Que engraçado, a sua mãe é da mesma escola que a minha (esse é o teu trabalho, se os outros conseguem tu também consegues, se tens dúvidas perguntas à professora, tens de aprender a organizar-te sozinha, não fazes mais que a tua obrigação, and so on, and so on.)
Olá, Pipoco, boa tarde. Presumo que este seja um novo assunto nos blogs, neste momento ainda não faço a mínima ideia, bem, mas no que me diz respeito digo-lhe que a minha mãe dizia exatamente o mesmo que a mãe da Izzie. Até para obter informações e tratar das coisas que me diziam respeito e que estavam para além da necessidade de assinatura dos pais comecei a ir sozinha muito nova, quando chegava a casa e dizia que os outros miúdos estavam com as mães ou com os pais, já a achar a minha mãe parecida com a madrasta da Branca de Neve, a resposta era assim: Mas conseguiste resolver as coisas não conseguiste? Então como vês eu não fiz falta nenhuma.
Cláudia Filipa, fartei-me de rir com este comentário, que eu, sobre a minha mãe, também dizia que tinha tirado o curso de maternidade com a madrasta da Branca de Neve... (vejam lá que a malvada até me obrigava, sim, obrigava!, a preencher e entregar os impressos de matrícula, desde o 5º ano - então 1º do ciclo. lembro-me disto perfeitamente porque, quando chegou a parte de assinalar se queria ou não a tal cadeira lhe perguntei "mãe, tenho religião e moral ou não?" e ela me responde "tu é que decides".)
A minha mãe nunca estudou comigo, não me ajudou sequer a desenhar as primeiras letras. Nunca me perguntou as tabuadas, os rios e linhas férreas de Portugal. Nada! Isso fez de mim a mulher firme, independente e determinada que sou. Isso fez com que chegasse à posição que ocupo hoje: a secretária do Senhor Ministro! No fundo temos tudo em comum, não é assim, cidadãs Cláudia Filipa e Izzie?
Se a sua mãe esteve lá para si sempre que foi preciso, mas realmente preciso e sabia que podia contar com ela para o que desse e viesse, mas se também a ensinou a desenrascar-se para não ser uma totó que sem bengalas não é nada, se não for burrinha e não o sendo não se armar em tal e deixar-se de sonsices fazendo de conta que, por exemplo, não percebe certos comentários por acaso bem fáceis de entender, se for realmente firme, determinada e independente (em vez de parecer referir-se a estas características que dão um jeito danado na vida de qualquer pessoa como uma doença perigosa) se assim for temos, pelo menos, estas coisas em comum. Já o seu ministro que diz ter nascido ensinado desconhece, pelos vistos, a existência dessa profissão que é a de professor e também não fará ideia nenhuma da existência dessa coisa chamada escola, como tal achará que a tarefa de ensinar caberá única e exclusivamente às mães e aos pais...Coitadas das crianças cujos pais não sabem ler nem escrever, ou que nem sequer a quarta classe têm e parecendo que não ainda são tantos, bem, mas isto é coisa que não deveria estranhar, afinal, sempre ouvi dizer que alguns ministros e outros que tais só conhecem as gaiolas douradas onde vivem.
Há comentários que não percebo, é verdade. Este é um deles. Tanta animosidade, tanta crispação, tanto azedume, vindos de si, cidadã Cláudia, são motivo de estranheza. Como é o facto de noutras pessoas a não intervenção da mãe ser vista com bons olhos, e se dizer ter estado na origem de pessoas fortes e confiantes, mas no meu caso ser quase uma heresia que o tenha dito. Não devíamos ter aprendido todos, com ou sem intervenção parental na preparação de provas escolares, o significado de tolerância? O Senhor Ministro faz parte de um grupo restrito de pessoas que consegue ler e expressar-se muito para além do que as letras juntas dizem. Faz parte de um grupo que não se fica pela letra, que vê além dela. Quando o Senhor Ministro diz que nasceu ensinado está a mostrar-nos que os valores que o suportam lhe são inatos, não teve de os aprender nos bancos da escola. já nasceu com um elevado sentido de justiça, honradez, apurado sentido estético, refinada elegância, movia-se naturalmente entre pessoas assim e foi essa realidade que lhe cimentou o carácter, independentemente de ter sido dourada ou de galhos a sua gaiola. Mais do que saber juntar letras ou fazer cálculos aritméticos, estes são os saberes que importam, independentemente do grau de literaciados pais. O Senhor Ministro não lamenta as crianças cujos pais não sabem ler e escrever, lamenta as crianças cujos pais não lhes transmitiram pelo código genético ou por exemplos o essencial: carácter.
Senhora Secretária do Senhor ministro, começo a achar que foi com grande alegria que usou os termos animosidade, crispação e azedume referindo-se a mim, pode continuar esse processo de extrema atenção relativamente ao que escrevo, continuar a tentar descobrir-me as supostas incongruências (irá encontrar muitas cláudias, não sou um robô e corre-me sangue nas veias, para além de escrever sem guião) e até descobrir-me uma carrada de defeitos que não me importo nada, com a minha mãe é outra conversa, como sabe as mães da maioria de nós são para nós as maiores e a minha até era mesmo, mas mesmo. A tolerância não é para aqui chamada, uns têm uma determinada experiência e outros têm outra e dizer como aconteciam as coisas connosco não me parece que tenha alguma coisa que ver com estar a ser intolerante relativamente à forma como aconteciam as coisas com os outros, no primeiro comentário limitei-me a falar do que aconteceu comigo, pura e simplesmente, a resposta que lhe dei veio no seguimento do seu comentário que como sabe não foi inocente, mais uma vez lhe digo para não se fazer de tonta que de tonta nada tem até por também não estar a lidar com uma como acho que já terá percebido. A parte em que refere todas as qualidades da personagem Senhor Ministro é obviamente a parte verdadeiramente humorística da sua resposta e portanto não me vou manifestar. E como sofro do mal da crispação mas não de animosidade nem de azedume vou continuar a achar-lhe a mesma graça de sempre, só não acho graça a tudo e nem sequer acho que tudo quanto escreve seja escrito só para ter graça, portanto quando sentir uma ferroada posso estar em dia de não ligar ou posso estar em dia de me apetecer dar uma palmada no mosquito se é que me entende, mas irei dosear sempre a força, terei sempre cuidado para não esborrachar, nada a fazer, talvez também faça parte desse tal carácter.
(não sei se me sinta estúpida, desatenta ou simplesmente feliz por me ter passado ao lado que este tópico era tão hot-hot-hot no rating do blogo-trending semanal. note to self: para a próxima, antes de atirar um comentário num post, verificar a contextualização, i.e., visitar toooodos os blogo-hot-spots a ver se não estou, incautamente, a meter o pé em chão de lava. apre.)
Ah, eu relativizo. Mas comentei porque achei graça a este post, logo no dia seguinte a ter almoçado com a minha mãe e termos falado do mesmo tema. É que a mãe outrora madrasta da Branca de Neve, que nos responsabilizava ao máximo pelo nosso trabalho (mas era atenta, ó se era: sabia sempre quando havia testes, ia a todas as reuniões, sabia todas as notas. e não correu mal: mano, que sempre foi um calinas até ao 9º ano, entrou na sua primeira opção, por sua opção - ano zero, católica - e eu idem - Clássica, mas com entrada garantida em Coimbra e Católica, onde aliás entrei duas vezes e estive ainda dois meses. portanto, não correu mal) essa mãe, dizia eu, agora é avó, e anda, nisto dos estudos, com os netinhos ao colo. Porque eles precisam. Diz ela que o do meio melhorou muito em geral e em matemática em particular, já tem melhores resultados nos trabalhos de casa, é menos trapalhão e mais responsável. E nos testes, perguntei eu. E o silêncio longo antes da resposta. Parece que nos testes ainda se espalha um bocado. E pronto, é só isto. Se calhar não é o treino que é mau, é o tipo de treino. (pessoalmente, não dou muita importância ao coaching intenso, porque cada criança tem as suas apetências e os seus timings. as pessoas valorizam muito os bons resultados, mas esquecem que há coisas mais importantes. e, lá está, o meu irmão, chegada a hora da verdade, revelou-se. podia não ter muito boas notas, mas sabia fazer pagamentos e trocos, recados, desenrascar-se, ter modos à mesa - tipo usar o talher adequado e arranjar peixe - e por aí fora. os meus sobrinhos não eram capazes de fritar um ovo nem para matar a fome, e consta até que nem neles confiam para ligar o lume no fogão. credo.)
Que engraçado, a sua mãe é da mesma escola que a minha (esse é o teu trabalho, se os outros conseguem tu também consegues, se tens dúvidas perguntas à professora, tens de aprender a organizar-te sozinha, não fazes mais que a tua obrigação, and so on, and so on.)
ResponderEliminarOlá, Pipoco, boa tarde.
ResponderEliminarPresumo que este seja um novo assunto nos blogs, neste momento ainda não faço a mínima ideia, bem, mas no que me diz respeito digo-lhe que a minha mãe dizia exatamente o mesmo que a mãe da Izzie. Até para obter informações e tratar das coisas que me diziam respeito e que estavam para além da necessidade de assinatura dos pais comecei a ir sozinha muito nova, quando chegava a casa e dizia que os outros miúdos estavam com as mães ou com os pais, já a achar a minha mãe parecida com a madrasta da Branca de Neve, a resposta era assim: Mas conseguiste resolver as coisas não conseguiste? Então como vês eu não fiz falta nenhuma.
Cláudia Filipa, fartei-me de rir com este comentário, que eu, sobre a minha mãe, também dizia que tinha tirado o curso de maternidade com a madrasta da Branca de Neve...
Eliminar(vejam lá que a malvada até me obrigava, sim, obrigava!, a preencher e entregar os impressos de matrícula, desde o 5º ano - então 1º do ciclo. lembro-me disto perfeitamente porque, quando chegou a parte de assinalar se queria ou não a tal cadeira lhe perguntei "mãe, tenho religião e moral ou não?" e ela me responde "tu é que decides".)
A minha mãe nunca estudou comigo, não me ajudou sequer a desenhar as primeiras letras. Nunca me perguntou as tabuadas, os rios e linhas férreas de Portugal. Nada! Isso fez de mim a mulher firme, independente e determinada que sou. Isso fez com que chegasse à posição que ocupo hoje: a secretária do Senhor Ministro! No fundo temos tudo em comum, não é assim, cidadãs Cláudia Filipa e Izzie?
ResponderEliminarSe a sua mãe esteve lá para si sempre que foi preciso, mas realmente preciso e sabia que podia contar com ela para o que desse e viesse, mas se também a ensinou a desenrascar-se para não ser uma totó que sem bengalas não é nada, se não for burrinha e não o sendo não se armar em tal e deixar-se de sonsices fazendo de conta que, por exemplo, não percebe certos comentários por acaso bem fáceis de entender, se for realmente firme, determinada e independente (em vez de parecer referir-se a estas características que dão um jeito danado na vida de qualquer pessoa como uma doença perigosa) se assim for temos, pelo menos, estas coisas em comum.
EliminarJá o seu ministro que diz ter nascido ensinado desconhece, pelos vistos, a existência dessa profissão que é a de professor e também não fará ideia nenhuma da existência dessa coisa chamada escola, como tal achará que a tarefa de ensinar caberá única e exclusivamente às mães e aos pais...Coitadas das crianças cujos pais não sabem ler nem escrever, ou que nem sequer a quarta classe têm e parecendo que não ainda são tantos, bem, mas isto é coisa que não deveria estranhar, afinal, sempre ouvi dizer que alguns ministros e outros que tais só conhecem as gaiolas douradas onde vivem.
Há comentários que não percebo, é verdade. Este é um deles. Tanta animosidade, tanta crispação, tanto azedume, vindos de si, cidadã Cláudia, são motivo de estranheza. Como é o facto de noutras pessoas a não intervenção da mãe ser vista com bons olhos, e se dizer ter estado na origem de pessoas fortes e confiantes, mas no meu caso ser quase uma heresia que o tenha dito. Não devíamos ter aprendido todos, com ou sem intervenção parental na preparação de provas escolares, o significado de tolerância?
EliminarO Senhor Ministro faz parte de um grupo restrito de pessoas que consegue ler e expressar-se muito para além do que as letras juntas dizem. Faz parte de um grupo que não se fica pela letra, que vê além dela. Quando o Senhor Ministro diz que nasceu ensinado está a mostrar-nos que os valores que o suportam lhe são inatos, não teve de os aprender nos bancos da escola. já nasceu com um elevado sentido de justiça, honradez, apurado sentido estético, refinada elegância, movia-se naturalmente entre pessoas assim e foi essa realidade que lhe cimentou o carácter, independentemente de ter sido dourada ou de galhos a sua gaiola. Mais do que saber juntar letras ou fazer cálculos aritméticos, estes são os saberes que importam, independentemente do grau de literaciados pais. O Senhor Ministro não lamenta as crianças cujos pais não sabem ler e escrever, lamenta as crianças cujos pais não lhes transmitiram pelo código genético ou por exemplos o essencial: carácter.
Tudo, temos tudo em comum, Senhora Cidadã Secretária.
EliminarSenhora Secretária do Senhor ministro, começo a achar que foi com grande alegria que usou os termos animosidade, crispação e azedume referindo-se a mim, pode continuar esse processo de extrema atenção relativamente ao que escrevo, continuar a tentar descobrir-me as supostas incongruências (irá encontrar muitas cláudias, não sou um robô e corre-me sangue nas veias, para além de escrever sem guião) e até descobrir-me uma carrada de defeitos que não me importo nada, com a minha mãe é outra conversa, como sabe as mães da maioria de nós são para nós as maiores e a minha até era mesmo, mas mesmo.
EliminarA tolerância não é para aqui chamada, uns têm uma determinada experiência e outros têm outra e dizer como aconteciam as coisas connosco não me parece que tenha alguma coisa que ver com estar a ser intolerante relativamente à forma como aconteciam as coisas com os outros, no primeiro comentário limitei-me a falar do que aconteceu comigo, pura e simplesmente, a resposta que lhe dei veio no seguimento do seu comentário que como sabe não foi inocente, mais uma vez lhe digo para não se fazer de tonta que de tonta nada tem até por também não estar a lidar com uma como acho que já terá percebido.
A parte em que refere todas as qualidades da personagem Senhor Ministro é obviamente a parte verdadeiramente humorística da sua resposta e portanto não me vou manifestar.
E como sofro do mal da crispação mas não de animosidade nem de azedume vou continuar a achar-lhe a mesma graça de sempre, só não acho graça a tudo e nem sequer acho que tudo quanto escreve seja escrito só para ter graça, portanto quando sentir uma ferroada posso estar em dia de não ligar ou posso estar em dia de me apetecer dar uma palmada no mosquito se é que me entende, mas irei dosear sempre a força, terei sempre cuidado para não esborrachar, nada a fazer, talvez também faça parte desse tal carácter.
Será necessário ir buscar o meu colega António Costa, esse grande negociador, para resolver este diferendo?
Eliminar(esta situação é quase tão tensa como aquela a que assistimos no Porto de Lisboa, não lhe parece, Dr. Pipoco?)
Felizmente que nasci ensinado e não tive de passar por nenhuma destas situações...
ResponderEliminar(não sei se me sinta estúpida, desatenta ou simplesmente feliz por me ter passado ao lado que este tópico era tão hot-hot-hot no rating do blogo-trending semanal. note to self: para a próxima, antes de atirar um comentário num post, verificar a contextualização, i.e., visitar toooodos os blogo-hot-spots a ver se não estou, incautamente, a meter o pé em chão de lava. apre.)
ResponderEliminarIzzie, isto são só blogs e blogs são são só pessoas a dizer coisas. Relativize.
EliminarAh, eu relativizo. Mas comentei porque achei graça a este post, logo no dia seguinte a ter almoçado com a minha mãe e termos falado do mesmo tema.
EliminarÉ que a mãe outrora madrasta da Branca de Neve, que nos responsabilizava ao máximo pelo nosso trabalho
(mas era atenta, ó se era: sabia sempre quando havia testes, ia a todas as reuniões, sabia todas as notas. e não correu mal: mano, que sempre foi um calinas até ao 9º ano, entrou na sua primeira opção, por sua opção - ano zero, católica - e eu idem - Clássica, mas com entrada garantida em Coimbra e Católica, onde aliás entrei duas vezes e estive ainda dois meses. portanto, não correu mal)
essa mãe, dizia eu, agora é avó, e anda, nisto dos estudos, com os netinhos ao colo. Porque eles precisam. Diz ela que o do meio melhorou muito em geral e em matemática em particular, já tem melhores resultados nos trabalhos de casa, é menos trapalhão e mais responsável. E nos testes, perguntei eu. E o silêncio longo antes da resposta. Parece que nos testes ainda se espalha um bocado. E pronto, é só isto. Se calhar não é o treino que é mau, é o tipo de treino.
(pessoalmente, não dou muita importância ao coaching intenso, porque cada criança tem as suas apetências e os seus timings. as pessoas valorizam muito os bons resultados, mas esquecem que há coisas mais importantes. e, lá está, o meu irmão, chegada a hora da verdade, revelou-se. podia não ter muito boas notas, mas sabia fazer pagamentos e trocos, recados, desenrascar-se, ter modos à mesa - tipo usar o talher adequado e arranjar peixe - e por aí fora. os meus sobrinhos não eram capazes de fritar um ovo nem para matar a fome, e consta até que nem neles confiam para ligar o lume no fogão. credo.)