19 setembro 2016

Ainda da maturidade

De que me servem os vinhos exactos, irrepreensíveis, que deixam no palato um final de frutos vermelhos e madeiras de Califórnia, de que me servem mulheres perfeitas, das que sabem de livros e de artes sábias, de que serve o carro perfeito, preto, veloz e colado à estrada nas curvas apertadas, de que me servem pistas com neve virgem, com declive acentuado e adrenalina alta, de que me serve a música tocada sem erros, de que me serve o futebol linear, eficaz, de que serve tudo isso se cada vez mais dou por mim viciado nas imperfeições, se o que realmente me capta atenção são as peculiaridades que torna humanas as grandes obras?

4 comentários:

  1. Que bem que o meu caro citou Manoel de Barros: "a minha incompletude é a minha maior riqueza".

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  2. Anónimo19.9.16

    A perfeição é uma seca!

    :)

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  3. Que bom, é saber que renho lugar neste mundo

    :))

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  4. Cláudia Filipa19.9.16

    Venho a fugir do arquitecto Saraiva (já lá está tudo dito) e ainda estou em modo fugidio e então, Pipoco, deixe-me fugir só mais um pouco e desviar-me do essencial deste post que está a apetecer-me deixar umas palavras amigas para a perfeição, pode ser? Então aqui vão elas:

    Acho muito interessante a forma como todos estamos sempre prontos para enxovalhar a perfeição, normalmente chamando-lhe chata, aborrecida, desinteressante, como que a dizer que ela existe nós é que, perfeição pfffff!!! não a queremos nem pintada como se não estivéssemos todos também fartos de saber que ela é que não quer nada connosco e faz-nos a desfeita de nem sequer existir, se existisse não seria nem aborrecida nem chata nem desinteressante pela simples razão de que se fosse chata, aborrecida, desinteressante e outras coisas semelhantes já não era perfeição.

    (Wabi-sabi, foi o que o post me fez lembrar)

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