29 setembro 2014

De onde se fala do último Poirot

Ressuscitar Poirot foi um desastre, os únicos apreciadores do franchising serão os que vão pagar as contas do supermercado à conta do nome da avó Agatha, pela parte que me toca tentarei que o crime não compense, disponibilizando o meu volume de "Os crimes do Monograma" para empréstimo ao maior número de pessoas possível, para que não tenham, como eu tive, a tentação de pagar para me aborrecer.

Agatha Christie viveu no tempo de Poirot e é isso, para além do talento, que torna verosímil e consistente o que lemos. Os herdeiros de Agatha Christie sabem bem que basta ter um livro com "Poirot" na capa para vender, é como ter um blog com "Pipoca" no nome. Este Poirot é uma espécie de VW Carocha com ABS e direcção assistida, a coisa parece vagamente um VW Carocha, mas não consegue ter a patine do bom velho Carocha, não consegue recuperar a emoção de conduzir um Carocha, não recupera o mito, aliás, os mitos não são recuperáveis. A autora deste novo Poirot não esteve lá, não sabe como seria se estivesse lá e o facto de ser admiradora de Agatha Christie não lhe serviu de nada, tal como eu saber tudo o que há para saber sobre mulheres não faz com que me assente bem lingerie com rendas.

Se há coisa de que me possa orgulhar nisto de fazer o bem, é recomendar-vos que passem ao lado desta bizarria que se chama "Os Crimes do Monograma", liguem-me, combinamos o sítio em que vos entregarei o livro e não se fala mais no assunto, os quinze euros podem muito bem ser gastos em duas garrafas de Monte Velho, que é mau à mesma mas sempre empurra em condições uma boa costeleta de novilho.

5 comentários:

  1. Anónimo29.9.14

    É sempre uma missão (impossível, pelos vistos) muito difícil usar personagens criados por outros e agradar aos milhares de fãs que o autor original granjeou ao longo dos tempos em todo o mundo. Perigoso, diria mesmo.

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  2. Anónimo29.9.14

    Já começaram as inscrições ?
    Há calendário ?

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  3. Todos os clichés dos policiais da Agatha Christie, misturados da pior maneira possível. Eis o meu resumo da obra.

    (Clichés que são clichés porque ela própria os criou, o que é um grande feito)

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  4. Anónimo30.9.14

    Aquilo que me espante é por que se compra essa obra.

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  5. Ia dizer o mesmo do anónimo. Caraças, não há tanto livro jeitoso para ler? Dou-te já um. O Que Sabemos do Amor, colectânea de 16 ou 17 contos, não me lembro, do Raymond Carver. Parece-me que ias gostar, não te deixes iludir pelo título piroso em português! :)

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