29 outubro 2013

Lamborghinis roxos, outra vez

Nesses jantares em que toda a gente cheira demasiado bem, em que me penitencio ter escolhido estar ali quando a coisa certa seria estar num jantar de amigos onde estatisticamente acabaria a noite a jogar poker com fumo de Partagas, nesses jantares onde me sentam ao lado de mulheres com ar de quem tem filhas a quem chamam Constança ou Pilar e filhos Bernardos e Afonsos, em que me são apresentados homens que se chamam Doutor e dois apelidos, todos com ar demasiado pesado para a idade, homens que carregam os problemas do mundo sozinhos apesar de vestirem fatos desses que se compram em centros comerciais, todos manifestando ser sua intenção dar-me uma palavrinha, mais tarde, a seguir aos escalopes de vitela com redução de Armagnac, nesses jantares em que provo o vinho, está bom, pode servir, é sempre uma maçada escolher o vinho porque sei que serei o último a ser servido, nesses jantares, dizia eu, tenho que puxar da minha imaginação para me divertir a calcular a probabilidade de um para três de escolher o copo errado para se servirem de água, a notar a hesitação delas na escolha da posição certa para colocar as mãos, o pavor de dizer a coisa errada no momento errado, bem sei, às vezes divirto-me com coisas estranhas e nem sequer me refiro a isto de ter um blog.

22 comentários:

  1. Anónimo29.10.13

    Não é suposto esses senhores e essas senhoras das Pilares, Constanças, Bernardos e Afonsos saberem que copos e talhares usar e quando usar?

    Agora fiquei confusa. Afinal se nem os "tios" e as "tias" sabem se comportar à mesa, para que causa e público escreve a Bobone?

    aiii que estou tãoooooo confusa :p

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo29.10.13

      Para uma causa perdida, pode crer.

      Eliminar
    2. Anónimo29.10.13

      Muito bom comentário! As tias compram o livro da Bobone, mas depois acham uma maçada estar a ler aquilo, porque tem muitas letras, assim continuam a não saber o que fazer às mãos, aos talheres e aos copos.

      Eliminar
    3. Anónimo29.10.13

      As verdadeiras "tias/tios" sabem comportar-se, certamente. O nosso querido Pipoco refere-se seguramente a algumas criaturas que pretendem ascender à posição de "tias/tios".
      Como dizem os brasileiros: "quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré".

      Eliminar
  2. Anónimo29.10.13

    O que faz o Lamborghini Roxo nesta história ? está fora dela, não está ?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo29.10.13

      Caramba, os seus Anónimos não percebem nada de interpretação de textos. O Tio fala de novos ricos, percebem? Aqueles que não se chamam Franciscos e Franciscas, nome que vem desde o quincolhão avô. . Aqueles que não sabem usar os talheres e que andam de Lamborghini roxo (ou BMW branco, tanto faz). Aqueles cujo título académico consta até nos cartões multibanco e visa.
      ProntoS, é isto. Expliquei bem, Tio?

      Eliminar
  3. Já tinha saudades destes posts.

    ResponderEliminar
  4. Anónimo29.10.13

    ninguém estende o copo...que merda de restaurantes andas a ir?

    ResponderEliminar
  5. Já tinha saudades destes posts, mais snob do que chiques.

    ResponderEliminar
  6. Anónimo29.10.13

    Já eu divirto-me bués quando vou a jantares snobs chiques e sem hesitação alguma pego no osso com a mão para o saborear melhor. Ver a cara de pavor de quem está à minha beira é verdadeiramente hilariante.
    Ai e tal mas isso é falta de educação! Falta de educação e de inteligência é não saborear devidamente a comida. hehehehehe sou mesmo labrega, pá!

    ResponderEliminar
  7. Não estará a descrever um velório ? Parece por demais deprimente.

    ResponderEliminar
  8. Mas... o Tio Pipoco ainda "escolhe" ir a esses jantares?!

    ResponderEliminar
  9. "Nesses jantares em que toda a gente cheira demasiado bem"... parei... então, mas não é suposto as pessoas cheirarem bem independentemente do jantar em que se encontrem?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo29.10.13

      O demasiado é a linha que separa uns perfumes de outros, ou as bem perfumadas das mal perfumadas. É só complicações, a nossa vida.

      Eliminar
    2. [imagino]
      o nosso Monarca recordava o modesto odor a jasmim da cavalariça real, onde jantam as suas poderosas cavalgaduras (700 cavalos, penso, impreciso, daquele seu rosado).
      [/imagino]

      Eliminar
  10. coitado, o amigo Salgado não tem escolha:

    "... todos manifestando ser sua intenção dar-me uma palavrinha... "

    ah, o eterno fardo do Monarca absolutista...

    alheado como sou, pobre súbdito camponês, para minha infelicidade, que paga tributo ao sr feudal com as suas belas filhas, diria que isso do talher é de-fora-para-dentro e do copo de-dentro-para-fora, em alternância, tal e qual todas as coisas agradáveis desta infeliz vida.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo29.10.13

      E essa de todos lhe quererem dar uma palavrinha tem que se lhe diga. A única capaz de dar Palavrinhas ao mundo sou eu e já dei duas. Pois que se fiquem pelas intenções, que disso está, segundo dizem, o inferno cheio!

      Eliminar
    2. Estamos perdidos Palavras. Não há maneira de o padrinho Zorro preparar a nossa despedida de solteiros. Não duas mas uma única grande festa, com um jantar digno da bitola do nosso anfitrião, seguida de uma terna orgia de jardim. O clima não tem ajudado é certo.

      (nunca compreendi bem aquela iniciativa de separar homens de mulheres nestas coisas, parece pouco natural...)

      Eliminar
  11. Anónimo29.10.13

    O tio convive com gente muito estranha, mulheres com filhos chamados Afonsos e Bernardos e ainda os outros com Dr. antes do nome...coisa fora do normal, mesmo! AHAHAHAHAHAHAHAH

    ResponderEliminar
  12. OCorvo30.10.13

    Mas alguma mulher não sabe colocar as mãos? Todas sem excepção sabem colocar as mãos nos sítios certos.

    ResponderEliminar
  13. Nesses jantares divirto-me a procurar, e depois apreciar, o comunista aspirante a fascista que está lá com ar snob a rir-se consigo das parvoíces dos outros.

    ResponderEliminar