Dependesse de escrever livros de blogs eu abrir uma boa garrafa de vinho sempre que me apetece e também eu o faria, sem reservas mentais. Bem entendido, teria que fazer como toda a gente, seguir blogs que nunca lerei, dizer coisas a torto e a direito, fazer de conta que é interessante conhecer pessoas dos blogs, inventar uma página de instagram e outra de facebook e mais uma de twitter. O que estás a fazer Pipoco? seria uma rubrica horária no twitter em vez de ter a periodicidade que me apetece, que é a de ter sempre alguma coisa à mão para encher chouriços, os próprios chouriços, montados em pão alentejano, seriam instagramados, em tons sépia, e todos saberiam o que almoçou hoje Pipoco, pois que partilharia com o respeitável público um carpaccio de salmão a acompanhar um Collares frio, havia de nos reforçar o sentimento de pertença, eu havia de ser popular e todos diriam de mim que, sim senhores, que grande blogger estava aqui deste lado. Havia de apresentar o livro, que seriam os meus melhores escritos, criteriosamente escolhidos, o dos abraços, o dos bons conselhos para a vida, os das recomendações ao Ruben Patrick, talvez uma ou outra visão da minha janela, provavelmente alguns escritos de propósito para o livro, quase de certeza reflexões sobre porque leio blogs. Havia de convidar quem me fizesse o prefácio e dissesse coisa bonitas sobre a minha obra, "...deixo-vos então com Pipoco Mias Salgado, uma lenda viva, o decano disto dos blogs, o mito com mais de sessenta anos de blogosfera", as pessoas que encheriam a livraria, havia de escolher uma livraria pequena, haviam de aplaudir, os meus pais haviam de se perguntar onde teria eu desencantado um locutor de programas de rádio ou uma escritora de maus livros para dizer coisas bonitas sobre mim, haviam de se retirar para beber café enquanto eu assinava autógrafos para pessoas que me citariam de cor, que me diriam que gostavam muito de me ler, a ironia, e tal.
Mas não, não dependo de escrever livros de blogs para abrir uma boa garrafa de vinho sempre que me apetece e isso, parecendo que não, é uma boa coisa.
Pipoco, quando é que te dedicas a um bom vinho verde, fresquinho?
ResponderEliminarAcho bem! Sa a maior parte dos blogo-autores já editados dependesse dum bom livro para abrir uma boa garrafa de vinho, ficava-se seguramente pelo Camilo Alves.
ResponderEliminarOh, vá lá Pipoca, você não lê, não lê, mas sabe as técnicas todas. ;) Não seja snob... Mas... hum... se não fosse snob-chic, não era o nosso Pipoco.
ResponderEliminarContinue com o estilo que o faz marcar a diferença.
É bom ter a liberdade de se fazer o que se quer, sem ter aquela
ResponderEliminarquase obrigação para com quem nos lê.
Não sou de agrados e não faço nada que não tenha vontade, deve ser
por isso que não faço dos blogs conceituados ou dito conceituados.
Mas o importante mesmo é poder ser eu sem qualquer pudor de dizer
o que me vai na alma e no corpo, sim no corpo pois eu não escondo
que tenho desejos, loucuras, mas o que escondo é quem está para
lá daquelas letras...
Já se abria uma garrafa de vinho :)
Gaivota
O importante é mesmo fazer o que nos apetece com a liberdade de não depender de nada nem de ninguém que nos leia ... somente com a responsabilidade de se ser honestos connosco próprios. Não tenho blogue ,comento quando me apetece e me deixam e sempre que sinto o que deixo por aí..Que bom isto de ser livre e poder abrir a garrafa de vinho sempre que me apetecer. A minha, aquela que posso partilhar com amigos!
ResponderEliminarHoje partilho um bom vinho por aqui, és servido? à nossa! :)
Se não segue como sabe tudo? Mais do que snobeira, cheira-me a hipocrisia....
ResponderEliminarAh... O post dos abraços...
ResponderEliminarAnaB
Pois eu gostaria de ter um livrinho pipoco mais Salgado e até era capaz de o comprar.
ResponderEliminarContinuo a achar que o verde lhe assenta bem...
ResponderEliminarEm Teus Olhos Seria Vida
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=8AOpl5_R62E
https://www.facebook.com/EmTeusOlhosSeriaVida
Somos todos escritores, autores, é uma maravilha. lembra isto:
ResponderEliminar"How to Make a Dadaist Poem
(method of Tristan Tzara)
To make a Dadaist poem:
Take a newspaper.
Take a pair of scissors.
Choose an article as long as you are planning to make your poem.
Cut out the article.
Then cut out each of the words that make up this article and put them in a bag.
Shake it gently.
Then take out the scraps one after the other in the order in which they left the bag.
Copy conscientiously.
The poem will be like you.
And here are you a writer, infinitely original and endowed with a sensibility that is charming though beyond the understanding of the vulgar."
--Tristan Tzara
e, apesar da minha opinião valer o que vale (zero no contexto dos blogs), não acho nada bonita a ideia de "todos" acharmos que somos escritores e haver uma produção desenfreada de livros (o mesmo se aplica para música e artes visuais, em especial a fotografia, agora tão "fácil" com os instagrams, iphones e itudos) de má qualidade. Mais vale menos mas realmente bom.
ResponderEliminarO problema é que não são exactamente livros, mas sim recolha de textos, que, como podem ser lidos gratuitamente em suporte digital, são rapidamente retirados do dito blog.
ResponderEliminarContudo, pelo que percebo, tirando as pessoas que compram os ditos livros no momento, não têm o sucesso que apregoam.
Em relação à má escritora, faz todo o sentido, já que ambas as criaturas partilham o ar professoral, o paternalismo, a betice de teazer por casa e a pomposidade. Não me esqueço que o pseudo hispster acha que a mãe é que tem de cuidar 24 horas da criança e que o pai está lá para corrigir os seus erros.