09 maio 2015

Da paz nos blogues e outras bizarrias

Durante a minha curta ausência disto dos blogues para tratar de assuntos cá meus, Palmier de Encoberto, a nossa doce e ponderada Palmier, intranquiliza-se e partilha com o vasto auditório que isto dos blogues são agora uma ambiência soturna, uma espécie de submundo onde ninguém ousa rasgar o obscurantismo, um pouco como as Pinturas Negras de Goya.

Eu continuo a ver isto dos blogues como um quadro de Brueghel, o Velho, uma obra cheia de pormenores, com mensagens subliminares a cada canto, onde é preciso estar atento, onde cada coisa pode ser assim ou de outra maneira qualquer, mas sempre luminoso.

(logo agora que eu tinha uma série que se chamava "essência dos blogues", onde me dedicaria a esmiuçar blogues que eu cá sei e a dizer em duas linhas o resumo da sua obra, uma espécie de resumir "Os Maias" a "era uma vez um tipo que era fraquinho de cabeça porque a mulher fugiu com um italiano e o filho de ambos foi criado pelo avô e acabou na cama com a irmã e o avô morreu disso e o tipo viajou muito mas nunca fez nada que jeito tivesse")

(mas respeito o período de paz, está claro...)

(Já o Ruben...)

12 comentários:

  1. Anónimo9.5.15

    O convite de um encontro com esse tal de Ruben, na Quinta del Sordo, é apetecível:
    Judith e Holfernes revisitado ou de como encher chouriços no intervalo de Tobias a Ester.
    Ruben com ar de grunho, esclarecendo a salvação de um povo, é tão sedutor como sonhar com um Lamborghini roxo.

    MH

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  2. Estava por aqui a ler a história de Cambyses, Rei dos Reis da Pérsia -- e lembrei-me dela ao ler o resumo dos Maias acima: sumarizando em letras miudinhas, Cambyses apaixonou-se pela irmã, quis casar com ela (assunto sério, portanto) e pediu opinião aos juízes, que era ele que nomeava. Os ditos juízes, totalmente isentos, não descobriram nenhuma lei que permitisse a um irmão casar com uma irmã, mas em contrapartida, encontraram uma outra que dizia que o Rei dos Reis da Pérsia podia fazer o que lhe muito bem lhe desse na real veneta. A dita lei deu tanto jeito a Cambyses que casou com essa e, quando se apaixonou por outra irmã, matou a primeira e casou com a segunda. Não sei se Eça terá lido Hesíodo, mas se leu, achou que era melhor colocar o tipo a viajar e não fazer mais nada de jeito... Ainda era a opção mais sã, no fim de contas.

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    1. Obviamente, não é Hesíodo mas Heródoto. Aqui fica a errata.

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  3. Isto dos blogues é coisa análoga à Frente Comum.
    (é sabido...)

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  4. Anónimo9.5.15

    Esmiuce, tio, esmiuce. Eu não tive paciência para ler "Os Maias". Aguentei estoicamente até à 2ª página, e depois daquela descrição dos azulejos (as coisas que a memória se atreve a guardar, socorro!) fechei a obra e fui comprar o resumo. Já fui procurar o tal obscurantismo na fonte citada e nem sequer tem 2ª página.

    Os meus agradecimentos tio, esmiuce, em nome das essências. Talvez a fonte possa lutar contra o obscurantismo mudando o nome para "a descoberto".

    Eu uso fósforos quando falha a luz.

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  5. Cláudia10.5.15

    Senhor Pipoco de Mais Salgado, então não é que este post me fez lembrar aquela saga do segredo da caveira, porque para mim o segredo da caveira é: pode haver tantos segredos quanto leitores, interpretações para todos os gostos e não raras vezes, onde uns lêem alhos, estão outros a ler bugalhos e portanto, onde uns estão a ver obscurantismo, outros estão a ver luz e também é capaz de ser por isso que quando os gregos estão satisfeitos estão os troianos num camadão de nervos.
    Em Brughel, o Velho, para além da luz também me fascina a ilusão de profundidade, ok, é ilusão, mas acho que conseguir essa ilusão é o que distingue os grandes dos outros.
    Venha de lá esse Ruben, que para uns, terá falta de tacto e para outros, será o que chama uma pá de pá.

    (Acho que nem Palmier de Encoberto, nem Pipoco de Mais Salgado são dados a obscurantismos e quando acontece, assim um momento mais obscuro, a luz volta rapidamente e é o que predomina).

    Hoje, apetece-me desejar-lhe o resto de um bom domingo de Mais Salgado e até à próxima.

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    1. Que comentário tão delicioso, Cláudia. Acho sempre uma maravilha quando percebem o que eu quero realmente dizer e com a Cláudia acontece muitas vezes.

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    2. É agora, é agora! Vai sair Beijoca!

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    3. Cláudia10.5.15

      Muito obrigada. É dos maiores gozos que isto de ler blogues me dá, não só ler-vos, mas tentar perceber o que está subjacente, aqui, há muito subjacente para descobrir e se não tivesse começado a decifrar algumas coisas, continuava a embirrar com a personagem, como quando o li pela primeira vez, lá está, só li, não percebi nada do que estava a ler e agora, por vezes consigo, outras ainda não chego lá, mas já estou totalmente em paz com a personagem, como dá para perceber, tudo graças à percentagem de subjacente que vou conseguindo desvendar. (sorriso), tinha de deixar aqui um sorriso, tenha paciência.

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    4. Cláudia, os blogs (passarei a escrever assim, o meu caro Xilre deixa hoje uma bela explicação), os blogs são o que nós quisermos. Podem ser blogs a malhar noutros blogs, podem ser blogs de vender coisas, podem ser blogs do que nós quisermos. Este blog é sobre deixar pistas de coisas de que gosto. Parece que é sobre mulheres, parece que é sobre sobre misoginia, parece que é sobre o bom da vida. Mas não é.

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    5. Cláudia10.5.15

      Nunca nada do que escreveu me pareceu "sobre misoginia", também nunca me pareceu que fosse "sobre mulheres", achei que esses temas só servem para o divertir quando está com vontade de provocar algumas labaredas, o que me levou a embirrar inicialmente, foi a enumeração de marcas, que confundi com uma daquelas pessoas que se preocupa exageradamente com exibições às quais não dou qualquer valor, culpa minha, mas é um tipo de pessoas com as quais embirro, aquela coisa da preocupação com os sinais exteriores de riqueza, que confundo, minha culpa, com sinais interiores de pouco, foi isso que me pareceu no inicio e que depois percebi que não era nada por aí.

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