16 dezembro 2019

No seguimento da nossa conversa

Se algum dia viesse um arqueólogo de blogs e se dedicasse a saber quem aqui escrevia, era o autor  de poucas falas ou sempre disposto a dois dedos de conversa com a vasta audiência?, citava autores importantes para ilustrar o que queria dizer ou nem sequer queria dizer coisa nenhuma?, jantaria com o guardanapo dependurado do colarinho, cruzando as mãos sobre o vasto ventre e louvando o bacalhau assado enquanto palitava abundantemente as lascas perdidas nos interstícios dentais ou jantaria uma salada de tomate e uma sopa de legumes para evitar más noites?, apreciaria mais as sonatas natalícias de Bach ou as versões de cinema dos anos sessenta da vida de Jesus, que lhe diríeis?

10 comentários:

  1. «Olha-me este... vá-se catar!»

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  2. Anónimo16.12.19

    res sacra miser, meu caro.

    Já não há arqueólogos neste tempo de redes sociais. Só a legião de imbecis sem memória.

    A propósito, intriga-me aquela foto mais além. Bem sei que o meu caro não foi fadado à fotografia, mas observa-se uma lareira à moda de antanho com talvez um Saramago onde deveria encontrar-se um JRS, ali periclitante acariciado pelo calor das chamas, e, espanto, assoma à direita a fofa cabecita de um gato.

    Sabendo-o nós ("nós" no sentido de "eu" majestático) mais dado a canídeos que a felinos, todo este aparato deixa aqui o quiescente arreliante de tão perplexo que está. E, diga-se, o Q. sempre demonstrou predilecção por aqueles impudentes peludinhos demoníacos.

    Todo este intróito com o único propósito de, saciando essa meretriz do intelecto que é a curiosidade, saber se passar o dia em casa se refere à sua ou à da bela Cátia, que terá então nunca recebido a mensagem "môr" no seu telefone (se assim é permitido expressar-me). Repare-se que, em boa verdade, nem se trata de uma pergunta.

    Sempre com elevada consideração pela privacidade alheia, e com um abraço,
    ó

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    1. Meu caro, é de facto um Saramago, um dos menos bons mas ainda assim um Saramago. O felino que se vislumbra não é mais que um exemplar em boa madeira de abeto da Noruega, a minha esperança é que, em caso de falta de estilha para acendalha, a cauda do animal me sirva para me livrar do todo, ou seja, pode o meu caro aquietar-se que eu continuo um homem de cães grandes.

      (a Cátia teria um aquecedor a gás, desses que se encontram nas superfícies comerciais)

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  3. Cláudia Filipa16.12.19

    É fácil, caro arqueólogo de blogs, não que eu seja espertíssima, acontece que, quem aqui escreveu, foi respondendo a isto tudo durante os posts:

    - O autor começou por estar verdadeiramente disposto a dois ou mais dedos de conversa com a vasta audiência, mas, depois, normalmente, as conversas desenrolavam-se e havia, por exemplo, um avião para apanhar, que o fazia ter que deixar as pessoas penduradas, para além disso, o autor gostava de pegar num dos muitos pontos de vista, que, na maioria das vezes, um mesmo tema pode ter e desenvolvê-lo, independentemente de ser o ponto de vista do interlocutor, e foi percebendo que, muitas vezes, com a divergência de opinião, lá se ia a harmonia bloguística, e o autor só gostava de aborrecer pessoas, quando decidia que era dia de aborrecer pessoas, não sempre;

    _ O autor utilizava várias vezes a palavra jogo, então, vou arriscar dizer que, o que se passava aqui, era essencialmente um jogo muito lá dele, muitas vezes, nem deveria querer dizer coisa nenhuma, apenas piscava o olho a eventuais parceiros e dizia-lhes, de várias formas: "Queres jogar comigo? Isto, com mais gente a jogar, é mais giro".

    - Acho que não diria que não a um bacalhau assado se se tratasse de um jantar de amigos cheios de vontade de comer bacalhau assado, penso que os acompanharia com gosto e não faria a desfeita de pôr-se a comer saladas, claro que não cruzava as mãos sobre o vasto ventre louvando o bacalhau assado enquanto palitava, enfim, etc., mas, no outro dia, se pudesse, correria com o seu cão ao lado ao mesmo tempo que lamentaria aquela problemática da comida pesada à noite, até à próxima vez...;

    _ Bach, teve sempre destaque, mesmo ao lado de certos e determinados charutos e de certas e determinadas bebidas alcoólicas, penso que gostaria mesmo de Bach, em situações natalícias ou fora delas, quanto a cinema dos anos sessenta da vida de Jesus, não faço a mínima ideia, mas também, caro arqueólogo, tem de ficar alguma coisa para o meu caro investigar...

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    1. Cláudia Filipa, sua arqueóloga de blogs empedernida, o que mais me atormenta é não ter quem queira jogar comigo, um bom e sadio jogo de opiniões, acontece que às pessoas dos blogs acontece-lhes o mesmo que a mim, raramente convergimos no tempo e no espaço para jogar.

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  4. Gosto da ideia da arqueologia de blogues. Mas incoerentes como quase todos somos, bem que o autor seria capaz de um bocadinho disso tudo, mesmo parecendo incompatíveis, ou seja tem dias de bacalhau assado e outros de sopa de tomate, capaz das sonatas e de se deixar embalar por um filme de jesus numa tarde de domingo chuvosa...
    ~CC~

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    1. CCF, a beleza está em sermos capazes de ter um pedacinho de cada saber, mesmo que pareçam saberes que não ligam uns com os outros.

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    2. Justamente...concordo.
      ~CC~

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  5. Anónimo17.12.19

    Onde foi parar aquele post sobre a gargalhada do Joker? Vim à procura do link que a Janita deixou e estou deveres aborrecida Tio Dondoco. Isso de apagar posts não é bonito. Parvo.

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  6. Sabe o que eu acho mesmo, querido Pipoco?
    Acho que este é um post fofinho sem querer. Sim, é!
    Não só pela lista de boas características ali em cima para o arqueólogo de blogues investigar, mas porque está aqui o autor investigado a responder, todo atencioso, aos comentários dos seus leitores!
    E já que vim, deixo-lhe a seguinte nota final: um homem de cães grandes não está livre de vir a ter o coração capturado por um gato que venha miar-lhe aos pés e dar-lhe marradinhas nas pernas, hã? É só para ter cuidado.

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