09 janeiro 2016

Moral da história?

Por circunstâncias várias e nefastas que não pretendo escalpelizar por incluírem doenças súbitas de indivíduos que ainda esta madrugada estavam como o aço, amigos com quem sempre falei a desoras subitamente incontactáveis e motivos de força maior alegados em última hora, vi-me na contingência de acompanhar cinco simpáticas meninas ao espectáculo da Pipi que passou hoje no Villaret pelas onze horas da madrugada. Boa cara, que as meninas mereciam que eu fosse o único homem adulto naquela sala, isto se excluirmos os tipos do som e das luzes (são sempre homens, há que ver isto) e o próprio pai da Pipi, um temível capitão pirata (aqui a quota está mais equilibrada desde que a Cuca se meteu ao caminho).

À minha frente, uns meninos e meninas de um colégio qualquer ocupavam três filas e confraternizavam como só os meninos e meninas da faixa etária seis-oito anos sabem confraternizar, em sossego e ordem, discutindo em voz baixa a informação prévia que tinham recolhido sobre o espectáculo, isto até que uma menina com óculos de lentes redondas começou a chorar porque um dos meninos a magoou porque disse que ela vinha vestida de pijama, isto soube eu porque as outras meninas vieram confrontar o facínora e houve mesmo uma menina de cabelos compridos e laço maior que as outras meninas que apontou para o desgraçado e lhe disse que ele era um bruto e que agora a amiguinha estava a chorar, até que o rapazinho foi pedir desculpa à menina dos óculos redondos e disse que estava a brincar que não parecia nada que ela tinha vindo de pijama à festa, e repetiu até que a menina dos óculos redondos acreditou no menino e deixou, finalmente, de chorar.

Eu fiquei a pensar que é melhor que a menina dos óculos redondos nunca mande em coisas importantes porque a verdade é que aquela roupinha que ela trazia vestida parecia mesmo um sacana de um pijama.

Moral da história?

19 comentários:

  1. Anónimo9.1.16

    Os amigos de Pipoco são mais inteligentes que Pipoco?

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  2. Lady Kina9.1.16

    Pipoco, então? ...

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  3. Não percebo essa dinâmica, que sou da criação da escola pública. Se um colega me chateava tratava do assunto sozinha. Nem faz ideia do poder dissuasor que tem um banano num colega chato.

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    1. Lá está, mas a menina chorou e queixou-se a terceiros...

      (lá está a Izzie com o público vs privado...)

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    2. O texto não é explícito quanto a queixinhas. Passando por cima do óbvio nobody likes a cry baby/ a snitch, não percebo muito bem a necessidade de um mobbing. Eu cá nunca esperei que me defendessem, nem corro a defender amigos em situações de divergência de opinião. São pessoas perfeitamente capazes de o fazer por si. Se alguém brutaliza, agride ou insulta, aí será diferente. O que nunca faria seria essa coisa de ficar nos bastidores a chorar enquanto outros me tomavam as dores. Nem avançaria por alguém assim. Isso não é amizade, é mobbing.

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  4. (E não que me queira armar, mas entrei nisto da Pirataria sem sequer precisar das quotas. É de valor...)

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    1. E conseguiu um lugar cimeiro nisso da pirataria caviar...

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  5. Os meninos dos colégios bem educados, quando magoam uma menina, não têm problema algum em pedir desculpa (ainda que tenha sido necessário uma outra coleguinha tê-los chamado à razão) porque, mesmo parecendo um pijama, são só roupas, modas que vão e vêm, e o mais certo é que eles próprios, habituados que estão ao mesmo uniforme todos os dias, não perceberem grande coisa de moda. E a verdadeira amizade entre meninas é uma coisa bonita de se ver.

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    1. É isso é, Mirone.
      (se me perguntarem qual é o maior valor a unir as mulheres, eu lembro-me logo da amizade...)

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    2. Lady Kina9.1.16

      Ahahahahahahahahahahah!

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    3. Sim, sim, a amizade...

      ( e agora vou ali ao lado rir-me a bandeiras despregadas)

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  6. A idade prega-nos partidas, não é Pipoco. Lembrarmo-nos até ao mais ínfimo pormenor daquele episódio remoto, no verão de 1961, mas depois não conseguimos lembrar-nós do que comemos ao almoço. É natural, mas não deixa de ser triste, que não se lembre da amizade entre meninas.

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  7. Cláudia Filipa10.1.16

    Posso fugir um pouco à pergunta, Pipoco?
    O menino vai crescendo e aprendendo que isso de dizer tudo o que pensa pode trazer-lhe grandes dissabores, irá perceber que, nós as meninas, nem sempre lidamos maravilhosamente com a verdade.
    A menina vai crescendo e aprendendo que não pode ser tão sensível, que este mundo não é para meninas choramingas, irá passar a desembaraçar-se sem precisar da defesa de meninas com laços maiores do que todas as outras, até porque se um dia a menina com um laço maior do que todas as outras, por algum motivo, se zangar com ela, é muito bem capaz de lhe dizer qualquer coisa como: "Ao menos não sou como tu que andas sempre vestida de pijama".

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  8. Anónimo10.1.16

    Boa noite, tio. Aí estaria um bom post e tese de doutoramento "As farpelas embaraçosas que obrigam as crianças a usar a título de ser moda".

    Mas para não fugir à questão que coloca, a moral da história éeeeee "Assim se criam as fashion bloggers do futuro".

    'Tá dezido.

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  9. Moral da história 1: ainda se vai a tempo de recuperar essas crianças antes de se desenvolverem três criaturas muito particulares - uma xoninhas, uma falsa piedosa e um vira-casacas.
    Moral da história 2: soube, entretanto, que a menina foi vestida pelo pai. Depois não se queixem que a Zara Kids os ostraciza (passo a publicidade, mas é apenas para seguir a linha de Pipoco)!
    Moral da história 3: fosse isto noutro país, e a menina de óculos redondos iria pedir indemnizações ao pai, ao rapazinho e à menina do laço grande. Assim, colocaria lentes de contacto, faria umas "turbinadas" e seria uma defensora das meninas de óculos redondos vítimas de bullying.

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  10. Pipocante Irrelevante Delirante11.1.16

    Que boa parte das vezes as crianças se comportam como adultos?

    Ou será o contrário?...

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