Então em Gaza deve custar bem mais do que 300 milhões... Já os Europeus nem fazem previsões stressantes para o futuro... Isto sem falar no stress que é contar corpos...
Pensei exactamente o mesmo quando olhei para a capa hoje de manhã. Indigno é dizer pouco. Muito pouco. Continuo a não perceber o porquê de ser o jornal mais lido. Pelos vistos o mais vendido, também. Vá-se lá perceber algum do povo que se senta à sombra de alguns jornais. Sombra, aquilo que entristece o espírito.
À margem deste post :registei que nos dois posts de conteúdo viva Portugal ( ou equiparado....)- Tiago Machado e a goleada contra Alemanha, só houve 4 comentários. É pouco, não é ?
Parti desse pressuposto quando vi as capas dos jornais anunciadas na TV (vou fazer posts) mas depois com o jornal na mão LI a matéria. Acabei por concluir que não é uma capa dramática porque a verdade não é para ser alourada. Foram pessoas que morreram na explosão do contacto do míssil com o avião, este não voava sozinho, não era só um pedaço de metal que agora está carbonizado e retorcido no chão. Um corpo humano lembra-nos a todos que foram vidas e dá uma dimensão à tragédia que a lembrança por vezes esquece logo a seguir.
Pior, a meu ver - e vou falar nos posts, é as pessoas a filmarem e a tirarem fotografias junto aos destroços! Isso sim, é ignorar a tragédia que ocorreu ali. É a vaidade a suplantar o respeito pelos mortos, muitos deles, se calhar, ainda espalhados pelo chão. Acho que as pessoas por vezes não sentem neste mundo de tecnologia rápida, o que antes seria capaz de as colocar num torpor de lágrimas e horror agora as alicia para tirar selfies :(
Mas para que a capa fosse feita, pessoas tiveram de tirar fotografias junto ao destroços. Não precisamos da exploração mediática da imagem de seres humanos para saber que morreram seres humanos.
Se um profissional fotográfico cobrir o evento dos reis de Espanha em visita a Portugal, são boas fotos e o fotógrafo é um bom profissional, um artífice de primeira água. Se o mesmo profissional cobrir uma tragédia como a mostrada na capa do CM, é um mau profissional, um tosco de águas pútridas. Era essa a diferença de qualidade da água a que se referia?
Pela sua ordem de ideias, só haveria fotos de coisas "bonitas", fotógrafos de revista cor de rosa. O fotografo tem o direito e o dever de fotografar o mundo, tal como ele é (e o homem o constrói e destrói). O problema da foto usada na capa do CM é o aproveitamento mediático da morte em prol do lucro de vendas.
Aproveitamento mediático que começou no fotógrafo que vendeu as fotografias. Não nos façamos de ingénuos... Isso do profissionalismo costuma vir acompanhado de uma coisa chamada ética.
Alheado como é óbvio, este que, sem emenda, não lê frontispícios de jornais (é o primeiro papel a atingir a lareira logo a seguir às sugestões culturais do sr prof Marcelo), sente-se igualmemte indignado com a alegada causa e com a indignação em si. A ética já morrera ainda nosso senhor não era nascido (pelo que leio nas contracapas de certos livros da nossa esquerda)
Tendo sido eu o Anónimo que disse "que o profissionalismo era outra água" e a quem pediram que fosse mais específico, e que não tive ocasião para o fazer então, vou explicar agora . Com a alegria de ver que Cuca, a Pirata percebeu o que era o profissionalismo ( justamente a que me referia.) Uma outra água quer dizer que não devemos misturar as águas. Uma coisa é cobrir um evento, outra é a moral, sim, a moral com que se cobre um evento. O profissionalismo está na capacidade de compreender imediatamente isto. Imediatamente, capacidade de repórter. E sei que há repórteres que compreendem, e sei que é cada vez mais difícil fazê-lo. Coisas cor de rosa e reis não eram por mim convocados, não pertenciam a esta água.(!) Lucros de vendas, interesses pessoais, ou seja essas coisinhas elementares, provocam-me sentimentos. Nada de grave, é claro. Aviões caídos , tufões, sismos , guerras, tudo isto vai continuar para as capas do jornal e para os lucros que não desconhecemos . Boa semana para todos, mas que não seja à custa de muitos destroços humanos.
Bom dia. Como sabe, o anónimo, qual a moral com que o profissional cobriu o evento? Para si foi má, para mim foi uma moral excelente. Para si foi a moral interesseira, para mim foi uma moral esclarecedora. Boa semana.
Não fiz nenhum juízo de valor sobre a moral do repórter. Nunca falei em má, não encontra nos textos essa palavra. Disse que era o trabalho de um certo tipo de repórter, não necessariamente o melhor. Disse que o profissionalismo não tem que ver com o tipo de evento que se cobre, vai muito para lá. Quanto a ingenuidades, ...O fotógrafo não fotografa o mundo tal como ele é (que ambição) e às vezes até custa imaginar o número de "fotografias imaginárias ou imaginadas" que se publicam. Bom, isto é o mundo como ele é. Também.
Juízo de valor não fez, pô-lo em dúvida, e isso tenho de aceitar. Mas todo profissionalismo em quaisquer áreas que se movimente, não visa o interesse próprio? Quer protagonismo quer monetário? Todo o profissional que desenvolvendo a sua competência, dedicando-lhe todo o empenho e brio, visa o quê? Só servir e satisfazer o mundo? O fotógrafo não fotografa o mundo tal como ele é, mas fotografa-o tal como a lente o vê, e mostra-o. Para mim é um bom profissional. E fazendo-o, para uns é um mau profissional que presta um serviço execrável, para mim e um bom profissional que mostra e com o seu trabalho, elucida as pessoas.
Volto ao princípio, e ao lugar comum, lugar comum bastante banal. Há muitas abordagens ao que quer que se aborde. O meu comentário era muito simples : um certo tipo de...; não necessariamente o melhor; profissionalismo não é o mesmo que produto. Só isto. Tudo o mais...pode ser objeto de análise, discussão, conversa, mas para mim chegou. Um bom dia
Então caros colegas?! O fotógrafo cobriu o evento. Já não estamos em tempos de julgar este género de tendências...
Toda a fotografia é uma composição da realidade que acontece nos interstícios, mentira ressumbrada em veritas. E toda a verdade ocorre nas gretas da realidade. (se me é permitido, sem malícia, convertido ao gin e resistindo à compulsiva curiosidade de procurar a dita foto...)
A opinião do caro colega não conta, depois de já ter esclarecido o mundo sobre o uso destinado às efemérides informativas. Wc... não! Lareira com eles. Logo, isto e só para gente informada que na associação pasquim/WC, o primeiro serve para passar o tempo que o segundo exige que se perca.
Caramba, se é!
ResponderEliminarNão há palavras para descrever o quão aviltante é.
A do DN para meu espanto é do género :(
ResponderEliminarEntão em Gaza deve custar bem mais do que 300 milhões... Já os Europeus nem fazem previsões stressantes para o futuro... Isto sem falar no stress que é contar corpos...
ResponderEliminarpara chocar já basta a tragédia em si...
ResponderEliminarVender, vender, vender...
ResponderEliminar(Há um belo livro da Susan Sontag sobre o tema. Chama-se Regarding the Pain of Others)
O CM é intragável. Mas hoje bateu no fundo...mesmo
ResponderEliminarPensei exactamente o mesmo quando olhei para a capa hoje de manhã. Indigno é dizer pouco. Muito pouco. Continuo a não perceber o porquê de ser o jornal mais lido. Pelos vistos o mais vendido, também. Vá-se lá perceber algum do povo que se senta à sombra de alguns jornais. Sombra, aquilo que entristece o espírito.
ResponderEliminarA do dn embora má não tem comparação possível!!!
ResponderEliminarÀ margem deste post :registei que nos dois posts de conteúdo viva Portugal ( ou equiparado....)- Tiago Machado e a goleada contra Alemanha, só houve 4 comentários. É pouco, não é ?
ResponderEliminarEstá quase ao mesmo nível da declaração do Sr. Presidente B. Obama.
ResponderEliminarMuita razão!
ResponderEliminarMete nojo.
ResponderEliminarParti desse pressuposto quando vi as capas dos jornais anunciadas na TV (vou fazer posts) mas depois com o jornal na mão LI a matéria. Acabei por concluir que não é uma capa dramática porque a verdade não é para ser alourada. Foram pessoas que morreram na explosão do contacto do míssil com o avião, este não voava sozinho, não era só um pedaço de metal que agora está carbonizado e retorcido no chão. Um corpo humano lembra-nos a todos que foram vidas e dá uma dimensão à tragédia que a lembrança por vezes esquece logo a seguir.
ResponderEliminarPior, a meu ver - e vou falar nos posts, é as pessoas a filmarem e a tirarem fotografias junto aos destroços! Isso sim, é ignorar a tragédia que ocorreu ali. É a vaidade a suplantar o respeito pelos mortos, muitos deles, se calhar, ainda espalhados pelo chão. Acho que as pessoas por vezes não sentem neste mundo de tecnologia rápida, o que antes seria capaz de as colocar num torpor de lágrimas e horror agora as alicia para tirar selfies :(
Mas para que a capa fosse feita, pessoas tiveram de tirar fotografias junto ao destroços.
EliminarNão precisamos da exploração mediática da imagem de seres humanos para saber que morreram seres humanos.
É o trabalho do repórter fotógrafo. A menos que tenha algo contra o profissionalismo, não entendo o seu comentário.
EliminarÉ o trabalho de um certo tipo de repórter fotográfico. Não necessariamente o melhor. O profissionalismo é outra água.
EliminarSeja mais específico, por favor. Que outra água?
EliminarSe um profissional fotográfico cobrir o evento dos reis de Espanha em visita a Portugal, são boas fotos e o fotógrafo é um bom profissional, um artífice de primeira água.
EliminarSe o mesmo profissional cobrir uma tragédia como a mostrada na capa do CM, é um mau profissional, um tosco de águas pútridas.
Era essa a diferença de qualidade da água a que se referia?
Pela sua ordem de ideias, só haveria fotos de coisas "bonitas", fotógrafos de revista cor de rosa. O fotografo tem o direito e o dever de fotografar o mundo, tal como ele é (e o homem o constrói e destrói). O problema da foto usada na capa do CM é o aproveitamento mediático da morte em prol do lucro de vendas.
EliminarAproveitamento mediático que começou no fotógrafo que vendeu as fotografias.
EliminarNão nos façamos de ingénuos...
Isso do profissionalismo costuma vir acompanhado de uma coisa chamada ética.
A ética só existe até onde o nosso interessa acaba.
EliminarNem sei como a Cuca desconhece uma coisa tão elementar.
Ou seja, profissionalismo de outra água.
EliminarAlheado como é óbvio, este que, sem emenda, não lê frontispícios de jornais (é o primeiro papel a atingir a lareira logo a seguir às sugestões culturais do sr prof Marcelo), sente-se igualmemte indignado com a alegada causa e com a indignação em si. A ética já morrera ainda nosso senhor não era nascido (pelo que leio nas contracapas de certos livros da nossa esquerda)
ResponderEliminarTendo sido eu o Anónimo que disse "que o profissionalismo era outra água" e a quem pediram que fosse mais específico, e que não tive ocasião para o fazer então, vou explicar agora . Com a alegria de ver que Cuca, a Pirata percebeu o que era o profissionalismo ( justamente a que me referia.) Uma outra água quer dizer que não devemos misturar as águas. Uma coisa é cobrir um evento, outra é a moral, sim, a moral com que se cobre um evento. O profissionalismo está na capacidade de compreender imediatamente isto. Imediatamente, capacidade de repórter. E sei que há repórteres que compreendem, e sei que é cada vez mais difícil fazê-lo. Coisas cor de rosa e reis não eram por mim convocados, não pertenciam a esta água.(!) Lucros de vendas, interesses pessoais, ou seja essas coisinhas elementares, provocam-me sentimentos. Nada de grave, é claro. Aviões caídos , tufões, sismos , guerras, tudo isto vai continuar para as capas do jornal e para os lucros que não desconhecemos . Boa semana para todos, mas que não seja à custa de muitos destroços humanos.
ResponderEliminarBom dia.
EliminarComo sabe, o anónimo, qual a moral com que o profissional cobriu o evento?
Para si foi má, para mim foi uma moral excelente. Para si foi a moral interesseira, para mim foi uma moral esclarecedora.
Boa semana.
Não fiz nenhum juízo de valor sobre a moral do repórter. Nunca falei em má, não encontra nos textos essa palavra. Disse que era o trabalho de um certo tipo de repórter, não necessariamente o melhor. Disse que o profissionalismo não tem que ver com o tipo de evento que se cobre, vai muito para lá.
ResponderEliminarQuanto a ingenuidades, ...O fotógrafo não fotografa o mundo tal como ele é (que ambição) e às vezes até custa imaginar o número de "fotografias imaginárias ou imaginadas" que se publicam. Bom, isto é o mundo como ele é. Também.
Juízo de valor não fez, pô-lo em dúvida, e isso tenho de aceitar.
EliminarMas todo profissionalismo em quaisquer áreas que se movimente, não visa o interesse próprio? Quer protagonismo quer monetário? Todo o profissional que desenvolvendo a sua competência, dedicando-lhe todo o empenho e brio, visa o quê? Só servir e satisfazer o mundo?
O fotógrafo não fotografa o mundo tal como ele é, mas fotografa-o tal como a lente o vê, e mostra-o. Para mim é um bom profissional.
E fazendo-o, para uns é um mau profissional que presta um serviço execrável, para mim e um bom profissional que mostra e com o seu trabalho, elucida as pessoas.
Volto ao princípio, e ao lugar comum, lugar comum bastante banal. Há muitas abordagens ao que quer que se aborde. O meu comentário era muito simples : um certo tipo de...; não necessariamente o melhor; profissionalismo não é o mesmo que produto. Só isto.
EliminarTudo o mais...pode ser objeto de análise, discussão, conversa, mas para mim chegou. Um bom dia
Então caros colegas?! O fotógrafo cobriu o evento. Já não estamos em tempos de julgar este género de tendências...
ResponderEliminarToda a fotografia é uma composição da realidade que acontece nos interstícios, mentira ressumbrada em veritas. E toda a verdade ocorre nas gretas da realidade.
(se me é permitido, sem malícia, convertido ao gin e resistindo à compulsiva curiosidade de procurar a dita foto...)
A opinião do caro colega não conta, depois de já ter esclarecido o mundo sobre o uso destinado às efemérides informativas. Wc... não! Lareira com eles.
EliminarLogo, isto e só para gente informada que na associação pasquim/WC, o primeiro serve para passar o tempo que o segundo exige que se perca.
ahahahahahah, excelente argumento meu caro, excelente!
EliminarAbraço!