20 janeiro 2013
Dias de chuva
Nunca tive artes suficientes para te explicar a beleza de escolher o livro que vais ler a seguir, tu tens o poder, és tu e a estante carregada de livros que nunca leste, a delícia de poder escolher, repara, tu próprio desconheces o que vais ler nos próximos dias e isso é poderoso, pode ser Saramago e vais zangar-te com aquilo dos parágrafos, pode ser Sepúlveda e terás vontade de viajar até à Terra do Fogo, talvez seja Roth e terás que parar para pensar no sentido que tem o que acabaste de ler, nunca te consegui explicar o prazer que é decidir escolher o próximo livro, o teu próximo livro, o poder de folheá-lo, ler meio parágrafo e decidir que não, que ainda não chegou o tempo de ser lido, passar adiante e escolher um outro, é este, os olhos que brilham, o meio sorriso, o livro bem apertado contra o peito, escolheste.
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E quando não podemos passar por isso porque a lista de livros para a faculdade não tem fim?
ResponderEliminar;)
Eu não leio livros. Excluo aqui os manuais do meu trabalho e os que tive que estudar para ser quem sou hoje. Acho-os no geral um tremendo desperdício do tempo que me resta entre os vivos. O livro que leio regularmente é o meu livro, com as minhas regras e convicções. Ensina a auto-estima ao teu prezado Ruben Patrick.
ResponderEliminarAcho graça como se pode não gostar de ler (é como eu detestar televisão).O livro é para mim a melhor companhia. faço dos personagens. amigos , inimigos e assim já corri meu mundo.Sou talvez viciada em letras pois leio as bulas dos medicamentos do princípio ao fim, os rótulos dos detergentes e cosméticos, enfim, manias.
EliminarAh, Ricardo Patrick... Quem lê vê rapidamente o tempo "perdido" ser-lhe restituído em dobro, na medida em que lhe passa a ser permitido desfrutar desta estada entre os vivos sem repetir os erros e os perdões tantas vezes já cometidos, pedidos e analisados por outros... Sem perder tempo procurando resposta a questões, ruminações e inquietações tantas vezes já solucionadas (ou não!) e pensadas por outros tão mais lúcidos que nós...
EliminarE permita-me sugerir que está a sobrevalorizar a vida - há mortos imensamente mais estimulantes que muitos vivos.
*Bocejo*
S.
Escolhi há já algum tempo, demasiado, os Versículos Satânicos para ler (alguém falou no livro por aqui)entretanto, o tempo tem passado, e sempre que olho para ele, ali a um canto,ainda não sinto aquela coisa do: " é este, os olhos que brilham, o meio sorriso, o livro bem apertado contra o peito, escolheste.
ResponderEliminarNão sei que raio é que me deu, naquele dia, em que achei que era aquele o livro que deveria escolher.
Maria Madeira, é temperar Rushdie com Allende...
EliminarSalman Rushdie teve ou tem a cabeça a prémio por uma merda de um livro. Compreendes onde quero chegar? Leio o indispensável e Rushdie não o é.
ResponderEliminarTem a cabeça a prémio. O livro "Os Versículos Satânicos" foi considerado uma blasfémia ao Irão e o Ayatollah Khomeini condenou-o à morte (fatwa). Khomeini morreu e apenas ele pode "anular" a sentença.
EliminarEu acho Rushdie indispensável. Mas há tantos que o são. Por isso perco tempo a ler Camus, Saramago, Naguib Mahfouz, Zola, Mishima, Steinbeck, Toni Morrison... Se o tempo não chega para ler todos os bons, certamente que não gastarei tempo a ler os menos bons.
Hoje não me sinto bem. Peguei ni Papillon para ajudar a passar o tempo. Já li 3 vezes... Isto de ler livros mais do que uma vez, segundo todas estas teorias, só pode ser mau sinal.... :):)
ResponderEliminarPois... eu já li o "Elizabeth Costello" de J. M. Coetzee tantas vezes, e volto sempre lá. E o "Estrangeiro" de Camus também. Quando os li gostei demais. É capaz de ser isso. Eu gosta mesmo era de conhecer quem tivesse lido o "Montanha Mágica" de Thomas Mann, ou o "Ulisses" mais do que uma vez... É obra!
Eliminar*gostava
EliminarEsse é "O" conforto que sentimos sempre que fazemos uma escolha em consciência, não é?
ResponderEliminarVera
Os livros são como a comida: há dias em que apetece peixe e outros em que apetece carne. Ando a ler 4 ao mesmo tempo conforme me dá a paciência. É um luxo e uma grande angústia ter 1,80m de lombadas de livros por ler.
ResponderEliminarÉ disso que eu gosto.
EliminarA escolha imensa.
Entrada, sopa, carne, peixe, sobremesa e tudo.
Ir lendo.
Pegando num e noutro. Nunca enjoar.
Por vezes chegar ao fim já com saudades.
Reler.
Muitos e muitas vezes.
Não dormir para saber como acaba.
Ir buscar outro.
Continuar.
Sem regras.
Sr. Pipoco, permita-me aqui citar Victor Hugo: "há pessoas que têm uma biblioteca como os eunucos um harém"
ResponderEliminarVerdade! Mas eu leio a maioria dos livros que compro. Os outros (poucos) ficam guardados para mais tarde. Não gasto dinheiro em vão, principalmente em época de crise.
Eliminarexplicaste com arte mais que suficiente, agora vai e espalha
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