06 janeiro 2016

Igualdade, já!

O Lourenço levanta ali naquilo lá dele um tema de valor. A coisa vai aquecer na caixa de comentários, evidentemente. Eu sei disto porque eu próprio irei lá debater.

A questão que o Lourenço não levanta, porque aquilo lá dele é uma casa séria, é que nós, homens também temos direito à indignação. Devemos por os olhos nesta luta das mulheres que não têm jeito para a banda desenhada e, apesar disso, arranjaram maneira de entrar na lista de finalistas (uma lista mais esticadinha, evidentemente) e iniciarmos aqui e agora a luta, justíssima, ninguém fala nestas coisas mas felizmente eu estou cá, disponível para levar a cabo as lutas que realmente valem a pena, que nos fazem evoluir enquanto civilização em particular e enquanto melhores pessoas em geral.

É pois chegada a hora de questionarmos porque somos nós, homens, segregados quando se trata de eleger os melhores blogs de roupas? Porque razão estamos sempre fora das listas de convidados para as noites de lojas abertas na Rua Castilho? Porque é que as marcas de roupa de criança não se lembram de nós para divulgar aquelas coisas com laços nem concebem que nós gostemos de andar vestidos com roupa igual à nos nossos filhos? Nós também os vestimos, caramba. Com calções curtos em dia de chuva e com cores que não combinam muito bem, é certo. Mas é isso razão para sermos ostracizados pela Zara Kids? Não seria pedagógico, para além de promover a igualdade de género, recebemos uns batons para sortearmos pelos nossos leitores?

Homens dos blogs, acção, já! É chegada a hora! Todos para a rua, manifestemo-nos!

(e eu à chuva aqui no Bonfim...)

28 comentários:

  1. É uma pena que não haja abertura para debater os temas com seriedade, e cheguei a um ponto em que se vejo que não há qualquer ponte comum (e já agora, alguma leitura sobre as temáticas) já nem vale a pena continuar a discutir. Mas é realmente pena porque os considero realmente capazes de algo mais que debitar clichés sobre a cultura dominante.

    p.s. quando li o post do lourenço comentei para mim que era um post à pipoco. isto depois de ter ido verificar duas vezes se não estava na imperatriz sissi.

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    1. Luna, numa coisa tenho que lhe dar razão: eu e o Lourenço somos efectivamente brilhantes. Mais um do que o outro.

      E saiba que gosto mesmo de debater consigo. Neste caso em concreto, dê-me um (um basta) nome de mulher de quem tenha um álbum de BD em sua casa. Se não tiver, pode dar-me um nome de mulher que escreva BD sem ser a que vem referida no notícia do DN. Nada? Pois...

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    2. (perdi o golo do Slimani a escrever este comentário, veja bem o apreço que lhe tenho)

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    3. Caro Pipoco, posso desde já dizer-lhe que não tenho livros de BD em casa porque nunca foi hábito meu ler BD - porque será, talvez porque nunca me tenham oferecido livros de BD em miúda, ao contrário dos meus primos rapazes? Dúvidas, dúvidas...

      No entanto, a comprar BD, certamente teria comprado o Persepolis, por exemplo, já que adorei o filme baseado no mesmo.

      O que interessa aqui perguntar é: porque é que não há (ou há poucas) mulheres a fazer BD? Será pelas mesmas razões pelas quais há poucas mulheres em engenharia? Ou em cargos de responsabilidade, embora já sejam a maioria nas universidades. É porque são naturalmente tão menos capazes que não haja percentualmente mulheres com as mesmas capacidades de 90% dos homens? E será isso inato ou uma construção social? Terá algo a ver com privilégio e relações de poder e esterotipos sociais?

      p.s. os exemplos que dá não são válidos, 1º pq ao contrário que diz há representação masculina nesses blogues de moda e são convidados sempre uns 2 ou 3, e embora não tenha acesso a número, quase juraria que comparativamente, dada a diferença de população, chegarem 2 ou 3 (se calhar num universo de 10) ao topo é significativo - ao contrário do que acontece na BD, em que no pequeno universo de mulheres, nenhuma é boa o suficiente para figurar ao pé de 30 homens. Em 2º, ao contrário dos concursos de miss universo, que são só para mulheres - também há mister universo - não é o caso do concurso de BD, pelo menos teoricamente aberto a ambos os sexos.

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    4. (oh pipoco, confesse, o apreço por mim até valeu o post todo)

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    5. HÁ CONCURSOS SÓ PARA MULHERES?!!! (a ignomínia, a afronta...).

      Luna, agora a sério: há uma lista de 30 pessoas finalistas para ganhar um prémio de BD na capital da BD. Nenhuma destas pessoas era do género feminino. Trata-se de BD, não há grande tradição de mulheres a escrever BD, é normal. O que é anormal, aliás, é ridículo, é fazer crescer a lista para entrarem mulheres.

      Seria a mesma coisa num concurso para escolher a melhor pessoa chef de cozinha, seria a mesma coisa se o concurso fosse da melhor pessoa condutora de pesados, seria mais equilibrado se se tratasse de escolher a melhor pessoa escritora de livros ou pintora de quadros ou investigadora.

      O caminho é que as mulheres escrevam melhor BD, não é metê-las à força numa lista de finalistas.

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    6. (não vai acreditar mas perdi o 2-0 a escrever este comentário. não sei se lhe diga que quero responder a mais cinco comentários seus ou se lhe sugira continuar depois do jogo...)

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    7. Discordamos, porque o Pipoco parte sempre do pressusposto "as coisas são como são" e faz parte portanto ser assim, sem questionar os motivos, eu questiono o porquê de entre os tops de qualquer coisa haver sempre poucas mulheres - e quem diz mulheres diz negros, por exemplo. Porque é que 95% dos prémios Nobel são homens brancos? É porque estatísticamente 95% dos homens brancos são melhores que mulheres e negros? Porque é que não há um único Nobel de ciência negro? É porque é um mundo "naturalmente" de brancos? Porque os negros são menos bons e têm menos jeito para a ciência, tal como as mulheres? Hmmmm...

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    8. Não Luna. Os homens negros e as mulheres de todas as cores tiveram menos oportunidades que os homens brancos. É ler qualquer livro de História e está lá explicado. E esse deficit de oportunidades teve efeitos (e tem, e terá) lá à frente, muitos anos depois. O desafio é fazer caminho, não poderá esperar, por exemplo, que Portugal, um país onde se despreza a ciência espere vir a ter um prémio Nobel da Física nos próximos anos. E portugal está cheio de homens. Brancos e tudo...

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  2. Até no festival de BD da Amadora já houve mulheres a ganharem prémios finais. Acho muito estranho que em 30 não haja uma única mulher. Não é o mesmo que um concurso de motoristas de pesados.

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    1. Cuca, tenho sessenta e três autores de BD diferentes na minha estante (sim, fui ver). Nenhuma mulher, soube-o ontem. Porque o género do autor nunca foi o meu critério de escolha.

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  3. (E quanto às quotas, apesar de já ter sido contra, atualmente sou a favor da imposição de quotas mínimas que garantam a representação de ambos os sexos. Aliás, futuramente serão úteis aos homens, já que há algumas carreiras - aquelas às quais se acede através de concursos públicos em que quem corrige os testes não tem como saber o sexo dos candidatos - às quais muito poucos homens têm conseguido aceder.

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    1. Os homens que não conseguem aceder é porque são menos qualificados que as mulheres que ficaram à frente. E os outros homens?

      Quotas? Nem pensar nisso é bom.

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  4. "seria mais equilibrado se se tratasse de escolher a melhor pessoa escritora de livros ou pintora de quadros ou investigadora"

    não seria, por exemplo, a maior percentagem de mulheres no Nobel é na Paz, e mesmo assim são apenas ~16%, literatura ~13%, medicina ~6%, química e física ~2%, economia ~1%.

    mesmo nas áreas que tradicionalmente se atribuem às mulheres, como se apressou a fazer neste post, citando a moda como exemplo de discriminação masculina, as figuras de topo, isto é, os maiores estilistas, são maioritariamente homens. E isto quer dizer mesmo muito.

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    1. Luna, continuo na minha. Estender uma lista de nomeados a um prémio só para incluir mulheres é ridículo. Fico aqui a pensar no critério: será que a mulher melhor classificada estava na posição 46? Fantástico para os 15 homens que entretanto foram incluídos...

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    2. O que difere entre nós é que para o Pipoco é perfeitamente natural assumir que, de facto, cada um dos 30 homens escolhidos era de facto melhor do que todas as mulheres existentes a trabalhar no ramo. E tendo em conta que a qualidade será também subjectiva, essa qualidade foi avaliada segundo que critérios? E como era constituído o juri? Será um juri predominantemente (ou totalmente) masculino tendencial relativamente a estilos e temáticas principalmente masculinas?

      (parece que em França, há cerca de 12% de mulheres a trabalhar em BD, não sei as estatísticas mundiais, mas seria de esperar uma proporcionalidade nos prémios)

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  5. Cláudia Filipa7.1.16


    A luta pela igualdade de direitos, pela igualdade de oportunidades, pela igualdade no acesso e efetivo desempenho de determinadas funções, pela igualdade salarial decorrente do desempenho das mesmas funções e por aí fora, é que é demasiado importante, demasiado séria, para que determinadas situações, como esta da BD, venham dar azo a que causas meritórias caiam no ridículo tornando-se risíveis. Este tipo de favor só nos diminui, não está a fazer nada por nós, nem passa mensagem nenhuma de que nos possamos orgulhar, mas quem é que quer estar por favor em vez de por mérito?
    A palavra chave, é a palavra caminho. A Luna, falou também do caso dos negros, e diz que questiona os motivos, se questiona os motivos, sabe, claro que sabe, as razões históricas, sociais, culturais, que levaram quer os negros, quer as mulheres negras e brancas, a começar a trilhar uma série de caminhos muito mais tarde que os homens brancos, todos estamos fartos de saber o diagnóstico, e todos também estamos fartos de saber que a evolução da humanidade não acontece de um dia para o outro, se, e em termos genéricos, iniciamos um caminho, muito, mas muito mais tarde, não é assim tão estranho, só começarmos a chegar às respetivas metas, a obter resultados, muito, mas muito depois. E isso serve para todas as áreas e também para o caso da BD, se existir um número não sei quantas vezes superior de homens a dedicar-se há não sei quantos anos à BD, e em comparação, as mulheres, tiverem chegado muito depois, sendo muito menos, é natural, sem que se comece logo a pensar em discriminação, que os melhores sejam homens, são mais e com mais experiência, se entretanto começarem a existir também várias mulheres a dedicar-se à BD, a percorrer o tal caminho, passa também a ser natural que, daqui a uns anos, já não exista qualquer diferença a esse nível, pelos vistos, segundo a Cuca, até já tem acontecido no festival de BD da Amadora, onde as mulheres têm conseguido prémios finais, lá está, eram melhores, não existiu discriminação e não precisaram de nenhum favor.
    Desculpem se o comentário é um bocado duro, mas arreliam-me este tipo de coisas, talvez esteja completamente errada, e seja mesmo necessário tomar este tipo de medidas, mas, agora, só as consigo achar prejudiciais e não benéficas. Agora, concordo totalmente com isto "O caminho é que as mulheres escrevam melhor BD, não é metê-las à força numa lista de finalistas." Eu não queria ser metida numa lista de finalistas só para não existir motivo de falatório por só lá estarem homens.

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    1. É isto, se acrescentasse alguma coisa ia estragar o seu comentário.

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    2. Eu acho que a Cláudia está errada, também eu já parti de uma posição anti-quotas, e tal como a Cuca, entretanto mudei de ideias. Isto porque fui lendo e estudando o assunto, fui tendo noções de privilégio e estereotipos sociais, etc, e ganhando noção de que essa igualdade total que defendem, na verdade não é igualdade, porque parte do pressuposto de que o ponto de partida é igual em termos de oportunidades, e não é. E por isso sim, as quotas podem ser úteis socialmente ao abrir portas e dar oportunidades antes vedadas por uma série de variáveis que nada têm a ver com o mérito.

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    3. Cláudia Filipa7.1.16

      Factos: sou mulher, sou portuguesa, vivo em Portugal, hoje é dia 7 de Janeiro de 2016.
      Andei num colégio onde estudavam rapazes e raparigas até aos 14/15 anos, e depois numa escola pública até aos 17/18. Quem estudava mais tinha melhores notas.
      Aos 17/18 anos escolhi o curso correspondente à profissão que queria ter, profissão que durante muito tempo foi exercida maioritariamente por homens, e fui para a universidade, homens e mulheres. Quem estudava mais tinha melhores notas.
      Depois, fui fazer o estágio, homens e mulheres, exigiam-nos o mesmo, partilhávamos ideias, debatíamos os assuntos em conjunto, ajudávamo-nos mutuamente. Durante este período, fui incentivada por quem era muito importante ser incentivada, que não me deixava dizer que "acho que não sou capaz de fazer isto ou aquilo assim tão bem",dizia-me, era o que faltava, sim, era a pessoa que me orientava no estágio, sim, era um homem, e ainda me lembro do sorriso dele, feliz por mim, quando eu, afinal, conseguia. Durante o estágio tive também o meu primeiro emprego, homens e mulheres, a desempenharmos as mesmas funções, a ganhar o mesmo, sempre que fazíamos o que tínhamos de fazer, a coisa corria mesmo bem, a todos.
      Hoje, faço o que quero, o lugar onde estou é aquele onde quero estar, sem cunhas, recusei outro, sim, um desses, os tais sobre os quais há quem diga que só os homens têm acesso, optei por mais tempo.
      Trabalho com homens e mulheres, ajudamo-nos mutuamente, partilhamos ideias, trocamos impressões, os meus colegas homens, pedem a minha opinião, ouvem-me atentamente, alteram coisas quando eu lhes digo que se fosse eu fazia de outra maneira e eles concordam (não admitem assim logo à partida, vá, mas depois mudam), a mesma coisa faço eu quando concordo com eles.
      Nunca senti da parte dos homens com quem estudei, ou trabalhei, qualquer discriminação por ser mulher, e nunca me vesti à homem, nunca adotei uma postura cinzentona de quem nunca sorri ou ri para parecer mais profissional, sou mignon e ainda para mais tenho ar de miúda, limito-me a fazer, o que tenho de fazer, o melhor que consigo.
      Optei por um exemplo prático que é o meu, mas podia ter-lhe falado da confusão que muitas vezes se faz entre circunstâncias que levam a determinados contextos e discriminação, das circunstâncias de vida de muita gente, mulheres e homens, que lhes dificulta a possibilidade de partir da mesma meta que outros que tiveram a sorte de nascer em meios com melhores condições, e esse é um enorme problema, começa por ser, sim, logo uma grande discriminação à partida, da discriminação feita por mulheres que são mais papistas do que o papa em relação a outras mulheres, e que são as primeiras grandes defensoras e propagadoras dos tais estereótipos, sim, há este outro lado da questão, porque mesmo em Portugal, país de tão pequena dimensão, existem tipos de vida muito diferentes, mentalidades muito diferentes, e ainda hoje, o modelo social dos tempos da ditadura vigora com grande predominância em muitos casos, e há muitas mulheres que não se importam nada, e mais, concordam, dizem que assim é que é, autodiscriminação? Lá está, as mentalidades não se mudam de um dia para o outro, e a discriminação não pode ser retirada com pinças e vista isoladamente sem ter em conta toda a teia complexa de fatores que contribuem para a sua existência, digamos que existem terrenos propícios para o cultivo da discriminação e é nesses terrenos que se tem de ir trabalhando com o objetivo de ir cortando o mal pela raiz, as quotas, as listas, para mim, é o mesmo que ir lá com a tesoura e cortar a erva daninha, fica o terreno temporariamente mais limpo, fica a parecer bem, mas depois como continuam lá as raízes, a erva daninha volta a crescer.
      (peço desculpa, Pipoco, pelo tamanho excessivo deste comentário, conto com a sua especial alegria, afinal o seu Sporting ganhou por seis (e o meu Glorioso também))



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    4. Ainda bem que li o comentário da Cláudia Filipa porque vai ao encontro daquela que é a minha opinião.
      Apesar dos vários avanços em Portugal, a prática demonstra que persistem ainda muitos preconceitos em relação ao papel e estatuto da mulher na sociedade em geral, no mundo laboral e na vida doméstica, em particular. Velhos hábitos e mentalidades não se mudam de um dia para o outro. Mas tenho para mim que grande parte desta mudança está nas mãos das mulheres.
      E podemos pensar em acções muito simples, a nível micro, que depois se potenciem e tenham um efeito macro. Se junto dos nossos filhos ou sobrinhos ou afilhados ou primos, formos ensinando que meninas e meninos têm direitos iguais, se dermos o exemplo, se atribuirmos tarefas e oportunidades iguais, certamente estaremos a criar bases para construirmos uma sociedade menos desigual, com menos preconceito e discriminação. Se às filhas ou sobrinhas ou afilhadas ou primas formos promovendo a auto-estima, o gosto pelo estudo, de fazerem coisas e experimentarem actividades diferentes, e incutir que têm os mesmo direitos e oportunidades que os homens, e que não se fiem se lhes disserem o contrário, talvez alguma coisa comece a mudar.
      A mim custa-me ouvir alguma amiga reclamar com o marido porque este não participa na vida doméstica e depois educam os filhos, meninos e meninas, precisamente com base nessa diferença. É um processo ainda longo, em que a educação será o factor decisivo, mas que valerá a pena.
      Não pretendo que mulheres e homens sejam iguais, porque, felizmente!, homens e mulheres são diferentes. Mas quero direitos, deveres e oportunidades iguais.
      Na verdade, no dia em que o Dia Internacional da Mulher for celebrado da mesma forma que o Dia Internacional do Homem, celebrado a 19 de Novembro, será o sinal de que finalmente estamos no caminho certo.

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    5. Cláudia Filipa8.1.16

      Exatamente, Lily.

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    6. É precisamente porque velhos hábitos não se mudam de um dia para o outro que é necessário impulsionar as mudanças em vez de ficarmos à espera que o tempo passe.

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    7. Cláudia Filipa8.1.16

      Pois Cuca, mas "impulsionar as mudanças" passa, por exemplo, ou mesmo fundamentalmente, por aquilo que a Lily concretizou no comentário que fez, passa por educar sem induzir para papeis sociais, sem levar meninas a só fazerem isto e meninos a só fazerem aquilo, se depois há uma inclinação natural para determinadas coisas, sim, também há, faz parte das nossas diferenças, e ainda bem, e não é nenhum bicho papão termos isto em consideração, já é com as próprias pessoas, mas não resultado de algo que foi induzido. O que não é certamente "impulsionar mudanças" é criarem-se situações artificiais, (não as consigo ver de outra maneira, Cuca)como são as quotas, acha que a pessoa que está lá ao abrigo da quota não vai ser vista como a que só lá está por causa da quota? contas feitas, em que é que isto beneficia a desejada igualdade de direitos e de oportunidades, em que é que nos beneficia, a nós mulheres, a ideia de que se não se criarem quotas não vão estar mulheres numa determinada área? Isso só faria sentido, se de facto, fosse mesmo totalmente impossibilitado, vedado às mulheres estar em determinadas áreas se não fossem as quotas, e não é, Cuca, não é, tanto não é que estão lá, em menor número, mas estão, sem terem precisado de quotas. Claro que falo do nosso tipo de sociedade, outras há que, enfim, essas sim, mereciam todo o tipo de intervenção e mais alguma.

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  6. Anónimo7.1.16

    Tio, em todos os assuntos eu sou a favor da igualdade de direitos e deveres. Como tal não posso aceitar as quotas, pois são imposições demonstrativas da desigualdade. As coisas têm de progredir naturalmente, sem olharmos para o sexo. Isso é que é igualdade!
    VW

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  7. Teresa7.1.16

    E a chuvinha no Bonfim que produtiva que foi!!! Faça favor de ir relatando aqui, os sítios onde acompanha o SCP!!! Até MAIO!!!!!

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  8. Anónimo8.1.16

    Boa noite, tio. Já cheguei tarde aqui, a este seu "relatório minoritário". Usando a analogia da obra, a questão é que para haver um relatório minoritário é porque há um “relatório maioritário”, sendo o “relatório minoritário” a alternativa ao “relatório maioritário” que é a norma. Um é produto do outro, ou seja, quantos mais relatórios maioritários existirem mais relatórios minoritários serão produzidos. No entanto, os relatórios minoritários (alternativas) não produzem relatórios maioritários (normas). Os contextos de uma alternativa não se aplicam a uma norma. As alternativas são muito importantes: revelam a fragilidade de um sistema regido por normas, constituem a eterna esperança de melhorar as normas e permitem que algo muito simples garanta a sobrevivência de uma sociedade – a adaptação – e assim a sobrevivência da sociedade, ajudando a consolidar as normas pelas quais se rege.

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