06 novembro 2013

Ide em paz

O Menino, que tem um blog que às vezes me apetecia ser eu a escrever, é este blog aqui, não usem o link porque o blog está carregadinho de mulheres com pouca roupa, alerta-me para o facto de Rachmaninoff não ir bem com champanhe, ousando mesmo sugerir uam aguardente velha ou um cognac como sendo mais apropriados para a Rachmaninoffiana audição e eu, que fico a pensar nas coisas, agradeço ao Menino a sugestão e explorarei certamente os caminhos que me sugere. Aborrecem-me deveras as pessoas que não se preocupam em fazer as conjugações certas, quem não veja para além do óbvio de um Cohiba Lanceros não dever acompanhar Pepsi-Cola ou que um sargo de mar grelhado não deve ser barrado com Nutella. O pormenor, a associação de ambientes, a preocupação de conjugar um vinho com os alimentos, as músicas com os livros, os aromas com os livros, as companhias com os ambientes, não é uma excentricidade, é uma orientação de vida e, mais do que isso, é respeitar quem nos rodeia.

19 comentários:

  1. sargo de mar grelhado não deve ser barrado com Nutella? alguém foi capaz de fazer isto? as outras não me chocam porque não percebi mais de metade mas esta foi uma visão para esquecer.

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  2. Anónimo6.11.13

    Sim, mas... Poderei dizer que tudo foi inventado porque os sentidos se atrofiam? Passamos a procurar um estimulante ou um derivante para as nossas inibições ou os seus actos?
    Quando o jogo dos sentidos definha, surge o cálculo.
    Olhe o exemplo do perfume, nasceu de um cálculo perante uma crise aritmética: atrair e confiar nos sinais de persuasão, ou então usar uma linguagem que substitua esses sinais e os anule até.
    ...e o Senhor esteja connosco.

    Maria Helena

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  3. Anónimo6.11.13

    Não que perca muito tempo com isso, mas durante, vá... uns 30 segundos, questiono-me se o autor acredita naquilo que escreve. I.e., é possível alguém ser feliz com a preocupação de ter de premeditar quase tudo na sua vida? É que deve ser cá uma canseira... E depois falta sempre aquela parte bonita da genuinidade das coisas.

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  4. Anónimo6.11.13

    Por acaso eu demoro bastante mais que 30 segundos a questionar o mesmo. E depois fico quase meia hora com cara de pasmada a pensar na importância, do padrão/moda/preconceito/etc/etc. Não existe o Criador das conjugações certas . Deo Gratias.

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  5. Caro Pipoco, obrigado pelas suas palavras sempre generosas.
    Isto das conjugações é mais simples, tenho-o para mim, do que muitos o pintam. Para cada coisa nova em que se acerta, há mais de três que se falham. Com sorte, falha-se progressivamente menos. Uns aprendem a falhar menos que outros, outros só falham quando é rotundamente.

    As conjugações são coisas que se aprendem, e são pessoais, por muito que a tentação do proselitismo exista sempre. Por vezes queremos partilhar as descobertas com quem estimamos, outras vezes queremos partilhá-las de peito aberto com todos os que nos ouçam, outras ainda apenas queremos dizer - e quantas vezes não o dizemos? - "bah, a minha é melhor que a tua".

    Mas isso interessa pouco - interessa mais como se lá chega, e a experiência é a mais real de todas as vias. Com excepção dos casos óbvios como a Nutella, que só fica bem ou em alguns doces ou barrada sobre pessoas, não é trivial entender-se porque é que Carlos Paredes não vai bem com rum mas vai com gin. Copiar é fácil, viver a vida por figurinos que se leu nos blogs e nas revistas, mas poucos entendem a senda do experimentalista. Poucos valorizam as quedas que se dá até se chegar ao vinho que se bebe.

    Erra quem chama sobranceria ao facto de se ter critérios.
    Erra normalmente por não ter ainda entendido que há verdades que são comuns aos humanos. A água escorre sempre para baixo, há quem entenda isso em pequeno, quem leve uma vida inteira a tentar o oposto.

    Mas erra também quem se ensimesma nas escolhas e não admite ensaiar outras. Acho que, com parcimónia, o devemos fazer. Se acaso as tentativas forem piores que o soneto, reforça-nos o ego saber que estávamos certos. Se forem acaso melhores, aprendemos algo novo, ganhamos qualidade de vida.
    De uma forma ou de outra, ganhamos. Como ganho eu sempre, de cada vez que o leio e que medito nos conselhos com que nos brinda, e que têm a só aparente singeleza das coisas que a polir levam uma vida.

    O abraço de sempre, deste que muito o estima.

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  6. Anónimo6.11.13

    Tremendo e familiar.
    Obrigada.

    Maria Helena

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  7. Anónimo6.11.13

    E que tal experimentarem as coisas tal como elas são, apenas e só porque são boas assim, sem as misturarem? É que estão enganados em relação à Nutella. Garanto-vos que boa, mas mesmo boa, é comida às colheres!

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    1. ah isso sim! nutella e leite condensado é às colheres. maravilha para uns, sacrilégio para outros.

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  8. Palavras que o vento não quis,
    se me permite a intromissão, o que se procura não é misturar nada. "Misturar", dito assim, seria fazer uma especie de Rap-maninoff, misturar música clássica com hip-hop a ver o que saía.
    Pessoalmente faço certas misturas, mas acredito firmemente em saborear o puro. Não me obriguem é a saborear o puro a seco.
    E acredite, beber, quando apetece, algo que acompanhe, potencie e multiplique o prazer de uma peça musical é bastante melhor que ouvi-la apenas.

    (Mas Rachmaninoff ouve-se sem acompanhamento. Já noutros casos, é mandatório. Nem lhe conto das vezes que numa vida passada tentei ouvir Quim Barreiros sem ser devidamente acompanhado por uma garrafa de S. Domingos. Serviu-me de lição.)

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    1. Anónimo6.11.13

      Sou a favor da multiplicação do prazer e também não gosto de coisas a seco. Mas já experimentou Nutella sozinha? Experimente e vai descobrir que o pecado mora na sua cozinha (ou na de quem tiver Nutella para si).

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    2. Palavras,
      Confesso que sou do clube do Tulicreme.
      Mas aprecio Nutella - e tem a consistência certa, é artigo que se dá a barrar. Continuo é a achar que é coisa para comer a pares. :)

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  9. Anónimo6.11.13

    Tenho ouvidos muitos concertos clássicos em Sãos Carlos do mundo fora, várias 2 de Rachmaninoff, já que se fala dele, e sinceramente, sentada na cadeira, nunca senti a falta de a conjugar com o que quer que fosse. Ou é o caso em que se conjuga com o ambiente ??. Tanta preocupação com as conjugações certas, como se isso existisse, vale mesmo a pena ? Penso que se perde mais do que se ganha.

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  10. Eu tendo a lembrar-me das tardes que Bach passou a tocar com os seus amigos no café do Sr. Zimmerman, em Leipzig e pergunto-me que tipo de bebidas seriam por lá consumidas, por essa altura. Talvez uma "weissbier" que hoje se consideraria acompanhamento inconveniente para uma Partita para Violino Solo, digamos. Penso numa certa visita ao Globe e imagino o acompanhamento gastronómico para o solilóquio de Hamlet que por lá se praticaria. Ou, o que os bons romanos mastigariam perante "la orchestra dil signore Corelli" (como lhe chamaria Muffat).
    Diria, resumindo, que se Bach achava que a música dele ia bem com cerveja e café, Rachmaninoff (um compositor da liga de honra se comparado com o grande Johann Sebastian) pode dar-se mais do que feliz se acompanhado de um Veuve Cliquot.

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  11. Desconheço isso do Nutella, observo curiosos estrangeirismos dilacerando a usual prosa solta e escorreita, não que me incomode, obviamente, raras são as coisas que me incomodam. Penso até tratar-se do passo adequado na direcção certa, a do agrilhoado contra a opressão do Método.

    Pessoalmente repudio o excesso de planeamento quase tanto quanto o rigor do formalismo avulso. Não que isso tenha o mínimo interesse para quem quer que seja excepto como apologia pessoal da diletante inanidade e do princípio da contradição límbica, consumado na minha inefável admiração da inebriante obra de Bach.

    Agradeço o novo espaço da blogo com excelentes fotografias íntimas de terceiras, embora me atormente a falta de tempo para acompanhar a prosa. É igualmente um passo admirável que carinhosamente afaga a minha particular mundividência, explícito logo hodierno.

    Interrogo-me, neste enlevado enleio, se o caro amigo Salgado, ultimamente mais taciturno, não terá cedido ao equívoco, querendo exclamar "usem o link porque o blog está carregadinho de mulheres com pouca roupa!", algo que me parece absolutamente natural (análogo a alertar um grupo de crianças, "olhem, a camioneta dos gelados!"), mas afirmando o contrário por lapso.

    Lastimo desiludir os meus caros mas considero Rachy lamentavelmente aborrecido, comparativamente entenda-se, com ou sem brandy ou água tónica. Bem, talvez com caffè latte...

    Igualmente lamento a ausência da acutilante pena do amigo OCorvo, da sua inigualável perspicácia, que rapidamente vaticinaria um novo potencial matrimónio.

    E assim me despeço, agora que tenho outro blog para admirar.

    Amai-vos uns aos outros e amai-vos a vós próprios (não é vergonha e poupa-se imenso em tabaco).

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    1. Anónimo7.11.13

      Nãaaaaaaoooooo!!! Não ide! Ficaide, por favor! Estais enciumado,e portanto encegado, senhor. OCorvo, OCorvo, ajudai-de-nos! (Acho, sinceramente, que ele não aparece porque está na muda da pena).

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    2. então Palavras? 'despeço-me' hoje, ou melhor naquele dia. não há motivo para pranto antecipado! isso fica para depois do casamento!

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  12. Anónimo7.11.13

    Pronto... ok! Rendo-me! Por vezes oiço AC/DC com uma garrafa de Super Bock na mão, um cigarro na outra e ainda abano a cabeça ao som da melodia, enquanto tento perceber porque é que o chão está torto!

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  13. Anónimo7.11.13

    Talvez goste de começar pela sobremesa (não vá o mundo acabar :))...vai daí barra o sargo com nutella!
    É capaz de ser uma ideia interessante, PMS.

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