Aos poucos, muito devagar, em suaves prestações diárias, Paris começa a desapetecer-me, primeiro foram os cheiros, que apelavam ao melhor de nós e agora vão direitinhos ao cérebro, sobem-nos as defesas de agressivos que são, depois foram os meus olhos, antes mostravam-me uma cidade limpa, onde talvez me apetecesse viver um dia, nada destas temporadas de umas poucas semanas, agora há sítios que me doem de olhar. depois foram os museus, houve um tempo em que se encontrava paz em Orsay, nada de sermos empurrados por magotes de parolos de telefones ao alto, finalmente a comida, antes requintada e servida com tempo, agora servida a despachar e toda igual, acompanhada de maus Bordéus.
Tenho medo que um destes dia me desapeteça Lisboa.
Tenho medo que um destes dia me desapeteça Lisboa.