e... as mãos fadas que haverão de me trazer à mesa um robalo grelhado (pescado à linha) em cama de grelos com um finíssimo fio de azeite.
ResponderEliminarler isto tudo que está lá para cima, e sentir como se fosse comigo.
ResponderEliminarUm dia muito frio e moderadamente atarefado. As crianças já a dormir e o aquecimento ligado há já um par de horas. Tomo um duche a escaldar e de lá voo para uma cama mudada nesse dia. O meu marido traz-me uma chávena de leite quentinho e deita-se ao pé de mim.
ResponderEliminarAquela primeira hora numa cidade que se visita pela primeira vez. Lençóis de algodão egípcio. O alívio imediatamente após cada aterragem de avião. Livros novos à nossa espera. As oito da tarde de verão, no mar, dentro de um barco. O abraço dos amigos. Aqueles raros dias em que sabemos que mudámos a vida de alguém. O final de um bom dia de trabalho. Pão de ló com doce de ovos.
ResponderEliminarBeber café feito por mim numa cafeteira antiga onde já a minha avó o fazia e ter de ser numa caneca cheia ou já não é tão bom, ir ao quintal à noite quando o meu pedaço de mundo já está em silêncio e ficar ali só assim até me apetecer, nadar e nadar e nadar e boiar e boiar num mar calmo e sentir o corpo completamente livre e a voltear sem peso, uma bifana ou um cachorro ou um pão com chouriço numa roulotte depois de um jogo em que ganhámos ao Sporting, ao Porto ou a uma qualquer equipa da liga dos campeões, insistirem em ter a minha companhia mesmo quando a mim não me apetece, um almoço ou jantar de amigos e contarmos coisas uns aos outros seja lá do que for, sorrisos francos de desconhecidos só por termos sorrido para eles, sim, ai! pão quente e a manteiga ali assim a derreter e pronto vou parar com isto...
ResponderEliminar(O café Camelo é horrível)
ResponderEliminarFazer um poema simples.
ResponderEliminar...só mais isto...ler este post e depois as pessoas terem alinhado nos comentários e ficar assim uma coisa muito bonita, é capaz disto ter sido muito Tuga Hygge...
ResponderEliminarNão fosse a insuportável, claro,- mas a malta já nem liga-, lembrar-se de vir dizer que gosta de cagar... (e pelos vistos sou só eu, o que não é lá muito bom sinal)
EliminarSe já tivesse lido Ulisses de Joyce (para mim é Ulisses que não ia suportar ler aquilo sem ser em português, para dificuldade já basta) ia ficar a saber que Leopold Bloom também, está bem que é uma personagem de ficção, não sei se vai servir-lhe de consolo, mas pelo menos há um outro caso e pode ser que já não se sinta tão sozinha...(estou a responder-lhe a rir e se estivesse à sua frente ia ter direito a piscadela de olho e tudo, mas, vá lá, Lady Kina, mais duas ou três coisas, bolas, não acredito que só goste "de cagar"...
EliminarJá começa a variar da cabeça Lady Kina? É mesmo ter vontade de estragar um post que estava a ficar tão bonito.
EliminarSua Lady ranhosa, desmancha-prazeres...:((
Acho que isto ainda vai mesmo acabar em modo tuga hygge: cada um a puxar a brasa à sua sardinha e o pé a fugir pro chinelo...
EliminarPeço-lhe mil perdões, caro PMS.
moderação de comentários precisa-se tio pipoco
EliminarEstou certa que quer o Pipoco quer a Lady Kina perceberam a intenção da minha resposta.
EliminarCoisa realmente feia nisto: "Estou certa que..."
EliminarFica a emenda: "Estou certa de que..."
Um grande bem-haja a esse senhor Joyce, James Joyce, à conta de quem a Cláudia Filipa até se ri com os meus comentários escatológicos e com um não-sei-quê de provocatório. E ainda me pisca o olho?!
EliminarE agora, Maria Antonieta e Cláudia, que eu não sou só ranhosa e desmancha prazeres, insuportável e chineleira, também sou uma pessoa sensível, passo então a partilhar "duas ou três coisas" de que gosto, para além daquela já aqui apresentada, naturalmente:
ser a primeira a acordar e a levantar-me, com folgada antecedência em relação a qualquer responsabilidade ou obrigação, e escutar em silêncio o silêncio que é comum existir de manhã ainda cedo. perceber quase tudo ainda quieto, prestes a recomeçar.
Raios e coriscos,
EliminarAs Meninas levam isto mesmo a sério!!!
Ainda não ouviram o Grande Educador que é Sua Exa. O Senhor Presidente da ??pública?
(penso que é crime escrever isto...)
Toca a descrispar.
O que quer que isso seja estará muito próximo do hygge de D. Pipoco.
De qualquer modo Ele está certo. Tem havido paz social.
Há muito que não vejo um condutor atropelar intencionalmente um velhinho a atravessar a passadeira.
Meu caro Pipoco, não há maneira de ser compreendido pelas Mulheres. Admiro a Sua contumácia.
Comer sapateira recheada a acompanhar uma imperial ali praticamente em cima da Praia Grande, morrer descendo o poço da Quinta da Regaleira em Sintra e renascer acertando depois na saída, ouvir fado ao vivo em Alfama, comer sardinhas assadas em junho numa das ruas de Lisboa, assistir a La Traviata de Verdi no Teatro Nacional de São Carlos (por cumprir), passar ao lado da bandeira nacional gigante que está no topo do Parque Eduardo VII e sentir uma emoção que não se explica, ver quatro velhotes a jogar às cartas numa mesa de jardim à sombra das árvores. Chegar a casa.
ResponderEliminarÉs pior do eu, Susana...
EliminarAcho que a ideia era elencar prazeres assim de pobrezinho. Nada de S Carlos e isso!
(Ó Cuca, mas é no São Carlos que eu conseguirei assistir à minha ópera preferida ao vivo, da forma mais em conta... em qualquer outro lado do mundo iria pagar muito mais...)
EliminarFoi bom a Madame Butterfly, não foi? :-)
Foi taaaaaao bom!
EliminarSubir a Óbidos e comer pão-de-ló de Alfezeirão a ver o pôr-do-sol na Foz do Arelho.
ResponderEliminara Lareira, um livro do Rodrigues dos Santos numa mão, um do Valter Hugo na outra, o coração a crepitar de emoção.
ResponderEliminarNessas ocasiões a lareira acesa dá sempre jeito...
EliminarBravo!!!
EliminarFoi encontrado o vencedor do Tuga Hygge.
Ehehehehehe
Passear ao pé do mar e sentir a maresia. Comer fruta doce numa tarde de verão. Ver fotografias acabadas de revelar. Café e pastel de nata. Dormir no peito de alguém que se gosta muito. Broa quente feita pela avó num forno de lenha com manteiga derretida. O cheiro do ar e dos eucaliptos no campo. Acordar numa cidade nova com o dia pela frente.
ResponderEliminarPassear entre neons e fumo ao som do Tom Waits e imaginar-me junto ao Caeser's. Subir todos os degraus de altíssima escada em caracol e acabar a dançar um slow com um homem que me fala numa língua desconhecida mas sabe o meu nome. Trocar o resto da noite no terraço pelo começo de uma viagem a Big Sur. Voltar a fechar os olhos quando escuto uma voz falando dos problemas do sistema bancário em Portugal.
ResponderEliminarLeitora que suspirou ao escrever isto.
Manteiga das marinhas meu caro! considerada das melhores do mundo! Um caro como o senhor pipoco não se pode contentar com a dos Açores
ResponderEliminarNunca comentei, mas há sempre uma primeira vez. E o que é que me fez comentar este post? “abraçar o pescoço de um cão grande”... lembrei-me do Óscar, um mastim dos pirinéus que tive. Se os melhores beijos de/nos cães são os dos buldogs ingleses, cão que tenho agora, os melhores abraços de/nos cães são nos cães grandes e peludos! Quanto ao resto, tantas coisas tão simples e outras menos... um copo de vinho branco gelado numa espreguiçadeira do Fontelina beach club, com os olhos postos no mar Tirreno (depois de um mergulho no mesmo)/um copo de vinho branco gelado no terraço/bar do Hotel Raya!
ResponderEliminarLamejinhas no Sr. Domingos ao fim da tarde, chupar o cabelo com água salgada, lençóis frescos em noites quentes, cheiro a palha quente, andar à chuva, abrir a janela para deixar entrar o cheiro a terra molhada, respirar fundo no topo de uma montanha (de preferência gelada), sol de inverno...
ResponderEliminarLevantar com as galinhas e ir buscar acabado de fazer pão da Lagoinha, na Lagoinha, apanhar laranjas e fazer sumo fresco com elas, apanhar uma rosa antes de entrar em casa e colocá-la na mesa e fazer o pequeno-almoço para dois, apanhar ameixas para o jantar, visitar o Castelo de Palmela ad infinitum, visitar tantos outros tanto consegui, fazer tertúlias com os amigos naquelas garagens até o sol raiar e achar que já é hora e na Figueirinha também, fazer de Epicuro tanto quanto possível com o Alentejo como eleição, e capitais Europeias tanto quanto possível, conduzir um Fiat Uno 55s para as férias de verão com amigos para o Algarve e para as passagens de ano, tantas histórias, beber um vinho tinto que goste acompanhado com pão e queijo da Cachopas, ou só o vinho também serve, sozinho ou acompanhado, ter orgulho no trabalho produzido e realizado e "sacar" aquela ideia - tendo temporariamente perdido essa faculdade, só esporadicamente - ser afagado na barriga por um gato muitas noites enquanto estava ao computador ou lia um livro, vir para a rua sempre que quisesse e ficar até hoje incrustado com o cheiro a eucalipto, podia percorrer aquelas ruas de olhos fechados que saberia onde estava...
ResponderEliminarNão podia querer menos, podendo ter mais
O Pastel de Belém não ficou aqui nada bem
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