26 março 2015

Bocejando

E finalmente sentamo-nos numa esplanada com vista de mar. E pedimos um café. E, em vez de o tomar de um trago, temos tempo, por uma vez, para sentir a chávena quente, notando o fio de fumo que se desprende da chávena, admirando a consistência da espuma, fechando os olhos e aspirando o odor do café, talvez imaginando os grãos ainda antes de serem torrados, sentindo a mescla de odor de maresia e café quente. E tomamos o primeiro gole de café, sentindo o sabor, apreciando a mistura de arábica e robusta, sentindo no palato o sabor forte, sentindo agora mais forte, porque mais próximo, a feliz mistura do cheiro quente do café com o ar frio marítimo. Às vezes não é má ideia apreciar as pequenas coisas. Nem sempre temos tempo.

13 comentários:

  1. Anónimo26.3.15

    Já fiz aquela rota, naquela companhia. Impossível não imaginar os momentos de horror daquelas pessoas.

    ResponderEliminar
  2. Cláudia26.3.15

    Vou fazer uma coisa que já li que não gosta, dar-lhe informação que não pediu, mas está a apetecer-me mesmo dizer isto, desculpe se lhe provocar um bocejo mas de enfado, aqui vai:
    Gosto muito dessas pequenas coisas. Fiz uma escolha na vida, menos dinheiro e mais tempo. Não quis ser uma escrava de luxo, ter de estar quase sempre ao serviço, quase sempre em alerta, sempre pronta, em troca de uma muitíssimo boa remuneração, mas depois só tinha praticamente uns dias por ano (férias) para viver. Não obrigada, ganho muito menos, mas prefiro ter menos e viver mais. Prefiro ter mais desse verdadeiro luxo que é ter tempo, tempo para o meu conjunto diário de coisas simples que me fazem tão bem.
    (Já agora, aproveito para lhe confessar que não percebi nada do post anterior)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo26.3.15

      Mas se compreendeu este , já está de parabéns, Cláudia.
      E fez uma boa escolha de/na vida.

      Eliminar
  3. Deliciosa descrição! Por momentos fui transportada :)

    http://trendylisbon.com/

    ResponderEliminar
  4. Anónimo26.3.15

    O tio pipoco, o mar e o café... agradou-me! E fui a correr roubar tempo para apreciar coisas boas que moram mesmo aqui ao lado.

    ResponderEliminar
  5. Ah, o Mar, pairar nas ondas, sair empurrado pelas próprias, cair e levantar-se para logo de seguida ser lançado na areia pela onda seguinte, levantar, estupefacto mas com aquele sorriso parvo na face que deveria estar reservado unicamente para a companheira. Voltar ao Mar, interminavelmente.
    Se pudesse viveria na praia, com as gaivotas e os pilritos. Paisagem onírica que sempre me acode no aborrecimento de reuniões com gente que adora a sua própria voz. Talvez esteja a necessitar de psicoterapia.

    Perturba-me a ausência de uma dama meu caro. Demasiada atenção no café.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu vivo na praia. Não sei o que são pilritos mas passei a achar as gaivotas criaturas muito enervantes. Nos dias piores, pergunto-me se é coisa que, a ser comida, devesse ser acompanhada com vinho branco ou com vinho tinto.

      Eliminar
    2. Aguardente cara Cuca. Diz-se que o sabor tende a não disfarçar o peixe. Talvez seja apenas mito urbano.

      Os pilritos são aqueles pequenitos que correm junto da rebentação. Perto da água mas com prudência.

      Eliminar
    3. Shots de vodka, talvez.

      Eliminar
  6. Gostei muito deste post, mas parece-me que o título não lhe pertence (ao post).
    Partilho das ideias da Cláudia (como aliás acontece com frequência), também são essas pequenas coisas (e outras) que tanto valorizo e que me lembram que o tempo está sempre - sem parar - a passar.

    ResponderEliminar
  7. Pronto, pronto, já não tem motivos para bocejar.

    ResponderEliminar
  8. Anónimo27.3.15

    Gostei deste "poema" :)

    ResponderEliminar