26 setembro 2012
So, you think you can blog?... (Capítulo segundo)
Temos então a linha do blog, será um diário, em que contaremos a nossa vidinha e, em escolhendo contar a nossa vidinha, contaremos apenas a parte das coisas boas, o Sporting ganhou o jogo, só eu é que trabalho lá no escritório (os dos blogs ou são artistas ou trabalham lá no escritório, fique sabendo), ele trouxe-me rosas ou exporemos o nosso lado lunar, procurando afecto e compreensão de quem lê, ele saiu com a minha melhor amiga, o único prazer que tenho na vida é deslaçar uns sapatos que comprei dois números abaixo do meu? Será um blog de roupas, daqueles em que pedimos a um desgraçado qualquer que nos tire fotografias com roupa improvável vestida ou será um blog em que exaltaremos a virtude do nosso mainovo (diz-se assim na linguagem dos blogs), que já fala, que já anda, que já lê e só tem quinze anos? Facilitando a vida, é para isso que cá estou, quando me perguntam qual deverá ser a linha editorial, recomendo a linha snob-chic, sinto-me sozinho neste ideal, as pessoas abanam a cabeça com ar pesaroso, olham-me como se mirassem o artífice do inalcançável, e, conscientes das suas limitações, afirmam que não, que ser snob-chic lhes é impossível, que não há lugar para mais ninguém nesta linha, que enquanto este que vos escreve não se retirar será uma blasfémia ousar enveredar pela linha snob-chic. O meu conselho é que persitam, ensino-lhes que não é difícil, basta falar das coisas da cultura com desenvoltura, um snob-chic pode referir que esteve no concerto do Beatles da semana passada, basta-lhe dar informação adicional, que o Lennon (um snob-chic trata toda a gente pelo apelido) fez um dueto improvável com o Yeats e que no fim celebraram com um gole de Hennesys, é aqui que se vê a veia snob-chic, se referisse apenas o concerto dos Beatles não faltaria quem viesse referir na caixa de comentários que os Beatles já não existem, um snob-chic vai mais além, funde conhecimento e junta Lennon e Yates, vai ao pormenor de informar o que beberam, talvez introduza um elemento mundano, que Harrison e Travolta discutiram nos bastidores por causa de Monroe, e é toda esta panóplia de saberes que deixa a leitora confusa, que transforma a desconfiança inicial (os Beatles já não existem, quase aposto que ele não esteve no concerto dos Beatles na semana passada) numa admiração ilimitada (caramba, ele sabe o que Lennon e Yeats bebericaram), estabelecendo-se assim uma dinâmica saudável, que leva a gentil leitora a querer saber mais, a questionar o autor se sempre foi Travolta que acabou por sacar Monroe, resumindo, o segundo bom conselho desta afamada rubrica é "Escolha a linha snob-chic".
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Mas tem que explicar o que é ser snob-chic em linguagem masculina, já que o blogger é um gentleman, e não está a promover a Pull & Bear
ResponderEliminarI love Pipoco.
ResponderEliminarMe too.
ResponderEliminarVou esperar pelo capítulo terceiro.
ResponderEliminarTenho para mim que aprecias Lobo Antunes. O Toninho. Estarei equivocada?
ResponderEliminarPelo que entendi teremos assim dezenas de clones 'Pipoco Mais Salgado' uns com mais imaginação no nome do blog, quiça, outros com o 'copianço' mais que evidente noutro género.
ResponderEliminarO que eu gostava mesmo é que se apelasse à originalidade, à criatividade, à diferença saudável e porque não à utilidade. (Um blog nunca será apenas um blog)
Mas não, apela-se ao critério que rege a humanidade actual (pelo menos a que não morre de fome ou de guerra ou de tédio a ler blogues). A 'chulice' do sucesso alheio, o sucesso alheio com base na futilidade plena. Não me ligue, isto é tudo fruto do meu complexo Joana D'Arc sem Deus. E vale o intuito provocatório, apesar de cada vez gostar menos de, ainda me zango com garra e graça.
Ainda bem que o tio Pipoco nos ensina estas coisas profundas para podermos triunfar com os nossos blogs. sempre é mais digno que ensinar a técnica perfeita para atingir a vitória na casa dos segredos... :)
ResponderEliminarEste post foi, sem dúvida, uma descrição daquilo que é este blog!
ResponderEliminarMas eu continuo a defender os dois conselhos que dei no post anterior, a quem se quer aventurar por este mundo:
1º: saber escrever
2º: não escrever constantemente posts a criticar blogs alheios e, à custa disso, vangloriar o nosso jeito para a coisa
O autor, definitivamente, discordará uma vez que ele não segue nenhuma destas minhas opiniões!
Mas, opiniões todos nós temos e valem o que valem e eu até consigo compreender a posição do Pipoco... A maledicência atrai muita gente!
Where is Pipoco? Diga-lhe que volte, que o perdoamos, enfim.
ResponderEliminarPMP
O pipoco devia reconsiderar essa designação, penso que seria de valor acrescentar no fim "blasé". Snob-chic-blasé, isso sim.
ResponderEliminarPipoco em grande forma.
ResponderEliminaros post's do Pipoco estão a ficar... BORINGGGGGGGGGGGGGGGG
ResponderEliminarMeu caro e prestimoso milho trabalhado, aqui a nossa doutrina diverge. Ter uma linha editorial é um segredo para ter uma base de fãs mas, a seu tempo, é um chamado padrão de conforto, que tende a deixar de surpreender. Não deixará de ser funcional, mas é como aquelas bandas que começam por ser "experimentalistas" e depois de alcançarem o estrelato continuam a servir sempre da mesma sopa.
ResponderEliminarTentei descobrir isso da utilidade das linhas editoriais há algum tempo e optei (por não saber fazer melhor) não ter linha. Não sei se funciona, mas o mais bonito é que isso também não me preocupa.
Ainda assim, pela diversidade sou sempre a favor.
Mas tio Pipoco, um blogue snob-chic pode aceitar amostras de shampôs? Isso não seria tão pouco snob e tão pouco chic?
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