É imaginar Joyce sentado ao meu lado, a distância segura, eu a poder dizer-lhe sempre que me apetecer que o parágrafo está uma bela merda, Joyce a abespinhar-se, explicando-me o que lhe ia na cabeça quando escreveu o que escreveu, dizendo-me que é legítima a minha dúvida, que a coisa carece de contexto, eu a perceber, a passar ao parágrafo seguinte, Joyce tamborilando com os dedos na mesa, tenso, aguardando enervado o meu próximo julgamento, eu olhando Joyce e fazendo menção de pedir novas explicações, decidindo prosseguir no ultimo segundo sem questionar Joyce, Joyce apaziguando-se, eu avançando, Joyce não podendo fazer coisa nenhuma antes de eu terminar, Joyce tentando apressar as coisas, ansiando por uma dose dupla de whiskey. eu acenando que não, que tenho o meu tempo.
(*) o tal sinal
:D Aqui que ninguém nos ouve gostaria de um dia o ver perder o controlo. Não para lhe conhecer o monstro, mas para o ver em modo fofucho, caidinho por moça fina elegante e sincera. De resto, sorri abertamente com a descrição. Sou muito visual e de imaginação fervilhante, vi Joyce apanicado e a si na poltrona, de charuto na mão, a olhar para Joyce pelo canto superior do olho, a testa ligeiramente franzida pelo esforço, enquanto Joyce não estivesse a ver, claro, só para se regozijar com a apreensão alheia, e a voltar para a leitura de Ulisses, sério, compenetrado, como convém e se impõe... Bom Dia :)
ResponderEliminarA mente do ser humano será sempre como uma caverna, que poderá ser, ou não, iluminada com o uso de uma lanterna. (citação minha, engendrada à pressa) E porquê?- perguntais vós, Dom PMS- ora, porque este post me agradou imenso. Logo a mim, que detesto todo e qualquer tipo de sadismo.
ResponderEliminarVer James Joyce a ser obrigado a explicar tudo o que lhe levou sete anos a escrever, para ninguém entender, vê-lo tamborilando no tampo da mesa, impaciente, sujeito aos caprichos de Dom PMS, deu-me um gozo que nem queira saber.
É isso mesmo, caro Pipoco, vá lá chatear quem lhe dá cabo do juízo...:)
O tal.
ResponderEliminarVou na página noventa e quatro, tranquilamente, muito tranquilamente, partilho consigo o meu resumo mental até agora, a tradução para palavras vai dar-me gozo, também pode chamar-se a isto: Mais uma forma de ler Ulisses:
ResponderEliminarÚtero materno. Água. Origem. Mãe. Ser humano. Homem comum. Não desapontar o pai. Vida prática. Necessidades básicas, prazeres básicos, chichi/cocó/pum, a ordem não tem de ser esta, evidentemente, (é preciso referir é, pessoas que não leram ainda Ulisses, é ler) comida, carne na mesa e na cama (sim, é pedaço de carne no prato e pedaço de carne na cama e é de Joyce a culpa do paralelismo). Pensamento. Invenção. Arte. Tudo inventado. Reinvenção. Reconstrução ou distorção do que já foi inventado (foi o que o meu pensamento quis que significasse "espelho partido, arte irlandesa"). Rotina. Morte. Rituais. Homem comum. Pensamento.
Das pedras no caminho ao longo das noventa e quatro páginas: Mas que raio!?. Quem é este agora!?. Então!? Mas ele não estava no talho?. Afinal, depois disto tudo, ainda está no talho está. Hum?! Ai?! Eu estava nesta página? Caraças, tenho de voltar atrás(normalmente acompanhado de riso, mesmo). Sonolência. Afinal, és uma mulher ou és um rato?. Ah! Talvez, ok, não quero chatear-me mesmo a sério consigo Joyce, ok, são pistas, não são respostas. Filosofia? Alinho. Para si e para o Pipoco Mais Salgado que está vivo e tem um blog onde podemos falar deste seu livro (sim, é esse, o PMS, o tal que quando eu acabar ainda há de ir na página cem e está agora a ler este comentário e a fazer pfffff e a congeminar mais um problema das mulheres "Quando não percebem, inventam") mas, como ia a dizer, para si e para o Pipoco, uma frase enigmática: Pensamento, a Odisseia possível do homem comum (Percebeu, não percebeu, Joyce? Claro que sim. Nem vou poder dizer que estamos quites para o caso de ser eu que não estou a perceber nada do que estou a ler)
Está a esgotar-se-lhe o snob-chic?
ResponderEliminarNão era Ulysses?...
sc