.... quando alguém das minhas relações parte demasiado cedo, quase sempre levado por ataque cardíaco fulminante, estas vidas que escolhemos são como são, fico a pensar que não vale a pena aborrecer-me com as pequenas coisas, que talvez não fosse mal pensado ligar para as pessoas de quem gosto só para lhes dizer o quanto gosto delas, que devo reunir os amigos mais vezes em minha casa, que devia resolver os mal-entendidos que fui coleccionando e que nunca me apeteceu explicar melhor.
Depois passa-me.
Exactamente, também me passa. Porque esses telefonemas e reuniões só dão trabalho e mais chatices e, se as coisas são como são, as explicações e justificativas não servem de muito. Laissez-passer.
ResponderEliminarHá 20 anos o meu pai deixou- me no trabalho às 5 da tarde, risonho e bem disposto. Chameio- o para lhe segredar um sorriso. Não ouviu e foi embora. Ás 7 da tarde um desses assassinos silenciosos levou-o de vez. Nunca lhe cheguei a contar o sorriso. Tinha 57 anos e era formidável. Cada segundo que temos quem amamos connosco é o bem mais precioso da nossa vida. Lamento a sua perda, Senhor... sei bem como doi
ResponderEliminarMinha querida MD Roque, a minha perda não se compara à sua.
EliminarMas sim, mais um daqueles casos que ainda na semana passada estivemos a trocar meia dúzia de palavras num congresso e hoje já cá não está.
"trocar meia dúzia de palavras num congresso" recorda-nos a fragilidade da vida e não se poderá falar propriamente de uma perda, diria.
EliminarA reflexão final do post terá a ver com o perdão e um sono reparador e não com perda. "Entre e entre", são as fronteiras humanas, as de todos.
Maria Helena
Num outro momento discorreria sobre o tema, hoje não me apetece e não é certamente o momento para isso. Muito menos o lugar. Abraço pela perda, Pipoco.
ResponderEliminarNão deixe passar. Quem sabe, um dia se arrepende?
ResponderEliminarNão deixe passar! Quem sabe, um dia se arrepende...
ResponderEliminarPassa mas não devia passar ...o melhor é ir agindo, porque não vá o tempo por cá terminar e ficará por dizer.. ...
ResponderEliminarOlhe, comentei com eco! Mas pronto, assim a mensagem é reforçada! :P
ResponderEliminarPor acaso eu costumo dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas e de telefonar a quem me aparece no pensamento e me faz sentir bem só porque existe.
ResponderEliminarQuer ver? Eu gosto de si e do seu blog. Venho cá todos os dias embora comente muito pouco. Gosto de vir beber das constatações que faz da vida e que escreve aqui normalmente revestidas de humor.
Esta não me ficou por dizer, viu?
Abraço. Não, desta vez um beijo.
Susana
Caramba, está aqui um homem a tentar dar uma nota final de desprendimento no post que escreveu, uma clara alusão ao facto de as coisas serem como são e afinal sai um post de celebração à urgência de dizer às pessoas o quanto as apreciamos?
Eliminar(estarei a perder a mão?...)
(um abraço para si, Susana. E muito obrigado por me destruir o post...)
Destruir-lhe o post? O meu comentário saiu como saiu exactamente por as coisas serem como são e a ternura que revelou subtilmente (apesar da nota final de desprendimento) ter-me posto à vontade para escrever o que escrevi. Eu é que agradeço. :-)
EliminarHá uns anos, uma amiga disse-me que lamentava todos os dias nunca ter dito à avó o quanto gostava dela. Eu pensei que nunca deixaria que isso acontecesse comigo. Mas fui deixando o tempo passar - porque no mundo ideal as pessoas de quem gostamos nunca morrem - e o tempo passou tão rápido que levou a minha querida e última avó e eu nunca lhe cheguei a dizer nada.
ResponderEliminarAgora escrevo-lhe cartas e mando-lhe beijos em pensamentos.
Mas sabe que mais: agora são sopas depois de almoço.
E sabe mais uma coisa? Não aprendi nada.
Porque já passaram muitos anos e ainda não "arranjei tempo" para dizer quanto gosto dos que ainda cá estão.
Cheira-me que vou comer muitas sopas fora de horas.
As coisas são mesmo como são.
Já disse que os amo (não sei o que é isso do gostar, eu que só gosto de coisas) a todos os que importam. Digo várias vezes, em várias ocasiões: num abraço, com os copos, numa cama de hospital - escrevo-o numa sms, abreviado como um beijo mal dado. E mais que dizer, amo-os; em pequenos gestos, pontualidades. Quanto a isso - e só isso - morro descansada.
ResponderEliminarFoi um post interessante , e dá que pensar como se transformou no tal post "de celebração à urgência de dizer às pessoas quanto as apreciamos". A primeira tendência foi (é quase sempre) a identificação com a situação descrita, absorvida pela má consciência que quase todos temos dela...e vai daí cada qual fala de si, casos pessoais, reacções e conselhos...não deixa de ser ternurento, e embora estragando o post, é verdade, até provocou catarses e "promessas intimas". E no balanço, na minha opinião, l foi muito bom !
ResponderEliminar(entendi a sua perda como a de uma pessoa importante com quem tinha apenas trocado meia dúzia de palavras naquela reunião....porque havia muito tempo para muitas mais palavras)