A Rita Maria já falou sobre a coisa, mas foi naquele dia em que o soundbite do dia foi o miúdo das camisolas ter-se levantado e falado grosso, além disso, em sendo eu a falar sobre o tema as pessoas abespinham-se mais, porque ninguém se consegue aborrecer com a Rita Maria, que é um doce de menina e sabe muitas coisas de valor, e o que eu queria dizer é que se nota perfeitamente que a blogosfera é essencialmente feminina porque nisto dos blogs criou-se uma espécie de consenso que o Miguel Esteves Cardoso é um escritor bom e eu não concordo mesmo nada, se me disserem que é bastante fofinho e mora no campo e está apaixonado de uma forma tão intensa que nos comove até à quinta casa decimal, pois que sim senhores, está certo, concordo, agora que tudo o que escreve é muito bom e digno de registo e de citação, isso já é uma conversa mais séria, o Esteves Cardoso só é assim citado porque, lá está, usufrui de se dar o caso de a blogosfera ser essencialmente feminina, não sei se já tinha dito isto, e, sendo essencialmente feminina, há demasiados corações palpitantes e suspiros por um homem que ao mesmo tempo que aprecia comidas boas e vinhos finos e que fala um inglês escorreito, tem a suprema capacidade, ainda assim, de partilhar com todos nós o amor por uma mulher, de tal forma que o diz dias a fio e nós entendemos e admiramos um amor deste quilate.
O Esteves Cardoso era genial nos tempos do Expresso, que foram os tempos ainda antes do Independente, uma horda de jovens adultos dos anos noventa devorava os escritos de Esteves Cardoso e fazia deles tema de conversa nos cafés (naquele tempo usava-se conversar em cafés). Nos tempos do Independente parecia que era ainda mais brilhante (mas não era, só tinha muito menos filtro e podia fazer de excêntrico), havia textos geniais de que ainda hoje me lembro de partes inteiras, caramba, quase votei no Pêpêéme para eleger Esteves Cardoso para o Parlamento Europeu (talvez ainda não me fosse permitido votar, sabe-se lá...), houve mesmo um tempo em que a senhora do quiosque só encomendava uma revista "K" e era para mim, aliás, creio mesmo que era o único comprador da revista no país inteiro, Esteves Cardoso era um mito e aos mitos o melhor tributo que lhes devemos é não fazer de conta que continuam enormes só porque há muitas mulheres a escrever em blogues.
Eu lhe digo o "doce de menina", humpf.
ResponderEliminar(na verdade, acho que sou boa pessoa, ou tento, mas se nunca ninguém se zanga comigo não é por isso, é porque só sou lida por meia dúzia de pessoas)
penso ate hoje que a "K" foi a melhor revista feita em PT em Portugues...
ResponderEliminardigo isto porque so li um ou 2 numeros da Orpheu
já li o último livro de crónicas dele, muitas delas já tinha lido no público mas não entendi qual foi a ideia de reeditar não sei quantos livros dele agora. para mim não passa de uma campanha de muito dinheiro com a porto editora, normal. ele ag esta muito na moda por causa do doença da MJ e por toda a gente, mesmo quem não faz ideia de onde ele apareceu, o achar um exemplo de homem. era mais uma coisa para dizer, menos!
ResponderEliminarCailin, não é por aí...
EliminarNão foi o único caro Pipoco, tenho vários números em casa. E concordo que depois a magia se perdeu.
ResponderEliminarEu gosto do que ele escreve. A minha opinião vale o que vale, mas é minha e não anda ao sabor do vento . Gosto e pronto.
ResponderEliminarEu gosto de MEC e não tenho um blog. Por outro lado, o seu é dos que mais visito. Não sou seguidora, nem sou de comentar, mas vou passando por aqui, com frequência, em busca de um novo post. Sabe, eu gosto do MEC e do Pipoco e vai ter que aprender a lidar com o facto de os ter metido na mesma frase. Por mais que lhe custe, até consigo, nalgumas coisas, encontrar semelhanças. Ora vejamos, ambos têm piada e gosto da acutilância dos textos e das tentativas de descomplicar as mulheres ou de, pelo menos, compreendê-las. Agrada-me que tentem explicar trivialidades que, de tão habituados que estamos a elas, nunca nos tinham suscitado questões. E nisso, meu caro, encontro semelhanças com os dois. No entanto, não me choca que um homem não goste que outro caia em tão boas graças com as senhoras, aliás, não é à toa que se diz que só pode haver um galo no galinheiro.
ResponderEliminarS
Eu gosto do MEC e sempre gostei. Tenho todos os livros dele, menos o último, portanto não tenho qualquer opinião formada. Não é uma questão de moda e muito menos pelo facto de ter passado por uma fase menos boa com a mulher. Aliás, só soube da doença da mulher e pela fase que estava a atravessar pelos blogues. Na altura, tudo quanto era blogue falava do assunto. Não interferiu de forma alguma no meu interesse pelo MEC. Já fazia parte da 'mobilia' - digamos assim - cá de casa e assim continuará, até eu achar que algo já não me convence. O que divido.
ResponderEliminarAté me admira a senhorita gostar do MEC porque é uma senhora tão educada. olhe que ele disse que o amor era fodido.
EliminarEra fodido, já viu? Ainda gosta dele, desse mal criadão?
Eu que vou rabiscando umas palavras de vez em quando, juntei algumas letras no dia 5, e deu nisto.
ResponderEliminarEu não sou de me auto-promover, e só muito raramente redirecciono links para coisas minhas.
Aqui, a tese do gato é de TÃo boa memória....
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt/2013/05/o-humor-da-lingua.html
Mas, mas... Tio Pipoco... acho que se enganou no Miguel...
ResponderEliminar(hoje era para falar do Sousa Tavares...)
concordo consigo, Sir Pipoco. já gostei, já não me diz nada. é um belo tema, sim senhor, até porque está novamente nos escaparates. mas o que eu quero realmente é dar os parabéns à Palmier - mais uma vez - é uma das Mulheres que mais me faz rir na blogosfera! Grande Palmier! Obrigada!
EliminarJa foi melhor, ultimamente anda muito dependente da Cutxi.
EliminarNanananananananana, eu tb comprava a "K". Não era o único, não senhor!
ResponderEliminarO Miguel perdeu irreverência para ganhar humanidade. E é chato perceber que até ele envelhece.
ResponderEliminarE engorda.
EliminarTem toda a razão.
ResponderEliminarAntes dele se tornar naquilo que é agora, é que era!
E não quero saber se era a cocaína ou o o que ele bebia, o homem era espectacular!
Agora é "nhe".
E tenho pena!
Sabes que podes continuar a ler os textos antigos, não sabes? E, ainda que no passado (ou no presente), esses textos são intemporais e continuam geniais!
ResponderEliminarInveja, é o que é (afinal tb a há nos blogs masculinos, vêem?!) ;)
Mámen, meu caro, revisito amiúde alguns escritos de Esteves Cardoso, a grande escrita é tão revigorante como a grande música.
Eliminar(estive a reler o que escrevi e percebo que não fui suficientemente assertivo a declarar a minha admiração, tanta que me custa ver glorificados textos menores)
Caro Pipoco, o Miguel Esteves Cardoso está mais enorme que nunca, mas infelizmente para ele e para nós a coisa resume-se ao índice de massa corporal.
ResponderEliminarJá os escritos antigos, estão mesmo na estante aqui à frente da secretária e quando um tipo retoma o escriticas pop e as lições para nos tornarmos um crítico de música, qualquer dúvida quanto a qualidade se desvanece. A mesma estante alberga a primeira K, as outras, vá-se lá saber porquê, foram para o lixo.
A qualidade de textos passados permanecerá sempre intocável e, no presente, quero apenas referir que o senhor parece agora uma simpática velhinha inglesa (pelo menos na última entrevista que vi numa revista).
ResponderEliminarSe posso acrescentar algo mais é que - o amor pelo que de bom há no passado a alguns faz deculpar as imperfeições do presente na expectativa de um futuro melhor, a outros desilude porque a cada exemplo menos conseguido se afasta a ideia que a coisa há-de voltar a ser o que era...
Folgo em saber que não sou a unica a lembrar-se de textos inteiros de Miguel Esteves Cardoso na "K" ou no "Independente". Começava a achar-me sozinha no mundo...
ResponderEliminarCaro Pipoco, também eu lia a "K". Sou fã do MEC desde essa altura até agora. Gostei e gosto do seu estilo. Não gostei deste seu texto. Mas as opiniões são como as...se é que me entende...
ResponderEliminarIsis