08 agosto 2017
Fui ao interior e ouvi rádios regionais
Há na obra de José Cid toda uma afronta às mulheres, coisa merecedora de se transformar no ponto de mira das nossas infatigáveis tribos feministas, vejamos, Cid em "A cabana junto à praia" transporta-nos para o mais mítico de todos os fetiches masculinos, o da mulher que aparece à porta da cabana enquanto um homem fuma um cigarro mas que, e é aqui que está a beleza da coisa, intuímos que ela se vai embora mal nasce o sol, em termos de imaginário masculino isto é material sagrado, muito melhor que trigémeas enfermeiras, mas é este mesmo Cid, o homem taciturno que tem uma cabana na praia, que imaginamos tenha apenas meia dúzia de livros de Hemingway e Bukowski, whisky de malte e uma caixa de charutos, talvez uma cana de pesca e uma boa camisola de gola alta, é este mesmo Cid , dizia eu, que vive uma prazenteira vida a dois em "Favas com Chouriço", onde não falta um emprego das nove às cinco, crianças que dormem a sono solto logo a seguir ao jantar carinhosamente cozinhado pela esposa que, mal tocam as badaladas das cinco da tarde, já está a ligar para Cid, indagando se ele se demora muito, talvez esta seja a mulher que com quem ia brincar depois das contas de multiplicar, uma relação nascida na inocência da infância, que Cid promete só findar quando forem velhinhos, é este amor eterno que Cid delapida, saindo de casa nos subúrbios durante a noite, enquanto a esposa dedicada dorme em lençóis de linho aspergidos com aroma de jasmim e as crianças sonham com anjinhos protectores, enquanto Cid, ignorando o Renaut 5 estacionado junto ao passeio, arranca veloz numa Kawasaki 900 Enduro, rumando à cabana junto à praia, cabelos ao vento, sem capacete, colocando em risco um eventual prémio de seguro de vida em caso de acidente fatal, pensando apenas na volúpia, regressando de madrugada a casa, enquanto a dedicada mulher lhe sorri, feliz, quando ele explica que saiu apenas para lhe trazer uma flor silvestre, que ela colocará no cabelo ... (podia estar nisto o dia inteiro)
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Ahahahah
ResponderEliminarIsso são histórias do Cid, a coisa, hoje, vai sendo já, bem diferente e, são elas, que os querem fora de casa logo de madrugada, que elas não querem nem escovas de dentes junto às delas, nem roupa para lavar.
Bem pode sonhar o Cid.
Bom dia RP
Tudo isto faria muito sentido se não fosse o pormenor dos cabelos ao vento quando tio Cid acelera no seu potente motociclo. Sabendo que o homem da "Cabana" usa capachinho, todos os elementos que compõem esta deliciosa trama de intriga, amor e traição podem ser reduzidos a pó
ResponderEliminarPró que lhe havia de dar, Tio!
ResponderEliminarDeixe lá o homem envelhecer sossegado e convencido, como sempre foi...
Da cabana aproveito apenas o mar.
ResponderEliminarfique, fique. Vamos descobrir que a mulher casou com El Rei Dom Sebastião...
ResponderEliminarAinda bem que voltaste a isto, Ruben! Por mim, bem que podias estar nisto o dia inteiro. Sabes, quando andei a ler toda a obra publicada do Tio antes de eu ter aqui chegado, ou seja, quando a minha vida passou de uma espécie de Idade Média na sua vertente mais obscura, direi mesmo de trevas, para o seu auge luminoso que resultou em Renascimento, guardei um escrito teu, nem imaginas o que eu me ri quando o li pela primeira vez, que isto cada um acha graça ao que acha graça, ri até doer-me a barriga e depois levei esse escrito comigo, assim para o caso de precisar, como se fosse um comprimido para a eventualidade de dias taciturnos, a verdade é que, esse escrito, continua a fazer-me rir, também falavas da obra de José Cid, mas, dessa vez, Cid não afrontava as mulheres, confortava-as tendo em atenção esse flagelo que é a fealdade, lembras-te Ruben? Isso! A Anita não é bonita, mas, lá está, acredita que a noite cai...
ResponderEliminarRuben Patrick já antes tinha abordado a Josecideana obra?
Eliminar(e a seguir, Marco Paulo ou Tony Carreira?)
(ai que a escolha é mesmo difícil, Ruben...Mas, Tony Carreira, a Tonycarreireana obra já há muito que merece uma análise mais aprofundada)
EliminarO tio pipoco tem aí um probleminha mal resolvido com feministas, não tem?
ResponderEliminarcredo tio...por onde anda?
ResponderEliminareu aos fins de semana também vou por ai e não ouço dessas musicas.
para quando não tiver nada em condições para ouvir o melhor é levar qualquer coisa de casa. sempre fica melhor servido.
vw
A nível do cancioneiro lúdico-popular, prefiro sair de autores mais consagrados e procurar artistas de nicho com uma palavra a dizer em questões tão fracturantes como 'Amor precoce', 'Sexo automobilístico' e por aí em diante.
ResponderEliminarFalo, é claro, de Amadeu Mota e do seu 'Ela tem apenas 15 anos de idade' ou um mais rústico 'Amor no carro'(https://www.youtube.com/watch?v=_uEGx8ku0hA)
Cid é mais uma espécie de Kant que não encanta, sustentando a sua razão pura num idealismo mais mundano. Ainda assim, muito popular e aceite por todos, há que lhe dar o mérito, embora creio que seja mais pelo culto do personagem do que pela mensagem ;)
O Zé foi [sempre|talvez] o mais erudito dos brejeiros, um Jorge Jesus da música nas entrevistas.
ResponderEliminarQuando queremos apanhar o touro pelos cornos é mais adequado Ena Pá 2000. Está lá o mundo todo Homem/Mulher.
As férias estão mesmo a correr mal?!
ResponderEliminar" parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS."
affe, finalmente!
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A mim, quem me tira Vem devagar emigrante, tira-me tudo. Uma vez por ano é a dose perfeita.
ResponderEliminarFelizmente o macaco gosta de banana.
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