Meu caro J. Rentes de Carvalho, nem é tanto o desejo de guerrear que me move, sou de paz e estou cá pelo convívio. Move-me, isso sim, o enormíssimo bocejo em que se vai transformando esta coisa dos blogues, esta concórdia, esta vontade de a todos agradar, este fazer de conta que sim, que, diga o parceiro a maior barbaridade, di-lo muito bem e lá terá as suas razões, que nós somos nós e as nossas circunstâncias. Tirando o meu caro, tudo é remanso (vê, como funciona o contágio?...).
Mas não é sobre isso que lhe queria falar. Então o meu caro ousa escrever "Gajas"? E logo por duas vezes? Ousa insinuar que há uma categoria de acções que se podem catalogar como "coisas de gajas", sorrir displicente e passar adiante, incólume? Fique o meu caro J. Rentes de Carvalho sabedor que "gajas" é coisa que um homem não pode dizer. Elas, as senhoras, podem dizê-lo entre si, encolher os ombros e passar adiante. A nós não nos é permitido tal, é como falar mal da nossa cidade, nós podemos, mas ai do estrangeiro que ouse falar com menos respeito da nossa calçada ou com desdém da nossa maneira patusca de conduzir e verá como elas mordem.
"Coisas de gajas", meu caro, remete-nos para ambiências que são do senso comum e que dispensam mais palavreado mas, caramba, não as podemos escrever assim, com tamanha crueza, conforme o fez. Temos que ser gentis, as "coisas de gajas" terão que se transformar em "idiossincrasias do género feminino", sob pena de perdermos os favores das senhoras leitoras dos nossos escritos(ou melhor, eu perderei, o meu caro usufrui de uma espécie de protecção eterna).
E agora, meu caro J. Rentes de Carvalho, poderemos esgrimir (podendo e querendo o meu caro, bem sei que terá mais que fazer, de mim sabe bem que a minha condição me permite sempre disponibilizar-me com grato prazer para cavaquear), podemos esgrimir, dizia eu, os nossos argumentos. O que não podia era, depois de ler os protestos na caixa de comentários do post abaixo, deixar passar em claro o "coisas de gajas" sem o admoestar com severidade, que tenho cá a minha fé que este ainda está para ser um blogue que as mulheres apreciem e o caminho é não pactuar com estes excessos de linguagem e não arriscar perder o meu nicho de mercado.
Fora isto, aprecio muito o que escreve e acho-o uma pessoa de bem, com as suas idiossincrasias, está bem de ver, mas isto nós somos nós e as nossas circunstâncias, pois não é?
Pois....é com essas gentilezas, pacifismos, vontade de agradar para aqui e para acolá ....que se originam os bocejos . Pode crer.
ResponderEliminarO Senhor pode escreber gajas quantas vezes lhe apetecer.
ResponderEliminarNão é para agradar, nem sou muito disso, mas gosto mesmo da escrita do Senhor José Rentes de Carvalho e parace-me ser uma óptima pessoa.
Pipoco voltou ainda bem!
ResponderEliminarAtónito, voltarei com mais tempo na algibeira, mosquetes de peleja e cenho lúgubre. O meu caro conseguiu, de uma só pincelada, desafiar o egrégio Rentes de Carvalho e TODAS as mulheres, pretendendo pugnar pela sua ofensa!
ResponderEliminarDemasiado suculento para ficar por aqui!
(continuo sem compreender a ofensa, talvez desde a infância quando o meu pedagogo, pouco mais velho que eu próprio esclareceu: gajo=XY, gaja=XX, "esta é a identidade daquilo que os tolos designam 'amor' meu pequeno ononimo: tudo converge nesta pequena diferença que distingue a eira do nabal - sentada ou de pé")
((confesso uma predilecção quase masoquista por esta coragem suicida: não se preocupe, deixe as exéquias comigo))
Abraço!
(eu cá mandava o Ruben
ResponderEliminarfem. sing. de gajo
ga·jo
substantivo masculino
1. [Informal] Qualquer pessoa cujo nome se desconhece ou quer omitir. = FULANO, TIPO
2. [Depreciativo] Indivíduo considerado de baixa reputação. = ORDINÁRIO, SÚCIO
adjectivo e substantivo masculino
3. [Depreciativo] Que ou quem é trapaceiro, velhaco. = ESPERTALHÃO, FINÓRIO, MALANDRO
"gaja", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://priberam.sapo.pt/dlpo/gaja [consultado em 18-09-2014].
Quanto ao termo gaja, subscrevo o que disse a Susana no post anterior. Agora quanto ao resto:
ResponderEliminarSempre me alertaram em relação aos bonzinhos, mas admiro profundamente gente de boa índole. A virilidade, que obviamente, não é uma característica feminina, impede, às vezes, ou muitas vezes, ambientes mal cheirosos e o retirar as luvas de camurça quando se esgrimem argumentos e quanto a penas de pavão, meus caros, essas, notoriamente e como facilmente se constata, ficam a Vosso cargo, aliás, por vezes, parece que ainda fazemos parte de uma qualquer corte, de um qualquer reino, em que os meus caros, pensam que são os únicos com capacidade para falar de assuntos de relevante importância, encontrando-se reunidos todos numa mesma sala a debater os mesmos, enquanto nós, as senhoras, somos remetidas para uma outra sala, para nos entretermos com os bordados e a maledicência e a ser assim, quer se aplique o termo "idiossincrasias do género feminino" ou "coisas de gaja" o mal está sempre no significado atribuído pelos meus caros.
Ou não, Cláudia. Ou não nos retiramos com os bordados e com a maledicência, mas sim com os cuidados com os filhos, que não podem esperar, para garantir que têm as vacinas em dia, que os deveres da escola estão feitos, que há leite e fruta e sopa em casa, que as lágrimas que traziam das rixas que esgrimiram com eles na escola, ali mesmo no início da adolescência, estão secas e consoladas, que a febre já passou. E ainda que o nosso trabalho não fique descurado nem nos esqueçamos de que no dia seguinte a reunião é mais cedo, mas ainda deixar uma máquina de roupa programada para lavar a ver se os equipamentos de ginástica secam a tempo, que é capaz de chover, de ter as contas em dia e no fim deitar a cabeça na almofada e sorrir no escuro, no silêncio finalmente conquistado, num cansaço feliz porque ter um lar e uma família para cuidar é muito melhor do que ter nada. :-)
EliminarE, meu caro Pipoco, tenho apenas a apontar que não venho aqui fazer nenhum favor, nem a nenhum outro blog que visito. Venho aqui por puro interesse. O interesse de fazer o meu dia um bocadinho melhor.
Um beijinho, Cláudia, gostei disto.
Um abraço, Pipoco, gosto sempre (ou quase, vá).
Aqui, aqui mesmo neste lugar, complementando os comentários da Cláudia e da Susana, não deveria encontrar-se um comentário meu?
EliminarHá coisas deveras espantosas.
Corvo.
Excelente Susana (às vezes também sabe bem ser "mázinha", quando até faz sentido, não sabe ;)) retribuo o beijinho.
EliminarCorvo, aqui, ou onde entender, os seus comentários fazem falta, pelo menos eu, gosto muito de os ler, tal como os do Quiescente, (e não é que há mesmo coisas deveras espantosas) :)
Muito obrigado, Cláudia; é muito gentil.
EliminarAqui não os lerá mais, seguramente!
Um BFS para si.
Corvo.
Meu caro Corvo, poderia perfeitamente dizer-lhe que não sei do que fala, que apaguei por lapso. Mas não, a minha opção de não publicar foi por não em parecer comentário seu, tão a roçar o mau gosto estava, tão fora daquilo que me (nos) habituou estava.
EliminarNo entanto, tendo entendido que se sentiu afrontado, se entender enviá-lo de novo, publicarei.
Não vai fazer "cena de gaja", pois não?
Cena de gaja?!
EliminarCenas de gaja são privilégio dos blogs masculinos.
Vá! Dos que a isso se prestam, claro.
Corvo.
Eu não estou habituada a ver mau gosto nos comentários do Corvo, e fico cá a pensar na dilomacia do Pipoco para não publicar um comentário que talvez fosse incomodativo para si. Mas não foi isso pois n,ão que o Pipoco não esgrimia com luvas sujas.
EliminarNão ligue muito que isto são só ideias de "Gaja" burra..
SC.
SC, provavelmente, o comentário do Corvo dirigia-se às duas pessoas a que estava a responder, se foi deselegante tenho pena, afinal até lhe elogiei os comentários. Espero que continue a comentar, muitas vezes de forma desafiadora sim, mas oportuna e com o nível a que já nos habituou, como diz o PMS.
Eliminar(PMS, prometo não voltar a este assunto, há pouco nem tinha percebido o que se tinha passado, pensava que o Corvo tinha querido mesmo que o comentário fosse assim).
Cláudia, eu também não disse que o comentário do Corvo foi elegante. Não sei se foi elegante ou deselegante, mas o que eu disse foi que se o comentário do Corvo esgrimia contra o Pipoco, o Pipoco para se desculpar podia dizer que era um comentario deselegante porque ninguém pode provar.
EliminarMas eu acho que nem devia ser deselegante porque senão o Corvo não vinha criticar o Pipoco porque não publicou o comentário dele.
Olhe também não quero saber que isto são mas é coisas de "Gajos" e depois ainda dizem que as Gajas é que são complicadas.
SC.
Gajas?! Gajas?! É?!
ResponderEliminarHum, acho que vou plagiar o estimado Quiescente, que não desfazendo até é um rapaz que diz umas coisas, e vou esperar, por enquanto, por novos desenvolvimentos.
Assim. entro de modinho e saio de fininho e só cá vim a modos de quem apalpa avaliando para ver no que é que isto dá.
Gajas! É bem gajas de que se fala, não é?
E só para ter a certeza.
Corvo.
Gosta de desafios e atira-se a eles com ar cortês e punhos de renda. Arma-se em defensor do público feminino mas, pela displicência, percebe-se que é para fazer de conta que há aí um fio de ironia.
ResponderEliminarUma construção, portanto (o que, de resto, não tem nada de mal, há construções artísticas que valem por muitas paisagens naturais).
Mas, palavras à parte, o que isso foi, foi um golpe de marketing, certo? Porque não lhe vejo, na prosa, um objectivo concreto. Quer confronto? Quer separar as águas? Ou quer, simplesmente, fazer de conta que está nos antípodas da pipoca mais doce a nível de conteúdos enquanto se assemelha a ela na procura de público?
De qualquer forma, dou-lhe os parabéns: conseguiu que eu o descobrisse.
E conseguiu trazer um escritor de primeira água para o confronto que ele 'estava a pedir' e isso não é de somenos.
J.Rentes de Carvalho destinou um texto a Tio Pipoco. Era encerrar este estaminé agora e sai em grande, em ombros e por entre palmas da multidão!
ResponderEliminarNo ano passado houve um episódio semelhante, de boa memória.
EliminarE o Blog não fechou, evidentemente.
que lindo... um duelo à séc XVIII. ahh... qualquer dia assisto a um espectáculo de esgrima entre eruditos de facções diferentes nos jardins de Arca d'Água..lindo.
ResponderEliminarApós aturada pesquisa com o propósito de dissuadir o nosso caro Pipoco do sisífico empreendimento que é desafiar JRC para um duelo da palavra, por tão vão propósito, tão reduzida recompensa (os favores gratos e gentis de incontáveis Mulheres), e tamanho risco de vida, apresento as minhas modestas conclusões, receando esmagamento por gigantes contemplando distraidamente os domínios conceptuais do espírito:
ResponderEliminar- Na gíria de obra (de construção, entenda-se, devidamente licenciada) "gaja" é o termo comum para Mulher. Vence em número de letras, em gravitas e em entoação. Mais fácil escutar sobre o ruído permanente dos martelos pneumáticos, vulgo moto-pico, evoluiu por mera selecção natural. Diga-se "gaja" e logo teremos a atenção de toda a gente que de outro modo nos consideraria invisíveis.
- Não existe qualquer intenção pejorativa no uso do termo. São os próprios omniscientes motores de pesquisa a comprová-lo, separando de imediato referências para a etimologia do termo de páginas muito mais interessantes (tipicamente indexadas sob "gajas boas", "gajas nuas", e et cetera). Acresce a este facto que suricata de obra (de construção) grita sempre "gaja boa" se pretende realçar algum facto particularmente específico no horizonte (para além de ser meramente escutado, conforme debatido no parágrafo anterior).
- Novamente por simplicidade, é habitual encontrar o termo na lista telefónica digital destes nossos assistentes pessoais que permitem falar e apenas não conseguem tirar bicas, por enquanto. Amiúde, um homem com fraca memória ou paciência prefere, com toda a justiça que decorre da utilidade do conceito, enumerar as suas damas por "g/Gaja -n- / 1-5*", sabendo perfeitamente que a utilização de uma versal com uma classificação de 5* é manifestamente redundante. Enfim, os homens são um pouco assim. Gostamos do ênfase.
Pretendo com isto evitar violência, como outrora aprendi com The gentle art of verbal defense, na já esquecida era da fita magnética, ressarcir o orgulho das nossas damas e, finalmente, escapar de mansinho como se estivesse a usar o novo casaco da colecção de Inverno da cara Palmier.
Como diria aquele cabotino do Ali G, Respect.
Bad, bad boy, JRC!? Não sei se é a idade que me amolece os humores, mas não sou gaja para me indignar com o epíteto.
ResponderEliminarSe o termo aparece naquelas coisas que a MRP escreve, à mistura com outros de pior conotação...
Não renego o meu género, mas não vejo a necessidade de extrapolar e desatar a queimar soutiens
(
Já o respondi esta noite. Será esta uma questiúncula de semântica, para a qual falta paciência ao meu espírito analítico. Dependendo do contexto ser-me-á desagradável, simpático ou indiferente (que foi o caso). Acontecendo, de resto, o mesmo com "senhora", "mulher", "menina", "tipa"...
ResponderEliminarObrigada Tio Mais Salgado, por defender tão nobre causa.:) Contribuindo assim para o aumento do seu "nicho de mercado". :-)
ResponderEliminarBeijinhos,
VW
Se se pode/deve dizer "gajas" é o que menos importa: adorei a "forma patusca de conduzir"!!!!!!!
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