Durante muito tempo, escolhi sítios bonitos sempre que me apetecia ler um livro. A poltrona junto à janela da sala, o banco por baixo do sobreiro grande, a rede do telheiro.
Com os anos aprendi que um bom livro deve ser lido em desconforto, sem distracções. O sótão, à noite, só com um candeeiro de pé é o sítio certo.
É também por isso que não sou capaz de acompanhar a leitura de nenhum livro com música. O Título do post, fez-me lembrar uma conversa que tive, há algum tempo, sobre certos livros redobrarem a sua magia se forem lidos em dias bem cinzentos e de preferência com chuva e se estiver frio melhor ainda. Por exemplo, levei não sei quanto tempo a ler A Loja de Antiguidades de Charles Dickens, a magia, para mim, não era a mesma em dias de sol, aquele livro pede uma atmosfera cinzenta a acompanhar, o que vale é que de todas as vezes que voltava ao livro lembrava-me de tudo como se não tivesse passado tempo nenhum, já agora, essa é para mim uma das características que define o que é um grande escritor, a capacidade de fazer com que o que escreveu fique na memória de quem lê não importa quanto tempo passe. Para concluir, sim, um bom livro merece a nossa exclusividade e a exclusividade também está dependente do lugar e da atmosfera certa, a não ser assim, até podemos passar por um bom livro sem sequer ficarmos com a noção de que é, de facto, um bom livro.
ResponderEliminarFicou a apetecer uma boa leitura ao som da chuva!
ResponderEliminarHoje só falta mesmo a chuva :)
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O desconforto distrair-me-ia bem mais do que "sítios bonitos" (dos quais consigo abstrair-me facilmente).
ResponderEliminarNos dias que (me) correm, um momento "sem filhos" ja garante todas as condições de leitura!!...
ResponderEliminarPC
Sem distracções, como música ou televisão, concordo. Em desconforto, nunca. Não me permitiria estar concentrada.
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