Tenho pena de ainda não ter visto mulheres de burkini, é sinal que por estas bandas as mulheres muçulmanas não vêm à praia, apesar da canícula, a maior dos últimos não sei quantos anos, isto a crer também nos telejornais cá do sítio.
(Os franceses estão muito zangados com os extremismos muçulmanos estrangeiros e só isso justifica a bizarria de proibir o burkini. E estão zangados porque vêem o que as suas cidades têm mudado, os estrangeiros que ajudaram a França a levantar-se a seguir à guerra tiveram descendência, muita descendência, e agora são os filhos e os netos dos que vieram nesse tempo quem realmente faz a cidade, quem cospe no chão, quem mata o carneiro no andar de cima e deixa que o sangue escorra pelas escadas, quem deixa o lixo fora dos contentores, quem pede esmola nos semáforos, quem conduz como se estivesse em Marraqueche, os franceses estão a sentir-se encostados às cordas, a perder espaço vital e não tarda que Sarkozy ganhe as eleições, um Sarkozy demagogo e com botões de punho que apresentou há três dias o seu programa, um conjunto de alarvidades e de lugares-comuns, porém com as palavras certas para os ouvidos dos franceses, uma espécie de tocar a reunir. Isto do burkini é só a ponta do iceberg, que não se confunda com coisa folclórica, isto de proibir o burkini é uma reacção, é um marcar de território para que um dia destes não seja proibido andar de bikini nas praias de França porque isso incomoda os bons costumes muçulmanos).
(Tem aqui uns pormenores suculentos que só eles)
ResponderEliminarVamos imaginar que convidei um grupo de ciganos para almoçar, quero que se sintam bem, acolhidos, escolho um tipo de comida que sei ser do seu agrado e por aí fora, depois do almoço, sugerem-me cantar e dançar a música deles e eu, claro que sim, com todo o gosto e danço e canto com eles, mesmo com gosto, entretanto partilho musica não cigana da qual gosto e estamos todos assim em alegre convívio até que, alguns, lembram-se de montar uma tenda na minha sala e como traziam uns sacos com umas t-shirts da feira da manhã resolvem improvisar uma venda no quintal, é então que tenho de dizer-lhes que aquilo assim é que não, toca a levantar a tenda e a recolher as t-shirts e vamos mas é voltar a cantar e a dançar e conversar. Depois deste incidente diplomático, de entre eles, existirão aqueles que já tinham abanado a cabeça antes perante aquela atitude dos seus e portanto vão compreender-me perfeitamente, eles próprios tinham achado aquilo, vou dizer apenas, um bocado disparatado e existirão os outros, que vão dizer que lhes abri as portas de casa, comi, dancei e cantei com eles, mas afinal não os aceito, não respeito a cultura deles, afinal sou uma xenófoba, perante isto, tenho duas hipóteses, ou mantenho-me firme e digo-lhes que se querem que eu os respeite e volte a convidá-los têm de, não digo que em Roma ser romanos, mas que o respeito tem de ser mútuo e há coisas que só deverão fazer na sua própria casa, ou então baixo a cabeça, muito envergonhada, cheia de sentimentos de culpa de pertencer à cultura dominante e lá me encolho toda e deixo que voltem a montar a tenda e voltem às vendas no quintal, (é claro que se tomasse esta segunda atitude, a hipótese de ficar cá por dentro contrariada, furiosa e a jurar para nunca mais e talvez até a dizer aquela coisa tão feia que eles deviam era ir lá para a terra deles, seja lá isso onde for, seria coisa bastante provável).
ResponderEliminarAh e tal, Cláudia, isso é muito simplista, ao que respondo, pois penso que é exatamente assim que as coisas se passam, é assim que tudo começa e acaba nestes lindos resultados, é assim que passamos do 8 para o 80. O respeito tem de ser reciproco e se em Roma não temos de ser romanos também não temos de obrigar os romanos, por exemplo, a serem lisboetas, é por isso que existe aquilo a que se chama meio-termo, no caso do post seria, por exemplo, elas de burkini e eu de biquíni, é que é coisa que, confesso, não me faz diferença absolutamente nenhuma, não está de forma alguma a invadir a minha liberdade, desde que não me obriguem a mim a usar o burkini, cada um que use no corpo e na alma o tipo de costumes com que foi criado e respeite os dos outros. Deveria ser tão simples como isto, seria até uma coisa bastante básica não fossem os rabos presos de todos e os sentimentos de culpa dos da chamada cultura dominante, nós, por todas as épocas em que andámos a obrigar os outros a serem iguais a nós, a isto juntam-se os políticos que se aproveitam das susceptibilidades alheias para proveito próprio quando, em vez de politica, fazem politiquice.
Estão no seu direito de tentar estabelecer alguma ordem no território deles, mas mal. As proibições não resultam com toda a gente, com gente nenhuma, principalmente gente que não tem medo e se acha plena de razão. Também não há lógica que lhes valha, a lógica é diferente de cabeça para cabeça, basta que o ponto de vista seja outro. É o diabo, eles estão a lidar com o monstro que eles próprios criaram e nem sabem muito bem como... É um problema social e cultural gravíssimo, mas enquanto eles não aprenderem que não é com prepotência que lá vão, a coisa não desanda. Boas férias :)
ResponderEliminarCerto. A França está a sofrer um processo assustador de islamização e terá acordado demasiado tarde para o problema. No entanto, proibir é tão radical como é a proibição decretada pelo Islão radical em relação à exposição do corpo por parte das mulheres. Isto é um problema de grande complexidade que não tem fácil resolução e é preciso muito cuidado na hora de assumir posições. Uma coisa é certa: extremismo só desencadeia extremismo.
ResponderEliminarA proibição do burquini é infantil, histérica e não tem outro efeito útil que não o de afastar algumas muçulmanas da vista dos veraneantes. Percebo o problema dos franceses, mas proibir o burquini é mais ou menos o mesmo do que fazer uma lei a proibir o Islão. Vão seguir-se outras polémicas tolas, como a forma como são mortos os animais cuja carne os muçulmanos comem. O estado francês lá estará no seu direito de tentar proibir o que bem entender. É pena que use o absurdo argumento da dignidade da pessoa humana e dos direitos da mulher para esta concreta proibição. É também assustador perceber, através deste episódio, o desespero da França e a incapacidade de lidar com o assunto. Vem a calhar para o ISIS, de quem se dizia ter começado a entrar em "crise de vocações".
ResponderEliminar(P.S. Embora seja juridicamente discutível a conformidade da medida legal com a convenção dos direitos do homem - desse ponto de vista a resposta está longe de ser óbvia e conheço muitos entendidos na matéria que consideram não haver violação - não vislumbro nenhum argumento jurídico a favor da proibição que não possa ser futuramente utilizado a favor da imposição. A ver vamos se a brincadeira não vai ainda deixar a jurisprudência do TEDH de mãos atadas, relativamente a uma futura imposição de hijab e outros em países europeus islamizáveis.
EliminarDr. Pipoco, enquanto está de férias eu estou aqui a segurar o barco, não se preocupe com nada que eu dou conta do recado. Enquanto isso tirei apenas uns minutos do meu tempo precioso para lhe dizer que eu tive essa oportunidade, a de ver senhoras de burkini, mais que senhoras, famílias. Claro que as mais velhas não usam burkini, essas na melhor das hipóteses ficam à sombra do chapéu de sol debaixo dos seus niqabs, na pior fechadas nas suas villas, mas como ia dizendo os burkinis estavam na berra este ano, lá onde estive de férias, mas para as crianças. As de cinco/sete anos podiam nadar de calções curtos e camisola de manga curta, as de oito/onze já usavam manga comprida e calções até aos joelhos, e a partir dos onze/doze anos, quando as meninas começam a ganhar curvas de mulher, lá vinham elas dar mergulhos e brincar como as crianças brincam, com o pequeno detalhe de estarem todas tapadas com os seus burkinis. E digo-lhe Dr. Pipoco, que nem o facto dos burkinis serem cor de rosa melhorava aquela visão.
ResponderEliminarsim, porque a alternativa é muito simpática. e ainda se pensa que não estamos em guerra pela civilização, contra os políticos, contra os fanáticos, contra a submissão, no limiar de outro abismo obscurantista.
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