Quase me passava referir-me a este escrito de J. Rentes de Carvalho, que trata de um tema que me fascina, a arte de uma bom primeiro parágrafo nos agarrar, a potência com que nos cativa para as páginas seguintes.
Algures, em posts que já cá não estão para atestar que já disse coisas variadas sobre o tema, é uma das vantagens desta situação de esconder o que já escrevi, referi-me aos fantásticos inícios de "Cem anos de Solidão" (a situação do Coronel Buendia se recordar do dia em que o pai o levou a ver o gelo) ou de "Moby Dick" (Chamem-me simplesmente Ismael), de "Lolita" (luz da minha vida. labareda da minha carne) ou de "Anna Karenina" (aquilo de todas as famílias felizes se parecerem e as infelizes o serem à sua maneira) e, sobre isto não escrevi porque foi coisa recente, o maravilhoso início de Roth, o homem a quem devem um Nobel, em "O Complexo de Portnoy" que começa com uma ideia tão portentosa ("Ela estava tão profundamente entranhada na minha consciência que, no primeiro ano da escola, eu tinha a impressão de que todas as professoras eram a minha mãe disfarçada."), que me fez aguentar as restantes duzentas páginas mais vulgares.
Aborrece-me que com as pessoas seja cada vez mais igual. Ou me fascinam nos primeiros dois minutos ou...
"concatena filho, concatena", que haverá ainda muito (mais) entre o céu e a terra.
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ResponderEliminar«Uma palavra há de ser poética desde que você a coloque em lugar imprevisto, desde que ela dê alarme, desde que ela quebre o muro da velha ordem. É preciso sempre escrever a primeira vez de uma frase. E é preciso fazer o serviço com paciência para que o gozo dê frutos.»
ResponderEliminarManoel de Barros
Oh tio, tão diferentes e tão iguais nos somos, mas depende como dispensa esses dois minutos. É daquelas raras pessoas que consegue ver o que está debaixo da pele?
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