03 agosto 2021

Gin

 Afonso de Burnay, provavelmente o mais bizarro de todos os meus amigos daquele tempo e que me tirou o meu melhor retrato, um em que estou de polo cor de rosa e cara de quem vai sair para uma viagem de um mês de comboio daí a nada, Afonso de Burnay, dizia eu, foi quem me chamou a atenção para o facto de o Paul Mc Cartney estar descalço enquanto atravessava a passadeira na Abbey Road, estávamos nós a caminho do Lohnerhütte, um dos caminhos  mais bonitos que conheço ali para o lado dos Alpes e discorremos longamente sobre esse pormenor, era o tempo que nos entretínhamos com minudências.

(o Afonso de Burnay também me explicou que a falta das pessoas nos pode fazer gostar mais delas, mas eu não acreditei)

2 comentários:

  1. O Afonso tem razão, de perto ninguém é normal e é demasiado fácil amar à distância, embora relacionarmo-nos à distância já sejam outros 500. Abraço e boa viagem.

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  2. Cláudia Filipa4.8.21

    Tão bom, uma pessoa ter coisas assim na história da sua vida, não é? (fiquei curiosa com o título).

    No meu caso, a falta contribui para que tenha ainda mais noção de quão mais interessante é a minha vida porque determinadas pessoas existem. Ou seja, essa tomada de consciência, pode fazer com que passe a gostar mais dessas pessoas. Isto só me acontece com as pessoas de quem já gostava com relevância considerável, porque, quando assim não é, posso até estranhar a falta, no início, por estar habituada a elas, mas, lá está, depois, já nem qualquer falta sinto quanto mais passar a gostar mais.

    Hum, hum, pode funcionar como uma excelente triagem, a falta.

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