02 fevereiro 2015

Dos abraços, outra vez

Talvez não devêssemos ter medo de abraçar, as pessoas habitaram-se a não tocar nem se deixar tocar, todos no mesmo saco, o atrevido que aproveita a hora de ponta nos transportes públicos e o colega do lado que faz de conta que não se passa nada quando correm lágrimas pela cara da colega que está ao lado, mas não, o toque não significa outra coisa senão desejar uma louca aventura, os limites foram-se chegando mais atrás, em cima da linha do tolerável há agora um muro, betão armado, nós não precisamos de abraços, e os outros, que vão pensar os outros se os abraçarmos?, e todos, nós e os outros, a precisar como nunca de ser abraçados, que alguém nos diga que no fim tudo vai correr bem e que se não está a correr bem é porque ainda não é o fim.

12 comentários:

  1. Anónimo2.2.15

    Seja bem regressado.

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  2. concordo... mas, como em tudo na vida... nem todos os abraços (mesmo de colegas) são bem-vindos!
    e sim, não há nada melhor (falo por experiência própria) do que um abraço quando mais precisamos.

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  3. Faltou o "pedir um abraço com o olhar, como quem consente aliviar o peso de tudo, por uns segundos".

    Já agora...essa última frase...Pipoco, é mesmo o Tio?! Por momentos regressei às frases escritas nos cadernos do 10º ano.

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  4. Fez-me lembrar uma música que cantei muito este Natal: São dois braços, são dois braços, servem pra dar um abraço, assim como quatro braços, servem pra dar dois abraços. Cantava o Sérgio Godinho para Os Amigos do Gaspar. Eu cantei para a minha filha.

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  5. Há lugares onde os abraços ainda sobrevivem às más interpretações: o hall das chegadas dos aeroportos e os cemitérios.
    Os que se recebem nos cemitérios não se esquecem. E os que se dão talvez também não. Acho eu.
    Um abraço, Pipoco.

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  6. Talvez porque andamos todos focados apenas nos likes, nos toques, nas selfies, nas partilhas e nas visitas, nos comentários e nos alcances. Os nossos e os dos outros. Vivemos obcecados com o que os outros pensam - não tanto o que os outros sentem. E no meio deste faz de conta acabamos por nos esquecer que somos todos feitos da mesma matéria. Sim, essa que se (ainda) arrepia com um abraço. Porque muitas vezes é só isso que faz falta.

    *um abraço*

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  7. Não sei porquê, ler este post fez-me lembrar qualquer coisa... :)

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  8. Dá-me me um abraço
    isso é que eu não faço
    olha a rolinha
    que caiu no laço

    moda tradicional alentejana.

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  9. "Talvez não devêssemos ter medo de ser abraçados"

    (No fim não vai correr tudo bem. Quando é necessário partir os ossos do cadáver para poder vestir e colocar no caixão, garanto que não vai correr bem, pelo menos para quem cá fica, com um lamento sublimado da minha parte pela natureza das coisas, que ocasionalmente poderiam ser um bocadinho, só um bocadinho, mais simples).

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  10. Anónimo2.2.15

    Tio pipoco, há muitas bolas de Berlin por aí a gritarem entusiasticamente por um JFK.

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  11. Verdade, eu abraço os meus colegas e amigos frequentemente. Mas aqui na Holanda eles têm aversão a contacto físico... Até dizem que não se deve abraçar os colegas do nada, e quando alguém faz anos e celebramos no trabalho sou das únicas a dar beijinhos, o resto aperta a mão...

    http://loveadventurehappiness.blogspot.pt

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