26 janeiro 2016

Entretanto na Disney

Enquanto usufruía de um pequeno intervalo nas minhas elucubrações , fumando um merecido Partagas e degustando o providencial cognac de meio da manhã, passei os olhos pelos jornais e os meus sentidos foram estimulados com a incrível história que o Washington Post me ofertava, precisamente uma situação sobre um drama dos nossos dias, uma espinha entalada nas nossas gargantas que acabaria por nos passar despercebida. não se tivesse dado o caso de eu cá estar para ler o artigo e estar aqui a falar destes temas aziagos.

 O Washington Post diz-nos que houve quem andasse a ver os filmes de princesas da Disney só para tomar nota de quem fala mais, se os personagens femininos ou masculinos. E se em Branca de Neve e os sete anões a coisa se equilibrava, o que equivale a dizer que a Branca de Neve e a bruxa falavam tanto quanto os sete anões (sete!) e o príncipe, a coisa vai andando aos altos e baixos a partir daí, oscilando entre os dez por cento de falas femininas em Aladdin ou pouco mais de vinte por cento em Mulan ou Brave. Tudo histórias de princesas, note-se.

Ora isto acontece porque as princesas estão ali só para arranjar maridos. Bons maridos de preferência. E toda a gente sabe que para se arranjar um bom marido não é necessário falar muito. Aliás, até dasajuda.

Já os rapazes das histórias são donos de lojas, polícias. Estão a cantar alto nas tabernas ou a organizar batidas a monstros. Tudo coisas que carecem de diálogo. As mulheres? Ora, estão a sofrer por causa do tal marido que se está a fazer difícil. A sofrer em silêncio.

Eu era capaz de começar por aqui.

12 comentários:

  1. Pipocante Irrelevante Delirante26.1.16

    É natural que os homens falem mais que as mulheres nos filmes.
    É por isso mesmo que se chama "ficção".

    (o equivalente social a um carro bater num muro e explodir de seguida)

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  2. Anónimo26.1.16

    duas palavras: bechdel test.

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  3. Oi, mas então isto de falar é ao Quilo, a metro, se preferirem? Então desde que falem muito, pelo menos tanto como os homens, está tudo bem? E é podem falar só para se ouvir ou têm de ter um discurso com pés e cabeça.
    Dúvidas, a minha boda são dúvidas.
    Blablablá...



    ...



    ...



    Blablabla....

    (ainda aqui está? Estou só a certificar-me de que cumpro a minha quota)


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  4. Cláudia Filipa26.1.16

    Continuando...
    Pipoco, independentemente dos filmes da Disney ou de qualquer filme, as coisas podem mudar todos os dias um pouco se fizermos por isso no bocadinho de mundo onde nos movimentamos, e quando somos crianças somos umas esponjas a absorver o que vemos acontecer à nossa volta, se em casa a mãe e o pai tiverem um papel com a mesma importância, se se respeitarem mutuamente, com sorte, começamos logo aí a crescer sem nos passar pela cabeça que somos inferiores por sermos mulheres, sem sequer nos passar pela cabeça que há quem pense assim e essa é a postura que vamos adotar, sem ser forçada, com naturalidade, sim, depois crescemos e vamos percebendo que afinal não é bem assim que as coisas não são assim tão claras para muita gente, vão aparecendo os obstáculos no caminho, nunca disse que a discriminação acabou, caramba não sou assim tão estúpida, o que digo e reafirmo é que muitas vezes são as próprias mulheres as responsáveis por perpetuar certas situações. É verdade que desde que me conheço que oiço este tipo de frase "toda a mulher sonha casar, sonha com o dia do casamento, com o vestido" dita por mulheres e no entanto a forma como começa a cerimónia é, acho eu, deplorável para nós, a mulher vai pelo braço do pai, simbolizando o homem que esteve a tomar conta da mulher incapaz de tomar conta de si própria até aquela altura e chegando ao altar passa a incumbência ao próximo homem que vai ficar com o encargo, o futuro marido, e depois de já casada atira o ramo para um amontoado de outras mulheres ali em ânsias de apanhar o ramo para serem as próximas, no entanto isto é encarado como uma coisa muito normal, uma tradição muito bonita. Sabe, tudo o que eu já vi, tudo o que já ouvi, tudo a que já assisti, faz-me às vezes ser, reconheço, um pouco cínica relativamente a estas questões, vem-me à cabeça a história do menino Joãozinho que cheio de vontade de fazer a coisa certa obrigava a velhinha a atravessar a rua mesmo quando a velhinha não queria, ou fazendo aqui uma adaptação, mesmo não estando a velhinha ainda preparada para a atravessar. Diferente é quando se quer e não se consegue, somos impedidas de, claro que é, mas isso cabe a cada uma de nós, as que podemos, ir fazendo por derrubar essas barreiras na nossa vida prática, todos os dias, e aquela vou chamar-lhe fórmula do post anterior, claro que é o que resulta melhor, a vida é uma negociação permanente. Se todas nós, as que vivemos em países que têm leis que consagram a igualdade, porque outros já lutaram por nós para que isso fosse possível e sim esses tiveram mesmo de lutar e sim às vezes é preciso lutar, e nem imagina o quanto lhes estou grata, se todas nós fizermos por isso um pouco todos os dias, na prática, o mundo vai mudando,ou ainda andávamos a viver em cavernas e a dar pauladas com mocas nas cabeças uns dos outros.

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    1. Lady Kina26.1.16

      as "saudades" que eu tenho disso, cavernas e mocas. agora somos civilizados e, enfim, cada um em sua caverna, a cada um a respectiva moca...

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    2. Lady Kina26.1.16

      será que nos afastámos assim tanto das selvas? por mim, enquanto estiver bem, assim aparente e confortavelmente a salvo de predadores, não me esforço por mudar seja o que for,apenas me afasto do que não me apetece e aproximo do que me "cheira". morrer por causas? dizem ser apanágio de radicais, gente cega e fundamentalista, autómatos e bárbaros. (?!) pois. a minha causa é melhor do que a tua? se calhar eu é que sou mais (menos ou igualmente?) estúpida.é tudo muito bonito, não é?

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    3. Cláudia Filipa26.1.16

      Não Lady Kina, mais do que bonito ou feio, eu diria que é tudo legítimo e, já agora, inclusivo.

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    4. Anónimo27.1.16

      Cláudia Filipa, não se preocupe por a mulher ser entregue no altar pelo pai. É que o protocolo equilibra as coisas e determina que seja a mãe a acompanhar o noivo ao altar. A mãe, quem toma conta dele e o educa, o que nos leva a pensar que ... Exactamente.

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  5. E o que dizer do Pato Donald e do Mickey que nunca se casaram com a Margarida e com a Minnie?

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    1. E de quem são os sobrinhos do Donald filhos então, serão adoptados Cuca? Nunca ouve uma resposta claro só dramas. E falta casamentos sem dúvida, mas também não são príncipes e as mulheres só casam com príncipes.

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    2. Pipocante Irrelevante Delirante27.1.16

      O Mickey passa mais tempo com o Pateta do que com a Minnie, o que por si já dá azo a especulações.

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    3. @PID Isso não será uma espécie dos homens que passam o dia todo na tasca e são vão à noite para casa.
      Cuidado com isso dos rumores já vi começar por menos.

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