Posso ver agora o mundo com um olhar mais cínico, posso já não acreditar em tudo o que me dizem, posso saber que esperar que as coisas aconteçam também é uma opção, posso já não ser a melhor escolha para jogar a extremo esquerdo, posso precisar de anotar aquilo que não me é conveniente esquecer, posso já não conseguir fazer mil quilómetros de carro durante a noite e estar a esquiar às nove da manhã, posso ter aprendido a fazer cara de jogador de poker, posso já ser imune ao poder das mulheres demasiado bonitas.
...mas continuo a deslumbrar-me com o que leio em livros.
Que romântico Poder.
ResponderEliminarEstá no ponto, não está, Lady Kina? De tempos a tempos é boa ideia prantar um post assim, meio meditativo, uma espécie de desabafo meditativo mas com uma centelha de esperança no final.
EliminarO público costuma ser generoso com estas coisas, vamos ver como corre...
(devia ter sido publicado de manhã, a esta hora as pessoas estão ocupadas a encomendar pizza e a fazer os trabalhos de casa com as crianças e não são muito activas nos comentários)
EliminarSabendo-o magnânimo, sugiro que invista no aconselhamento mais consistente do seu pupilo, explicando-lhe estas e outras jigajogas, que anda o homem desiludido com a falta de (e)leitores.
É arte que se aprimora com o tempo, Lady Kina. O rapaz tem vontade, porfia, lá chegará. A seu tempo.
EliminarNão sei Dr. Pipoco, sinto-me muito em baixo (a que também não é alheia a situação que sofri no fim de semana aquando da confusão). Se não fosse para ser amado não me tinha metido nestas coisas das internetes! É que, vamos lá a ver, eu como Ministro tenho direitos, ora bolas! Assim sendo, deixo aqui claras as minhas intenções: exijo que me amem o quanto antes!
EliminarSenhor Ministro posso enviar-lhe um cão. Igual ao do Dr. Pipoco. Que acha?
EliminarA Maria Alice que me contacte por favor, trabalho no canil, junto ao parlamento.
é um deslumbre ou é um encantamento? A tal centelha de magia de que precisamos para continuar a viver, apesar de já não sermos escolhidos para ponta esquerda? A mesma que sentimos no topo de uma montanha? Num céu em forma de presente de Deus? Grande abraço.
ResponderEliminarÉ deslumbre. Ficar a pensar no que lemos, notar a perfeição com que o autor conjugou as palavras, dispensar tempo a apreciar quão sublime é a história que nos está a ser contada, é deslumbre.
EliminarOK, "notar a perfeição com que o autor conjugou as palavras" já percebi tudo... :)
EliminarE nós podemos saber qual foi o livro de Hemingway que o deslumbrou ou vamos ficar a tentar adivinhar enquanto continuamos a fazer os trabalhos de casa com as crianças e arrumamos a cozinha, ou seja, deitamos fora a caixa da pizza?
ResponderEliminarSão os meus dias de França, Susana. É facílimo, sou um tipo do mais previsível que há...
Eliminar(não estava preparado para saber que provavelmente come pizza à mão...)
Hum... "Paris é uma Festa?" Impressionou-me aquilo de ele escrever melhor com estava com fome, fome a sério. E a vontade que dá de ir para os cafés de Paris escrever?...
Eliminar(e eu estava a fazer fé naquilo do "posso já não acreditar em tudo o que me dizem"...)
(há sempre um charme especial numa resposta à altura...)
EliminarDeslumbramento é coisa de crianças - diz-me o Peter Pan :P
ResponderEliminarSerá pela permanência? O livro fica, as palavras podem ser relidas, podes tocá-las. As sensações vão esmorecendo, a tempo apagam-se. As palavras eternizadas em papel persistem fisicamente o tempo que quisermos.
ResponderEliminarNos livros, mais do que uma melodiosa conjugação de palavras daquelas que me deixam a pensar que jamais conseguiria lembrar-me de dizer aquilo assim, o que me deixa verdadeiramente deslumbrada é a imaginação de quem os escreve, a capacidade para inventar histórias e outras pessoas, já que só tenho imaginação para resolver assuntos práticos do dia a dia e quando falo ou escrevo sou sempre eu fico fascinada com a imaginação alheia, e um livro que tenha o poder de me fazer descansar de mim, coisa que faz muito bem para desenjoar, livro que me faça mergulhar nele e ver a vida, o mundo, através de outros olhos conquista-me para sempre.
ResponderEliminarTambém lhe quero dizer que vou optar por não acreditar nisto: "Posso ver agora o mundo com um olhar mais cínico (...) posso já ser imune ao poder das mulheres demasiado bonitas". Acho isto demasiado triste e portanto espero que tenha sido só para salientar a importância do deslumbre em causa, é que, ao contrário do propagandeado, nunca consegui encontrar nenhuma sofisticação no cinismo (encontro-lhe outras coisas que não vou escrever) a não ser enquanto mero exercício estilístico, e também acho triste que se comece a ser imune à beleza seja do que for, faz-me ficar com uma sensação, acho que isso tem qualquer coisa de princípio do fim. Sabe, quase não gostei nada deste post.