Por razões cá nossas, jantei um destes dias com um dos melhores contadores de histórias que conheço, o Athayde de Burnay. Desprezamo-nos mutuamente, o Athayde de Burnay despreza-me olimpicamente porque lhe confessei um dia que li Júlio Dinis, de pouco me serve alegar que tinha doze anos, eu desprezo com todas as minhas forças o Athayde de Burnay porque me confessou um dia que nunca leu livros de mulheres francesas, de pouco lhe serve alegar que se trata de um trauma juvenil.
No fim do jantar o Athayde de Burnay, desprezando-me, considerou-me merecedor de um Stuart original, ano de 1955. Eu, desprezando-o, considerei-o merecedor de um Herberto Hélder que não voltará a ser editado.
1955 não foi assim há tanto tempo.
ResponderEliminarOs meus pais são mais antigos.
Dessem-me a escolher e eu não hesitaria em optar por um HH.
O seu presente envergonhou o dele.
Muito bem!
Há vidas que me são tão fascinantes, tão longínquas e tão familiares na memória que se me oferecessem um Stuart, fosse qual fosse o ano, desfazia-me em lágrimas.
ResponderEliminarO Vincent ou Schubert têm o mesmo efeito em mim.
Desprezo-os imenso, evidentemente.
Maria Helena