A Maria Lucinda era o patinho feio da turma do décimo segundo bê da Dom Pedro Quinto, era uma espécie daquela rodela de coisa verde que vem com os hamburgers, a rapaziada comia tudo o que lhe aparecia à frente, mas em chegando àquilo verde, que em sentido figurado era a Maria Lucinda, o pessoal deixava de lado, talvez uma ligeira lambidela para tirar o ketchup que a coisa vegetal verde tem por cima e bastava.
Ontem, num desses eventos com rissóis e pessoas de copo na mão que acenam com movimentos a cabeça umas para as outras quando se cruzam, a Maria Lucinda veio ter comigo, tantos anos, caramba, estás igual, isto disse-me ela, que era a Lucy, agora chamam-lhe assim, não sei que coisa fez o criador à Maria Lucinda, aliás, à Lucy, mas dei por mim a conversar com ela mais tempo do que aquele que lhe dediquei em todo aquele glorioso décimo segundo ano, ela a recordar como eu a ajudava com aquilo dos integrais e com os números imaginários, isso de eu apreciar números imaginários é coisa para me acompanhar até ao fim dos dias, eu a tentar perceber de onde lhe tinham aparecido aquelas formas e a pensar que aquela pouca roupa lhe assentava muito bem, ela a sorrir-me no final e a dizer que temos que ir tomar um café, eu a pensar que se calhar é melhor não.
Sempre achei que essa coisa vegetal verde é o que realça o sabor a qualquer hamburger.
ResponderEliminarTambém já me aconteceu isso, mas ao contrário. Encontrar o rapaz mais giro da Emidio Garcia, por quem todas ficavam de beiço, e não o reconhecer... por se ter transformado no maior basculho à face da terra... muito gorducho, muito careca, muito .... enfim...
ResponderEliminar(Rita Camões)