07 janeiro 2014
Sonhando outra vez com Lamborghinis roxos
J. Rentes de Carvalho, neste seu post, fez acontecer o improvável, fez-me pensar. Relata-nos as suas preocupações com os personagens a quem deu vida e que eliminou, por já não lhe agradarem, perguntando-se se serão eles capazes de ressurgir um destes dias, zangados, pedindo-lhe explicações, incomodados com o destino que J. Rentes de Carvalho lhes reservou, talvez pedindo uma nova oportunidade, aquele era pobre e quer agora uma vida mais desafogada, aquele outro fazia parte de uma história que acontecia nas terras do Marão, um inferno no inverno, reivindicando agora um lugar numa praia do Algarve, imagino J. Rentes de Carvalho cercado pelas suas criações, algumas disformes por o autor as ter apagado ainda antes de lhes dar uma cabeça, outras não se sabendo comportar por o autor ainda não lhes ter ensinado boas maneiras, todas falando ao mesmo tempo, mulheres estrangeiras e homens boçais, J. Rentes de Carvalho sem saber a qual delas atender primeiro, querendo dar explicações, a uma prometendo-lhes uma vida melhor numa aventura lá mais para a frente, a outra ordenando-lhe que se retire, que aquilo não são modos de se dirigir ao autor, a outra ainda insinuando que pode muito bem reservar-lhes uma existência ainda pior, enfim, creio que a ideia era esta, mas fiquei eu a pensar que as pessoas que fui eliminando da minha vida serão como as personagens de J. Rentes de Carvalho e, se eu dou por mim a recordar-me das façanhas de algumas delas, é porque no final de contas são capazes de ainda não estar suficientemente bem apagadas.
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Tio Pipoco, se as conseguir apagar fico eternamente agradecida que nos ensine o truque! Só porque eu acho que, não se conseguem apagar pessoas, seja por maus ou bons motivos...
ResponderEliminarPMS, então e a gente ainda não percebeu isso ?????
ResponderEliminar(as 15 palavras finais.....)
Eu acho é que nós só nos lembramos das pessoas que queremos apagar e ainda não conseguimos, e por isso parece que persistem todas.
ResponderEliminarO meu personagem favorito de J. Rentes de Carvalho é o carteiro da província que acalentava o sonho de ser carteiro em Lisboa (A amante Holandesa), sonho que não concretizou. Estou grata ao JRC por não ter apagado este.
Abraço e um bom ano, caro Pipoco.
Susana
As pessoas que passam pela nossa vide e que de algum modo deixaram as suas marcas, são como os votos matrimoniais : to have and to hold, from this day forward, for better, for worse, for richer, for poorer, in sickness and in health, until death do us part.
ResponderEliminartranslation please.
EliminarSe elas voltarem que seja no seu melhor estou a sortear um bonito header no meu blog passem por lá e participem!
ResponderEliminarHá um filme de Bergman "O Silêncio", desfecho da "Trilogia do Silêncio", formada por " Através de um Espelho" e " Luz de Inverno", sobre o silêncio de Deus que, em minha opinião, nos mostra personagens que não "funcionam" e, assim, é o não-sentido que é objecto da encenação.
ResponderEliminarA verdade da vida não é o sentimento da vida, mas a história (a peça) que nos dá uma voz e um papel, não será assim?
Excelente pretexto para reflexão, de facto.
Maria Helena
Tenho alguma dificuldade em apagar pessoas, acho sempre que se cruzam connosco por alguma razão. Umas passam e quase nem damos por isso, outras vieram para ficar, são as que nós escolhemos, e há uma terceira categoria, as que aparecem porque, por alguma razão, nós precisávamos que aparecessem, fazem o seu trabalhinho e vão embora, tão subitamente quanto apareceram. Mas recuso-me a apagar pessoas como se de embalagens descartáveis falássemos, todas deixarão as suas marcas, é questão sorrirmos ao recordar as marcas boas e aprendermos com as más.
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