20 janeiro 2013

Dias de chuva

Nunca tive artes suficientes para te explicar a beleza de escolher o livro que vais ler a seguir, tu tens o poder, és tu e a estante carregada de livros que nunca leste, a delícia de poder escolher, repara, tu próprio desconheces o que vais ler nos próximos dias e isso é poderoso, pode ser Saramago e vais zangar-te com aquilo dos parágrafos, pode ser Sepúlveda e terás vontade de viajar até à Terra do Fogo, talvez seja Roth e terás que parar para pensar no sentido que tem o que acabaste de ler, nunca te consegui explicar o prazer que é decidir escolher o próximo livro, o teu próximo livro, o poder de folheá-lo, ler meio parágrafo e decidir que não, que ainda não chegou o tempo de ser lido, passar adiante e escolher um outro, é este, os olhos que brilham, o meio sorriso, o livro bem apertado contra o peito, escolheste.

17 comentários:

  1. E quando não podemos passar por isso porque a lista de livros para a faculdade não tem fim?

    ;)

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  2. Anónimo20.1.13

    Eu não leio livros. Excluo aqui os manuais do meu trabalho e os que tive que estudar para ser quem sou hoje. Acho-os no geral um tremendo desperdício do tempo que me resta entre os vivos. O livro que leio regularmente é o meu livro, com as minhas regras e convicções. Ensina a auto-estima ao teu prezado Ruben Patrick.

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    1. Anónimo20.1.13

      Acho graça como se pode não gostar de ler (é como eu detestar televisão).O livro é para mim a melhor companhia. faço dos personagens. amigos , inimigos e assim já corri meu mundo.Sou talvez viciada em letras pois leio as bulas dos medicamentos do princípio ao fim, os rótulos dos detergentes e cosméticos, enfim, manias.

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    2. Anónimo20.1.13

      Ah, Ricardo Patrick... Quem lê vê rapidamente o tempo "perdido" ser-lhe restituído em dobro, na medida em que lhe passa a ser permitido desfrutar desta estada entre os vivos sem repetir os erros e os perdões tantas vezes já cometidos, pedidos e analisados por outros... Sem perder tempo procurando resposta a questões, ruminações e inquietações tantas vezes já solucionadas (ou não!) e pensadas por outros tão mais lúcidos que nós...

      E permita-me sugerir que está a sobrevalorizar a vida - há mortos imensamente mais estimulantes que muitos vivos.

      *Bocejo*

      S.

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  3. Escolhi há já algum tempo, demasiado, os Versículos Satânicos para ler (alguém falou no livro por aqui)entretanto, o tempo tem passado, e sempre que olho para ele, ali a um canto,ainda não sinto aquela coisa do: " é este, os olhos que brilham, o meio sorriso, o livro bem apertado contra o peito, escolheste.

    Não sei que raio é que me deu, naquele dia, em que achei que era aquele o livro que deveria escolher.

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    1. Maria Madeira, é temperar Rushdie com Allende...

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  4. Anónimo20.1.13

    Salman Rushdie teve ou tem a cabeça a prémio por uma merda de um livro. Compreendes onde quero chegar? Leio o indispensável e Rushdie não o é.

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    1. Anónimo20.1.13

      Tem a cabeça a prémio. O livro "Os Versículos Satânicos" foi considerado uma blasfémia ao Irão e o Ayatollah Khomeini condenou-o à morte (fatwa). Khomeini morreu e apenas ele pode "anular" a sentença.
      Eu acho Rushdie indispensável. Mas há tantos que o são. Por isso perco tempo a ler Camus, Saramago, Naguib Mahfouz, Zola, Mishima, Steinbeck, Toni Morrison... Se o tempo não chega para ler todos os bons, certamente que não gastarei tempo a ler os menos bons.

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  5. Hoje não me sinto bem. Peguei ni Papillon para ajudar a passar o tempo. Já li 3 vezes... Isto de ler livros mais do que uma vez, segundo todas estas teorias, só pode ser mau sinal.... :):)

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    1. Anónimo20.1.13

      Pois... eu já li o "Elizabeth Costello" de J. M. Coetzee tantas vezes, e volto sempre lá. E o "Estrangeiro" de Camus também. Quando os li gostei demais. É capaz de ser isso. Eu gosta mesmo era de conhecer quem tivesse lido o "Montanha Mágica" de Thomas Mann, ou o "Ulisses" mais do que uma vez... É obra!

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    2. Anónimo20.1.13

      *gostava

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  6. Anónimo20.1.13

    Esse é "O" conforto que sentimos sempre que fazemos uma escolha em consciência, não é?
    Vera

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  7. Os livros são como a comida: há dias em que apetece peixe e outros em que apetece carne. Ando a ler 4 ao mesmo tempo conforme me dá a paciência. É um luxo e uma grande angústia ter 1,80m de lombadas de livros por ler.

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    1. Anónimo21.1.13

      É disso que eu gosto.
      A escolha imensa.
      Entrada, sopa, carne, peixe, sobremesa e tudo.
      Ir lendo.
      Pegando num e noutro. Nunca enjoar.
      Por vezes chegar ao fim já com saudades.
      Reler.
      Muitos e muitas vezes.
      Não dormir para saber como acaba.
      Ir buscar outro.
      Continuar.
      Sem regras.

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  8. Anónimo21.1.13

    Sr. Pipoco, permita-me aqui citar Victor Hugo: "há pessoas que têm uma biblioteca como os eunucos um harém"

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    1. Anónimo21.1.13

      Verdade! Mas eu leio a maioria dos livros que compro. Os outros (poucos) ficam guardados para mais tarde. Não gasto dinheiro em vão, principalmente em época de crise.

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  9. explicaste com arte mais que suficiente, agora vai e espalha

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