20 dezembro 2016
Post das sete e meia
De todas as coisas que envergonham o género masculino, que não são muitas, a que potencia a níveis máximos a vergonha alheia é observar um cidadão na nobre arte de explicar a situação a uma cidadã sobre-qualificada na arte de lidar com situações, é ver o cidadão, palavroso, entusiasmado com o seu parco saber em, digamos assim, energia nuclear, a explicar os rudimentos da tabela periódica e a cidadã, com trinta centrais nucleares projectadas de A a Z em todo o mundo, tranquila, fazendo de conta que os saberes do cidadão são de valor, nós a ver que a cidadã não está ali, nós a observá-la e a constatar o seu ar de quem está a pensar em rissóis de riboló enquanto um esforçado amante faz o que fazem os esforçados amantes, que é desiludir mulheres demasiado crentes, o cidadão cada vez mais entusiasmado, explicando que o hidrogénio não sei quê, a cidadã tranquila, benevolente, gerindo o coeficiente de maçada com profissionalismo, nós a interceder pelo bom nome do género, nós a chamar o cidadão para a varanda, aliciando-o com promessas de discutir se o treinador chega a Fevereiro, a cidadã agradecendo-nos com o olhar, serena, ciente de que os nossos saberes, alicerçados em setenta centrais construídas de A a Z, não serve só para palestras, também serve para isto de salvar mulheres de cidadãos que só cá estão para denegrir o género.
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Os problemas dos homens:
ResponderEliminarNão saberem quando calar-se.
[No caso em apreço o silêncio devia ter ocorrido logo após o cumprimento. A mulher teria, seguramente, assuntos de sobra para preenchê-lo, caso se tornasse incómodo. E se o enfado se apoderasse do ouvinte, logo seria afastado pela soberba de pensar que aquela mulher precisava de um homem que lhe ensinasse coisas e que esse homem podia muito bem ser o ouvinte.
(Os problemas dos homens:
Gostarem de viver enganados.)]
O tio Pipoco descobriu o manplaining.
ResponderEliminarInfelizmente, a mim, cidadã com centrais nucleares projectadas de A a Z, sempre que me vi nessas aflições, nunca me apareceu nenhum cidadão que desviasse o cidadão para a varanda. Infelizmente, infelizmente...
ResponderEliminarA palavra é como a laranja, de manhã é puro, à tarde é prata e de noite mata.
ResponderEliminarÉ ouro*
Eliminar(E as saudades que eu já tinha de deixar passar estás gralhas, hein?)
é estas* :P
EliminarMelhor ainda, ter quem me corrija as falhas do telefone que eu deixei passar. :DDD
EliminarEstás a ver?, Toninha, era isto: o silêncio é como as laranjas, com muita vitamina C, há as grandes e as pequenas, umas doces e outras ácidas, e até para as de casca grossa existem apreciadores.
Eliminar(convém vigiar as úlceras)
Um beijinho muito grande Mirone, sei que estas coisas com os citrinos são difíceis, mas quero que saibas que estou aqui pronta a acarinhar-te e a dar-te força para continuares!
EliminarÉ como é que se chama a parte branca da casca da laranja, como é? Albardo.
Eliminar(Agora sei que vais pensar em mim sempre que jogares scrabble ou fizeres palavras cruzadas. Não é para todos, bem sei...)
Palmy, aceito o teu afecto, tenho palestra dele, mas todos sabemos que afecto nunca é demais. Mas o que eu queria mesmo era uma sacada de tangerinas.
EliminarParabéns, Pipoco, tem aqui um cantinho muito afectuoso.
Albedo*, a parte branca da casca de laranja chama-se albedo.
Eliminar(Palmy, além do afecto, tens telefones verdadeiramente inteligentes?)
Lady Kina, minha querida Lady - saiba que tenho uma laranjeira no meu quintal, cujos frutos já fizeram parte de uma extensa reportagem e foram alvo de grandes elogios. São laranjas, grandes, sumarentas, da baía, sabe quais são?
EliminarA casca é fina, tão fina e saborosa, que até serve para cristalizar sem açúcar...
See you later, my dear Lady.
Vejo que estás em apuros com esse teu telefone, Mirone. Vamos todos dar uma salva de palmas afectuosa à Mirone! Agora! Um, dois, três!
Eliminarsó venho dar um beijinho a toda a gente.
EliminarRetribuído com todo o gosto, caro Onónimo.
EliminarSou eu: a Maria Antonieta.
Estou em crer que nem todas as cidadãs precisam de nobres cidadãos que as salvem de semelhantes palestras (ou outras).. Julga-nos tão indefesas? :)
ResponderEliminarNunca percebi a necessidade que as mulheres têm de se afirmar como não-indefesas.
EliminarPrecisam de um pouco de afecto? Tenho agora disponibilidade...
EliminarBom dia Pipoco, vinha aqui distribuir um bocadinho de afecto. Não sei se há alguém a precisar...
ResponderEliminarE é tão aborrecido quando o cidadão tem uma cultura tão vasta que até abrange os princípios da energia nuclear, mas tem a perspicácia de uma pedra-pomes. O cidadão é inteligente, mas não percepciona o quão chato está a ser.
ResponderEliminarExcelente, caro Pipoco, excelente. Como metáfora, claro!...
ResponderEliminarJá eu, conheço um caso idêntico, mas real, com inversão de género.
A cidadã ciente da sua capacidade de derrubar tudo e todos os que se oponham à sua imensa sabedoria, detentora de uma força nuclear capaz de fazer ruir a fortificação mais segura e melhor edificada sem deixar pedra sobre pedra; desejosa de decapitações e cortes do pio-pio dos passarinhos, julgando o cidadão em perigo, indefeso, perante a alegada ameaça invasora, acorre prontamente a oferecer-lhe ajuda.
Qual, quê? Qual o macho que aceita ajuda vinda de uma pretensiosa super-mulher? Infelizmente, neste caso, não houve uma alma caridosa que a arrastasse para a varanda, e assim, quem apanhou, por tabela, foi o ingénuo e bem intencionado amante na arte de bem filosofar.
Às vezes, as injustiças chegam pela mão das justiceiras...
Que maravilha. Adorei. Não sei o que lhe tem acontecido, mas a sua prosa está cada vez melhor. Centre-se nisto, meu caro, deixe as minudências blogosféricas para quem tem pouco ou nenhum talento para mais. Grande abraço.
ResponderEliminarEu dizer-lhe que este post é dos bons, não conta, mas mesmo assim quero dizer e também quero dizer que gostei do tema proposto pela Maria Antonieta e do post por encomenda, bem, mas como também achei aquele pergunta sobre as banalidades muito interessante (por ser um preconceito de muita gente), pronto, lá está, vou prosseguir. O sentido de humor? Confesso-lhe que já me faz lembrar aquilo com que costuma brincar-se, as misses a desejarem a paz no mundo, escreveu neste post aquela que acho que é, e agora vou usar termos seus para facilitar, a verdadeira vantagem competitiva, a principal, até vou salientar: "...ciente de que os nossos saberes, (...)não serve só para palestras, também serve para isto de salvar mulheres de cidadãos que só cá estão para denegrir o género.". Podia ter acabado ali na parte "... não serve só para palestras,..." mas assim ia cortar o efeito do uso dos tais saberes nos pormenores da vida prática que é o que faz toda a diferença. Este é daqueles posts que é bom pela escolha do que dizer e como dizer e por tudo o que deixa claro do que não foi dito. E se é verdade que, por gostar do estilo, gosto sempre de si, também é verdade que acho o Pipoco deste post e daquele dos reis magos, por exemplo, o tal que, se fosse um whisky, aprendi consigo, seria um Old Bushmills.
ResponderEliminarOs afectos.
ResponderEliminarDeviam erguer estátuas às pessoas atenciosas que arrastam outras para as varandas. É uma qualidade subvalorizada.
ResponderEliminarcorolário? ®
ResponderEliminarum Homem, querendo dar umas suaves palmadinhas nos glúteos de uma Mulher, deve previamente tornar-se mais profícuo no uso das mãos que aquela no uso do chicote?