27 agosto 2016

Dias da Bretanha, dois

Há duas maneiras de nos maravilharmos com o Mont St Michel, sem nos aborrecermos com excursões de velhinhos alemães que viajam com o Inatel lá deles com guias que falam muito alto por mor das capacidades auditivas prejudicadas dos clientes  ou com as filas intermináveis de sorridentes asiáticos que, em vez de verem onde estão, preferem ver o mundo através de paus de selfie onde eles aparecem  sorridentes, com os dedinhos em "v" e com qualquer coisa em fundo, de que eles não se lembrarão, porque não viram, quando regressarem a Tamagoshi, ou lá como se chama o sítio de onde eles vêm.

É chegar a pé, acertando a hora de chegada com o bater das oito da manhã e ser recebido  com o bater dos sinos, tomar um café com calma e tempo (ah, se eu fosse da tribo dos das facturas de quanto custou o que se comeu e bebeu...) e então atacar a subida e apreciar o que os nossos olhos nos mostram, regressando antes das onze da manhã, que é quando chegam os povos bárbaros, ou então deixar chegar as sete da tarde, que é a hora em que o parque de estacionamento deixa de ser pago, entrar na navette, ter aquela sensação que se tem na ponte 25 de abril num sábado de verão quando se vai no sentido norte-sul às oito da noite, e ver um outro Mont Saint Michel, o das lojas fechadas, o do silêncio, o das estrelas que se vêem quando nos deitamos nas velhas pedras da entrada da abadia.

5 comentários:

  1. Cláudia Filipa27.8.16

    Estou cá desconfiada que terá sido por isso, terá sido por ter vivido o Mont St Michel da mesma forma que o Pipoco, que a pessoa do post anterior, sentindo-se a transbordar de plenitude (as coisas que eu escrevo por ter começado a ler blogs, senhores! Ah! blogs benfazejos!)resolveu agradecer ser mais um a não ter de comprar sapatos dois números abaixo para ter, pelo menos, um aborrecimento que o acompanhe para todo o lado.

    Escusado será dizer, daí o Pipoco não ter dito, que nós "os lampiões" fazemos parte dos povos bárbaros, logo, eu, toda lampiona da minha vida, chegaria a horas de, com toda a probabilidade, levar com um pau de selfie de um dos habitantes de Tamagoshi na cabeça e poderia mesmo vir a deitar-me "nas velhas pedras" mas por me ter desequilibrado, enfim, restar-me-ia o consolo de também ter ficado a ver estrelas.

    (continuação de boas férias e obrigada por, através das fotografias e dos relatos, estar a levar-nos consigo na sua viagem grande)

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  2. (voltou à sua melhor forma, escrever de uma forma que dá gosto ler, ora ainda bem, gosto muito disso)

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  3. Anónimo27.8.16

    Falta comer um prato de moules frites em St. Malo, acompanhado de uma leffe radieuse.

    Boas férias!

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  4. onónimo28.8.16

    chega um homem trazido pelo fragor da maré, ainda alheado de velhas rotinas, para encontrar o meu caro de viagem...

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