10 novembro 2013

Isso de os livros nos influenciarem

Fiquei genuinamente triste quando o velho Santiago não conseguiu trazer para a praia mais que a carcaça do espadarte gigante, supliquei a Aleksei Ivánovitch que se libertasse do vício do vício do jogo e resgatasse Polina, vivi com Robinson Crusoe cada dia de cativeiro na ilha, tive medo do Índio Joe e só descansei quando o encurralaram na gruta, foram o Júlio, o David, a Ana, o Tim e a Zé quem me incuctiu este gosto por faróis, desejei ir à Terra do Fogo porque Belmonte e Frank Galinsky estiveram lá, incentivei Florentino a não desistir de Fermina, supliquei a Carlos da Maia que arranjasse uma ocupação de valor, quase perdi o fôlego quando Tertuliano Máximo Afonso ficou finalmente frente a frente com Daniel Santa-Clara, dei ao meu cão o mesmo nome que Cipriano Algor deu ao seu e exactamente pela mesma razão, a primeira vez que fui a Londres quis conhecer o 221B de Baker Street... (continuamos isto?...)

25 comentários:

  1. Lindo. Tive a sorte de viver anos à sombra de um farol (e nunca perdi a esperança de vir a viver num). Mas é "isso de os livros …" (não "dos" livros).

    ResponderEliminar
  2. Anónimo10.11.13

    Eu continuo: Comprei umas algemas por causa das 50 Sombras de Grey.

    ResponderEliminar
  3. Caro Pipoco,
    Influenciam-nos os livros dos autores que continuamos a ler.
    Aqueles que deixaram de nos influenciar, ou nunca o conseguiram, não nos voltam às mãos. Digo eu.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  4. Anónimo10.11.13

    Adorava ter um Pequod e ainda não desisti de insistir no nome, compreendi com Zé Orocó que a beleza não existe nas coisas e sim dentro da gente, nunca passeio em Tivoli sem ouvir uma voz que me confirma que amor e morte são velhos amigos, não há reunião enfandonha que não resulte em “Helena vai á reunião” e apetece-me sempre voltar a ter trança, aprendi com os gauleses a não temer estar em minoria e que posso não facilitar a vida às guarnições da maioria, estive em Haworth mesmo a sério,ocorre-me de que todos somos Ivan Iliitch quando ouço dizer que a vida não tem sentido, sei quem disse que é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, importam-me pouco os narizes grandes porque tenho a certeza que podem esconder muitos poemas, estive em Florença e pensei que estaria a calcorrear o mesmo caminho de Beatrice.

    Maria Helena

    P.S.- Aceita a batota? Diga que sim...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oh!... Não resisto a isto, que saudades de outros tempos, até me fez fazer log in.

      Em pequena era loira como Madalena e estouvada como Sofia, desde sempre me lembro de saber que depois do 5 vinha o 7. Sonhei em estudar nas 4 Torres e foi o Gordo quem me fez saber que, inteligência e humor, andavam de mãos dadas. Ainda hoje não conduzo numa qualquer estrada sinuosa sem me lembrar de Michel, foi um grego que me mostrou que a coragem não tem nada a ver com ausência de medo, ao longo das suas viagens. Sei quem disse que uma camisa de noite tinha o seu quê de divino, aprendi com Isabel que o preconceito pode anteceder a queda, não vejo um mapa Europeu sem pensar que Portugal é o seu rosto, solucei ao sentir que o cristal, à noite, é demoníaco. De Florentino, ficou a certeza de que a vida, mais do que a morte, não conhece limites, em Espanha, vi a morte pelos olhos de Jordan, Mercedes e Pedro. Os cisnes, para mim, serão sempre chineses.

      (continuo a adorar lê-la Maria Helena, pena que a leia tão pouco)
      PS2- desculpe a repetição Engenheiro (recuso chamar-lhe tio)

      Eliminar
    2. Anónimo12.11.13

      Raras são as vezes que não está presente quando comento; também eu sinto falta do seu espírito brincalhão e ternurento.
      Estou tão contente por ter aparecido que só me vem o magnífico início de um poema de Borges:
      Graças quero dar ao divino labirinto dos efeitos e das causas
      pela diversidade das criaturas que formam este singular universo,
      pela razão, que não cessará de sonhar com um plano do labirinto,
      pelo amor que nos deixa ver os outros como os vê a divindade...

      Obrigada aos dois.

      Maria Helena

      Eliminar
    3. Maria Helena, obrigada pelo largo sorriso que as suas palavras despertaram, é o 2º no espaço de 5 minutos.
      Obrigada aos dois. Boa noite.

      Eliminar
  5. Ainda encontro ecos das viagens do Tenente (e mais tarde, se bem recordo, Almirante) Horatio Hornblower nalgumas divagações que vou fazendo aquém e além mar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, xiire, no fim Almirante (e Lord) Hornblower. Se não conhece, recomendar-lhe-ia outro(s) companheiro(s) de divagações marítimas: Jack Aubrey e Stephen Maturin (autor, Patrick O'Brian). Há fãs do Hornblower que acham esta série pior; para mim, é bastante melhor. Uma espécie de Hornblower para adultos, se não me levar a mal a ousadia.

      Eliminar
  6. Maria Helena, a batota é minha, que estou sempre escrever o mesmo post...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo10.11.13

      Discordo. O mesmo seria dizer que as Variações Goldberg são um exemplo de batota.
      Penitencio-me pela preguiça e agradeço-lhe a elegância.

      Maria Helena

      Eliminar
    2. Maria Helena, por ser a Maria Helena, sempre lhe digo que estava a usar uma velha revista do Expresso para acender a lareira e lá estava um artigo da Ana Soromenho sobre escritores e seus personagens que acabava assim "...também nós, leitores, abrimos a página na expectativa desse encontro para, mais uma vez, sermos transportados nesse spaceshuttle extraordinário que são os livros. A busca insana do Capitão Abab na demanda de Moby Dick; o amoral Dorian Gray que que vende a alma a troco da eterna juventude..."

      E foi assim que escrevi o post. Os seus comentários são únicos, por isso tendo a recordá-los. E percebi que já tinha escrito um post parecido com este...

      Eliminar
  7. Anónimo10.11.13

    Não é para publicar: é que me parece que este post ( muito giro) vai ter grande afluência e falta um N no título. Nada grave, mas como é no título...Desculpe e boa noite.

    ResponderEliminar
  8. Há um grande lapso neste post. Eu não diria nada se isso fosse habitual no Pipoco. Felizmente é raro, mas este não posso deixar passar. É que o Júlio, o David, a Ana e a Zé, a esta altura, estavam provavelmente fodidos se não fosse a tenacidade e perspicácia do Tim. São os Cinco, não são os Quatro. Lapso parecido com este é como quando falam do Benfica e do Porto e apenas referem "os onze" titulares. Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pedro, como foi possível esquecer-me do Tim? Obrigado.

      Eliminar
  9. Anónimo11.11.13

    Nunca nos detemos para destrinçar o emaranhado de histórias que se vai formando a partir dos diferentes livros que se vai lendo ao longo da vida.Acaba-se sempre por entrar neles, umas vezes estragando as cenas de amor outras coroando os dramas , ou vice -versa. Também acontece muito com a musica.

    ResponderEliminar
  10. psicótico como sou, raramente sinto essa mencionada empatia em relação a personagens (e pessoas também). infelizmente, ou não, dizem-me não ter cura de momento.

    em contrapartida, aprecio a estrutura e o simbolismo recriado, mais uma perspectiva de gestalt que de identificação ou personalização.

    consequentemente não fico triste nem alegre nem o que quer que seja. fico apenas satisfeito pelo estímulo da obra sobre esta esponja que se aninha no meu crânio. quando está húmida escorre água pelos olhos.
    obrigados.

    ResponderEliminar
  11. ... adorar escrever e comer maçãs, viver durante a guerra civil americana ou na Inglaterra pós Victoriana , procurar nódoas numa gravata e escolher o menu da semana seguinte, passear de charrete por Sintra debaixo do manto da invisibilidade, saltar agarrada a uma saca de coco dos penhascos da ilha do Diabo sem pensar na aflição do governo, percorrer o Chiado com menear provocador e restolhar de folhos, batalhar em Alcacer Quibir e morrer na ilha dos Amores, depois de percorrer o mundo a bordo do Bostonian em companhia do half -breed de La Valletta... Deixar que as cenas do Ódio, os Mostrengos e ás odes Marítimas me acompanhem para lá de FairyLand....

    ( quando é mais do MESMO bom, quem atira a primeira pedra ?)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anónimo11.11.13

      …e fazer do diário um tempo contado cheio de sorrisos, em jeito de oferta aos fidalgos da Terra de Basto, já em extinção, diria o de Seide.
      Aproveitar a alternância dos dias maravilhosos e dos dias que são uma “choldra” no nosso Portugal, para lembrar a relíquia que é o fantasma de Napoleão em Parma, até porque abomino favas e gosto que a canja rescenda.
      Chamar-me Lourença e ter dentes de rato irritava-me porque sempre preferi Oriana, mas escrever cartas a Lucílio é exercício prolongado como será o do conhecimento da nossa natureza, sempre com a ajuda da noite e do riso porque se o homem das cavernas tivesse sabido rir, o curso da História teria sido diferente.
      Pelas mesmas razões, um dia deambularei pela biblioteca de Buenos Aires...
      ...

      Maria Helena

      Eliminar
    2. ( suspiro profundo)

      Eliminar
  12. De todas, esta é a sua publicação com que mais me identifico. Seguramente.
    Acrescento a ermida de Zaratustra.

    ResponderEliminar
  13. "tive medo do Índio Joe e só descansei quando o encurralaram na gruta, foram o Júlio, o David, a Ana, o Tim e a Zé quem me incutiu este gosto por faróis," bem que desconfiava que eras um rapazinho da minha idade...

    ResponderEliminar
  14. Anónimo13.11.13

    E os filmes e as suas personagens, escolhas e grandes planos? Também isso dos livros nos explicarem a vida; leio o Eça "De Port-Said a Suez" e entendo que no século XIX as “boas” relações diplomáticas entre os países eram as mesmas do nosso tempo. Com menos publicidade apenas.

    ARD

    ResponderEliminar