Ao princípio estranha-se, eu nem sabia que se podiam alterar coisas perfeitas, é como se permitissem que o David Ghetta escrevesse um terceiro acto para Don Giovanni ou se a senhora velhinha do Ecce Uomo fosse convidada a transformar o 3 de Mayo num tríptico.
Desde a descrição da casa que os Maias vieram habitar em Lisboa no Outono de 1875 até à corrida final de Carlos da Maia e João da Ega, "Os Maias" é o livro perfeito e, não sei se já tinha dito, eu pensava que na perfeição não se toca.
Depois a ideia entranha-se. Primeiro por razões menores, o puro gozo de imaginar três dos seis autores a patinar e a não agarrarem a coisa. Depois imaginamo-nos na nossa poltrona favorita, um cálice de um Porto Quinta do Noval na mão, a ler aquilo e a pensar que não está mal engendrada a continuação que os outros três autores, os capazes, imaginaram.
E afinal de contas, é capaz de ser uma coisa divertida, isso de termos quem nos conte Carlos da Maia no momento seguinte àquele em que teve que correr por alguma coisa.
não, alguém devia impedir isso.
ResponderEliminarcorre-se o risco mais que previsível de um dia essa versão de banco de esperma ser tão referenciada que inadvertidamente partes da narrativa chegam aos ouvidos de pessoas normais, violando para sempre a obra mãe, que nunca perfilharia criaturas adoptivas com complexos de édipo.
a continuação protética de uma obra prima devia ser feita na cabeça de cada um, nomeadamente na cabeça de quem acha que é possível alguma continuação para uma obra prima (sim, já sei, quanto mais prima mais se lhe arrima). mas em terra de cegos, quem tem um olho geralmente é um idiota, como se comprova por grande parte dos autores convidados.
O Eça deve estar a dar voltas na tumba!
ResponderEliminarOlhe-se para o cinema meu caro Pipoco. A idade das sequelas já passou e o que está na moda são as prequelas e as derivadelas (isto fazendo uma adaptação).
ResponderEliminarPortanto acho que, mais do que escavacar a conclusão, há muito para ser dito no antes e no paralelo. Nem que seja nos paralelos da calçada para atirar a quem desvirtue tão ilustres obras.
Alguém no perfeito juízo ?!
ResponderEliminarVi a notícia há dois ou três dias no Delito de Opinião, e confesso que fiquei agoniada. Tão agoniada que nem comentei, não fosse sair-me alguma opinião mais furibunda do teclado. Ainda nem há três semanas fiz uma leitura integral do livro (mais uma entre centenas e centenas, tirando aquelas vezes em que lhe pego só por me apetecer ler esta ou aquela passagem em particular).
ResponderEliminarIsto é uma infâmia.
estranho e não entranho. Os Maias são intocáveis, para mim.
ResponderEliminar