06 fevereiro 2015

O blogger é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente

Com o tempo tendemos a imaginar quem está do outro lado dos blogues, vamos dando mais atenção àqueles que mais apreciamos, inebriamo-nos com a delicadeza das palavras, encantamo-nos com o bom gosto das leituras, extasiamo-nos com a forma elegante como aquela pessoa por detrás do blogue contorna as dificuldades do dia, se desmultiplica em mil papéis, sabendo estar em todas as circunstâncias. Depois já não imaginamos, já temos certezas, já lhes adivinhamos as subtilezas, de repente somos velhos conhecidos, aprendemos a ler nas entrelinhas dos escritos, descodificamos as subtilezas, o blogger já não tem segredos, agora é uma pessoa real, aquilo que nos conta passou-se mesmo assim, se nos diz que é, então é.

E afinal? Afinal, não.

18 comentários:

  1. «E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.»

    Adequa-se.
    Serão (alguns) bloggers os poetas do sec. xxi? Serão as salas virtuais os novos botequins? Será fingimento o que fingimos ser aqui? Serão os blogs apenas blogs? Tanta pergunta a uma sexta-feira.

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  2. Anónimo6.2.15

    E nós?
    Nós a ver que não.

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  3. Alguns.
    Às vezes.
    Há quem vista bem o boneco.
    Não.

    Uma canseira responder a um inquérito antes das 10!

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  4. Anónimo6.2.15

    É Tio, afinal não! :)
    VW
    (bonito título by: Pipoco/Camões?)

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    1. Anónimo6.2.15

      Credo! Camões? É Fernando Pessoa. Ai que se me parte a alma...

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  5. Não?! Oh...ainda bem que avisou, assim já não me iludo mais consigo.

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  6. Bem certas essas palavras , mas nem tudo também é assim tão liniar ;) alguns serão outros não .

    Beijos

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  7. Pois que nem sempre, mas esses são como os ladrões, os burlões e outros que tal. Só custa a primeira vês...

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  8. Adalberta6.2.15

    Esta caixa de comentários precisava de um corrector ortográfico...

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  9. Que pescadinha de rabo na boca.

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  10. Então meu caro?! Em que medida é que isso difere da "realidade", das relações pessoais? Quem nunca se surpreendeu por "desconhecer completamente a amiga íntima e confidente de anos"?

    Não me diga que o meu caro imagina que "vemos" a realidade em vez de simples mapas imperfeitos e continuamente actualizados construídos nestes pequenos cerebrozinhos. Na web, na vida, nos sonhos.

    Ah, a delicada arte da Prudência.

    Se nos sentíssemos completos não perderíamos tempo nestes espaços.

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  11. Cláudia6.2.15

    E no final, ainda bem que o mistério se mantém, sim, porque afinal a verdade está no título, ou no texto que está a seguir? É porque o título quer dizer uma coisa e o texto o seu contrário e eu gosto de pensar que sim, que foi de propósito, porque sim, gosto de pensar que desse lado está uma pessoa e que essa pessoa é inteligente, porque atribuir humanidade a quem se lê cria empatia e porque não, não gostava de pensar que estava só a ler uma máquina que produz textos sem alma. Quanto a segredos, mesmo quem já o humanizou não será ingénuo ao ponto de não saber que terá muitos, todos temos não é? e alguns nem às paredes confessamos.

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    1. Alto lá. Diz-se por aí que "máquinas" já começam a ter sucesso no Turing. Afinal que somos nós além de máquinas de um outro género? E o que serão os organismos geneticamente programados, sintéticos mas indistinguíveis do natural excepto no que respeita à intencionalidade, ao propósito subjacente?

      Que interessa se estamos a conversar com uma "entidade artificial" se o hemi-diálogo nos der prazer?

      Estamos sempre todos a representar "papeis" num teatro onde apenas existe palco e bastidores.

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    2. Cláudia6.2.15

      Tudo muito certo, a questão é que, precisamente porque somos, se quiser, "máquinas de um outro género" não somos 100% máquinas e portanto a entidade com quem temos o tal hemi-diálogo nunca é totalmente artificial e aposto que, saber isso, resulta num acréscimo de prazer, até para si. Representamos papeis, sim, mas também não seja exagerado, não é sempre, às vezes também mandamos o guião às urtigas e improvisamos e se por aqui, em cantinhos virtuais, não estamos em terreno fértil para dar largas ao improviso, macacos me mordam.

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    3. Deus nos livre cara Cláudia de ser mordida por macacos.
      Isto é tudo uma paródia, até a paródia é em si paródia.
      Vejo que leu a directiva máquinas, mas repare que estava a falar na perspectiva filosófica da existência.

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  12. A piada dos blogs será essa!

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